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Este documento faz uma comparação entre o realismo e o liberalismo nas relações internacionais. Apresenta os principais conceitos defendidos por cada teoria, como poder e segurança para os realistas versus livre comércio e instituições para os liberais. Também discute pensadores influentes de cada abordagem como Maquiavel, Hobbes, Kant e Wilson.
Este documento faz uma comparação entre o realismo e o liberalismo nas relações internacionais. Apresenta os principais conceitos defendidos por cada teoria, como poder e segurança para os realistas versus livre comércio e instituições para os liberais. Também discute pensadores influentes de cada abordagem como Maquiavel, Hobbes, Kant e Wilson.
Este documento faz uma comparação entre o realismo e o liberalismo nas relações internacionais. Apresenta os principais conceitos defendidos por cada teoria, como poder e segurança para os realistas versus livre comércio e instituições para os liberais. Também discute pensadores influentes de cada abordagem como Maquiavel, Hobbes, Kant e Wilson.
Realismo x Liberalismo: um breve estudo comparativo
O presente ensaio tem como objetivo apontar algumas questes chave
para o estudo de duas teorias mundialmente reconhecidas, dominantes e conflitantes: a Teoria Realista e a Liberal das Relaes Internacionais.
Nos primeiros anos do Sculo XX, o liberalismo foi fortemente
sabatinado pelos chamados Realistas da poca, que os acusavam de utopistas ou idealistas. Estes rtulos eram aplicados indiscriminadamente s obras de Norman Angell, Woodrow Wilson e Alfred Zimmern (GRIFFITHS, Martin, 2004, pg. 83).
Nogueira e Messari, 2005, sustentam que a Escola Liberal sem
dvida, um dos paradigmas dominantes na Teoria das Relaes Internacionais e sua influncia cresceram muito aps o Fim da Guerra Fria. Esse argumento deveras legtimo, pois o que verificamos no incio da dcada de 90 do sculo passado, uma abertura agressiva das fronteiras dos Estados para a perpetuao do mercado internacional, com a criao de organismos internacionais exclusivamente dedicados ao tratamento do livre comrcio e da promoo das democracias no modelo liberal.
Dessa feita, antes de abordarmos os principais conceitos defendidos pela
Escola Liberal e seus principais tericos, importante darmos uma pincelada nas abordagens da Escola Realista das Relaes Internacionais que foi a teoria dominante no sculo XX - para efeito de comparao, com a Escola Liberal, que no obstante, est mais preocupada com as questes do livre comrcio, das instituies, da paz e do republicanismo (Nogueira e Messari, 2005).
Para os pensadores da Escola Realista das Relaes Internacionais o
principal foco o estudo, e a anlise das relaes de poder e de segurana entre os Estados. Estes competem no mais puro modelo maquiavlico e hobbesiano em busca da hegemonia e do poder. Isto nos diz, entretanto, que o sistema internacional anrquico. Entendamos por anrquico a falta de um governo mundial, e no anarquia no sentido da desordem.
Segundo Nogueira e Messari, 2005, os estudiosos das questes
internacionais, na busca por autonomia e legitimidade, procuraram razes e estabeleceram linhagens intelectuais para confirmar que o estudo das Relaes Internacionais tem uma histria e que remete Grcia Antiga. Tucdides considerado pelos estudiosos como o primeiro grande terico das Relaes Internacionais. Sua contribuio para a rea o livro cujo ttulo A Guerra do Peloponeso. General Ateniense, Tucdides se dedica ao estudo da Guerra entre espartanos e atenienses. Portanto, seu objeto de estudo a Guerra.
