Vous êtes sur la page 1sur 14
INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO TRIBUTARIO [pauanica] S80 Paulo - 2013, Fungao da Ciéncia do Direito Tributério: do Formalismo Epistemolégico ao Estruturalismo Argumentativo Humberto Avila Profesor Titular de Direito Tributério da Faculdade de Direito da ‘Universidade Federal do Rio Grande do Sul Resumo a Este artigo tem 2 finalidade de determinar se a Gincia do Direito'usa _apenas proposicoes descritivasou, em ver dso, uma fuso ene propost ‘soes descritivas e Tormativas: Dep is de expor as diferentes atividades e “Teotias da interpretacao, este artigo ca sempre envolve a escolha entre trugio de signi jonstra que a interpretacio juridi- isdo entre proposictes de guiadas por uma teoria da interpretacdo que combine uma teoria dos sistemas, uma teoria das normas e uma teoria juridica da argumentacio, Esta teoria pode ser denominada de “estrut ig ifthe Science of Law uses only descriptive propositions or instead a fusion of descriptive a through descriptive, optative and creative different ac wrgued that the Science of Lav uses, can and should use a fusion of descriptive and normative propositions that should be governed by a structured theory of interpretation that combines a theory 182 DDIRETTO TRIBUTARIO ATUAL n# 29 DDIREITO TRIBUTARIO ATUAL a 29. ie | norms and a juridical theory of | exaltar ou rebaixar a ordem dada, mas descrever objetivamente essa ordem* Em ‘argumentative structural, 4 i eclaratives do objeto, tive Fanction of the Science of Lav, ive and creative functions of the Science of Law, argumentative structural ida pela obra de Paulo de Barros Carvalho) para quem & Introdugio. d i; OFA 7 - cabe descrever esse enredo normative, didenando-o, decta- | eG Prepésio deste ensio 6 descobrirs fungi da Citncado Dino €a de | Ciclo ie aan ras lens que gover oenrelgament | zeta nde deco deme neue ez oY Gas sdriat onidades do ssteina e ofercceado tous contetdos de signficacio i dar rag jardin ace ot o vea s fro 6 fo Seuuicoane! | ( a de descrever, adscrever e criar significados normativos. ; “Tal discurso, eminentemente des ‘A concepgio de que 0 discurso Cientifico deve ser meramente descritivo foi forjada com base no paradigma cientifico empirista desenvolvido pelo chamado | “Circulo de Viena”! De acordo com ele, o discurso, para ser elevado 2 categoria de Ciéncia, deveria limitar-se & descrigio, com objetividade e exatidio, do positi- 10, do dado, do apreenstvel, com exclusio de qualquer tipo de consideragio me- tafisica, cesultante,de convencimento pessoal, mas nao de conhecimento> j (Hans Kelsen|desenvolve i ireito com base nesses crits rios. PaFa éle, & fingio da Ciei positive - que, por sua vez, também se apres gu sm, porém de cunho prescrtivo, Reside: Galo direto posto € uma linguagem prescitiva (prescreve comportamen- tos), enquanto a Ciéncia do Dircito é um discurso desritivo (descreve nor- ‘mas jurfdicas)°"* AAs consideracées anteriores demonstram que, ingio da Giéncia do Di ra esse especifico paradig- to seria a de descrever 0 into, Esse contetido, de “Geotdo com o relerido pars ia objetivo, p conhecimento pelo cientista, a quem caberia descrevé-lo ou deciaré-o." E precisamente essa especifica concepeio empirista de Ciéncia que este ct- saio investiga, em duas partes: na primeira, sfo analisados 08 seus pressupostos; na segunda, 08 obstéculos & sua adogéo. Por meio desse exame, pretende-se, de tum lado, demonstrar que a Ciéncia do Direito nao apenas descreve, mas também Ttdseree e cra significados; de outro, que a sua funcio nto é fundamentalmente ‘escrtive, mas adscritiva e criativa, embora sempre limitada e suscetfel de con- trole intersubjetvo. 1. Pressupostos da Tese Descritivista da Giéneia Direito LL, Consideragiesiniciais ‘Aeoncepcio de que a fungio da Giéncia € descrever o Direito, aqui denosni- nada de “tee descrtivista da Citncia do Di ressupée tanto que a atividade do intérprete se resuma a identificar o significado da norma, quanto que esse | significado seja unfvoco (ou referente a critérios untvocos), pré-constituido ¢ sus- cetivel de conhecimento.* "Em outras palavras, a referida concepgio pressupe deter terpretagdoe descrminada teoria da interpretago.O tipo de interp 8c tides, p. 189. 9» CE Biden, p28, "GE BECKER, Alfredo Augusto, Tria get do Dips Tribute. 4° ed. Sio Paulo: N GE CARVALHO, Palo de Burros, Goro de iit Tribuéria, 22 ed. So Paulo: Saraiva, 2010, p- 2010, p. Se 88 problema do objets da Teer Geral do Kstado" iris juices 9.6220, nota 27, pi. 184 DIREITO TRBUTARIO ATUAL nt 29 2a atividade desempenhada pelo intérprete (se descricio, decisto ou criagéo) ¢ a teoria da interpretacdo esclarece o estatuto l6gico da referida atividade (se conhe- cimento, vontade ou ambos) “esse modo, somente 0 exame dos tipos de interpretagio e das teorias da interpretacio permitira saber qual é 0 tipo de interpretagio e qual é a teoria da incerpretagéo que a “tese descritivsta da Cigncia do Direito” pressupse. 0 que se passa a investigar. 1.2. Tipos de interpretagto ‘Ainterpretacio € um fendmeno complexo. Como ela pode ser analisada por meio de mialtiplas perspectivas e com diversos propésitos, qualquer classificacio das suas espécies envolve algum grau de simplificagio. Daf a necessidade de uti- Tizar uma classificagio desst natureza apenas como ponto de partida heuristico ico da interpretacio. s a cognitiva, a decis6ria € ac a € aquela por meio da qual o intérprete identifica os 9s legais (D), seja apontando determinado dispositive, na hipétese de s6 haver um (D = S aquais so 0s seus varios significados, no caso de existiren mas scm escolher nenhum (D = $1 ou 2). Neste tipo de prete apenas reconhece quais sic os usos linguisticos id ininada linguagem, sem decidir qual deles € o correto. A interpretacio cognitiva ‘envolve, portanto, uma atividade meramente deseritiva de significados® ‘A interpretagdo deciséria & io mediante a qual o i the um significado, dentre os varios existentes, descartando os dem: 52). Nessa espécie de interpretaci a ia qual o intérprete, dian- idade, mais de um sig- ‘pelos significados mainimos cle seus termos. Desse modo, a interpretagéo ‘nio envolve uma atividade descritiva ou adscritiva, mas iniradutore de, ar DREITO TRBUTARIO ATUAL nf 29 13s de um dispositive legal), mas no faga ou ndo possa fazer nem inter {escolher um significado dentre os varios admitides por um disp legal), nem interpretacdes criati irum novo significado nzo respalda- do pelos sentidos possiveis de um dispostivo legal). ‘Em outras palavras, a “tese descritivista da Cigncia do Direlto”, de acordo com a espécie de interpretagio « wvitavelmente pressupée, implica a tese dde que o intérprete 66 faga ou s6 possa fazer interpretacbes cognitivas, mas que nfo faga ou possa fazer interpretagbes decisorias efou criativas 13, Teorias da interpretagio Seguindo o mesmo esf rias da interpretacio: a ica ea ecletica.