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PCB: a questdo nacional e a democracia José Antonio Segatto Professor do Departamento de Sociologia da FCL-UNESP-Araraquara. © Partido Comunista Brasileiro — PCB, fundado em 1922 —teve uma tra- jet6ria errética e complexa nos anos 1945/64. Sua histéria, neste perfodo, nao pode ser vista ¢ analisada em bloco. Se hé fortes elementos de continui- dade e de preservagao, ha também mudangas, rupturas ¢ renovagao, tanto politica como metodolégica. E possivel compreendé-la melhor se a exami- harmos em quatro momentos, obedecendo a seguinte periodizagio: 1943, 47, 1948/54, 1954/58 ¢ 1958/64. POLITICA DE UNIAO NACIONAL As derrotas sofridas pelo PCB na segunda metade da década de 1930, ¢ que culminaram com sua desestruturagao em 1940/41, comegam a ser revertidas a partir de 1943/44, no curso do movimento antifascista, quando renascia 0 movimento de massas. Desde 1942, apds varios anos de ditadura, as forcas politicas que propugnavam pela democratizagao do pafs comegaram a se rearticular. Pres- sionado pelo movimento democratico, o governo brasileiro decide ent guerra ao lado dos aliados (URSS, EUA, Inglaterra) ¢ contra o nazi-fascismo, criando um paradoxo: internamente o regime brasileiro se assemelhava as ditaduras fascistas contra as quais lutava. ‘ar na em diante, a oposigio ganha forga: em 1943, setores liberais lancam 0 manifesto dos mineiros, defenden- do a realizacao de reformas juridicas ¢ institucionais (eleigies, habeas corpus etc,). Na medida em que 0 movimento avangava, iam surgindo novas pala- vras de ordem, entre as quais “anistia para os presos e condenados politi- cos”, convocagao de uma “Assembléia Nacional Constituinte” ‘ampla 219 © BRASIL REPUBLICANO liberdade de expressio ¢ organizagio”, aglutinando diversos setores da socie- dade numa grande frente democratica contra o Estado Novo. Neste contexto — de Iuta contra a ditadura estadonista em prol das li- berdades democraticas —o PCB seré reorganizado e voltaria a agir, influen- ciando a vida politica brasileira. J4 no inicio de 1942, varios grupos comunistas procuram encaminhar sua reorganizagio em Sio Paulo (Comité de Ag4o), Rio de Janeiro e Bahia (Comissiio Nacional de Organizacao Proviséria). Em agosto de 1943, numa reunido clandestina, tomou-se a iniciativa de nomear uma dirego nacional, com Luis Carlos Prestes como secretério-geral ausen- te (preso). Reconhecida e avalizada por Prestes, a Conferéncia da Mantiqueira, como ficou conhecido 0 encontro, impulsiona a reorganizagao do PCB — que, de fato, seria quase que “uma refundacio do partido de 22”, j4 que es- tabelecia uma solugao de continuidade a partir da geragdo de quadros diri- gentes anteriores. Da nova diresio sio exclufdos a “velha guarda” comunista ou pioneiros (expulsos, isolados ou relegados a postos intermedidrios € se- cundérios), como Astrojildo Percira, Octavio Brandao, Cristiano Cordeiro, Leéncio Basbaum, Heitor Ferreira Lima, Fernando Lacerda e muitos outros (Brandio, 1988, p. 134). Ascende & diregio uma nova geragio, em grande parte formada pelos que participaram do levante aliancista de 1935, com razodvel presenca de ex-militares e civis prestistas. Malgrado todas as implicagdes que isso acarretou, a presenga de Prestes ede ex-“tenentes” colaborou em muito para tirar o PCB de um certo isola- mento politico e torné-lo uma agremiagio influente na vida politica nacional. Com ele, a agao do partido vai transcender 0 reduzido efetivo dos seus quadros, incidindo diretamente no plano da conjuntura nacional, amplian- do sua ressonancia em segmentos da intelectualidade, nas camadas médias urbanas ¢ na oficialidade militar (Vianna, 1989, p. 135). Neste sentido, é valida a andlise segundo a qual, com Prestes, “o PCB tornou-se mais ‘popu- Jar’ e menos ‘operario’, enquanto as preocupagdes com os problemas da ‘na- gio’ predominaram sobre 0s da ‘classe’. Basicamente, 0 partido nfo estaria mais orientado para o ‘proletariado’, mas para todos os ‘patriotas’ ¢ ‘demo- cratas” (Rodrigues, 1981, p. 371). ‘A evolucio politica que se processava no governo de Getilio Vargas fa- cilitava e fortalecia a posigio e a agio politicas do PCB. Esta evolucio que se 220 PCB: A QUESTAO NACIONAL E A DEMOCRACIA Processou em fungio do avango das forcas de oposigao, que iam ganhando cada vez mais terreno, obrigando 0 governo a fazer concessdes: Desde 1943, Vargas compreendera que se tornara necessirio encaminhar manobras ¢ solugdes, para que se realizasse a redemocratizagio das insti $6es politicas brasileiras [ ] Diante dessa situagio, Vargas teve de agir com Presteza. De fato, ele reagiu de modo politicamente habil. Colocou-se como ‘Juiz’ do processo de reconversio politica do pais. Ao mesmo tempo mobili- zou as massas urbanas, os ‘trabalhadores do Brasil’, na campanha em favor da ‘Constituinte com Gettlio’ (lanni, 1977, Pp. 76-77). Por outro lado, o encaminhamento que Vargas procurava dar 20 processo, soincidia com a politica do PCB, de um projeto de desenvolvimento capit lista de cardter nacional ¢ auténomo, com forte presenca estatal. Estavam em jogo, na redemocratizagao do Brasil, tanto interesses de grupos con- servadores brasileitos como interesses econmicos e politicos estrangeiros, Principalmente norte-americanos. A mudanga do regime politico, nos te mos em que Vargas estava procurando rea ar, poderia implicar o fortale- cimento da politica econdmica estatizante e de emancipagao nacional (lanni, 1977, p. 79). No ano de 1945, o movimento democritico chegou ao auge. Em 28 de feve- reiro 0 governo decretou o Ato Adicional n° 9, dias para a marcagio das eleic azo de noventa presidenciais, para os governos dos Esta- dos e para as legislativas. Em 18 de abril é conquistada a anistia que libertou todos os presos politicos ¢ possibilitou a volta dos que se encontravam no exilio; a0 mesmo tempo, foi conquistada a plena liberdade de organi partidaria, inclusive para o Partido Comunista, Conquistada a legalidade, o PCB emerge a luz do dia e transforma-se num grande partido de massas. Passa a ter um porcentual eleitoral significativo, ixando 0 p ago cria uma imprensa com diversos jornais didrios revistas periédicas, funda editoras, insere-se nas grandes empresas ¢ no proletariado urbano, cria co- mités de bairros e ganha proeminéncia no movimento sindical, conquista a simpatia de extensos setores das camadas médias e da intelectualidade — ou seja, adquire realmente o caréter de um amplo movimento transformadon, que supera em muito a estrutura partidéria organica. 