Outro grande pensador que tambm considerado um cone no estudo
das Relaes Internacionais Maquiavel. Sua herana para os estudiosos realistas a nfase na sobrevivncia do Estado como ator (Nogueira e Messari, 2005). Em seu principal livro, O Prncipe, Maquiavel aborda conceitos considerados amorais para as aes do individuo comum, mas que so perfeitamente legtimos para as aes do Prncipe. Maquiavel pensava o mundo como ele era na realidade e no como deveria ser. Assim, para sobreviver, o poder se faz necessrio, e o uso da balana de poder, assim como de alianas, crucial para lidar com o desafio da segurana (Nogueira e Messari, 2005).
Outro Clssico o Leviat de Thomas Hobbes, que destaca o conceito de
estado de natureza. Os autores realistas usam este conceito para explicar a questo da anarquia internacional entre os Estados e destacam, usando a teoria hobbesiana, a falta de um soberano que tenha o monoplio do uso legtimo da fora nas relaes internacionais comparvel ao estado de natureza de Hobbes (Nogueira e Messari, 2005).
Os autores salientam que a leitura feita de Tucdides, Maquiavel e
Hobbes pelos estudiosos realistas das relaes internacionais, destacam os elementos de sobrevivncia, poder, medo e anarquia internacional, e que esses elementos representam os objetos mais importantes para o Realismo nas Relaes Internacionais.
A partir dos estudos destes trs intelectuais acima destacados, outros
estudiosos das relaes internacionais escreveram, e defenderam com brilhantismo suas teorias como Raymond Aron, E H. Carr, H. Morgenthau, K. Waltz, este mais contemporneo, e seus estudos, suas teorias so descries empricas de como o Estado se comporta no sistema internacional e na busca incessante pelo poder e soberania. Para esta ocasio, no nos aprofundaremos nas questes dos estudos Realistas, tendo em vista que as linhas escritas sobre esta Escola neste ensaio so apenas para efeito comparativo.
Dito isto, voltaremos nossas atenes para o estudo da Escola Liberal
das Relaes Internacionais, e veremos agora que expusemos o realismo que o objeto central de estudo no mais o Estado, ou as relaes entre eles, e sim o livre comrcio, as instituies, a paz, o republicanismo, a democracia, entre outros. O liberalismo, como foi dito no inicio deste texto, o principal paradigma das Relaes Internacionais, e sua influncia nas academias, nos rgos oficiais dos Estados, nas decises dos grandes lideres mundiais vem crescendo em larga escala desde o fim da Guerra Fria.
A Teoria Liberal das Relaes Internacionais, transita por quatro
paradigmas clssicos, que so, segundo Nogueira e Messari, 2005, a paz, o comrcio, o republicanismo, e as instituies. Para esses autores, o liberalismo uma grande tradio do pensamento Ocidental, que deu origens a teorias sobre o lugar do individuo na sociedade, sobre a natureza do Estado e sobre a legitimidade das instituies de governo (Nogueira e Messari, 2005).
Antes do inicio do Sculo XX, e nos primeiros anos deste, os pensadores
desta linha de pensamento s estavam preocupados com as questes domsticas, ou seja, questes que eram tratadas dentro do territrio nacional, tais como as relaes entre os indivduos, sociedade e governo. Poucos eram os pensadores que se arriscavam a pensar alm de suas fronteiras.
Muitos so os pensadores da Escola Liberal, e muitos so as questes
defendidas por eles, portanto, no podemos cair no erro de uniformizar as questes de interesse e defesa dos pensadores.
O que ocorre, assim como em outras Escolas de pensamento, um
consenso entre os autores sobre algumas questes chave, como por exemplo a liberdade entre os homens, etc. Trata-se de uma preocupao essencialmente moderna, herdeira do Iluminismo, que afirma que os seres humanos so capazes, por intermdio do uso da razo de definir o seu destino de maneira autnoma (Nogueira e Messari, 2005). Para os tericos do Liberalismo, os homens tambm so iguais, na medida em que todos possuem, por natureza, a mesma capacidade de descobrir, compreender e decidir como alcanar a prpria felicidade (Nogueira e Messari, 2005).
