Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
1 – ITINERÁRIO DA ABORDAGEM
(*)
João Humberto Cesário é Juiz Titular da Vara do Trabalho de São Félix do Araguaia – MT.
2 - DIREITO DE GREVE: CONCEITUAÇÃO - NATUREZA JURÍDICA –
OBJETIVOS
2
Mas nem sempre foi assim. Sem passar pelo resgate histórico do tema, tendo
em conta as delimitações já estabelecidas para o presente trabalho, é de se comentar,
pelo menos a título de curiosidade, que houve épocas em que o paredismo era
considerado crime ou no mínimo era proibido3.
3
Vide, por exemplo, o Código Penal brasileiro de 11.10.1890, a Lei de Segurança Nacional de 1938 e o
Código Penal editado em 1940.
4
Oris de Oliveira, Juiz do Trabalho e doutor em direito, ensina, in Direito Coletivo do Trabalho em uma
Sociedade Pós-industrial, 1a ed., São Paulo: LTr, 2003, p. 225, que os inúmeros casos de greve
examinados pelo Comitê de Liberdade Sindical da Organização Internacional do Trabalho “permitiram a
elaboração de um conjunto de princípios que constituem um verdadeiro direito internacional sobre
liberdade sindical, uma espécie de regra direito consuetudinário internacional”.
3
A propósito, manifestando-se sobre a fundamentalidade dos direitos trabalhistas,
o jurista Arnaldo Sussekind esclarece que a Constituição brasileira lhes atribui a
distinção de cláusulas pétreas. Em tal sentido, a sua preleção:
No que diz respeito ao mencionado aspecto conjuntural, vale dizer que a greve,
no plano jurídico, deve estar a serviço do fomento da negociação coletiva, tanto é assim
que o artigo 3º da Lei 7.783-89 deixa claro que frustrada a negociação ou verificada a
impossibilidade de recurso via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho.
5
Direito Constitucional do Trabalho, 2ª ed., Rio de Janeiro: Renovar, 2001, p.p. 87 e 88.
4
Resta claro, pois, de todo o exposto, que a greve é um direito de natureza
fundamental e instrumental, que visa, numa perspectiva mais ampla, viabilizar outro
direito não menos fundamental dos trabalhadores, que é o de negociar coletivamente
os seus direitos.
5
liberdade de discutir as condições de trabalho, submetendo-se, sempre, às
imposições patronais.
(...)
A convenção coletiva vem remediar essa situação de flagrante
disparidade, opondo ao patrão que, por si, constitui uma coalizão, no dizer
de Adam Smith, à coalizão obreira, restaurando, assim, praticamente, o
equilíbrio de forças. São duas potências sociais que se encontram para, no
mesmo pé de igualdade, estabelecer o seu modus vivendi”.”6
Assim é que a doutrina trabalhista aconselha que tais cláusulas sejam pactuadas
a partir do exercício daquilo que denomina pelo epíteto de autonomia privada coletiva,
como tal entendido o “poder social dos grupos representados autoregularem seus
interesses gerais e abstratos, reconhecendo o Estado a eficácia plena dessa avença
em relação a cada integrante dessa coletividade, a par ou apesar do regramento estatal
– desde que não afronte norma típica de ordem pública”8.
Como é fácil intuir, aliás, não é por outra razão que a Organização Internacional
do Trabalho vaticina que “a liberdade sindical e a negociação coletiva são direitos
fundamentais no trabalho e essenciais para o exercício da democracia e do diálogo
social”.9
6
Orlando Gomes apud Enoque Ribeiro dos Santos, in Direitos Humanos na Negociação Coletiva, 1a ed.,
São Paulo: LTr, 2004, p.p. 101 e 102.
7
Estabelece o artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho brasileira que “considera-se empregador a
empresa, individual ou coletiva, que assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e
dirige a prestação pessoal de serviços.”
8
Arnaldo Sussekind et al, in Instituições de Direito do Trabalho, Vol. 2, 21a ed., São Paulo: LTr, 2004, p.
1178.
9
Extraído do sítio www.oit.org.br em 03.11.2007
6
Para demonstrar a extraordinária importância que a OIT atribui ao instituto em
exame, trago um excerto da sua Declaração de Direitos Fundamentais do Trabalhador
de 1998:
“La Conferencia Internacional Del Trabajo (...) declara que todos los
miembros , aun cuando no hayan ratificado los convenios aludidos, tienen
um compromisso que se deriva de su mera pertenencia a la Organización
de respetar, promover y hacer realidade, de buena fé y de conformidad con
la Constituicón, los princípios relativos a los derechos fundamentales que
son objeto de esos convenios, es decir:
(a) la libertad de asociación y la libertad sindical y el reconocimiento
efectivo del derecho de negociación colectiva”10 (destaque meu)
Tanto é assim que elencou, no seu artigo 7º, XXVI, como direito dos
trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem a melhoria de sua condição
social, o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho, para logo
depois anunciar como obrigatória, no seu artigo 8º, VI, a participação dos sindicatos nas
negociações coletivas de trabalho11.