221 ig RAS SS gears coer © BRASIL REPUBLICANO Prestes, anistiado, sai da cadeia como mértir da ditadura e no auge de sua popularidade. Adota uma postura flexivel e generosa, mesmo com rela gio aos adversirios e inimigos. Glorificado ¢ ovacionado em grandes com{- cios, clege-se senador com expressiva votagio ¢ da o tom da politica do PCB: “unitio nacional, dentro da lei e da ordem, para a consolidagiio democrati- ca” assentada num “regime republicano, progressista e popular”. Ou ainda: Na realizacio progressiva ¢ pacifica, dentro da lei e da ordem, de um tal pro- grama, esta sem diivida a tnica safda para a grande crise politica, econdmica € social que atravessamos [...] Esta a nossa tarefa atual e urgente. Para levé-la a bom termo, de maneira ordeira e pacifica, € que precisamos da unio mais, firme ¢ leal de todo o nosso povo, dos patriotas, democtatas e progressistas, de todas as classes [...] Estamos convencidos de que dentro de um Parlamen- to democrético livremente eleito, de que participem os genufnos represen- tantes do povo, seré possivel e relativamente facil encontrar a solugio pro- gressista de todos os nossos problemas (Prestes, 1947, p. 83-86). Observa ainda que se 0 socialismo era uma meta no horizonte, ele nfo estava colocado na ordem do dia. Recuperando a tese de Lenin, afirma que, no Brasil, 08 trabalhadores sofriam menos da exploragio do capitalismo do que da in- suficiéncia de seu desenvolvimento. Um capitalismo nacional, que incorpo rea grande massa de trabalhadores e um Estado democrético que estenda os direitos de cidadania, tanto politicos, como civis ¢ soc Os comunistas do Brasil sempre lutaram pela revolugio democratico-burgue- sa [-.] 0 que convém agora a classe operatia é a liquidagio dos restos feudai {vel o desenvolvimento mais amplo, mais livre e de maneira que se torne po: mais rapido do capitalismo no pais (..) Est nisso a base material, objetiva, de uma acao democritica unificada, perfeitamente possfvel nas condigdes brasileiras do pés-guerra, do proletariado com a burguesia nacional (Prestes, 1947, p. 71-72). ‘A 29 de outubro de 1945, 0 otimismo dominante da orientagao geral dos ceria um primeiro abalo com a ocorréncia de um fato, de cer- comunistas soft : ado: um golpe militar, comandado pelos generais Dutra e ta maneira, inespet 222 PCB: A QUESTAO NACIONAL E A DEMOCRACIA Gées Monteiro e apoiado pelas forgas liberais-conservadoras ¢ pela embai- xada norte-americana, depde Vargas. O clima do p6s-guerra ¢ a pressdo das forgas democraticas evitam, porém, o retrocesso politico: o Estado de direi- to € garantido e as eleigdes sao realizadas. Mas nem mesmo o golpe conservador deteve o crescimento e a afirma- g40 do PCB. Seu desempenho é extraordindrio nas eleig6es federais de de- zembro de 1945 e nas estaduais de janeiro de 1947. Além disso, obtém grande votacao nas eleicdes municipais, especialmente nos grandes centros, como Sao Paulo, Rio de Janeiro, Santos, Santo André e outras cidades, Com a politica de unio nacional,’ 0 PCB deu relevante contribuic&o aos debates ¢ & elaboracao da Constituigdo que vigoraria até 1964. Na Assem- bléia Nacional Constituinte, a bancada comunista — apesar de pequena e minoritéria — desempenhou papel importante insistindo na defesa do direi- to de greve e autonomia sindical, na institucionalizagio e ampliagio dos direitos de cidadania; apresentaram um Projeto sanitério para o Brasil, pro- Puseram padrées de distribuigao de renda aos municfpios e tiveram presen- ¢a marcante na Comissio de Educagio e Cultura. A euforia democratica do pés-guerra nao duraria muito tempo. J4 em 1946, o governo Dutra regulamenta o dircito de greve, restringindo-o forte- mente, ¢ a seguir impde uma Lei de Seguranca Nacional. Em 1947, com 0 infcio da “guerra fria”, inicia-se um largo perfodo de perseguigo aos comu- nistas, tanto nos Estados Unidos, como nos paises a eles alinhados ou subor- dinados, Tal fato tera sérias repercussdes no Brasil. Acusados de serem “dirigidos por uma poténcia estrangeira”, ¢ de pretenderem “destruir a civi- lizagao ocidental e crista”, os comunistas sio tachados de “teleguiados de Moscou”, “espides soviéticos”, “instigadores da luta de classes” e “fo- mentadores de um ambiente de caos e desordem”, Sob a inspiragio da “guerra fria”, € desencadeada violenta perseguigéo aos comunistas: em maio de 1947, © PCB tem seu registro cassado e é posto na ilegalidade. E mais: a Juventude Comunista tem seu funcionamento suspenso, as sedes do PCB sao fechadas € seus arquivos ¢ ficharios apreendidos, Em outubro, é aprovada no Senado a demissio de todos os funciondrios piiblicos suspeitos de serem comunistas € 0 governo rompe relacdes diplométicas com a Unitio Soviética. Além disso, 0 Ministério do Trabalho decreta o fechamento de diversas organizagoes dos 223 ee ee © BRASIL REPUBLICANO trabalhadores (MUT, CGTB) e intervém em mais de uma centena de sindica- tos. Em janeiro de 1948, os parlamentares comunistas tem seus mandatos cassados, a policia invade e depreda a redagao dos jornais pecebistas e pren- de diversos lfderes e dirigentes do PCB. Jogados na clandestinidade, eles comecam a antever nuvens negras ¢ dias sombrios a sua frente. “Uma nova guerra mundial ameaga no horizonte e os comunistas brasileiros sentem que, de uma hora para outra, poderdo passar a ser objeto de uma repressio militarizada, perseguidos como ‘agentes do imigo”” (Konder, 1980, p. 72). GOVERNO DE LIBERTAGAO NACIONAL Tlegalizado, com seus jornais fechados, seus Comités Democraticos dissolvi- dos, seus Iideres sindicais afastados pelas interveng6es, seus parlamentares cassados, seus militantes perseguidos, 0 PCB comega a perceber sua forga e influéncia diminufrem bruscamente. Isso tudo provoca, entre os dirigentes e militantes, um profundo sentimento de derrota e de descrédito no “jogo politico” da “democracia burguesa”, ¢ resulta numa revisio de suas concep- des e numa guinada politica & esquerda. Algumas mudangas ocorridas no Movimento Comunista Internacional, induzidas pela criagdo da Agéncia de Informagio dos Partidos Comunistas (Kominform), em 1947, também contribufram para essa guinada. Em muitos aspectos, a Kominform retomava, a politica de centro dirigente da extinta Internacional Comunista, com sua prdtica fortemente marcada pelas concep- gGes do partido soviético e pelo dogmatismo stalinist Nos anos seguintes, até sua extincao em 1956, a Kominform terd forte influéncia nas idéias ¢ pré- ticas politicas do PCB. Outro fato importante e que contaminow as concep- goes dos comunistas brasileiros foi a Revolugio Chinesa (1949). ‘A nova linha politica do PCB comesaria a ser esbogada com o Manifes- to de Janeiro de 1948 ¢ ganharia sua elaboragdo mais acabada com 0 Mani- festo de Agosto de 1950. nha sendo empregada, O Manifesto de Janeiro de 1948 fazia uma autocritica da politica que vi~ caracterizada “pela sistemstica contengio da Iuta das 224 PCB: A QUESTAO NACIONAL E A DEMOCRACIA massas proletdrias em nome da colaboragao operdria-patronal e da alianga com a burguesia-progressista”; pela nfo dentincia e firme oposigao ao