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Quem nunca traiu, que atire a primeira pedra!

“Eu sou um americano gay.” Foi assim que o governador de Nova Jersey,
Jim McGreevey, anunciou ao país que ele era homossexual em agosto de 2004.
O seu discurso, ao vivo pela TV, chocou os Estados Unidos. Afinal, ninguém
esperava que McGreevey, casado e pai de duas filhas, tivesse uma vida dupla.

No começo de março deste ano, foi a vez do governador de Nova York,


Eliot Spitzer. Ele também fez um anúncio público de infidelidade, ao vivo pela
TV. Spitzer, casado há 20 anos e pai de três filhas adolescentes, deixou o poder,
assumindo “ter cometido falhas na vida privada”. Spitzer era cliente de uma rede
de prostituição de luxo. Na semana seguinte, o novo governador, David
Paterson, tomou posse do governo.

Paterson é o primeiro governador negro de Nova York e também é o


segundo governador cego que os Estados Unidos já teve (o primeiro foi em
1975, governou o estado de Arkansas por 11 dias). Mas, se você pensa que a
série de escândalos e infidelidades parou por aí, você está enganado. No dia
seguinte da posse de Paterson, ele e sua esposa anunciaram nos meios de
comunicação que os dois haviam sido infiéis no casamento há alguns anos
atrás. Paterson e sua esposa tiveram relacionamentos extra-conjugais. E aí, nós
ficamos pensando: afinal, a fidelidade existe ou é apenas um ideal imaginário?

Existe somente uma espécie de animal que é monógamo, de acordo com


o professor David P. Barash, da Universidade de Washington em Seattle. É um
parasita de peixe chamado Diplozoom paradoxum. A vida do parasita até parece
romântica: quando adolescente, o parasita macho encontra uma parasita fêmea,
os corpos deles se fundem, e assim ficam unidos até que a morte os separe.
Puxa! Será que a única maneira de garantir fidelidade é literalmente grudando
um no corpo do outro?
Não só governadores de Nova York pagam por sexo. Na verdade, nem é
uma característica exclusiva do comportamento humano, isto é, de ‘certos’
humanos. A troca de sexo por ‘pagamento’ é também observada no meio
animal. Michael D. Gumert, do Hiram College, pesquisou a raça macaca na
Indonésia. Quando o macho tira parasitas da fêmea, ele espera algo em troca:
sexo. Se existem muitas fêmeas disponíveis, os machos levam menos tempo
tirando os parasitas. Mas se existem poucas fêmeas, os machos gastam muito
mais tempo na tarefa. É o preço de mercado flutuando de acordo com a oferta e
procura.

As mulheres dos ex-governadores McGreevey e Spitzer estavam ao lado


dos seus maridos quando eles revelaram ao país suas vidas íntimas. Uma
posição nada agradável. Nem mesmo as fêmeas macacas da Indonésia aceitam
passivamente a posição de traídas. Muitas possuem partes das orelhas
arrancadas ou mostram outras marcas, resultado da ira provocada pelo
‘adultério’.

Na nossa sociedade, a poligamia, além de ser ilegal, é vista como uma


anomalia. Mas, em outras sociedades, a poligamia é a norma. Nas sociedades
islâmicas, por exemplo, um homem pode ter até 4 esposas. A poliandria,
casamento de uma mulher com vários homens, é uma realidade, por exemplo,
entre os Mosuos, na China. Em Utah, nos Estados Unidos, algumas
comunidades mórmons praticam poligamia.

Mas será que fidelidade existe? Ah, é verdade! Entre os Diplozoon


paradoxum! É, até o momento, companheiro fiel mesmo só se for um parasita!

Denise Osborne é mestranda em Lingüística Aplicada no Teachers College


Columbia University (Nova York) e professora de português como língua
estrangeira. dmdcame@yahoo.com
Artigo originalmente publicado pelo Jornal Clarim (Minas Gerais, Brasil):

Osborne, D. (2008, May 02). Quem nunca traiu, que atire a primeira pedra.
Clarim, Ano 13, n. 616, p. A2.

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