10
Extraído do sítio www.ilo.org em 03.11.2007 .
11
Nunca é demais lembrar que os artigos 7º e 8º da CRFB estão inseridos no título II da Magna Carta,
que, por sua vez, trata dos direitos e garantias fundamentais.
7
no plano externo pelos regramentos jurídicos internacionais e no interno pela
Constituição da República.
Não menos importante, ainda, é atentar para o caráter adjetivo da greve, já que
ela é o instrumento de pressão utilizado pelos obreiros nos contextos em que o
patronato se recusa a negociar.
8
comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do
Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao
trabalho, bem como as convencionadas anteriormente”.
Salta aos olhos, pois, que embora o constituinte derivado continue a conceber a
existência do dissídio coletivo econômico, condicionou sua propositura à aquiescência
recíproca dos interessados, assim optando por diminuir a sua incidência no mundo
juslaboral, fazendo-o com arrimo nas mais saudáveis tradições democráticas.
9
Este instituto, regra geral, mostrou-se restrito a países cujas ordens
justrabalhistas tiveram formação doutrinária e legal autoritárias, de
inspiração organicista ou corporativista, como próprio às experiências
autocráticas de natureza fascista da primeira metade do século XX, na
Europa. Suplantadas aquelas experiências no continente europeu, a
fórmula judicial de solução de conflitos coletivos trabalhistas tendeu a ser
extirpada das respectivas ordens jurídicas.
(...)
Esse padrão, que repele a gestão democratizante das relações de
trabalho e não assimila a uma estruturação democrática da sociedade
política, identifica-se sob o título de modelo de normatização subordinada
estatal.
Essa última vertente jurídico-política repudia, frontalmente, a noção
e a dinâmica do conflito, que considera incompatível com a gestão
sociopolítica da comunidade. A rejeição do conflito faz-se em duas
dimensões: quer de modo direto, mediante uma legislação proibitiva
expressa [como o impedimento e a criminalização do direito de greve], quer
de modo indireto, ao absorvê-lo, sob controle, no aparelho de Estado, que
tece, minuciosamente, as práticas para a sua solução [como no poder
normativo da Justiça do Trabalho].
(...)
Tais experiências vieram forjar um sistema básico de elaboração e
reprodução de normas justrabalhistas, cujo núcleo fundamental situava-se
no aparelho de Estado. O conflito privado – pressuposto da negociação e
foco da criação justrabalhista – era negado ou rejeitado pelo Estado, que
não admitia seus desdobramentos autônomos, nem lhe construía formas
institucionais de processamento. Os canais eventualmente abertos pelo
Estado tinham o efeito de funcionar, no máximo, como canais de sugestões
e pressões controladas, dirigidas a uma vontade normativa superior,
10
distanciada de tais pressões e sugestões.”12 (meus os destaques e
comentários entre colchetes)
12
Op. cit., p.p. 32 e 110.
13
Curso de Direito do Trabalho, 14a ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 645.
11
provimento para extinguir o processo, sem resolução do mérito, nos termos
do art. 267, inc. VI, do CPC.”14
14
Processo nº TST-RODC-3.612/2005-000-04-00.5, Relator Ministro João Batista de Brito Pereira.
15
Processo nº TST-RODC-992/2005-000-04-00.6, Relator Ministro Carlos Alberto Reis de Paula.
12
qual o fundamental era a apropriação de bens sob a lógica do ter em detrimento do
ser”16.
Assim, minha tarefa aqui será meramente a de aclarar, sem maiores divagações,
o que se deve entender por posse, para depois fincar a atenção nos requisitos que ela
deverá cumprir para merecer proteção judicial.
Com efeito, numa perspectiva simples, e por isso eficiente, a posse pode ser
compreendida como “o exercício, de fato, dos poderes constitutivos do domínio, ou
propriedade, ou de alguns deles somente”18.
16
Direitos Reais, 4a ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.p. 33 e 34.
17
Curso de Direito Processual Civil: Procedimentos Especiais, Vol. III, 38a ed., Rio de Janeiro: Forense,
2007, p. 124.