Go- verno Dutra, que seria “mero instrumento da reacao e do imperialismo norte- americano”; por nao ter desmascarado 0 “cunho retrégrado” da Constituigio de 1946; por nao ter condenado a “preocupagio de ordem e trangiiilidade, as grandes ilusdes reformistas em conquistas parlamentares ou dentro dos estreitos limites da democracia burguesa”, Conclui que o pafs continuava “atrasado, semifeudal e semicolonial” e que a solugio seria uma “revolugio agrdria ¢ antiimperialista” (Carone, 1982, p. 72-89). No Manifesto de Agosto de 1950, as posigdes sao radicalizadas, O infcio chama a atengio sobre a situagao histérica em que o pais se encontrava: “um governo de traigo nacional”, “ditadura feudal-burguesa, servigal do impe- tialismo”, que “através do terror fascista” e “procurando criar um clima de guerra civil”, leva o pafs “no caminho da escravidao colonial”. Para mudar este quadro a solugao seria a organizago de uma Frente Democratica de Li- bertagao Nacional e de um Exército Popular de Libertacéo Nacional, que derrubaria 0 governo “fascista” ¢ “traidor” e o substituiria por um “governo democratico e popular”, “sob a direcio do proletariado”, que colocaria em marcha uma “revolugio agréria ¢ antiimperialista” (Prestes, 1950, p. 4.a7). Esta politica seria reafirmada no IV Congreso do PCB, realizado em novembro de 1954, O programa aprovado caracterizava o Brasil como um pafs totalmente subordinado ao imperialismo e sua economia como sendo transformada em “simples apéndice da economia de guerra dos Estados Unidos (...) que tratam de reduzir A condigdo de coldnia...” Diz ainda que o “atual governo de latifundidrios € um instrumento servil dos imperialistas dos Estados Unidos” e que seu objetivo seria o de “arrastar o Brasil A guerra, vendé-lo aos imperialistas norte-americanos a fim de conservar o latiftindio €as sobrevivéncias feudais ¢ escravistas na agricultura”, Seria, portanto, “um governo de preparagio para a guerra e de traigao nacional, um governo ini- migo do povo”, Frente a tal quadro, seria necessirio substituir o “governo de latifundiarios ¢ grandes capitalistas” por um “governo democratico de libertagao nacional”, através da “luta irreconcilidvel e revoluciondria de to- dos os patriotas brasileiros...” Isto seria posstvel constituindo-se uma “frente democritica de libertagdo nacional” ou uma “ampla e poderosa frente tinica 225 © BRASIL REPUBLICANO de todas as forgas antiimperialistas e antifeudais” forjada “na luta libertadora” (Programa do PCB, 1954, p. 23, 31 ¢ 33). Subestimando as oportunidades de agdo legal, o PCB — como pode ser facilmente observavel no contetido dos dois manifestos e no programa do IV Congresso — para a implementar uma orientag4o exageradamente sectéria ¢ voluntarista, estreita e clandestinizante, 4 base de uma concepcio golpista do processo politico, que o levard ao isolamento. Aos poucos, essa politica foi sendo posta em pratica em todos os setores onde o partido tinha alguma penetracéo ou trabalho. Na area sindical, a ati- vidade dos comunistas voltou-se para 0 combate aos sindicatos existentes, subordinados ao Estado, ao mesmo tempo em que se dedicava & criacdo de sindicatos paralelos e independentes, na forma de associagdes. Paralelamen- te, desenvolveu a pritica de realizar greves na marra e a qualquer custo. Esta orientacio teve efeitos bastante negativos para o PCB no meio sindical e no seio do movimento operario, perdendo grande parte de sua forca e influén- cia. Com o abandono dos sindicatos por parte dos comunistas abriu-se um espaco no interior das organizacées dos trabalhadores que foi ocupado pe- los trabalhistas e por outras forgas politicas. A partir de 1951/52, os militantes comunistas que atuavam no setor, reagiram ¢ comegaram a romper com o bloqueio imposto pela linha politica. Essa reagio se manifesta na volta aos sindicatos, na alianga com os getulistas e em medidas concretas de construgio do partido dentro das empresas. fi af que eclode o processo das grandes greves, iniciado com os bancérios de Paulo em 1951 (Correa, 1980, p. 145). Essas atitudes e a forma de atuagio foram reafirmadas com a Resolug Sindical de 1952, aprovada pelo Comité Central, que introduziu novas ¢ importantes correg6es na orientacao sindical do PCB e contribuiu efetiva- mente para o fortalecimento dos comunistas ¢ de suas posigdes nos sindi tos, além de facilitar a ampliagdo de sua influéncia no movimento opersrio. E claro que ainda permanecem varios elementos da linha politica geral, le- vando muitos militantes a adotarem uma atitude de distancia dos sindicatos, federagdes etc., ¢ a manterem uma certa resisténcia em relacdo 4 unidade sindical. Aquela 226 PCB: A QUESTAO NACIONAL E A DEMOCRACIA Pratica criou situagdes concretas de vit6rias nas lutas e de unidade de classe [.-.] Mas ainda ali persistiu 0 elemento desagregador, pois nossa linha geral continuava a apontar o lider da massa trabalhista como o inimigo central a combater. Em conseqiiéncia, os passos dados no caminho da unidade ao ni- vel da luta econdmica nas fabricas nos sindicatos eram anulados no nfvel mais elevado e importante da huta politica (Correa, 1980, p. 146). Além de se abster da politica institucional, como o parlamento, pregando o voto nulo nas cleigées, a mesma politica sectéria e estreita ird ser posta em pritica em outras dreas onde o PCB atuava. Em qualquer lugar onde surgisse uma luta, essa poderia ser 0 foco de uma revo- luc2o vitoriosa [...] Quando surgiu uma Inta camponesa em Porecatu, que era uma luta de massa, uma luta de posseiros... nds nos metemos nela com o objetivo de transformé-la na centelha que iria incendiar 0 campo brasileiro, dat inicio & Fevolugio agrétia [..] no perfodo de secas no Nordeste, quando camponeses far mintos... assaltavam o mercado para matar a fome, achavamos que aquilo eram as massas camponesas com alto espitito revoluciondrio e que tinham que ser guiadas pelo partido para iniciat a revolugo camponesa no Brasil. Qualquer Breve... poderia ser o inicio da insurreicao operitia (Guedes, 1980, p. 23). Valnerabilizada pelo proceso politico em curso, pois alheia a realidade ¢ Tesistente aos fatos, a orientagao oficial do PCB tornou-se obsoleta, ultra- passada pela militancia, mas por algum tempo valida ainda para a direc CRISE, RENOVACAO E “NOVA POLITICA” Nos anos 1954/58, 0 PCB sofrerd uma série de mutagées te6ricas, politicas e organizativas, Essas transformagées sero fruto de varios fatores: a) dos acon- tecimentos politicos da conjuntura (snicidio de Getilio Vargas em agosto de 1954, tentativas golpista de novembro de 1955, entre outros fatos); b) da re- lativa estabilidade democratica ¢ da nova dinamica do desenvolvimento capi- talista do governo Juscelino Kubitschek; ¢) dos desdobramentos e do impacto do XX congresso do Partido Comunista da Unio Soviética (fevereiro de 1956); 227 © BRASIL REPUBLICANO d) dos seus préprios problemas organicos ou internos acumulados durante varios anos e vindos a tona com grande énfase depois de 1956. Os comunistas brasileiros, diante deste conjunto de fatos e fatores, te- tiam suas andlises ¢ formulagées politicas problematizadas, ou mesmo pos- tas em xeque, ¢ sua coesa e solidificada doutrina marxista-leninista fraturada, ainda que parcialmente. Em fungio disso, o PCB, a0 rever ¢ repensar suas concepcées e programa, passaré por significativas mudangas ¢ comecaré a claborar uma politica diversa daquela que o orientava nos anos imediatamente anteriores. Assim, neste perfodo, o PCB inicia um proceso de renovacio e formulagdo daquela que ficou conhecida e reconhecida, pelo seu micleo di- rigente, como uma “nova politica”. Na manha do dia 24 de agosto de 1954 — em meio a pressdes golpistas tramadas e organizadas pelos setores conservadores ¢ de direita das Forcas ‘Armadas e da classe dominante ligada aos interesses do grande capital inter- nacional — o pats é sacudido pelas noticias do suicidio de Getilio Vargas. O fato desencadeou uma série de manifestagées e provocou uma verdadeira comogao popular e nacional. Surpreendidos pela situaco, os comunistas — que chegaram a estampar em manchete de seu jornal Imprensa Popular a palavra de ordem “Abaixo o governo da traigaio nacional de Vargas” — fo- ram obrigados a se juntar as manifestagdes populares. Além disso, 0 partido € obrigado a, rapidamente, rever suas andlises e postulagdes politicas, ainda que de forma um tanto timida. Dias depois, 1 de setembro do mesmo ano, em manifesto de seu Comité Central, o PCB avalia os acontecimentos: “O golpe norte-americano foi dado. Pela forca das armas, os piores inimigos do povo conseguiram chegar ao poder © governo de Vargas foi substitufdo pela ditadura americana de Café Filho.” E, a seguir, faz um apelo A unidade com os trabalhistas, concluindo pela necessidade de unio das forcas democraticas contra o golpismo: “Nés, comunistas [...] estamos prontos a entrar em entendimento com todas as for¢as polfticas, Ifderes politicos e correntes patridticas que queiram unir-se em torno de uma plataforma democratica a fim de derrotar eleitoralmente as forgas da reac4o e do entreguismo.”> No ano seguinte (1955), apdia as candidaturas de Juscelino Kubitschek ¢ Joao Goulart & presidéncia e vice-presidéncia da Repiiblica, reafirmando a 228 © BRASIL REPUBLICANO 4) dos seus proprios problemas organicos ou internos acumulados durante varios anos ¢ vindos a tona com grande énfase depois de 1956. Os comunistas brasileiros, diante deste conjunto de fatos e fatores, te- tiam suas andlises formulagées politicas problematizadas, ou mesmo pos- tas em xeque, ¢ sua coesa e solidificada doutrina marxista-leninista fraturada, ainda que parcialmente, Em fungao disso, 0 PCB, ao rever e repensar suas concepgoes e programa, passaré por significativas mudangas e comecars a elaborar uma politica diversa daquela que 0 orientava nos anos imediatamente anteriores. Assim, neste perfodo, o PCB inicia um proceso de renov: formulagio daquela que ficou conhecida e reconhecida, pelo seu nticleo di- rigente, como uma “nova politica”. Na manha do dia 24 de agosto de 1954 — em meio a pressdes golpistas tramadas e organizadas pelos setores conservadores ¢ de direita das Forgas Armadas e da classe dominante ligada aos interesses do grande capital inter- nacional — o pafs sacudido pelas noticias do suicidio de Getilio Vargas. O fato desencadeou uma série de manifestagées ¢ provocou uma verdadeira comogao popular ¢ nacional. Surpreendidos pela situagao, os comunistas — que chegaram a estampar em manchete de seu jornal Imprensa Popular a palayra de ordem “Abaixo o governo da traicao nacional de Vargas” — fo- ram obrigados a se juntar as manifestacOes populares. Além disso, o partido € obrigado a, rapidamente, rever suas andlises ¢ postulagées politicas, ainda que de forma um tanto timida. Dias depois, 1 de setembro do mesmo ano, em manifesto de seu Comité Central, o PCB avalia os acontecimentos: “O golpe norte-americano foi dado. Pela forca das armas, os piores inimigos do povo conseguiram chegar a0 poder [...] 0 governo de Vargas foi substitufdo pela ditadura americana de Café Filho.”? E, a seguir, faz um apelo a unidade com os trabalhistas, concluindo pela necessidade de uniao das forgas democraticas contra o golpismo: “Nés, comunistas [...] estamos prontos a entrar em entendimento com todas as for¢as politicas, lideres politicos e correntes patriéticas que queiram unir-se em torno de uma plataforma democratica a fim de derrotar eleitoralmente as forgas da reagao ¢ do entreguismo.”® No ano seguinte (1955), apdia as candidaturas de Juscelino Kubitschek ¢ Joao Goulart a presidéncia e vice-presidéncia da Republica, reafirmando a ioe 228 PCB: A QUESTAO NACIONAL E A DEMOCRACIA necessidade de “unificagao das forcas democraticas ¢ patridticas”, em “defe- sa das liberdades democriticas e da Constituigéo”, Alega que a vit6ria desses candidatos “pode determinar importante modificagio na correlacdo de for- sas politicas, favoravel 4 democracia, & paz, & independéncia e ao progress do Brasil” (Prestes, 1955, p. 8). Em reuniao plendria do Comité Central em janeiro de 1956, ao avaliar a Vit6ria de JK ¢ Jango nas eleicdes de 3 de outubro, as tentativas golpistas da direita e o contragolpe de 11 de novembro de 1955 comandado pelo gene- ral Lott, o PCB reafirmaria a necessidade de mobilizag4o em torno da defesa da legalidade e das liberdades democraticas. Na ocasiao, apresenta uma pla- taforma sucinta (defesa das liberdades, da soberania, das riquezas e da indiis- tria nacionais e melhorias das condigdes de vida do povo) e se compromete a “apoiar sem vacilacdes o governo que se dispuser efetivamente a realizar esta plataforma progressista”. Premido pela realidade dos fatos ¢ pelos acontecimentos, 0 PCB viu-se Obrigado a assumir (mesmo com reservas) a defesa da Constituigao, a impor- tancia das liberdades democriticas e da unidade ampla das forgas democré- ticas e progressistas ea possibilidade de transformagao nos quadros do regime vigente. As mudangas em relagio as concepgées € postulados que orienta- vam a sua politica, emanadas dos Manifestos de 1948/50, s4o substantivas. Durante 0 governo JK (1956/61), dois outros fatores importantes iriam colocar em causa as anilises ¢ formulagées do PCB. Primeiro, a estabilidade democratica do perfodo relativizaria a compreensio da Constituigao de 1946 como “cédigo de opressio contra o povo” ¢ das eleigdes “como farsa”, den- tro do “regime de latifundiarios e grandes capitalistas para esconder seu ca- réter despético” (se bem que deveriam ser aproveitadas). As transformagées € liberdades democréticas s6 poderiam ser realizadas ¢ entrar em