® Segundo a leoria cog rerpretacio compreenderi apenas atos de conhecimento, em seniido esirito, nunca de vontade: a interpretacio no cnvolve- tia a escolha, mas o mero jutzo te6rico de aprender um significado objetivo ¢ pré-constitufdo, Essa teoria, na sua versio mais radical, pressupde aexisténcia de lum significado untooco, ctiado pela autoridade institaidora da norma e suscettvel ‘de comhecimento por parte do intérprete.® Como s6 haveria um significado, ape- ‘nas uma interpretagao seria verdadeira, E os cnunciados do discurso descritivo, ‘quando confrontados com o referido significado, seriam verdadciros ou falsos, conforme correspondessem, ou nao, a ele. De acordo com essa teoria, a atividade do intérprete seria sempre dese ca, adscritiva ou construtiva. Conforme a teoria ctica, jo envolveria atos de vontade aioe co- rhecimento, de modo que \criado pelo intérprete e nao (apenas) pela antoridade que o instiuiu, Essa teoria admite duas vertentes, conforme 2 existéncia de atos de conhecimento, de vontade ou de ambos.” "A eoria citca noderada seria aquela em que ainterpretacéo mesclariaatos de conhecimento ¢ de vontade e abrangeria a escollia de um si jor um texto. De acordo com essa vert dade do intérprete seria tanto descritiva qt ‘08 varios significados possiveis de um podern ser idealizadas trés grandes teo- ‘De acorde com a teoria cétca radical, a interpretacao envelveria apenas atos de vontade e a atribuicio de algun significado a detcrminados dispositivos, na medida em que eles admitiriam qualquer wm. Conforme essa conotagdo da teoria atividade do intérprete seria sempre adscritiva, por ¢s- icado como sendo correto. io a voria edtica (ambém denominada de teoria cogni ada), a interpretagio’ rnderia atos de conhecimento ou atos de vontade, ‘conforme a origem da abertura & participacio do intérprete. Para alguns, 0 esta- 1, Riccardo, nerpretare ¢argorentare. Mili: Giufré, 201, p 409 ess, Simian RE, tartan nltvatrpretoioe della ge. Tati: Giappchelt, 1999, p78 409. Sf GUASTINI, Riccardo, intrpetae eorgomentort, Mili: Gulf % Ch Biden, pAides 186 DIRESTO TRIBLTARIO ATUAL «#29 tuto logico da interpretacio depen lo caso: a interpretacto envolveria atos de conhecimento diante de casos Fac ssim entendidos aqueles imediatamente enquadaveis na hipétese normativa, mas atos de decisto frente a casos dificeis, assim compreendidos aqueles cujo enquadramento legal € duvidoso. Para outros, a natureza da interpretagio dependeria da formulacdo linguistica: a interpretagio ia atos de conhecimento diante de textos claros, assim entendicos aque- ificado ¢ imediatamente apreensivel, mas atos de decisio diante de ficado ¢ equivoco, assim compreendidos aqueles textos que admi- tem mais de um significado."* ficado, pressupbe 2 adocao da teoria ¢ a qual 6 existe um significado verdadei versio que alega que o intérprete deve indicar os significados poss isposit mencionada tese pressup6e om a: moderad: tivos admitiriam mais de um significado, devendo crevé-los, sem escoliier um detes, ou a adogao de uma concepeo restrita da teoria eclética da interpretacio, de acordo com a qual caberia ao intérprete descrever 0 significado dos textos claros ou o ambito de aplicacio da norma nos casos ficeis, nunca construir o sentido dos textos obscuros ou delimitar o mbito de aplicagéo da norma nos casos dificeis, ‘A referida tese, portanto, nfo admite nem a adocho de uma teoria oética moderada que autotiza o intérprete a escolher 0 si nem a adocéo de uma teoria eclética da intérprete a investigar textos de significado equivoco ou deli aplicagio das normas diante de casos dificeis. Em outras palavras, a “tese descri- pode descrever o contetido das normas juridicas € preciso, de . pelo modo como os seus dispositivos sao formalados ou pela forma como as normas sio estruturadas, permite que ointérprete se limite a identificar um ou sduzir um novo, De outro lado, é necessario saber sc os disposti- ificado univoco para todos os casos ou somente quando o texto & facil Dizendo de outro modo, verificar se a Ciéncia da Direito é ou deve ser mera- ‘mente descritiva do Direito significa o mesmo que saber, de um lado, se 0 Direito © Cf GUASTINI, Riecatdo, fnsyoretareeanomentare. Mila: Glue, 201, p. IB es. DIRE TRBUTARIO ATUL? 29 197 permite que o intésprete s6 precise ou possa fazer interpretagses cognitivas, mas nfo precise nem possa fazer interpretagbes decis6rias ou criativas; de outro, sig- nifica descobrir se 05 significados preexistem & atividade de interpretagio ou dependem dela para serem criados ou coerentemente desenvolvidos. E o que se passa a responder. 2. Obsticulos a Tese Descritivista da Ciéncia do Direito 2.1, Consideragtesiniciais ‘A “ese descrtivista da Gitneia do Direto", ao defender que cabe & Giéncia descrever 0 signi cados suscetiveis de conhec depende, portanto, da concorréncia dos seguintes elementos: (1) significact ‘titamente textual (@) univocidade ou plurivocidade de sentido; e (su dade de conhecimetito. Cada um desses elementos responde a diferentes questio- namentos. -agho estritamente textual enfrenta a questéo de saber le Logica dos vocabulos e estrutura sin- ‘objetos, tis como fatos, atos, costumes, investigacéo pressupée a anilise da variedade de objetos da interpretagto no Direito. © problema da univocidade o ‘questio de saber se ha um Ginico sig facilmente apreonsfvcs. Esse exame pressup6e a anilise da equivocida cio das normas, jade ce conhecimento abrange a questo de des- cobrit se o significado pode ser apreendido on escolhici diretamente, sem a in termediagio de instramentos discursivos,tais como métodos, argumentos ¢ teo- ras. Esse estudo en ame da fg dow poe demtodoy, de argues: desereve, mas também adscrevee cri significados, nunca diretamente, mas sem- termediagio de diversos processos discursivos. Por esa razio, 0 Direito ndo € - em pode ser - apenas a de descrever ou icados suscetiveis de conhecimento. & 0 que se passa a demonstra 188 DIREITO TRBUTARIO ATUAL #29 pretacio sensu large) © a interpretagio de qualquer evento, stuaglo ou processo finterpretagio sensu langisso) Para o propésito deste estudo, importa apenas dizer que a interpretacio no Direto demands, além de textot, 0 exame de outros elementos, dentre os quais cestiofatos, tos, costumes, finalidades e efeitos. Everdade qu nia se circunsereve OS, 0s costumes, as linguagem, somente em concreto podem ‘que fazem releréncia 2- ou pressupdem o entendimento de -Fatos, aos, costumes, finalidades efeitos, sem cujo exame