18
Clóvis Beviláqua apud Humberto Thedoro Júnior, idem, p. 119.
13
Nada obstante, tal discussão comporta outros elementos, vez que apenas a
posse justa é que poderá ser blindada por intermédio dos interditos possessórios.
19
Op. cit., p. 38.
14
“Tradicionalmente, a propriedade era classificada como um direito
subjetivo perpétuo e, conseqüentemente, só se constatava a prescrição da
pretensão do proprietário em recuperar o bem ao tempo do advento da
usucapião – pela própria perda do direito subjetivo de propriedade em
razão da aquisição de domínio pelo usucapiente. Hoje é possível aferir que
a perda da pretensão reivindicatória ou reintegratória pelo proprietário pode
produzir-se muito antes, pela simples constatação da inexistência material
e real do direito subjetivo de propriedade que se alega, posto que
destituído de utilização econômica ou social pelo seu titular.
Há muito se sabe da eficácia vertical dos direitos fundamentais. Ou
seja, pelo art. 5º, § 1º, da Constituição Federal, os direitos fundamentais
são de aplicação imediata para o legislador e o juiz. Aquele não pode
inovar no mundo infraconstitucional de forma lesiva ao princípio da função
social, sob pena da norma subalterna ser tida por inconstitucional. Já o
magistrado deverá incorporar os direitos fundamentais como fundamento
hábil a legitimar qualquer decisão, mesmo que o princípio não se encontre
positivado em qualquer norma processual.
Porém, atualmente, a grande questão que circunda o Direito Civil-
Constitucional concerne à eficácia horizontal dos direitos fundamentais, ou
seja, a influência dos direitos fundamentais na órbita das relações entre
particulares, e até que ponto ela afeta a autonomia privada, princípio
fundamental das relações civis. Sem entrar na discussão se o ingresso dos
direitos fundamentais ocorre de forma imediata – a maneira da eficácia
vertical – ou pela mediação das cláusulas gerais que se encontram no
Código Civil, tem-se que a função social se impõe como próprio freio que
delimitará a extensão da autonomia privada do proprietário em hipóteses
que as suas pretensões reivindicatória e possessória perdem a legitimidade
constitucional (...).
Normalmente, o proprietário ajuíza uma ação reivindicatória, com
base na demonstração do título de propriedade, ou opta pela via
possessória, pleiteando a liminar de reintegração, amparado na tese da
15
consumação do esbulho. Nos dois casos, as pretensões são consideradas
procedentes, na medida em que a simples exibição do registro (na
reivindicatória) e a produção de prova quanto à perda da posse (na
reintegratória) são requisitos legais para o êxito de tais demandas. Essas
soluções conservadoras apenas agravam o quadro de injustiça social
presente no campo.”20 (destaques meus)
Vale repisar, aqui, embora dizendo de outro modo, que o direito contemporâneo
é tão comprometido com o pleno atendimento da função social da posse, que a doutrina
moderna não teme afirmar que a pura e simples demonstração do esbulho não será
suficiente para justificar a concessão de liminar ao proprietário na ação de reintegração.
É certo, porém, que o termo ‘função social da posse’ não é muito mais do que
um conceito jurídico indeterminado a demandar integração construtiva por parte do
magistrado. Assim é que os multicitados Cristiano Chaves de Farias e Nelson
Rosenvald asseveram que “a tarefa da jurisprudência criativa consistirá em definir a
função social da posse, com base nos valores metajurídicos vigentes. Este é o único
modo de dar vazão ao art. 5º da LICC, ao impor que o juiz atenda às finalidades sociais
da lei quando de sua aplicação, preservando o bem comum”21.
16
deva cumprir uma inequívoca função social (art. 5o, XXII da CRFB), somente alcançada
no âmbito rural, por exemplo, quando atenda, simultaneamente, os requisitos de
observância das disposições que regulam as relações de trabalho, com a exploração
que favoreça o bem-estar dos trabalhadores (artigo 186, III e IV da CRFB).
Não é por outra razão que a Constituição da República estabelece que a ordem
econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, devendo
acatar os princípios da função social da propriedade e da busca do pleno emprego
(artigo 170, caput, incisos III e VI).
Vale dizer, com efeito, que se a propriedade não é explorada de modo que
favoreça o bem-estar dos trabalhadores, olvidando as disposições que regulam as
relações de trabalho, não estará cumprindo com sua função social, ficando exposta, em
determinados casos, até mesmo à desapropriação por parte da União, para fins de
reforma agrária. Justamente por isso é que o artigo 184 da Magna Carta estabelece
que compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social.