vigor com aimplantag&o de um “governo democritico de libertacao nacional”, Segun- do, o desenvolvimento capitalista no Brasil — com a implementac&o do Pla- no de Metas —sofreria uma importante ¢ fundamental reorientacdo, entrando numa nova etapa, o que gerou nao apenas mais uma “ampla e profunda trans- formagio do sistema econdmico do Pafs”, mas também a “reformulagio das condigées reais de interdependéncia com o capitalismo mundial” (Ianni, 1977, P. 142 e 170). Neste contexto, as teses da “colonizagao crescente do pafs” 229 © BRASIL REPUBLICANO para “conservar 0 latiftindio eas sobrevivéncias feudais € escravistas” ¢ man- ter o Brasil como “produtor e exportador de matérias-primas baratas”, trans- formando a economia brasileira “em simples apéndice da economia de guerra dos Estados Unidos”, ou ainda, a proposi¢ao da impossibilidade do desen- volvimento capitalista sem uma “revolugao democratica de libertaco nacio- nal” — sao, no minimo, abaladas. Embora divulgadas na Resolugao Sindical de 1952, nos documentos ela- borados apés 0 suicidio de Vargas, as mutag6es politicas do PCB — a parti- cipagdo nas eleigdes de 1955, a estabilidade democratica ¢ o desenvolvimento capitalista do governo JK — nfo foram suficientes. Foi necessério um acon- tecimento dramatico, desencadeado na URSS, para abalar conviegdes arrai- gadas. ‘Trés anos apés 0 falecimento de Stalin, em 1956, na abertura do XX Con- gresso do PCUS, Nikita Kruschey em um “relatério secreto” denunciando o culto a personalidade ¢ fazendo diversas acusagées sobre 0 perfodo stalinista (entre elas, antoritarismo, rompimento da “legalidade socialista”, crimes). O “Informe” cain como uma bomba sobre 0 Movimento Comunista Inter- nacional, causando traumas, dilaceramentos ¢ dolorosas autocriticas em to- dos os partidos comunistas. No Brasil nao foi diferente — houve choques, cis6es ¢ fraturas, ¢ instalou-se uma crise sem precedentes. ‘Alguns meses apés a divulgagio do “relatério”, diante do siléncio ¢ A revelia da diregao, militantes ¢ intelectuais desencadearam 0 debate na im- prensa partidéria, com duras erfticas ao sectarismo, a0 mandonismo, ao dogmatismo, ao culto 4 personalidad de Prestes, falta de democracia in- terna e a politica posta em pritica, sobretudo depois de 1948. Frente a0 debate, a direcao faz uma autocritica, reconhecendo os erros cometidos ¢ as deformag6es do pasado. Entretanto, & medida que as discuss6es se intensi- ficavam e as divergéncias se agucavam, a diregio, tendo Prestes a frente, in- tervém no sentido de “restabelecer a ordem”, assegurar a “unidade partidéria” manter a disputa sob controle. Em meio a crise e as contestagées, 0 grupo de dirigentes ¢ militantes que havia iniciado o debate e propugnava por uma renovagio drastica, liderado por Agildo Barata, é colocado para fora do PCB. No outro extremo, um gru- po conservador que se recusava a fazer autoerftica e resistia as transforma- 230 ——=s—s SSSSSSS”S”S—SSCS PCB: A QUESTAO NACIONAL E A DEMOCRACIA ges reivindicadas (JoA0 Amazonas, Mauricio Grabéis, Pedro Pomar e ou- tros) € isolado. No centro, uma maioria pragmética que absorve concepg6es do primeiro, conservando idéias do segundo, implementa as mudangas re- novadoras. ‘Tais mudangas seriam consubstanciadas no documento denominado Decla- ragdo de marco de 1958 ¢ consolidadas na Resoluigdo do V Congresso em 1960 (Nogueira, 1980). Ambos os documentos retratam, sem dtivida nenhuma, uma renovagao das concepgdes tedricas e dos métodos de ago, uma inflexdo na li- nha politica e alterag6es orginicas no corpo do PCB. As mudangas operadas, no entanto, foram parciais ¢ ndo romperam de forma radical e profunda com 0 passado; ao contrario, conservaram tracos pretéritos fundamentais. O projeto politico definido na “nova politica” do PCB (1958/60) estava todo montado em fungao do desencadeamento da “revolugio brasileira”. De extragdo terceiro-internacionalista, informada pelo “marxismo-leninismo” e calcada na concepgio de etapas ¢ da hierarquia das contradigées (princi- pal, fundamental, secundaria), a teoria da revolugao pecebista continha também as nogées (militares) de ttica e estratégia. Definida a estratégia (equi- valente de etapa) como antiimperialistas e antifeudal, nacional e democrati- a, a tatica se encarregaria da organizagio das lutas e da intervengao politica momentinea (“solugdes positivas”), A tatica inclufa também a luta pela ins- tauragio de um governo nacionalista e democritico, passivel de ser con- quistado nos “marcos do regime vigente”. Paralelamente, a superagao da contradig4o principal (entre a nagao ¢ 0 imperialismo e seus aliados inter- nos) e da fundamental (entre o monopdlio da terra e o desenvolvimento das forcas produtivas), permitiria a realizagio de uma revolugao “demoeratica- burguesa de novo tipo”. Tal revolugao, por sua vez, seria um empreendimento a ser executado por uma frente tinica nacionalista ¢ democratica (composta pelo proletariado, trabalhadores rurais, pequena-burguesia, burguesia na- cional), na qual a classe operdria, organizada e dirigida pela sua vanguarda (0 partido), deveria deter a hegemonia. Efetuada esta etapa, possivel pela “via pacifica” — “aproximagao as metas revoluciondrias” —, 0 caminho do socialismo estaria aberto. Impunha-se avaliar se era conveniente ou nao, ati- var ou moderar processo em diregdo A ruptura final, 4 tomada do poder estatal, através de uma intervengao stibita. 231 © BRASIL REPUBLICANO Porém, este carater conservador da renovacio do PCB nfo deve obscu- recer nem desqualificar os aspectos inovadores da “nova politica”. f vélido lembrar que, em relagao a esquerda brasileira, o Partido Comunista foi pio- neiro na colocacio, utilizagio, absorgao ou — mesmo em alguns casos — formulagao de teses que posteriormente se tornariam moeda corrente e ga- nhariam notoriedade. Por exemplo: a verificagao de que vinha se constituin- do um capitalismo monopolista de Estado no Brasil; 0 reconhecimento de que o capitalismo (apesar dos entraves) vinha se desenvolvendo no pais; a caracterizacdo do Brasil como um pats dependente; a identificagao do Esta do brasileiro como sendo heterogéneo, composto por fracdes ¢ forgas diver- sas e divergentes, que se compunham no poder através do compromisso; a admissio de que 0 Estado nao seria impermedvel & aco e aos interesses das classes subalternas e que, inclusive, seria passfvel de transformagio — ainda nos marcos do regime vigente — sem que, necessdria e obrigatoriamente, se promovesse o seu “assalto”; a constatagdo de que a democracia (ainda que numa Concep¢ao instrumentalista) seria fundamental aos trabalhadores; etc. E claro que estas teses nao foram absorvidas de imediato mas sim colocadas € utilizadas de forma parcial e restrita, mescladas com anilises ¢ projetos pretéritos, elaboradas ainda de forma embrioniria, e assim por diante. Mui- tas no séo nem originais, pois j4 estavam presentes em elaboragécs de co: munistas de outras partes do mundo (como os soviéticos, os italianos). E preciso consignar que as ilagdes politicas que se fizeram a partir delas nio invalidam sua importancia. Finalmente, devemos lembrar que, ao screm apre- sentadas nos documentos de 1958/60, foram vistas, por setores da esquerda, com desconfianca e como sinal de “reformismo”, “revisionismo”, “pacifis- mo” etc, do PCB. Anos mais tarde, entretanto, muitas delas seriam reelabo- tadas, sistematizadas e ganhariam até mesmo legitimidade académica. SOLUGOES POSITIVAS E REFORMAS DE BASE Com o desencadeamento do processo renovador sio operadas as mudangas na politica, nas concepgdes e métodos expressas nos documentos de 1958! 