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MULHERES E HOMENS: SÃO MESMO DIFERENTES?

As diferenças entre os aparelhos reprodutores masculinos e femininos


não é novidade para ninguém. Mas será esta a razão porque os homens não
pintam as unhas dos pés?

Talvez a história seja mais complicada do que parece. A nossa história


mostra que mulheres e homens foram tratados de maneira diferente: o mundo
das mulheres se limitava à casa dos pais, casavam-se cedo, não iam à escola e
não participavam da vida pública. Não que hoje seja completamente diferente.
Aqui em Nova York, as mulheres mulçumanas vão ao salão de beleza
acompanhadas do marido. Elas são atendidas em uma sala reservada porque
não tiram o véu em público. É o marido que diz quanto e como deve cortar o
cabelo da esposa.

Também é um fato inegável que meninos e meninas são criados de forma


diferente. Temos cores, brinquedos e roupas específicas para cada sexo.
Protegemos as meninas enquanto encorajamos os meninos a enfrentar
situações de desafio. Até mesmo a nossa voz é muitas vezes diferente se
falamos com meninos ou meninas. Não só os pais mas também os parentes,
amigos, sociedade e mídia têm um peso significativo na construção dos
gêneros.

Em Janeiro de 2005, Dr. Lawrence H. Summers, na época o presidente


da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, disse que o motivo de haver
menos mulheres nas ciências era possivelmente porque as mulheres eram
biologicamente menos aptas à matemática que os homens. Esta declaração
criou uma verdadeira onda de protestos no país. Dr. Summers pediu desculpas
às mulheres mas acabou por deixar a universidade no ano seguinte. Afirmações
como esta não têm qualquer comprovação científica e são carregadas de
preconceito. Os índices mostram que há muito mais mulheres hoje nas áreas da
ciência que décadas atrás. Se fosse uma questão de aptidão, os índices
permaneceriam os mesmos.

Mas, voltando à pergunta inicial: há diferenças ou não? Muitas pesquisas


na área da neurociência têm demonstrado que há diferenças entre o cérebro
masculino e feminino. Por exemplo, o cérebro feminino é 10%, em média, menor
do que o masculino; porém, pesquisas indicam que as mulheres têm mais
neurônios que os homens. Se isso tem alguma coisa a ver com a inteligência, é
outro assunto que ninguém sabe.

Uma pesquisa feita pela University College London revela que homens e
mulheres têm reações emocionais diferentes ao ver uma pessoa considerada
má receber uma punição: nos homens, uma área do cérebro ligada à
recompensa é ativada. Já as mulheres não apresentam nenhuma resposta
associada ao prazer. Isso leva os pesquisadores a concluir que as mulheres, em
geral, têm mais empatia e que os homens têm prazer na vingança, na justiça e
na punição.

Mesmo com os resultados de certas pesquisas, é preciso muita


precaução antes de tirar conclusões rápidas. Não sabemos ainda se, por
exemplo, as mulheres e os homens nascem com certos comportamentos
programados no cérebro ou se as experiências sociais geram estes
comportamentos. Talvez um dia quando todas as condições sociais forem iguais
aos homens e mulheres poderemos, então, saber se existe alguma diferença
inata entre homens e mulheres. Mas, até agora, fica difícil saber o que é próprio
aos sexos (se é que isso existe) e o que é socialmente contruído. Até prova em
contrário, não vamos julgar os machões que queiram pintar as unhas dos pés!
Denise Osborne é mestranda em Lingüística Aplicada no Teachers College

Columbia University (Nova York) e professora de português como língua

estrangeira.

Artigo originalmente publicado pelo Jornal Clarim (Minas Gerais, Brasil):

Osborne, D. (2008, February 08). Mulheres e Homens: São mesmo diferentes?


Clarim, Ano 12, n. 604, p. A2.

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