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13ª Jornada Nacional de Literatura

Arte e tecnologia: novas interfaces

8º Seminário Internacional de Pesquisa


De 25 a 28 de agosto de 2009
em Leitura e Patrimônio Cultural
UPF - Passo Fundo (RS), Brasil
Biblioteca, leitura e multimídia

VIOLÊNCIA, SILENCIAMENTO E PODER EM


DOGVILLE E IRREVERSÍVEL

Maria Lucia Bandeira Vargas i (PUCRS)

O presente artigo objetiva estabelecer um paralelo entre dois personagens


pertencentes a universos ficcionais distintos embora narrados através do mesmo suporte,
o fílmico, observando características comuns a ambos durante as narrativas que os
apresentam e acompanham sua trajetória até o momento em que explodem em atos
extremamente violentos, aparentemente contraditórios as suas personalidades dóceis. As
personagens e os filmes são, respectivamente, Grace em Dogville, de Lars Von Triers e
Pierre em Irreversível, de Gaspar Noé.

1 Dogville, a fabulação da violência

Dogville se passa nos Estados Unidos durante os anos 30, época da Lei Seca e da
débâcle econômico-financeira da sociedade norte-americana após o crash da Bolsa em
1929. A atmosfera é propícia à proliferação de grupos de gangsters estruturados de
forma mafiosa. Grace aparece como fugitiva de um desses bandos em uma pequena
cidade do interior, na qual é acolhida sob os auspícios de Tom, pretenso intelectual que
convence os moradores da cidade a lhe dar abrigo, com o objetivo de "ilustrar" a
natureza humana de forma a transcender a pequeneza da vida em local tão humilde e
isolado.

Dogville, a “cidade do cão”, recebe Grace, cujo nome remete à graça ou dádiva,
com os dentes literalmente à mostra na figura do cachorro do vilarejo, que a ameaça por
ter-lhe roubado um osso que ainda apresentava restos de carne. A situação é
emblemática, pois apresenta uma Grace completamente fragilizada, em situação de total
abandono e, portanto, à mercê da piedade e dos caprichos de terceiros. Ao mesmo
tempo, o dono do cão, que mais tarde vai se revelar um homem cruel e predatório,
reclama à esposa sobre os restos de carne deixados no osso, cuja serventia devia ser
dirigida os humanos somente. Os tempos, como podemos perceber, são de miséria
absoluta, que endurece o coração das pessoas do vilarejo, microcosmos onde se vê
retratada toda a “blue collar America”, os Estados Unidos dos trabalhadores braçais,
sem perspectiva de um amanhã melhor. As fotografias escolhidas pelo diretor para o
encerramento do filme são exemplares para representar o universo cuja mesquinhez e
desesperança acabou de ser retratada no longa-metragem que está terminando.

A escolha do cenário minimalista – um único espaço onde as ruas e as casas são


simples marcações de giz branco sobre um palco preto – e a presença de um narrador
em off parecem ser elementos tomados de empréstimo de fabulações literárias e suas
transposições para o teatro e, de fato, Dogville em muitos aspectos remete a uma fábula
pelo peso da verdade alegórica que parece representar, embora, no caso, a representação
seja de uma realidade incrivelmente sombria.

A princípio a “ilustração” que o suposto escritor, Tom – Thomas Edson, uma


referência ao inventor da luz elétrica, alguém, portanto, cujas idéias podem “iluminar” a
mesquinha comunidade –, oferta ao povoado através da aquiescência de Grace consiste
em proporcionar a todos a possibilidade de transcender suas limitações ao aceitar a
ajuda da estranha em pequenas tarefas, como o cuidado com as crianças ou os solitários,
ultrapassando, assim, a desconfiança e o temor e revelando uma nova face, mais
humana, talvez.