eles simplesmente nio podem ser interpre- s, © intérprete a rigor no interpreta fatos, atos, costumes, finalidades ¢ efeitos, mas textos normativos que fazem referéncia a eles ou pres- supéemva sua detimitacao para pretados. Independente disso, porém, tal constatagio quer dizer que a interpretacio, mesmo em abstrato, demanda a ‘com base no exame de casos paradigmati- cos reais ou ideais, de decisdes judiciais ¢ de tantos outros fatores. Em cutras palavras, a interpretagio doutrindria no envolve apenas textos, mas outros ele- _mentos pressupasios ou refeidos pelos textos ¢ sem cujo exame o sentido do texto sequer pode ser desenvovido. ‘A interpretagdo de fatos, des a respeito de causas ¢ efeitos de eventos.” Essa interpretacio apenas em conereto, pelo aplicador, mas também em ahstrato, pels cientista, ain- da que indiretamente, quando ele é confrontado com determinadas normas que preveem ou pressupdem fatos cu estados de coisas, como € 0 caso, no aimbito do regras que preveem fatos geradores de tributos (exemplo: ia para imposto sobre a renda, que pressupde & nefpio da mora um estado de confianga e de lealdade entre 0 ‘A interpretagdo de atns exige a investigacgio dk fo de atos numa classe de atos ou a qualificaggo de atos sob o ponto de vista de determinada norma.” Essa interpretacio nio € feita somente em concreto, pelo aplicador, quando ele precisa efetivamente interpretar atos ou negé praticados pelos contribuintes; ela também feita em abstrato, pelo ainda que indiretamente por intermédio de textos normativos, quando ele prec sa interpretar dispositivos que pressupéem o exame de intengbes ou o enquadra- 0 de um ato riuma classe de atos, como € 0 caso, no Ambito do Direito Trib de dispositivos que pressupéem a atribuicio de efeitos a determinad: 1s ou propésitos (exemplo: 0 dispositivo que permite descomsiderar neg ® GE WROBLEWSKI, Jers. “Statutory Laterpretaton in Poland", Ia: MACCORMICK SUMMERS, Rober (Orgs) neypretag Staves A comparative Studs. Dartmouth: Alder 250. » BEGUASTIN:, Riccardo, Inerpreiare eargimentae Mili: Giufi2, 201, p.9, © GE dbiten p. * ambito de aplicacio em razio de estados de coisas elas normas. DDIRETO TRIBUTARIO ATUAL ot 29 189 Jjuridicos praticados com a finalidade de dissimular 2 ocorréncia do fato ‘ou o dispositivo que estabelece multa agravada para atos praticados com o in de fraude). Ainlerpretagéo de costumes, dilerentemente da de textos, exige a atribuigio de sentido a-detérminada prética social.* Essa interpretacio também precisa ser {ita pelo cientista em abstrato, quando cle se encarrega de interpretar dispositi- ves que mcacionam o costume (exemple: daposiivo que afasta a imporigto de penalidades, quando o contribuinte baseia sua conduta na praética reiterada da administragio tributéria) ou. dispositivos que fazem referéncia a determinadas préticas administrativas (exemplo: dispositivo que impede a eficé quando h4 mudanga de entendimento da administragio na interpretacao da le- gislagdo tributéria). ‘A interpretagio de finalidades¢ de efeitos, diferentemente da anélise de textos, cexige & atiibiligig de sentido a determinados dispositivos ou a delimitagio do Ambito de aplicacio de normas que mencionam ou pressupGem 2 promocao de testados de coisas e a investigacio da relagto entre normase condutas.” Essa in- terpretacto também tem de ser feta abstratamente pelo cientista, quando ele precisa interpretar um dispositivo ou delimitar o Ambito de aplicacio de uma znorma que menciona finalidades (exemplo: principio que protege aliberdade de ‘exercicio de atividade econdmica, cujo Ambito de aplicacéo pressupde a indicacéo ddas circunstincias que impedem a protecio minima da liberdade, como s40 08 casos de impedimento de abertura do estabelecimento ou de negativa de autor zacio para a emissio de notas fiscais) ou que pressupde a inducao do compor jr finalidades pati cas (exemplo: regras que fazem mengio a finalidades aplicacio pressupée a indicagio dos fins buscados e dos efeitos prestmidos). E5505 finalidades ¢ efeitos so postos ou pressupostos pelo préprio ordenamento, ca- bendo ao intérprete a sua intespretagéo, de acordo com critérios coerentes com ‘esse mesmo ordenamento juridico, o que nada tem a ver com uma interpretagio iuérios econdmicos € nao jurfdicos:* ‘ou da estrutura sintatica das disposicées legais. Sao necessérias conjecturas a res peito da relagio entre a8 normas as intengSe, os efeitos, os fins 0s bens juridi- 190 DIREITO TRIBUTARIO ATUAL 129° IE preciso dizer, ainda, que as expressdes lingufsticasutilizadas pelo dor podem fazer referencia a fatos e condatas ou# estas de coisas, com ‘ou menor indeterminaco. Dependendo disso, as referidas express6es sero pon- to de partida para a reconstructo de espécies normativas diversas, cada qual exi- «indo diferentes exames por parte do intérprete: correspondéncia entre reconstru- ‘Bes normativas¢ fticas, com base em finalidadles, no caso das regras;corelago | de condutas e promocao de fialidades, no caso dos principion™ —* Pois bem, as consideragies anteriores demonstram que em todas as hipéte- ses mencionadas o intérprete ndo se limita a fazer interpretacbes cognitivas; ele fiz © precisa fazer também int as ow criativas, adscrevendo ou consituindo significados em face de clementos textuais e também extratextuais, i no se ocupa, nem pode se necessariamente tem de en- ‘ocupar apenas de problemas de frentar problemas de relevincia, de é simplesménte ignorar que o Direito exige atvidades adscritivasé saber se a atividade do intérprete, embora no meramente desc considerada fimdamentalnente descritiva. Para comecar a res gacHo, é preciso examinar os varios problemas inerentes 20 dam decisoes do intérprete. 2.3. O problema da equivocidade dos texios ¢ da indelerminagdo das normas A interpretagio no Direito pode exigir a anilise de disposi nada interpretacio, entretanto, ndo se esgota no exame desses dispesitivos. demanda igualmente a anélise de dispositivos que possuei mais de um sig do € que, por iss0, criam os wroblemas, O problema do ambiguidade, assim entendido aquele que surge quando um admite a construcao de duas normas diferentes ¢ excludentes, ex to Tributério nos casos em que os elementos text rum significado (exemplo: o dispositivo que prevé a respon: ode ser interpretado no sentido de incluir constrafdas vérias normas (exemplo: di de tributos, em razio do qual so geradas vari DREITO TREUTARO ATUAL a 29 wt legal, a regra proibitiva de zegulamentos auténomos, 0 princfpio da legalidade © ametanorma que proibe 0 uso de analogia). O problema da implicagao, que surge quando um ‘glo de iia forma, mas essa implica outra (D = N ‘ocorre no Direito Tributério na interpretagdo de a sao construidas normas com elevado gran de generalidade que cont&m comandos implicitas (exemplo: o dispositivo a partir do qual € construfdo 0 prineipio da seguranga juridica que, por sua ver, implica a proibicgo de retroatividade e a proibicio de surpresa). O problema da defectbilidade, que ocorre quando 0 dispositive enseja a cons- trugdo de uma norma, mas essa admite excecGes implicitas decorrentes de expe~ recalcitrantes (N = “se A, entio B, salvo se X”).