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que ele estava perdido: senti que ele estava j do outro lado, sozi-
nho, como um homem sozinho na outra margem de um rio imenso
que ningum pode atravessar; e nem eu, nem mesmo eu, com toda
minha amizade e devoo, podia chegar at ele e fazer alguma coisa.
Oi, Nicola, eu disse, e s ento ele se voltou e me viu.
Sentei-me mesa.
Estava aqui olhando, disse ele, falando devagar; interessante: h
solido at nas coisas; numa chuva, por exemplo...
Pensar a solido das coisas refletir sobre sua prpria solido calcada
nos silncios norteadores de seu comportamento. Ambas as solides se fundem
como forma de interao intransponvel aos que o cerca, mas compreendida e
admirada pelo narrador. Essa relao do eu com as coisas suscita em Nicolau
outro sentimento, a compaixo, no explicitada enquanto conceito, pois quando
perguntado por Roberto sobre a definio do termo, o amigo explana, No sei;
no sei definir compaixo; mas eu sei o que ela : quando a gente chega a sentir
compaixo at por uma barata, at por uma folha de rvore, at mesmo por um
boto de camisa... (VILELA, 1994, p. 27).
Na fala de Nicolau, temos novamente uma dualidade, ele apresenta a
compaixo nas coisas, mas poderamos dizer que este sentimento piedoso se es-
tende para sua prpria tragdia pessoal. Seria um processo de autopiedade consi-
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Foi num fim-de-semana, sob aquela placa, que acabou meu primei-
ro amor. Parados na esquina, domingo noite, depois do cinema,
Evinha e eu estvamos em silncio; ento, olhando para o alto, eu
disse:
Gosto dessa plaquinha...
Era s uma declarao de amor ao salo; mas ela me perguntou:
Mais do que de mim?
.
mesmo?
Eu no quis olhar para ela, mas sabia que seus olhos verdes estavam
fixos em mim, muito abertos, tentando compreender a inesperada
brutalidade daquela resposta.
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eu... Ah, Voc sabe...
Ele balanou a cabea.
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mais que tudo. Te adoro mais que Deus.
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Ele riu.
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no andam as melhores...
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nunca foram boas.
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Ela sacudiu os ombros:
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Referncias
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 9. ed. So Paulo: Hucitec,
1999.
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