Ocorre que a face humana não é correspondente ao ideal imaginado e, à medida


que Grace acata tarefas cada vez mais pesadas sem apresentar quase que nenhuma
oposição a elas, o lado perverso da humanidade começa a se manifestar de forma cada
vez mais livre. A emergência da demanda, de parte da comunidade, por mais e maiores
compensações a serem prestadas por Grace, até chegar ao ponto da perversidade, têm
origem no entendimento que os habitantes passam a ter em relação ao suposto perigo
que Grace representa. As repetidas visitas do representante da Lei, única figura
institucional que parece manter a relação entre Dogville e o mundo exterior, regido por
um Estado de Direito, aumentam a compreensão dos habitantes de que estão correndo
riscos por abrigarem a estranha em seu ninho, o que progride para uma fantasia de que
ela mesma, na verdade, pode ser um perigo em potencial, não apenas por suas relações
com o mundo exterior à cidade, mas, e aqui entra uma simbolização da misoginia que se
faz transparecer no decorrer da história, possivelmente por ser mulher, jovem e bela.
Para compensar tamanha benevolência e coragem de sua parte ao permanecer
ofertando-lhe abrigo, é preciso que ela redobre os trabalhos a que está sujeita, numa
espiral de violência que atinge formas de sevícia. Isso possibilita aos moradores da
cidade a construção de uma coesão comunitária baseada no sistema de identificação de
seus membros através da imposição da violência.

Essa identificação comunitária com base em novos termos de poder – pois até
então, devido às condições de pobreza e à falta de perspectivas, a única identidade
possível entre os moradores era a de impotência – provoca, de forma à primeira vista
paradoxal, um aumento da sensação de intimidade de parte dos moradores do vilarejo
para com Grace, que a julgam de tal maneira à mercê de suas vontades, que se
autorizam a abusar dela sexualmente.

1.1 A ‘docilização’ do corpo

Segundo Foucault, a partir dos séculos XVII e XVIII, o corpo humano entra
numa maquinaria de poder, por ele denominada vigilância hierarquizada, contínua e
funcional, que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe da mesma forma que a
população de Dogville o faz com Grace, dissociando o poder do corpo, que passa a ser
observado como “objeto e alvo de poder” (1989, p. 125). O autor afirma que, “forma-se
então uma política das coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação
calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos” (1989, p.127),
cujo objetivo é o domínio de cada um sobre seu próprio corpo ou, dependendo da
relação de forças do grupo em questão, do domínio do corpo de uns pelos outros.
É extremamente irônico observar que a violência imposta a Grace, crescente e
paulatina, ocorre numa sociedade formada, à primeira vista, por ‘gente de bem’, de
religiosidade puritana e organizada de acordo com rígidos preceitos sociais. No entanto
é justamente essa rigidez de princípios que possibilita o exercício do que Foucault
chama de ‘disciplinas’, aquelas que objetivam o controle do corpo – e,
conseqüentemente, do sujeito que nele habita – visando mais os processos da atividade
em si do que seu resultado. O resultado é secundário em termos de eficiência da
disciplina empregada, justamente por ser a submissão a ela o mais importante a ser
atingido. Não importa tanto se Grace não consegue desempenhar a contento todas as
tarefas impostas, o que importa é sua submissão, que vaza do simbólico para o literal,
quando da colocação de uma corrente em seu pescoço como se ela fosse o ‘cão’ da
cidade, a representação tanto do Mal, quanto do elo mais fraco da hierarquia social.

Bem, se a representação do Mal é colocada sobre terceiros, a lógica perversa


pode concluir que o Mal não reside em nós, de forma a inocentar nossas ações que
visem, talvez, apenas a contenção do Mal. A docilização do corpo de Grace visa, por
um lado, aumentar 'sua aptidão' para aquilo que se faz necessário na sociedade – como a
sujeição ao trabalho – e, por outro, diminuir a potência que poderia resultar dessa
aptidão – a instituição de si própria como sujeito – através da relação de sujeição de seu
uso, pois que a comunidade parece temer o que possa vir a surgir dessa potência,
possivelmente a exposição de seus próprios desejos reprimidos.