Para ilustrar esta afirmao, veremos um trecho idealista - que est no
prembulo da carta da ONU que diz: Ns, os povos das Naes Unidas, Resolvidos, A preservar as geraes vindouras do flagelo da Guerra, que por duas vezes, no espao de nossa vida, trouxe sofrimentos indizveis humanidade, e a reafirmar a f nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade dos direitos dos homens e das mulheres, assim como das Naes Grandes e pequenas, e a estabelecer condies sob as quais a justia e o respeito s obrigaes decorrentes de tratados e de outras fontes do Direito Internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condies de vida dentro de uma liberdade mais ampla. Vejamos que este trecho da Carta da ONU uma legitimao do pensamento liberal e uma resposta ao pensamento realista, pois este ltimo no est preocupado com o cooperativismo e solidariedade defendida pela Escola Liberal. Para o realista, as Relaes Internacionais se funda nas relaes entre os Estados, que conflitam incessantemente em busca de poder para manter sua segurana.
Para os tericos clssicos chamados de contratualistas, essa igualdade
se traduzia na noo de que todos os seres humanos so detentores de direitos, pela simples razo de terem nascidos. Os chamados direitos naturais vida, liberdade e propriedade, passaram a representar o fundamento filosfico mais importante das teorias liberais modernas, em especial aquelas que defendiam a idia do contrato social (Nogueira e Messari, 2005).
Notemos a uma questo que merece ser ressaltada. grande o debate
entre os liberais sobre quem ir garantir que os indivduos tenham seus direitos garantidos sem que este seja usurpado. Segundo Nogueira e Messari, 2005, um dos problemas polticos mais importantes para os liberais diz respeito construo de uma sociedade bem ordenada que assegure aos indivduos as melhores condies para o exerccio de sua liberdade. Partindo deste pressuposto, temos a um problema, que sobre: quem garantir estas melhores condies de liberdade para o individuo, seno o Estado, se beneficiando do legitimo monoplio da fora, para garantir o mnimo de ordem dentro do Estado ao qual ele soberano?
Nogueira e Messari, 2005, diz que o Estado passa a ter uma
importncia jamais vista na histria, porque ele percebido como um mal necessrio e uma ameaa em potencial. O que os autores querem dizer com isto? Ora, o Estado necessrio para proteger os indivduos contra ameaas externas, como agresses, invases imperialistas, etc., e contra grupos de indivduos que, internamente, no respeitam o imprio da lei (Nogueira e Messari, 2005).
Notemos portanto, em ultima anlise, que o Estado precisa existir,
conforme argumenta e defende os realistas e tambm os liberais este com algumas ressalvas. Para os realistas, os Estados, e s os Estados, tem legitimidade para manter e defender a ordem domstica. E no mbito internacional, os Estados em busca sem trguas pelo poder, esto constantemente minando a paz e promovendo guerras (Nogueira e Messari, 2005). J para os liberais, uma sociedade sem governo d lugar a discrdias incessantes entre interesses divergentes. Uma das caractersticas que diferenciam a tradio liberal, a no aceitao dessa condio como imutvel (Nogueira e Messari, 2005). Para os liberais, os conflitos internos e externos so resolvidos pelos paradigmas do livre comrcio, da democracia e das instituies internacionais. Em suma, e a reforando o que foi dito acima, os conflitos, para os liberais, so solucionveis atravs dos acordos e dos meios pacficos de controvrsias, pois da natureza dos Estados a tendncia cooperao, que se d inicialmente pelas relaes comerciais.
Referncia Bibliogrfica
1. GRIFFITHS, Martin, Cinqenta Grandes Estrategistas das Relaes
Internacionais, 2004, pg. 83.
2. NOGUEIRA, Joo Pontes, MESSARI, Nizar Teoria das Relaes
Internacionais, Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
3. Prembulo da carta de So Francisco, Tratado que instituiu a ONU.
Michael Wallace Atade Bacharelando em Relaes Internacionais pela