Ocorre que esta (negociação coletiva), como já exaustivamente visto, é uma das
garantias constitucionais fundamentais da classe trabalhadora, sendo ainda certo que
17
no atendimento da função social, a propriedade deverá respeitar as disposições que
regulam as relações de trabalho, além de se pautar por um padrão exploratório hábil a
favorecer o bem-estar dos trabalhadores.
Será dentro desta ótica que, no próximo tópico, atingirei o cume do presente
trabalho, ocasião em que discorrerei sobre os aspectos processuais mais relevantes
dos interditos possessórios aforados na Justiça do Trabalho brasileira.
18
São três as ações tipicamente possessórias no direito processual brasileiro. O
interdito proibitório, a ação de manutenção de posse e a ação de reintegração de
posse. Todas elas são passíveis de serem manejadas na Justiça do Trabalho, nos
variados contextos do exercício do direito de greve.
22
Turbação possessória é todo fato impeditivo do livre uso da posse, ou que venha tornar duvidoso o
exercício dela. Já o esbulho possessório é todo ato violento, em virtude do qual uma pessoa é despojada
daquilo que lhe pertence ou está em sua posse. Vide, a propósito, DE PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário
Jurídico, 3ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1991.
23
A Greve no Direito Brasileiro, 1a ed., São Paulo: LTr, 2006, p.p. 163 e 164.
19
Inicialmente é necessário ver que, dado o seu caráter preventivo, o interdito
proibitório deverá se intentado no contexto em que o possível esbulho ou turbação não
se consumaram, ou seja, naquele momento em que o empregador demonstre justo
receio de que o movimento grevista venha a se materializar na forma de ocupação do
estabelecimento.
Insta esclarecer, ainda, que nos termos do artigo 920 do CPC, os interditos
possessórios são dotados de fungibilidade ampla, de sorte a permitir que no caso da
propositura de uma ação em vez de outra, o juiz conheça do pedido e outorgue a
proteção correspondente àquela cujos requisitos estejam comprovados.
24
Op. cit., p. 148.
20
Por fim, merece ser esclarecido que todas as exemplificações acima foram
construídas única e exclusivamente visando demonstrar quais seriam, em tese, as
situações que justificariam o interesse jurídico abstrato no manejamento das ações
enfocadas, haja vista que no plano concreto o elemento que justificará o deferimento ou
não da tutela possessória será o cumprimento da função social da posse, hipótese que
será mais bem analisada no tópico em que tratarei dos requisitos da concessão de
liminar.
Ocorre que não obstante o Supremo Tribunal Federal brasileiro vir pronunciando,
desde 1991, que para a determinação da competência da Justiça do Trabalho não
importa que a solução da lide dependa de questões de direito civil, mas sim que o
fundamento do pedido seja oriundo da relação individual ou coletiva entre empregados
e empregadores25, o certo é que até o advento da Emenda Constitucional nº 45 pairava
no universo jurídico brasileiro inexplicável celeuma sobre qual dos ramos do Poder
Judiciário deveria conhecer os interditos possessórios aforados em virtude de
movimentos paredistas, controvérsia esta que propiciava a usurpação da competência
da Especializada por parte dos órgãos da Justiça Comum.
Felizmente, entretanto, a disputa já se encontra quase que de todo sepultada
atualmente, na medida em que a novel redação do artigo 114, II, da CRFB passou a
estabelecer a partir de 08.12.2004, com tintas fortes, que compete à Justiça do
Trabalho processar e julgar, sem exceções, as ações que envolvam o exercício do
direito de greve.
25
Vide o julgado STF, Ac. Pleno, Conflito de Jurisdição nº 6.959, Relator Ministro Sepúlveda Pertence,
DJU de 22.05.1991, p. 1259.
21
Atenta à inovação trazida pelo constituinte derivado, até mesmo a doutrina
civilista já vem se dobrando à evidência dos fatos. Nesse, sentido, trago o escólio de
Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald:
26
Op. cit., p. 130.
22
processamento e julgamento de outras lides, que não apenas trabalhistas
stricto sensu, atrai-se para a Justiça Especializada a aplicação de outros
direitos materiais que regulam essas relações.
Desta maneira, não apenas os conflitos oriundos das relações de
emprego são da competência da Justiça do Trabalho, mas, também,
aquelas surgidas em decorrência do exercício do direito de greve, nos
termos do art. 9º c/c art. 114, inciso II, ambos da CF/88.
Vale lembrar que nem sempre as ações que decorrem do exercício
do direito de greve envolvem empregados e empregadores, pois agora é
alçada da Justiça do Trabalho todo litígio que decorra do exercício do
direito de greve, ainda que envolvam terceiros e/ou ações possessórias
entre sindicato e empregador em face do exercício do direito de greve.