Dessa forma, Grace é mantida extremamente ocupada, exaustada, provocando o


que o autor chama de ‘redução funcional do corpo’. "No bom emprego do corpo, que
permite um bom emprego do tempo, nada deve ficar ocioso ou inútil: tudo deve ser
chamado a formar o suporte do ato requerido" (1989, p. 138), afirma o autor. Mas
Foucault observa que, ao mesmo tempo em que o corpo é reduzido, há também a
“inserção desse corpo-segmento em todo um conjunto com o qual se articula" (1989, p.
148), que é o desejo surdo da comunidade de mantê-la, subjugá-la e expiá-la de ‘suas’
culpas, desejo que se realiza e, como todo anseio uma vez realizado, dá lugar a novos
apetites que explodem na violência sexual a que Grace é submetida, inclusive por um
morador que lhe oferece a possibilidade de fuga mediante pagamento. Esta quantia em
dinheiro lhe é providenciada por Tom, naquele momento ainda o único que não a
submete fisicamente, embora também não a defenda. Contudo, esse morador que parece
oferecer uma salvação também a estupra no caminho rumo à liberdade e termina por
conduzi-la de volta ao vilarejo, onde se rompem definitivamente os laços de parte de
Tom para com ela.

Observemos que a misoginia que recai sobre a jovem e bela – e, portanto,


sexualizada – personagem, encontra eco também entre as mulheres do povoado, que não
apenas não a defendem como a agridem, imputando a ela a culpa pelos abusos sofridos.
No entanto, possivelmente horrorizados com o estado de exposição de seus próprios
fantasmas, os moradores da comunidade – inclusive Tom, que nunca se desfizera do
cartão onde consta o número do telefone para contatar os perseguidores de Grace –
decidem entregá-la, note-se bem, não ao representante da Lei, mas àqueles de quem ela
fugia, como que numa tentativa de reverter o tempo e todo o acontecido, selando, assim,
o retorno ao estado das coisas como sempre fora. Forja-se uma nova identidade
comunitária, a de auto-conservação, e os habitantes de Dogville a entregam, como
sabemos, aos braços de seu pai, com quem ela refaz suas relações de afeto através de
um novo contrato de poder.

1.2 O poder do recalque

A relação de Grace com Dogville parece configurar uma montanha – como as


que cercam a cidade, talvez? – de ‘nãos-ditos’, de sentimentos e desejos silenciados e
recalcados para que a ‘ilustração’, a transcendência na direção do exercício de melhores
seres humanos, se faça. Os moradores sem dúvida terminam por deixar transparecer
seus verdadeiros ‘eus’, muito distantes da suposta amabilidade que decidem, a
princípio, conceder à jovem estranha. E quanto a Grace, quais são seus ‘não-ditos’, o
que esconde ela por trás de tanto estoicismo, bondade e perdão? Sabemos que, ao final
do filme, Grace passa por uma transformação – ou, talvez, uma revelação – radical dos
princípios que guiam seus atos perante àquela comunidade.

Grace chega a Dogville decidida a perdoar, mas não por gratidão pelo refúgio
concedido e em virtude de estar completamente despojada de alternativas, como o
diretor nos faz acreditar durante boa parte do filme. A forma como Grace suporta,
justifica e, aparentemente, perdoa cada violência a que é submetida pode, também, ser
analisada como um exercício de poder. A título de elucubração teórica podemos pensar,
baseados nos poucos dados que a película nos oferece, que na casa paterna Grace era
destituída do poder na forma como esse lá era comumente exercido, ou seja, pela
violência das armas. Podemos depreender essa situação do diálogo que ela trava com o
pai, que lhe oferece a divisão do poder em pé de igualdade, oferta essa decisiva para a
virada em seu destino que a personagem promove.

Assim, é possível compreender a face de bondade que Grace tão orgulhosamente


ostenta – não irá o pai chamá-la de arrogante? – como mecanismo de resistência, o
exercício do único poder que lhe foi possível até então contrapor ao poder paterno: a
oposição a tudo o que sustenta a autoridade que está fora do seu alcance. Tal se revela
verdadeiro quando, ainda no diálogo com o pai, Grace justifica toda a violência sofrida
afirmando que aquelas pessoas estão fazendo o melhor que podem, frente a
circunstâncias muito difíceis, ao que o pai lhe questiona: “ok, mas o seu melhor, é bom
o bastante?”.

