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Exmo. Sr.

Desembargador Sérgio Resende,

Incidente de Inconstitucionalidade nº 1.0145.04.173445-3/002 (CAFES)

O INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO ELETRÔNICO – IBDE, amicus


curiae já qualificado nestes autos, vem, por seu procurador infra assinado, nos
termos do art.619, do Código de Processo Penal Brasileiro, opor

Embargos de Declaração,

ao acórdão que julgou improcedente este Incidente de Inconstitucionalidade,


pelas razões que passa a expor:

1. Do bem jurídico tutelado

Não ficou claro a este amicus curiae qual o bem jurídico que o egrégio
tribunal considera ser tutelado pelo art.184 do CP.

1
A determinação exata do bem jurídico tutelado pelo art.184 do CP é, a nosso
sentir, imprescindível para se saber se há ou não violação ao princípio
constitucional da lesividade.

A leitura do acórdão leva-nos crer que houve o reconhecimento de que o


art.184 tutela bens jurídicos tão distintos como o direito moral de autor e o
direito patrimonial do autor, mas não houve uma manifestação expressa
reconhecendo que o artigo 184 é delito complexo e também não foram
apontados exatamente quais seriam estes bens jurídicos tutelados.

2. Da suposta lesão patrimonial

Supondo que o egrégio tribunal tenha considerado art.184 como delito


complexo no qual um dos bens jurídicos tutelados é o patrimônio, não nos ficou
claro como a violação de direitos autorais lesaria o patrimônio da
vítima.

Lesão patrimonial pressupõe uma diminuição no patrimônio da vítima. Por


exemplo: a vítima tem R$1.000,00 dos quais R$100,00 são furtados, restando
apenas R$900,00 em seu patrimônio.

Na violação de direitos autorais, rogata venia, não vislumbramos qualquer lesão


patrimonial. Por exemplo: a vítima tem R$1.000,00 deixa de arrecadar
R$100,00 com direitos autorais, resta-lhe os mesmos R$1.000,00 de seu
patrimônio original.

Se o furto de um DVD diminui (lesa) o patrimônio da vítima, o mesmo não nos


parece ocorrer com a cópia de um DVD, pois o patrimônio do propietário do
DVD original permanece inalterado. Na subtração a vítima perde o bem.
Na cópia, a “vítima” continua com o bem inalterado.

Destarte, o acórdão não nos esclarece se há ou não lesão ao patrimônio da


vítima do delito do art.184 do CP e no que consistiria exatamente esta redução
patrimonial.

2
3. Da taxatividade

O acórdão afirma que não há violação ao princípio constitucional da


taxatividade, tendo em vista que o art.184 do CP seria uma norma penal
em branco. Não esclarece, porém, quais seriam os limites constitucionais
de uma norma penal em branco.

Estaria, então, o legislador autorizado, em nome da praticidade de uma norma


penal em branco, a criar tipos penais como “Violar direito de trânsito” ou “Violar
direito do consumidor”?

Uma norma penal em branco típica, como a do art.33 da Lei 11.343/2006, traz
em sua redação a tipificação das condutas proibidas, deixando em branco tão-
somente algum de seus elementos, como, no citado exemplo, seu objeto
material.

O art.184 do CP, porém, não descreve absolutamente nada. Não é uma


norma penal em branco. É uma norma que, de tão em branco, não
pode ser penal.

Afirmar que o art.184 do CP é uma norma penal em branco e, por esta razão,
não ofende o princípio constitucional da taxatividade não soluciona o problema
apontado originariamente: qual o limite de uma norma penal em branco
para que seja válida sem lesar o princípio da legalidade?

4. Pedido

Por todo o exposto, requer que sejam recebidos os presentes embargos para se
declarar o acórdão embargado, sanando-se as seguintes dúvidas:

BEM JURÍDICO TUTELADO: o art.184 do CP é um delito complexo? Qual(is)


o(s) bem(s) jurídico(s) tutelado(s)?

3
LESÃO PATRIMONIAL: a vítima do crime do art.184 do CP tem um
decréscimo patrimonial ou tem frustrada uma expectativa de aumento em seu
patrimônio?

TAXATIVIDADE: o art.184 do CP é constitucional, mesmo tendo não só uma


parte do tipo em branco, mas todo o seu conteúdo?

Termos pelos quais pede deferimento.

Belo Horizonte, 03 de abril de 2009.

TÚLIO VIANNA
Professor Adjunto da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná

OAB-MG 107.153

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