60. A partir de entdo, a “nova politica”, com suas inovagées e limites, v4! 232 Populares em uma manifestacao queremista, Passe P4605, ens Comemoracio da 1 de Maio Pela nomic dos Sindicatos) Por Aumento de Salério! PELO DIREITO DE GREVE! PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO. Panfleto do Partido Socialista Brasileiro comemorando 0 1° de Maio de 1945. ‘Arquivo Pablico do Estado do Rio de Janeiro } 3 i Comicio do PCB em 1946, cPpoc-Fov Manifestacao operdria provavelmente por ocasiao da votacdo do projeto de pluralidade sindical na Camara dos Deputados, possivelmente em abril de 1953. Cenas da campanha eleitoral de Getulio Vargas Presidéncia da Republica. Mulheres homenageando Getulio sj Vargas durante a campanha eleitoral BBBME presidéncia da Republica Panfleto contra Acordo Militar Brasil-Estados Unidos ~ 1953 fo Estado do Rio de Janeiro Arquivo Publico do Estado do Rio de Janeito amt a awa a Ey o | Sy seq Si puTRA Tem sie) Sirs INSTROMEN| LARANTIA WN vos PROVOCADORE S| \DAPAZ [pe CUBRAA! Painel pacifista. Rio de Janeiro, DF, 1949. PREM ) Cartaz da Federacio de Mulheres do Brasil ~ 1953. Populares destroem veiculo do jornal O Globo no Distrito Federal cpooc-fav ot cy \NO we) G JOP rex Juscelino Kubitschek em campanha f £ Integrantes da tentativa de golpe de Estado de 11 de novembro de 1955 a bordo do navio de guerra Tamandaré bt ‘ Saetlor eat en a a DE VIVER COMO GENTE s (bees F721 1950) » “Arquive Public do Estado do Rio de Janeiro Campanha eleitoral de Janio Quadros a presidéncia Camargo, Sao Paulo, em junho « z Arquivo Nacional Cartaz com recortes de jornais e editoriais em defesa da legalidade e da posse de Jo30 Goulart na presidéncia da Republica, Rio de Janeiro, DF Jo%o Goulart, logo ao chegar em Porto Alegre vindo do Urugual, ao lado do governador Leonel Brizola e do general Machado Lopes Estudantes se deciaram em greve pela posse ¢ presidéncia da Republica. ie Jo80 Goulart na Em janeiro de 1961, camponeses que pretendiam invadir os engenhos Barra e Terra Preta, em Vitoria de Santo Antao, ambos abandonados, montam guarda de seus pertences Arquivo do Didirio de Pernambuco Fundagéo Joaquim Nabuco oe © deputado Francisco Julido de Arruda Paula, em meio aos camponeses, quando da desapropriacao do engenho Galiléia, em 5 de junho de 1961. Fundagdo Joaquim Nabuco Caminhada de camponeses em manifestacao das Ligas no campo, em Pernambuco, Concentragao de camponeses em frente a0 Palacio do Governo, em Pernambuxo, durante 0 governo de Miguel Arraes. Fundagdo Joaquim Nabuco © governador de Pernambuco, Miguel Arraes, e 0 lider Francisco Julio em encontro com camponeses. POR QUE US mus wo FZ neve? Capa de um exemplar de Cadernos do Povo Brasileiro, publicado pela editora Civilizacao Brasileira, BR 080 Go art dicursando no Co da Central do Brasil Joao Goulart sendo recebido por sargentos no Automovel Club, Cenas da revolta dos marinheiros. Deslocamento de tropas vindas de Minas Gerais na localidade de Areal. PrisBes em Belo Horizonte apés manifesta 5 Poy Protesto contra © golpe mies PoPUes de PCB: A QUESTAO NACIONAL E A DEMOCRACIA permitir ao PCB uma insercao crescente brasileira até 1964. Nao obstante continuar juridicamente ilegalizado, toral, o PCB reemerge a luz do dia, passa uma “legalidade de fato”. Transforma-se Processo hist6rico em curso naqueles anos (1958-64), ou seja, torna-se uma Organizagao com capacidade decis6ria reconhecida. Sua influéncia na vida Politica nacional extrapolard em muito sua forca orginica ¢ seu tamanho numérico. e continua na vida sécio-politica ‘ou sem registro elei- a atuar abertamente e conquista em importante protagonista no Movimentando-se com desenvoltura na articulagio da sociedade civil e Politica, ganha forte penetracao no movimento sindical urbano e rural ¢ entre 8 estudantes, além da influéncia na intelect ualidade e nas campanhas por reformas e de carter nacionalista ¢ antiimperialista, Isso fez com que o PCB Passasse a ter responsabilidades e papel destacado em €pisédios ¢ acontecimentos do perfodo em questio. Mas, na medida em que se insere cada vez mais na vida politic Passa a se defrontar com diversos problemas conjunturais e estrutu Pelo desenvolvimento ¢ desdobramento do quadro sécio-politico — num momento de polarizagio de forgas — envolvendo alternativas diferenciadas ¢ Aantagonicas. Questées oriundas de sua teoria e pritica — como aquelas deri- vadas de sua politica de aliancas, de suas relagses com o poder, d na soriedade civil e politica e, em particular, aquelas provenientes do dilema, Sumesmo dicotomia, entre reforma e revolugio — iriam colocar em teste ou, Por que nfo em xeque, seu projeto politico, e seu par Este projeto de revolucio nio seria impermedvel As mudangas, Pelo con. tio, a0 longo do proceso politico e ao ser colocado em pritica ele sofre. ria mutaces e ajustes, tanto em sua forma como em seu conteiido. Neste sentido, a “titica das solugdes positivas” (politica exterior inde- Pendente e de paz, desenvolvimento autdnomo e progress nacional, medidas de reforma agraria em favor d vagio do nivel de vida do povo, consolidacio ¢ ampliagio da legalidade de- mocritica) — processo “gradual mas incessante” de conquist vai aos poucos confundir-se ou transfigurar-se na hu Principalmente depois de 1961/62, larcante nos principai a, 0 partido urais criados le sua insergio adigma revolucionério. sta da economi: las massas camponesas, ele- as parciais — ta por “reformas de base”, 233 © BRASIL REPUBLICANO As “reformas de base” (originariamente plataforma do PTB) implicavam as reformas agréria, bancéria, administrativa, urbana, fiscal, eleitoral ete. € deveriam vir acompanhadas de diversas outras medidas: linmitagao drastica das remessas de lucros dos monopélios estrangeiros ¢ amplia¢4o do mono- polio estatal do petréleo; nacionalizagao das empresas estrangeiras, que ope- ravam no servigo piiblico e nos setores fundamentais da economia (energia, moinhos, frigorfficos, industria farmacéutica, etc); agdes contra a inflagao e a carestia (como