A psicanálise, que prega a cura pelo uso da palavra, compreende os não-ditos, o


recalque da palavra, como intimamente vinculado à violência e à dor. O próprio ato de
silenciar já é, em si, uma violência contra o desejo, o que gera dor. A convivência com a
dor do recalque pode se dar de forma pacífica durante anos, mas pode também, não raro,
explodir em atos de grande violência ou em pequenas violências sazonais, num ciclo em
que não se fala o que realmente dói e a violência silencia ainda mais os não-ditos, ou,
por outro lado, os pronuncia, mas numa linguagem que não consegue ser lida. A opção
de Grace, uma vez tendo sido alçada a outro nível de poder, é fazer a catarse de toda a
humilhação e o abuso até então sofridos. Esse tipo de processo passa necessariamente
pelo reconhecimento do mal que lhe fora infligido, pela confissão – para si mesma – da
dor que sente e o conseqüente revide, que não pode ser aplicado na mesma medida do
que foi recebido, mas que é, em circunstâncias como essa, multiplicado ao cubo pela
dor acumulada, resultando em uma explosão de violência na qual ela decide, sem jamais
alterar a voz, eliminar todos os habitantes da cidade, chegando mesmo a requintes de
crueldade para com uma moradora, mãe de seis filhos, que lhe exigira mais estoicismo.
Tom, seu suposto protetor e namorado é morto pelas suas próprias mãos e reconhece,
ironicamente, que “sua ilustração é tão melhor que a minha, Grace”. É, sem dúvida, a
ilustração, a representação, daquilo de que de fato é feito o ser humano.

É irônico observarmos, ainda, que o estoicismo de Grace contribui para com o


destino trágico dos moradores que a agridem, quase que os provoca a tanto,
convidando-os inconscientemente a colaborarem para o seu trágico final. Há uma
‘violência intrínseca’ às relações humanas, a de que a presença do outro impõe,
necessariamente, restrições ao meu comportamento para com ele, que é traída pela
abnegação doentia de Grace, que insiste em tudo suportar. Quanto mais se procura
negar a violência, no sentido da restrição que a presença do outro significa em nossas
vidas – a assunção e a determinação do lugar que o outro ocupa frente aos nossos
desejos – mais esse outro se verá acometido pelos seus próprios impulsos, pela ilusão da
onipotência. Por isso, podemos dizer que Grace ‘abandona’ os moradores do vilarejo as
suas próprias prepotências, até que é chegado o momento da retribuição.

2 Irreversível, a representação do horror

De certa forma é possível dizer que não há fabulação em Irreversível. Não que falte
trama ao incrivelmente agressivo filme do franco-argentino Gaspar Noé. Irreversível é
indigerível, justamente por não ser fábula, por aproximar-se demais da realidade
possível. A fábula metaforiza a realidade, o que, em um filme como Dogville, embora
cause estranheza e perplexidade no público, lhe permite o distanciamento necessário
para uma reflexão pós-exibição que tende à racionalização, a corriqueira e por vezes
apaixonada conversa de bar ou de pizzaria acerca do filme recém assistido. É quando se
realiza uma tentativa coletiva de apreensão e análise dos elementos em questão no
filme, embora estes, no caso de Dogville, não sejam, de modo algum, revestidos de
leveza. No entanto, essa mesma reação já não é possível ao término de Irreversível. O
filme se inscreve como um soco na boca do estômago do imaginário do espectador de
forma – inevitável o uso do vocábulo – absolutamente irreversível.