* Tal problema ocorre no Direito Tributério quando ha normas concebidas a p precisam ser aplicadas para situag6es atipicas (exemplo: a aplicabilidade da regra ue prevé o praro de 20 dias para a apresentacéo de informacSes para casos em que as informacoes requeridas sio to extensas que no podem scr apresentados dentro do referido prazo). Esses problemas relativos & equivocidade das formulagies legi quais outros poderiam ser somados, demonstram que os disposi ‘nico significado que possa ser declarado pelo intérprete, nem virios significa- dos que possain ser por ele facilmente apreendidos, Isso sem mencionar que, uitas vezes, para construir uma s6 norma, € necesséria a conjugagio de vrios itivos. Em todlos esses casos, a interpretagio do Direito nao pode ser feita ivamente por meio de estruturas linguisticas, nem demanda do intéxprete imples descrigéo de significado. O intéxprete, em razdo da equivocidade, roduzir significados. Em outtas palavras, @ equivocidade ) tivas impede que 0 intérprete faca somente interpretagbcs © 4ém proceda a interpretagbes decisorias ou cria~ lo significados em face da pluralidade de signifi- ‘Mas, mesmo depois de ultrapassado o problema da equivocidade dos textos © reconstrufdas as.nprmas por meio da interpretacéo, surge inevitaselmente 0 problema-da vagueza: embora saiba o contetido da norma, o intérprete pode nao saber exatamente quai fatos reczem no seu Ambito de aplicagio, dado nao exis- i também casos dificeis.* ssa vagueza, potencial para qualquer norma, pela incapacidade de a lin- guagem confinar o futuro em modelos concebides no passado, pode ser provoca~ ‘da ou auinentada, intencional ou gr pelo Poder Le por meio dda instituigéo de normas com diferentes tipos de indeterminacéo, como prinet- pos juridicos ou regras contendo cléusulas gerais. No caso dos principios, por des princes Sto Pole Maes, 2018p. 1296 fi nentare, Milo: 2011 MAZZARESE, emariad lover Terl 1» GEGUASTINI Riccarco. intrpritaze argomentare. MAGO: Giuftt, 2011, p. Sess. 192 DIRETO TRIBUTARIO ATUAL 8°29 ‘causa da sua particular forma de indeterminaco ¢ da falta tanto de ambitos de- terminados de aplicago, quanto de solugées unfvocas, o intérprete tera necessa- riamente de examinar a relacio entre efeitos de condutas ¢ a promogio de esta- dos de coisas, construindo prinefpios implicitos ou criando regras de concretiza- co. E no caso das regras contendo cléusulas gerais, o intérprete tera de fazer nsidade, pela escotha da consequéncia a ser atribaida em ‘O essencial, para éste estudo, é que o referido pr ra 0 aplicador, mas também para licacao de ura norma, de da norma cujo contetido ele pretende reconsin jnaco das normas ¢ do proprio Direito comprovam que as normas nao tém um ‘inico contetido, nao proporcionam wma ‘inica solugéo, nem t@m um predeterminado ambito de aplicagao. Em razio disso, ppretagio nfo tem como ser feita exclusivamente por meio de estruturas te uma simples descrigio de significados. O intérprete, em , demandando que el ruindo normas e d equivocidade ¢ a 86 pode ser a valora 24.0 problema da susceibitidade do conhecimento sta da Ciéncia do Direito” defende que a to, Essa concepeao pressupoe ‘um objeto diretamente suscetivel de conhecimento por parte do intérprete.Iss0, n0 centanio, nio ocorre, porque toda interpretacio envolve a intermediagao discursi- ya ou o condicionamento de métodos, argumentos ¢ teorias. No @ite se refere aos métodos, a interpretacio no Direito envolve o raciocs- nio por deducio, por meio do qual o intérprete infere conclusdes partindo do ‘geral para o particular. Porém, tal método, que supostamente envolve urna ativi- dade meramente cognitiva, no esgota 0 raciocinio jurfdico, na medida em que este também abrange a inducio, por meio da qual o intérprete tira conclusoes ppartindo do particular para o geral, como ocorre nas situacdes em que ele obtém, 2 partir de casos previstos, conclus6es para casos no previstos (exemplo: racioct- nio por analogia ou argumentacio a contrério senso} ¢ nas hip6teses em que ele constr6i normas implicitas a partir de normas expressas (exemplo: construcio de ios implicitos a partir dé principios expressos ou de regras implicitas @ partir de prinefpios expresso) O raciocinio por indug&o, na medida em que alar- © CE GUASTINI, Ricardo, Inlerpretareeargomentoe, Miléo: Gin, 201%, p. 411, nota 13 |e pode simplesmente afi | DIREMTO TRBUTARIO ATUL o# 29 192 1g20 objeto da interpretagio para além de meros dispostivos legais, no envolve tuma interpretacio meramente cognitiva, mas decisoriae crativa Independente do método utilizado, no entanto, a intexpretagio 36 € possivel por meio de métodos ou estruturas de raciocinio que organizara o material bruto a ser utilizado pelo intérprete e condicionam a interpretatio, Nesse sentido, no far que o contetido do Direito seja suscetivel de conhe- ‘cimento no sentido de ser imediata ¢ diretamente apreensive pelo intérprete, sem. a intexposigéo de estrutaras metédicas. ‘A interpretagio no Direito também envolve argumentagio, assim entendiddo o conjunto de razdes utilizado pelo intérprete para suportar uma dada interpre- tacéo.* Varios sio os tipos de argumentos utilizados na interpretagéo."* Gabe, neste ponto, mencionar somente alguns: argumento lingustico, ba- seado no significado das palavras, de acordo com 0 qual 6 significado a ser esco- Thido deve ser aquele vinculado ao sentido dos termos utilizados nos dis (exemplo: 0 dispositivo referente A responsabilidade tributétia por sucesso deve wretado como abrangendo somente os tributos, ¢ nfo as mul ‘6 aqueles sem fazer mengo a estas argumes ia avaliagio do momento em que a forte fo segundo o qual o significado a ser juntamente com a evolucio da sociedade (exemplo: o dis- positive de acordo com 0 qual as mercadorias so bens méveis deve ser interpre tado como envolvendo qualquer bem, inclusive intangivel} angumento genético, bascado nos trabalhos preparatdrios, por meio do qual icado a ser adscri- ss8es parlamentares (exemplo: 0 dispostivo que prevé a incidén servigos de coma- ‘modo a nao abranger a publicidade na Znterec, sfastada pelas discussbes parlamentares} argu- idade normativa, segundo o qual a hipétese ingida em razao da finalidade que the € fa deve ser ampliada