intervengio no mercado de géneros alimenticio); controle do cambio ¢ do comércio exterior; revogagao da legislagao que limitava os direitos de cidadania (Lei de Seguranga Nacional e decreto 9.070 sobre gre- ves), aboligio das discriminages ideolégicas e outras mudangas politico- institucionais (dircito de voto ao analfabeto ¢ aos soldados ¢ oficiais nao graduados das Forcas Armadas, bem como sua elegibilidade, legalidade para © PCB); etc Ametamorfose das “solug6es positivas” em “reformas de base” significa- va, de fato, uma troca de opcio do caminho das conquistas parciais ¢ gra- duais as solug6es radicais repentinas. Um exemplo claro disso é a nogao ou proposta de reforma agréria (aliés, a mais polémica das reformas desenvolvi- das pelo PCB nos anos 1958/64). As “teformas de base”, por sua vez, seriam elemento fundamental para o desencadeamento da revolugio, Ou seja, “a luta pelas reformas de base cons- tituiu um meio para acelerar a acumulago de forcas ¢ aproximar a realiza- a0 dos objetivos revoluciondrios”.* Reforma e revolugio estariam, assim, indissoluvelmente ligadas, uma provocaria —¢ isso era inevitavel — a outra Por outro lado, se a etapa da revolugao, naquele momento, seria antiim- perialista, nacional ¢ democritica, isto nao significa que sen objetivo fosse simplesmente a construgdo de um capitalismo nacional e auténomo, O que se pretendia era a adogio de uma via que levasse A implantagao de um “capi- talismo de Estado”, “nacional ¢ progressista”, Assim, “as reformas de base ram prineipalmente técnicas de nacionalizagio ¢ estatizagio de empresas ¢ setores produtivos” (lanni, 1977, p. 222). Nesta perspectiva, de Estado seria a ante-sala do socialismo. Secundando esta concepgio estava a compreensio de que o Estado, sob pressio popular, seria ou deveria ser o implantador, © capitalismo defensor ¢ garantidor 234 PCB: A QUESTAO NACIONAL E A DEMOCRACIA dos direitos sociais, dos interesses nacionais e do desenvolvimento econdmi- co. Presente na pratica e no projeto dos comunistas, esta concepgao teria conseqiiéncias ¢ deixaria seqiielas. “Abase do entendimento de que o capitalismo de Estado se erigia num dique A penetragao imperialista, a politica do PCB acabou por imprimir uma cono- tagao progressista na natureza congenitamente autoritiria do Estado brasilei- 10 [..1] pelo privilegiamento do Estado, cendrio natural para as lutas da frente nica nacionalista, a esquerda vai se encontrar em convergéncia, freqiien- temente como aliada formal, da velha dircita da tradigao republicana auto- ¢ratica, cuja melhor expressio est na elite politica responsével pelo regime do Estado Novo. A légica da frente nacionalista que presidiu seu encontro com estas forcas — e no territério, por excelénci ia proprio a elas: o Estado — vai comprometé-la progressivamente com certas priticas e instituigdes, com © corporativismo, o desdém pela democracia politica como um formalismo de liberais, 0 viés organi cista da burocracia estatal ¢ o antiliberalismo da cul- tura politica de 1937, preservado de modo encapugado na Carta de 1946” (Vianna, 1988, p. 171). A premissa basica para a realizagao das “reformas de base” seria a instaura- $40 de um “governo nacional ta e democratic”, uma vez que “somente um governo desse tipo terd condigdes para comegar a levé-las & pritica, induzindo 0 pafs por um novo curso de desenvolvimento econdmico ¢ po- litico”.’ Tais condigées, porém, estavam sendo emperradas pela politica de Conciliagao de Jango. Seria necessério, portanto, o combate a politica con- ciliadora e uma forte pressio politica e de massas para forgar uma recom- Posigao do governo — que teria de ser composto, majoritariamente, de forgas nacionalistas e democréticas — tendo em vista sua adesao ao proje- to reformador. Mas a reordenacao do governo ou a constituigdo de um governo nacio- nalista ¢ democritico, por si s6 nao resolveria o problema das reformas, Havia um outro obstaculo: o arcabouco institucional. A realizagio das reformas dependia de mudancas na Constituicio, 0 que exigiria, pelo menos, 2/3 do Congreso. Isso tornava-as praticamente irrealizéveis, uma vez que os inte- Fesses majoritarios no parlamento eram anti-reformas. 235 ———————— i ———_ © BRASIL REPUBLICANO gestar no PCB e em outras forgas po- eae ont de uma solugao extralegal: fazer cca, inchusive governamentais, a hipérese dl S' Si eriesSe.0 “Con- as reformas “sem interferéncia” ou “por cima fazé-las diretamente gresso reacionério” impedia as reformas, por que nao /az4% USNC ‘i nao institucionais? “via Executivo”? Nao seria possivel avangar por vias ae entendimento que passa a ganhar forca, principalmente no fim de infcio de 1964, era de que essa era a tinica via posstvel, Teria o Executivo suficiente forga ou poder para impor as teformas Por este caminho? Imaginava-se que sim. O grande trunfo cok dispositivo militar, capaz nao s6 de barrar um golpe ou uma reagao de direita, mas, tam- bém, através de uma a¢ao enérgica e com apoio das massas, desencadear o processo reformador. O golpista taciturno é vivificado ¢ 0 elo com 1935 comegava a ser refeito —atfinal a tradigao tenentista continuava presente € muito viva. Se em 1935 a revolugao deveria comecar pelo quartéis, agora, em 1964, a situagio era outra, mas nao inteiramente diversa: uma agao enérgica do dispositivo mili- tar, secundada pela mobilizacao popular era o bastante. Fazer ou impor as “reformas de base” dessa mancira, apesar ¢ por cima das instituigdes e das normas constitucionais, seria sem dtivida romper com a legalidade democrética vigente, Mas como a defesa da legalidade estava condicionada as circunstancias e a democracia subordinada as lutas naciona- listas e identificada como campo propfcio acumulacio de forcas, isto nao traria grandes transtornos & politica do PCB, principalmente sendo realiza- do em fungio de “objetivos superiores”. Por outro lado, o fato de o PCB admitir a possibilidade de conquista de um governo nacionalista e democritico nos marcos do regime vigente nao significava que ele nao pudesse ser alcangado por outros caminhos e formas, Por cima da ordem estabelecida. Sendo a democracia um expediente ou ins. trumental tético, ¢ a tatica passivel de variagbes durante uma determinada etapa da revolucao, nada mais légico do que mudar os meios ¢ recorrer a ‘outros recursos, mesmo nao sendo eles os mais desejiveis, Na medida em que as forcas produtivas (capitalistas) se desenvolviam, chocavam-se cada vez mais com os entraves €struturais (imperialismo e lati- findio), provocando alteragées na ordem ou hierarquia das contradigées 236 PCB: A QUESTAO NACIONAL & A DEMOCRACIA induzindo a radicalizacao de posigées. Isso pode ser observado no crescimento do poder mobilizador, organizativo, politico, na conscientizagio de classe do proletariado; nos avangos das organizagées ¢ lutas dos trabalhadores ru- rais; na radicalizacio da pequena burguesia, sobretudo dos estudantes ¢ in- telectuais; na entrada em cena da politica dos sargentos e suboficiais e de setores progressistas da Igreja; na participagao da burguesia nacional na luta por reformas; no fortalecimento das forcas nacionalistas ¢ democraticas € no crescimento do seu grau de organizagao e combatividade. Tal avaliagio sinalizava, para os comunistas, a real existéncia de uma cri- se revoluciondria, Nesta situacao seria necessétio criar condigdes que permi- tissem a “passagem do poder estatal para as maos das forcas revoluciondrias antiimperialistas ¢ antifeudais sob a diregao da classe operdria”. Feito isso— € pressupondo a “hegemonia do proletariado solidamente apoiado na alian- Ga operério-camponesa” —, a revolugao se desenvolverd “ininterruptamente, de maneira que a etapa nacional e democratica ¢ a etapa socialista venham a constituir um proceso revolucionério continuo e tinico”.