Manipulador, sem dúvida, do mal-estar do espectador, o filme conta uma história


simples, perfeitamente possível mesmo, o que apenas contribui para aumentar o impacto
do horror que se abate sobre a platéia. Contudo, embora existam psicopatas estupradores
à solta que podem destruir de forma irreversível o curso das vidas que atingem, a forma
como esse drama é contado não tem nada de simples. O uso nauseante da câmera e do
som de fundo nos leva ao desnorteamento logo no início do filme, onde presenciamos
um assassinato brutal em um ambiente aparentemente saído de uma fanfiction realizada
sobre um conto do marquês de Sade ou mesmo de um pesadelo. Mas a idéia de
pesadelo, como o vivido na ‘vida real’ dos personagens, não desaparece à medida que o
quebra-cabeça vai se montando, apenas piora enquanto o espectador reconstitui os
passos que levam a maior compreensão de todo o horror em que mergulham as
personagens.

A apresentação do casal, em ordem inversa, como feliz em seu relacionamento


amoroso, não traz nenhum alívio apesar da beleza das cenas, mas apenas contribui para
aprofundar o desespero do espectador, que já sabe de antemão sobre a destruição de
suas vidas, que está por acontecer. Como toque final de crueldade, logo antes do
término do filme, somos informados de que Alex está grávida. É a última bofetada na
platéia que, sem dúvida, termina o filme desorientada, atordoada e, não raras vezes,
revoltada, em virtude da impossibilidade de assimilar tamanha – e tão próxima –
violência.

2.1 A repressão do instinto animal

Pierre, no caso de Irreversível, é o personagem que representa os não-ditos.


Aparentemente muito reprimido, filósofo, racionaliza sobre todas as coisas, inclusive
sobre seu despeito em ter perdido a mulher que amava para o amigo e é caracterizado
pela ex-esposa como incapaz de se entregar completamente ao sexo.

Traçando um paralelo com Grace, de Dogville, temos mais uma vez uma
personagem que passa o filme a negar o uso da violência mesmo quando se encontra em
situação desesperadora e que, ao final, será a que fará uso dela de forma explosiva e
definitiva. Da mesma forma que Grace revida a humilhação sofrida, Pierre o faz
também, em longos golpes de extintor de incêndio contra o rosto já desfigurado do
estuprador da ex-esposa, em uma cena na qual parece estar não apenas salvando o
amigo de uma violação, mas desabafando toda a dor, toda a humilhação, derramando
toda a animalidade que traz dentro de si, até então disfarçada sob grossas camadas de
verniz acadêmico.

Uma vez tendo conseguido reconstituir, de forma minimamente linear, a seqüência


dos acontecimentos que levam Pierre a agir de forma tão violenta, ocorre a inevitável
identificação do espectador com a vítima e a quase que aceitação da manifestação
incontida de violência. Esse é o momento em que Pierre, embora não o compreenda
ainda o espectador, se deixa abandonar a sua dor e se redime de sua impotência pela
prepotência, pelo uso extremado da força, provocando no espectador que recorda a
cena, quase que o mesmo movimento catártico por ele sentido.

No entanto, há uma diferença importante entre o modo como o movimento catártico


de Pierre se distingue daquele de Grace. No caso desta última, há uma ascensão ao uso
do poder, de forma que o recalque pode ser manifesto e vingado sem que ela seja
responsabilizada por ele, pelo contrário. Grace manifesta estar à altura do cargo que
doravante passa a ocupar. Pierre, após ter passado todo o trajeto de busca pelo
estuprador – que atende pelo debochado nome de Tênia – tentando demover Marcus da
perigosa e ensandecida empreitada, cumpre ele mesmo o gesto de vingança, do que não
é demovido por nenhum dos presentes no prostíbulo gay, mas, contudo, terá de
responder à Justiça. Enquanto Grace ascende, Pierre cai, perdendo sua identidade social,
o verniz que o protegia, passando de filósofo a assassino e tendo de lidar com a
irreparável perda da ex-esposa, que se encontra em coma, no hospital.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir – história da violência nas prisões. Petrópolis,


Vozes: 1989. 7ª edição.

DOGVILLE. Lars Von Trier. Vibeke Windelov. França: 2003.

IRREVERSIBLE. Gaspar Noé. Cristophe Possignon. França: 2002.

i
Doutoranda em Letras pela PUCRS. Professora no Instituto Meridional, Passo Fundo, RS,
Brasil.
malubvargas@gmail.com

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