ou subjacente (exemplo: a regra da imunidade dos livros deveria abranger também os livros eletrdnicos, porque a sta finalidade & a de favorecer a cultura e a infor- ‘agi, € esses objetivos também sio promovidos pela publicagéo dos referidos livros}; arguunento sistematico, baseado no conjunto normativo, de acordo com 0 {qual o significado a ser escothido deve ser aquele amparado pelo sistema ou 0 Ambito de aplicacéo da norma deve conter casos suportados pelo sistema (exem- pplo: a regra que autoriza a desconsideracio de negécios jurfdicos celebrados com dissimular a ocorréncia do fato gerador deve abranger apenas .dos com abuso de forma, mas nao aqueles praticados com a fina~ carga tributaria, por ter a Constituigdo adotado um sistema preservador da livre-iniciativa). ber. “Te gs) nals Dirt 2012, Madr: Mar Enric, Vert certessaellatypetazione dell lege. Ti 194 DIREITO TRIBUTARIO ATUAL 1 29 (© exame panordmico de parte dos argumentos utilizados para suportar ‘uma dada interpretagio demonstra que toda interpretacao, do dispositive mais simples ve uma decisao de interretacdo baseada num argu mento. a que diate de textos claros ou de casos féceis no hhaveria nem interpretacdo, nem argumentacdo. £ sabido, porém, que a qualifica- gio deum texto como claro ou de um caso como ficil € resultado da interpretacao € nio impeditivo dela.” A interpretacio é sempre necesséria. Assim também a argumentagio. Em razéo da equivocidade dos dispositivos ¢ da indeterminacio das normas, é sempre necessirio fazer uma escolha. Como essa escolha precisa ser justificada para no ser arbitréria, toda interpretagio envolve uma decisio em razGes que suportam a decisio interpretativa. Daf se poder afirmar, i erpretacfo envolve uma decisio interpretativa estrutu- vada por um ou m: jos ¢ baseada em um ou mais argumentos. Sendo assim, porém, nao se pode simplesmente afirmar que 0 contetido do Direito sea suscetivel de conhecimento no sentido de ser imedialae diretamente apreen- stuel pelo interprets, ser a intermediacio de processos discursivos. ‘Toda interpre- tacio envolve uma escolha estruturada por métodos e suportada por argumentos. Daf ter razio Mazzarese quando afirma: “A clocugio de um enunciado que expri- norma juridica néo é, portanto, um dado univoco ¢, além disso, nao é nem mesmo um dado preexistente ao, nem independente do, processo interpre- tativo, mas, contrariamente, é o resultado, o produto de tal processo"* Contrariamente ao que se acaba de afirmar, poder-se-ia sustentar que aque- les dispositivos, cujo conteitdo preliminar parece set suficiente para solucionar eventual conflito interpretative, poderiam ser interpr sem 0 concurso de iétodos ou de argumentos. Essa impressio se desfaz quando se constata que rmestno esse tipo de interpretacao pressupée, por exemplo, a escollia de um argu- mento no lugar de outros (um argumento linguistico, em vez de um argumento ‘escolha de uma dout ppretativa no lugar de al ¢ dindmica) ¢ a escolha de uma forma de justica no lugar de iustica geral, baseada na legalidade, em vez da justica particular, fundada nna equidade). O que pode suceder é algo diverso: embora sempre se tenha que utilizar argumentos n nem de discurso just tava (no sentido de exibicio de cada sultado interpretativo), por ser 0 resul 10s métodos estio presentes, embora n: 'A constatacio de que toda interpretacio envolve inevitavelmente uma esco- Jha estruturada por métodos, baseada em angumentos ¢ fundada em teorias, im- eggs Tarts Giappichell, 1999, p, DIREITO TRBUTARIO ATUAL9® 29 195 pede a defesa de que cabe & Ciencia do Direito apenas descrever significados suscetiveis de conhecimento: Di ‘qualquer ‘caso, serd sempre necessaria a escol métodos, de argumentos e de doutrinas. Isso significa que o intérprete no ape- nas tem de escolher um significado, mas que ele também nao tem como deixar de escother um método, um argumento e uma doutrina que iréo condicionar a opcio por esse significado. Em sumna, ainterpretagio no Direito ndo & conhecimento de # dos; é decisio de significados estrulurada por méodos, axgumentos ¢ / * doutrinas. ‘Axerificacao de que a lo Direito, por w objeto, nao deve apenas descrever, mas também ad quer dizer que a sua atividade nao enfrente limites, nem possa perse de objetividade Embora o intéxprete tome decisdes interpretativas diamte da equivocidade dos textos e da indcterminacio das normas, essas decisbes enfrentam varios tes decorrentes dos signi interpretagéo geralmente aceitos, dentes com forga formal ou mac ‘por diante.*‘ Além disso, a decisio interpretativa sempre depende de crtérios de legitimacao ede regras materiais ¢ procedimentais.® E conquanto o intérprete, nas situagées em que precise fazer interpretagoes decisbrias ¢ criativas, nfo possa perseguir a objetividade seméntica, ele certa~ mente pode -e deve - buscar a objetividade discursiva, tanto mais presente, quan- to mais racional, coerente e carisstente for o uso dos métodos, dos argumentos € das doutrinas que condicionam 2 sua interpretagio* A doutrina pode fazer sen- tido mesmo se a razio proporcionar formas argumentativas, prevensdes de coc~ réncia e higates-comuns, mas no normas precisas.”” E. seus enunciados podem ser considerados cientfficos se forem intersubjetivamente controlaves, isto €, se forem estruturados sistematicamente, con eguirem a forga d mentos ¢ forem abertos & critica, bem como respeitarem as condicées de raciona- i ica ¢ do discurso, mesmo que no sejam objetivos, neutros e avalorati- igencia do seu proprio sr ecriarsignificados no ideal Esses limites ¢ essa objetividade, se de um lado pressupdem a existéncia de interpretagSes decisorias e cr itar € organizar, de outro defina qualquer Ambito de ay 196 DIREITO TRIBUTARIO ATUAL 1-29 mentativas, pressupostas por esses dispositivos ¢ pelos seuss que atribuem racionalidade aos argumentos que utiliza pa decisdes interpretativas.* i se pode é, a pretexto de garantir seguranga por meio do discurso jr que a Giéncia do Direito exerce exclusivamente at as quando.também atividades adscritivas ¢ criativas; como inca decorrente dessas atividades deixasse de surgir pela sua mera ocuilaglo, tal como um sujeito endividado que ingenuamente acredita estar eli- minando as suas dividas ao deixar de abrir as correspondéncias contendo as con- tas que deve pagar. Mostrar um problema néo equivale a crié-lo, nem oculté.lo significa eliminé-lo. Assim, ao se demonstrar que as atividades de adscrigso € criagdo fazem parte da Cigncia do Direito nao se cria nova fonte de inseguranga; apenas se constata uma fonte ja existente, permitindo a criagdo de critérios inter * subjetivos para o seu controle. 