* Resgata-se, por- tanto, a concepgao de revolugao como um momento crucial, de ruptura ré- pida e sibita, onde a “vanguarda da classe operaria” ou seu “estado-maior” (0 partido) se apodera do aparelho do Estado ¢ implanta o socialismo. Resumidamente esta foi, na sua esséncia, a concepgao que informou, em grande medida, a teoria e a pritica do PCB no momento imediatamente anterior ao golpe de Estado de abril de 1964. Essa concepgio, por sua vez, “estava presidida por uma deformagio mecanicista, que pretendia extrair sua politica da contradigio entre o desenvolvimento das forcas produtivas com as relagées de produgio, e nao da natureza da crise da formagio eco- n6mico-social. Contra-senso absurdo, na medida em que aquilo que iden fica como entrave ao desenvolvimento — o imper atuava como forga de sua propulsio no mundo das coisas reais, Subvertidas a teoria e os fatos, criava-se a fantasia de que viviamos uma situagio pré- lismo e o lati indio — revolucionéria. Diante de tantas evidéncias de que forgas produtivas se ex- pandiram, tinha-se como conclusio a inviabilidade do seu choque com os “entraves estruturais’ e, portanto, a necessidade de um desenlace politico revoluciondrio” (Vianna, 1983, p. 16 e 17). 237 © BRASIL REPUBLICANO Simultaneamente as reformas deixam de significar, na 6tica do ae gas no capitalismo, passando a ser vistas como elemento de acumulagao de forgas para uma ruptura com 0 sistema ou servindo para quebrar os entraves gue se antepunham ao caminho do socialismo. i ‘Assim, a postura ea pratica do PCB no processo politico dos anos que ante- cederam o golpe de 1964 sio bastante sinuosas. Sua politica de constituicao de tum governo nacionalista e democrético — “possivel de ser conquistado ainda nos marcos do regime vigente” —, através da “tética das solug6es positivas” e da articulagdo de uma ampla frente tinica, yai se alterando ou sofrendo metamor- foses, na medida e em conformidade com as situagdes conjunturais. Por um lado opée-se a Goulart, desfechando seus ataques a “politica de conciliagao e vacilante” do governo, ja que sua derrota significaria um golpe no imperialismo e seus aliados internos; por outro lado, acreditava que, se- cundando o presidente da Republica, poderia se utilizar do governo e das agéncias do Estado para desencadear a revolugao nacional democratica. ‘A radicalizagio de seu discurso e de sua prdtica — superestimando suas forcas e a de seus aliados — vai num crescendo (sobretudo depois de 1963), proporcionalmente ao aumento das tensdes ¢ contradigées polfticas. Nesse sentido, em determinados momentos passa realmente a secundarizar as ins- titnigdes, a desprezar a legalidade democratica vigente. Ou ainda, a legalida- de democratica é valorizada segundo as conveniéncias, isto é, quando ameagada por um golpe de direita. Nesse quadro, o caldo de cultura golpista — que parecia ter sido supera- do ou pelo menos se delibitado — volta a se manifestar com grande forga e floresce em terreno fértil. O regime da Constituigio de 1946 passa a ser encarado como tendo se esgotado. As mudangas deveriam ser realizadas por intermédio de formas ou meios extralegais, pois © Congresso (“teaciondrio”, “cleito em sua maioria pelo IBAD”) seria um elemento intransponivel e tudo faria para impedi-las. cree Pend Aa a hipétese de negociagées — o PCB, parti- csairitants on ae is conyersagdes com Jango —, nao se exclui a assagem pela esquerda” do regime vigente: golpe com Jango, fechamento do Congresso, realizaca iGo de ref to etc, (Reis Filho, 1986, p. 53). ieee ooo 238 A QUESTAO NACIONAL E A DEMOCRACIA Paralelamente, a esquerda em geral e o PCB em particular contagiam-se pelo sucesso do processo revolucionério em Cuba. “A vitéria da Revolugao Cubana exerce uma fascinante influéncia no estado de espfrito das massas e contribui para radicalizar ainda mais 0 processo democratico brasileiro” (Marighella, 1962, p. 100). Somando-se todos esses elementos, e compreendendo-os numa conjuntu- ra de profunda crise politico-institucional (crise de poder) e aguda crise eco- ndmica (inflagao, estagnagio, divida externa, desemprego, queda do poder aquisitivo etc.), percebe-se que estavam criadas as condig6es que contribufram sobremaneira para o confronto de posigées ¢ de alternativas. Dessa forma, “A leitura catastréfica da crise econémica, a radicalizagao deliberada do con- flito politico, a predominancia da questéo nacional, facilitando 0 retorno a uma visio confrontista, a influéncia da Revolugaio Cubana, a insensibilidade para a questio institucional e a certeza de que, com o plebiscito, 0 Rubicdo havia sido transposto — tudo isso faz com que o PC, junto com o que resta da frente nacionalista, chegue as portas do golpe de 64 batidos politicamente...” randio, 1992, p. 159). NOTAS 1. Na sua III Conferéncia Nacional (julho de 1946), 0 PCB faz algumas corregdes em sua politica instruindo seus militantes a adotarem uma postura mais aguerrida e “for- mas de luta mais vigorosas”, mas dentro da legalidade existente (Carone, 1982, p. 66-68). . Vox Operdria, 11/09/1954. . Idem, 11/09/09/1954. . Idem, 18/02/1956. Novos Rumos, 01/05/1963. 5. Idem, 27/03/1964. , Idem, 27/03/1964. , Idem, 27/03/1964. SNANeYY 239 © BRASIL REPUBLICANO BIBLIOGRAFIA Brando, G.M.B. 1988. “Sobre a fisionomia intelectual do Partido Comunista (1945- 1964)", Lua Nova, S4o Paulo, Marco Zero/CEDEC, n. 15. Brandio, G.M.B. 1992, Partido Comunista, capitalismo e democracia. Tese de doutora- do — FFLCH-USP, Sao Paulo (mimeo). Carone, Edgard, 1982. O PCB (1943-1964). Sao Paulo: Difel. Correa, H. 1980. A classe operdria e seu partido, Rio de Janeiro: Civilizagao Brasileira. Guedes, A. 1980.“A Entrevista”. In Picchia, PD. O PCB no quadro atual da politica bra- ileira, Rio de Janeiro: Civilizagio Brasileira. 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