7 A tese de que a Ciéncia do Direito apenas descreve ou eve descrever 0 con- ido de normas nZo tem, portanto, como prosperar - além de seu discu ir enunciados interpretativos cognitivas que descrevem diversos significados possveis de textos normativos, também abrange enunciados interpretativos deci- sérios que adscrevem significados e formulagbes normativas que exteriorizam norma implicitas° Poder-se-ia dizer que, além desses enunciados, 0 discurso da Ciéncia do mibém conteria enunciados descritivos de normas, ou do contetdo de normas, a0 descrever as interpretagées decisérias da doutrina e dos tribunais eas normas em vigor. Tal compreensio, todavia, confunde descrigio de normas com escrigio de fatos relativos a normas: quando o cientista simplesmente descreve ue uma norma esté em vigor, ele no esti descrevendo ma norma, mas descre- vendo o fato de que uma norma esté em vigor, desde que pressuponha o conceito fitico de validade, verificavel pela experiéncia, e nfo 0 conceito sistemstico de validade, dependente de um juizo de valor a respeito da pertinéncia de uma nor 1a a um conjunto de normas; e quando o cientsta descreve que a doutrina ot os tribunais adotaram determinada interpretacio, néo esta descrevendo uma nor. ‘ma oui 0 seu contetdo, mas o fato de que determinados sujeitos ou rgfios adota- ram uma dada interpretagao. Nessas hipéteses, 0 objeto da descriglo nio sto ormas, mas mcernentes a normas, o que é algo totalmente diverso.* Como Jembr: uma descrigao nao deixa de ser uma descrigéo quando tem or objeto uma valoracto.” As consideragies anteriores comprovam que a Ciéi escreve, mas também adsereve e eria significados. A 10 da Giencia do Direito € meramente descrever sig do Direito nao apenas ipreensio de que a fun- idos envolve, pois, ama 2 GF AVILA, Humberto. Sigwang jeri 2. Sao Yau: Mall p.2es © GE BARIERIS, Maoro. fie dat Dirt, 8 ods Torn: Gore ip. 79 es. PECTE- Nk, Aleksandex, Sens farts Leal Doc es Knowledge Law ond ave Sere obec Ser “ “znunciato deseo duns norma foe su na noone i bararcante Stalin memoria di Giant Tao. 68 267, 37H, 289,289, * GOHAN, Herbere Theconspt ofl 3: ed Onfort OUP 2012, BU, DIREITO TRBUTARO ATUAL 1°29 197 na medida em que pressupbe um conceito écie de formatisma epistemologic tito de conhecimento (eo coisas) e um rol mui 8). Tal soluglo, contudo, 6 errénea, na medida em que ainterpretacio ju- tidica nunca se reduz ao simples conhecimento de um significado anterior seja ele verdadeiro ou proprio, pouco importa. H Resta saber agora sea atividade descritiva € a atividade fundamental da Cign- ara reapoiider a essa indagacto, € preciso saber, de um lado, sea iva € direta ou intermedi iscursivos que envol- Ja uma pateeia de atividades diretamente descrtivas, € necesizio essasatividades sio a5 mais representatvas dentre aquelas exercidas pelo intér bide 7 3 ‘Em atengio ao primeiro aspecto (saber sc a atividade descritiva € direta)} cumpre destacar que a interpretacdo é sempre intermediada por teorias que de- mandam escolhas. Primeiro, existem atividades preparaérias &interpretagio, como a qualifica- fo de determinado objeto com tm documento normativo ea wlentificacio jos artigos como pertinentes a0 assunto que se pretend lads pressupSem teorias e demandem escolhas: para quali nado objeto como um documento normativo € pre _fontes normativas ¢, com base nos seus critérios, dec rdetermi- pardmetros, decidir quais artigos sio pertinentes e quais nao sao ¢ como eles se relacionam no conjunto normativo. Segundo, hé fatores que condicionam a imterpretaco, como a qu: das normas com perativas ou disp. de uma feoria das normas e, com sm elementos que infiuem na interpretacio, como a estrutura, 0 éspecitico @ 0 intertexto das disposigées.* Tais elementos também pressuptem teorias ¢ demandam escolhas: para qualificar determinado clemertto como teleoligico, por exemplo, & necessario possuir uma leria das fina lidades ¢, com base nos seus requisites, optar pelo enquadramento de determina- do elemento como pertencente a finalidade normativa, Gf CHIASSONI, Fieriuigh. nica deintrpraasonepieridiza. Boloaha: + CE CHIASSON, Pierigh Teoncedellintrpritasinegiridcs, Bolonbs! © Gk iden. 5 Gt. idem, p. 59 198 DIRETEO TRBUTARIO ATUAL nt 29° Quarto, ha angumentos que participam da justificagio da interpretacio, como é 0 caso dos argumentos ling ition ® genetcos, >. por exemplo, é preciso dispor de un base nos seus pressupostos, classificar e valorar angumentos utilizad rpretacdo. importancia das observagdes anteriores est4 na constatagio de que a inter- pretacao é sempre intermediada por processos discursives que envolvem atividades dlecisérias ¢ criativas. O significado, em vez de anteceder aos processos discursi- vos, resulta deles."* Somente depois - nfo antes - de superados esses processos dis- Garsivos € que se pode falar em significado. Sendo assim, nio € correto qualificar a interpretacfo textual como uma ati ve apenas juizos tedricos sem qualquer interferéncia subjetiva. Toda e qualquer interpretacdo envolve escollias estruturadias por métodos e guiadas por eorias, dda mais no caso da imerpretagao textual no ambito do Direito, que € uma dade de natureza prética, conotada por momentos ‘O que foi dito a exteriores e nao envolva des descritivas. Significados incorporados 20 uso comum da linguagemn ¢ interpretagies fornecidas pela doutrina, pelo Poder Judi- cidrio ou pelo Poder Executivo 2 respeito de determinados dispositivos legais, para citar apenas alguns exemy to de descrigio por parte do intérprete. Nesse caso, contudo, rete, a rigor, nao esta fazendo interpre- tacéo textual, mas dlescrevendo « valoragoes j feitas, 0 Igo divero, Mesino nesses casos, os fos interpretatvos precisa ser jidicamente contextualizados e incorporados uma estrutura argumentativa ampa: comentaizada ¢incorporados a uma errs agumentatia arparada em esse modo, com referencia ao segundo aspecto da indagaca sea desrig €aavdade mas representativa da Giencia do Dic coneluir em sentido conterio: no processo de interpretagio textual, permeado por processos discursivos que pressupdem tcarias e demandam escollas, a descri- Gao de fatos imterpretativos, além de também ser condicionada por atividades Aecisbrias ¢ criativas, sequer pode ser qualificada como sendo ‘mental desempenhada pela Ciénc vez. disso, sio as adscritivas € as c {qualificacto de dbjetos como norma |, pressupostas pela inter- pretagio (qualificagao das espécies normativas ¢ dos tipos de norma) ¢ integran- tes aos textos normativos (ambiguidade, complexida- lade} ¢ a0 propri raat ‘cdo do Dircita.¢ das suas norm: tivas sejam as inais represent GE CHIASSON, Pierluigi Tetcadllnterpret Malina, 2007, pt DIREITO TRIBUTARIO ATUAL #829 199 tivae normativa ao mesmo tempo, em raz0 de nao apenas descrever, mas também recomendar interpretabes.™ “A-constatacio de que a atividade descritiva também ¢ intermediada por pro~ cessos discursivos petmeados por escolhas tem levado a doutrina a superar a di- cotomia entre proposicoes “descritivas” € “normativas” em favor de uma fusdo {aio combinagao) entre ambas i i sigdes “descritivas” e “normativas’, mas um entrelagamento mais ou menos firme ‘entre ambas.* E por todas essas razSes que ndo se pode afirmar que a at é descrever significados normatives - mera ou fundament "A tese de que a funcio da Giéncia do Direito é fundame mbém evolve um formalismo epistemol6gico. & também ode afirmar que o intérprete simplesmente constr6i significades, sem quais- quer limitagbes exteriores e anteriores, mas reconstr6i significados, dentro de varios limites lingufsticos, metodol6gicos, praticos, entre outros. Nesse contex: to, eresce em importincia o exame dos limites € do controle da interpretacao por ‘processos de legitimacio, determinacfo, argumentacdo e fundamenta- outras palavras, a admissBo de que a interpretagio envolve atividades fe criativas aumenta a importincia de critérios ntersubjetivamente contro- {doris para a interpretacto. Solucocs ti, que apelem a um fundamento ida junta indicagio de te claros € ope fatbrias para dar conta da os intersubjetivamer para a interpretacio, sio obviament inevitével complexidade do fendmeno norma sn-se nessa categoria tanto 0 mero apelo ao plano pragmnitico da interp juanto a simples defesa de aque o Diteito é linguagem, integridade ou objeto cultural, Além de envoiver um elevado grau de sim ufsino c trivialidade, essas concepgdes, em nome do conhecimento € di na verdade terminam por abrir as portas para 0 voluntarismo ea arbitrariedade. Conelusées ‘Ao fim © a0 cabo, resta a conclusto de que a “tese descritivista da Gineia do Direito’ nada mais €/do que uma tese normativa e reducionista da fungio da Gincia do Dircito. oition aid Narn 00, p. 287 Humberto. Teoria dor pina. 14 ed. Sao Paulo: Mall 9, p. 34 © 8. GUAS. Milo: Gite, 2011, SHIASSONI, Peru 2012, p. 288 em, Riccardo; © CO- © oF itridieadelfargomentazios MANDUCCI, Palo (orgs). Anette Dirt 2012 © CEAVILA, Humberto. A dout ‘ments do Beto Toate, Mad: Marcial Pons, 3012. p. 221-46. pea et or. Pats _ 200 DIRESTO TRBUTAR‘© ATUAL 18-29 ativa; porque ndo descreve simplesmente o que o intérprete do Direito ferinina o que ele deve fazer para ter seu discurso supostamente ele- ia de Ciéncia, a0 pressupor determinados eritérios que deve ser de significados preexistentes ios, no entanto, exciuem 2 maior parte das atividades Direito. Daf ser a “tese descritivita da Giéncia do Direi- smo pressupde um conceito mui- tte cnr anh rent, Come rep um cco como jutzo prético destinado a direcionar um estado de coisas) e um espectto muito restrito de atividades interpretativas (interpretacio cognitiva, mas nao ads- ¢ criativa), ela nfo apenas afasta a interpretacto de atos, fats, costumes, alidades fetes da atvidade da Ciencia do Direto, como também exci do seu ambito a interpretagéo de qualquer dispositive cujo significado seja equivoco cna aplicaco de qualquer norma ejombito de aplicagto sea dcertnado, Ji que, nesses casos, o intérprete terd necessariamente de adotar outros interpretagio (interpretagio deciséria ¢ criativa). Mais do que isso, a adogio da referida tese também provoca uma série de —limitagdes com relacio ao tipo de interpretacio, a0 tipo de métod relagio que seré objeto de desenvolvimento pelo fo que se refete ao tipo de interpretacao, a mencionada tese, por circuns- rete descricao, limita a sua atividade a interpretacao indria, excluindo do seu Ambitoa interpretacdo subje- a No tocante a0 método, a referida mento de qualquer tipo dasse 0 uso de outros métodos, nem a opcio por argumentos ou doutrinas. Impe- de-o, assim, de raciocinar por meio da inducto, necessaria para a construgio de sores as € para a interpretagio de dispositivos eujo significado ¢ equi Eno que diz respeito as relagées entre as normas, a dita tese, por ndo tolerar qualquer tipo de construgio que nik {je com o ordenamento juridico, rele ao exame das Telagaes formais ¢ logicas, ex Puglo de hierarquat materiais graducis, baseadas na coeréncia substanc logicas, fundadas anteriores demonstram que 0 reducionismo provocado qi se levado as dtimas consequéncias, nao apenas deixa a Giencia do Direito com um objeto muito resttito (textos ¢ algumas espécies de regras) ¢ uma atividade muito limitada (interpretacio cognitiva), como faz com ‘que ela perca quase totalmente 0 seu sentido pratico. Como, se adotado o para- igma empirista, cabe & Cigncia apenas constatar o problema da equivocidade dos textos ¢ da indeterminacéo das normas, sem, porém, resolvé-los por meio da © CE AVILA, Humberto, Sista constizinalributra. 6. ed, Sto Paulos Ssraiva, 2012, p. 8 RETO TRBUTARIO ATUAL a? 29 201 ‘escotha de significados ¢ a delimitacio de Ambitos de aplicagao, os enunciados do discurso cientifico terminam por nao possuir capacidade orientadora alguna. Buscam a verdade, mas ignoram a realidade. ssa constatacao exp! parte da Ciei ‘sintética das disposigbes (exemplo: aspé sngio a normas cjo exame pressupée a investigacio de finalida- ios c bens juridicos (exemplo: regras de competéncia para instituir tribu- ndutora, principios de liberdade ¢ de propriedadc). Isto ocor- de alguns fenémenos, mas re porque o paradigma de Ciencia pert 1ndo todos, precisamente porque um paradigm: de escolha de problemas. Como afirma Kuhn, sralmente no so sequer vistos"." Vale dizer: a tese des- cebe essa diminuicéo. “Todas estas consideracées terminam por comprovar que a “tse descritivista da Giencia do Direito” partiu de um modelo de Giéne os, mas nao para o mundo do Direito. O ideal dos empiristas, de criar um tinico método para todas as ciéncias, surgi Imente para asciéncias naturais, a twando-se mais tarde para todas as cié corre que as cigncias naturais consistem em discursos que tém por idade fisica, capaz, em tese, de ser descrita, como € 0 caso da Ciéncia Astronémi por objeto © movimento dos planetas, descrito pelos astrénomos. Jé a Ciéncia do Direito envolve uma discurs0 que nao tem por objeto uma entidade Bsica, mas uma i ncapaz de ser descrita como supostamente 0 € uma entida- de fisica, pela singela e boa razéo de que nao esté pronta sein a participagao do imtérprete. Por isso esta correto Guastini que, depois de fazer a diferenciacio acima referida, afiema: “A linguagem dos juristas nao ‘verte sobre’ a linguagem do Direito: a0 contrério, os juristas modelam e enriquecem continuamente 0 seu objeto de estudo, como tum violinista que inserisse notas apécrifas na partitura que esté executando”.® ‘Na verdade, por meio do modelo empirista, adequow-se 0 Direito ao modelo "no lugar da * ‘mesmo que Procusto fazia com os viajantes que dormiamn 1a sua cama até que eles se encaixassem perfeitamente no seu tamanho: se eram menores do que ela, ceram esticados; se cram maiores, tinham partes do corpo amputadas. Por isso assiste total razio a Aarnio, quando afirma que: “Nao se pode comesar perguntando o que é ciéncia. No caso do estado doutrinatio do Direito, isso significaria que este é enquadrado na cama de Procusto, onde ou os bragos ou as pernas sao cortados. A cama é, ob- © CE KUN, Thomas, The structure of sent teluions Chicago: The Univetsty of Chicago Pras, 197 candle, nlrpatane argomontare, Milo: Giufr, 201, p. 225. 202 DDREITO TRBUTARIO ATUAL af 29 viamente, do tamanho correto se, ¢ somente se, 0 pac se ajustar a cama. O tinico problema é que, quando © do Direito € medido de acordo com esse tipo de cama, estudo dou fo Dircito."® A conclasio inevitével é a de que a “tese descritivista da Giéncia do Direito” _ da mas faz do que partir pregar oconinutsmo de prestupostosexuocados rimeiro, 0 pressuposto de que 0 Direito é um objeto pronto e acabado, capaz de set apreendido taf como encontrado, o que nio € verdadeiro: o Die iamente dado, cujo contetido dependa, exclusivamente, de ativida 6 reveladoras de sentidos predeterminacdos, nem uma atividade cuja realizacio deriva, unicamente, de estruturas ar sie enn erat ef enone ce ecko See eee ene oe ere ime lg ee ay cco ue ie -a por Mazzarese das teses relativas & fiangio descritiva da Ciéneia do _juridica e/ou a dogmatica juridica, ou a fim de justificar uma légica de ‘normas pela via dos enunciados que as descrevemn.”= 86, Pois, que a “tese descritivista da Ciencia do Direito” € produto de i de Ciencia do Direito criado a revelia do préprio Direito e, par «ssa razio, inapropriado para compreendé-lo em toda a sua extensio e em todas ‘ages. Por isso merece transcrigao a adverténcia de Rar: do Dieito deve ser ajustado a0 seu objeto, Se ele nao puder ser ‘entdo seu estudo nto deveria esforcarse para a de um objeto pode-se aprender como ele de- hdo se pode postular que o objeto tenha certos atributos porque se deseja estudé-io de certo modo." iante dessa conclusdo, apresentam-se algumas alternativas para a Cigncia do 7 i ito reclama a adscriggo e a reconstru- cho de significad .valoracd, Esse caminho, contudo, importa aceitar um papel limitado e uma importincia diminuta, daco que 20 Caberd apenas constatar a equivocidade dos textos normativese a indeterminagio ayn te darn tay of ta. Springer: Dordrecht 2 “Saran. 28 So Pos Msieton, 308 cise Sto Fs odes ve Tats oun“ pry ote re theory fe: PACTS orgs omainy a ors. Oxi: Caradon 908, p. 2 DIREITO TRIBUTARO ATUAL #29 20 do Direito, sem que ele possa indicar qual &0 significado mais fortcmente supor- lo ordenamento jurfdico e quais sio os critérios de qualificacio dos fatos tes a esse significado. rundo, a Giéncia do Direito pode exercer as tarefas de adscrever € recons- truirsignificados, mas sem assumir que isto ¢ feito, Tal alternativa provoc uma contradicao performatica, na medida em que o intérprete prega uma atividade meramente cognitiva, mas pratica uma atividade também adscritiva ¢ criativa, E 10.€ 0 que é feito, como lembra Peczcnik a res- peito da dicotomia entre descricao e valoracto: "sea terminologia revela uma tensio na doutrina jurfdica entre o fazer € (Os estudiosos fazem tanto descricio quanto valoragao; eles falam das vezes sobre descricio e ficam quase envergonhacios de ‘agao, Na verdade, o trabalho da doutrina é normalmente vin- citlado a valores.” Essa mesma alternativa também implica uma falsa propaganda cientifica, jé ‘que o intérprete sustenta um modelo cientifico que, na verdade, nfo é execut Mac, ao nao assumir que isso € feito, a Giéncia do Di xa de fornecer cx rios intersubjetivamente controldveis para a adscrigao ea criagio de significados. Propugna abstratamente cognitivismo, mas semeia concretamente voluntarist. Ten Gigncia do Direito pode exercer as atividades de adscrever e re- -ados, accitando abertamente que iss0 € feito, mas assumindo ‘que essa ati ‘entifica. Embora plausivel, essa alternativa € incomple- | na medida em que ela deixa sem critérios de controle 0 exercicio daquelas idades. £, por fim, a Ciéncia do Direito pode exercer as ati reconstruirsignificados, mantendo uma base empfrica, mas mandand 1s0 deve preencher para ser considerado cientifico, no ‘oldvel. Um dos caminhos é a substituigéo dos ‘dade por correspondéncia, inadequados para 0 Di- idade discursiva e de verdade por coeréncia, a se uta contra o obscurantismo interpretativo.”* “estruturalismo argumentative”, baseado njugados com ou -E este contexto ‘ro, na leoria dos sistemas, por meio da qual se prope uma mudanca do viamental de sitematizagio (da hierarquia formal para a coeréncia {no apenas clementos fe se propoe um Tingut das disposigoes, mas também ‘como fatos, atos, costume: ‘Segundo, na teoria de dos critérios fundamentais de di iades e efei s, mediante a qual se sustenta uma alteracto ‘ingfo entre as espécies normativas (do caréter wuee of nw > CE PECZENIK, Aleksander Scents Juris - Lega decrees Inowtedeof ow and Springer: Dordrecht, 2005, p 4 » CEAVILa, Humberto. Siena conatincional Tribu 5. ed, $80 Paul: Saraiva, 201, p.27 688 Sts ld. Segurong uridion. S30 Paul Malheirs, 2012, p.656.¢ 672 1 GE AVILA, Haberto Sitoma cmstitcional uri, 5. ed. Sao Paso: Sraive, 2012 p 84 204 DDREITO TRIBUTARIO ATUL 9°29 fandante ou do modo de aplicagio e colisio para a natureza da descrigo norma- tiva, da justificagdo e da contribuigdo para a decisio) assim como uma ampliagio ios, mas também postulados sermenéuticos ¢ aj vos). “Terceiro, na feoria juridin da argumentagéo, por via da qual se defende uma sagio dos critérios fundamentais de controle argumentativo (de eritérios es- fente racionais ou ret6ricos para crtérios fundados no préprio ordenamen- 19) € uma alteragéo da sua prépria funcionalidade (ado apenas demons- trar que a interpretagio cnvolve decis6cs de sentido baseadas em argumé dos argumentos ¢ um conjunto de parimetras dis- lacioné-los e valoréclos com base em principios democré- ticos ¢ republicanos).” ‘Tal solugio incorpora a assertiva de que a interpretagio jurfdica € um pro- cesso discursivo beseado em argumentos, estruturado por métodos e guiado por teorias, que cnvolve um entrelagamento de atividades descritivas, adscritivas € cviativas, cuja ls timidade depende do reconhecimento de limitacbes exteriores da obser de critérios intersubjetivamente controléveis. Uma solugso que permite a construgio da “Giéncia do Direito” no lugar do “Dircito da Ciéncia’.

Vous aimerez peut-être aussi