Diante do exposto, em face da nova ordem constitucional
concernente à competência da Justiça Trabalhista, implementada pela EC
nº 45, uma vez reconhecida a incompetência absoluta deste Juízo para
processar e julgar o feito, com fulcro no art. 113 do CPC, declino da
competência em favor de uma das Varas da Justiça do Trabalho, à qual,
decorrido o prazo recursal e feitas as devidas anotações, deverão ser
remetidos os autos, via distribuição.”27
27
Decisão proferida na Sétima Vara Cível do Distrito Federal, nos autos do processo nº
2005.01.1.096701-4, em 04.05.2006.
23
“Agravo de instrumento de decisão que inadmitiu RE contra acórdão
do Tribunal de Alçada de Minas Gerais que declarou a competência da
Justiça Estadual para julgar ação de interdito proibitório proposto entre
empregado e empregador, em face do exercício do direito de greve.
No caso, os funcionários do agravado, em campanha salarial,
impediam o acesso às agências bancárias locais.
De acordo com o Tribunal a quo, em suma, o interdito proibitório
discute tão-somente matéria de natureza possessória, ou seja, trata de
questão de direito civil, razão pela qual deve ser apreciada pela Justiça
Comum.
Alega o RE violação do art. 114, II, da Constituição. Aduz a
competência da Justiça do Trabalho para o julgamento do feito.
Decido.
Tem razão o recorrente.
O acórdão recorrido diverge do entendimento do STF: originando-se
da relação de emprego, a presente controvérsia deve ser julgada pela
Justiça do Trabalho, não importando a circunstância de fundar-se o pedido
em regra de direito comum.
(...)
Provejo o agravo, que converto em recurso extraordinário (art. 544, §§
3º e 4º, do C.Pr.Civil) e, desde logo, dou provimento a este (art. 557, § 1º-
A, do C.Pr.Civil), para reformar o acórdão recorrido e reconhecer a
competência da Justiça do Trabalho para o julgamento do feito.”28
24
As questões em epígrafe não suscitam maiores controvérsias, o que me
conduzirá a tratá-las de modo mais ligeiro.
Assim, nos termos do artigo 924 do CPC, quando a ação possessória for
intentada dentro de ano e dia da turbação ou esbulho, o rito será o especial, na forma
em que previsto nos artigos 920 e seguintes do CPC. Por outra vertente, quando
ajuizada depois desse prazo (ano e dia), o rito será o ordinário, embora a demanda não
perca a sua natureza jurídica possessória.
29
Art. 928 do CPC – Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a
expedição do mandado liminar de manutenção ou reintegração; no caso contrário, determinará que o
autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
Art. 929 do CPC – Julgada procedente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou
reintegração.
30
A respeito, vide Luiz Guilherme Marinoni, in Técnica Processual e Tutela dos Direitos, 1a ed., São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 575.
25
Discordo desse ponto de vista. Procurando justificar a minha posição, trago,
novamente, a lição de Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald:
26
genérica como a tutela antecipada possa desvirtuar os alicerces desta
construção.”31
31
Op. cit., p.p. 139 e 140. Registre-se, todavia, que os mencionados autores, na seqüência, trazem uma
alternativa em que a antecipação de tutela poderia ser usada, não para resguardar a posse, mas a
propriedade. Dizem eles, na mesma p. 140: “A título de sugestão, sendo o possuidor igualmente
qualificado como proprietário, será aconselhável o ajuizamento de ação reivindicatória, depois de
escoado o prazo de ano e dia, podendo o autor lograr êxito com a demonstração de sua titularidade.
Nestas circunstâncias poderá obter a tutela antecipada do art. 273, do Código de Processo Civil, sendo
da essência da dita ação petitória o rito ordinário. Aqui não se verifica qualquer burla ao sistema, pois a
pretensão do autor se assenta em remédio jurídico ligado à violação de direito de propriedade. Ao
contrário da ação possessória, a reivindicatória tramita com procedimento comum, sem previsão legal
específica para a concessão de tutela antecipatória”.
32
Devo esclarecer que centrarei atenção na decisão da liminar, pois em virtude do caráter efêmero da
greve, o interesse processual do autor geralmente se exaure antes da decisão definitiva de mérito.
27
Numa visão mais conservadora, meramente patrimonialista, poder-se-ia dizer
que bastaria a notícia da possibilidade de realização de greve, para que, uma vez
ajuizado o interdito proibitório33, a medida liminar inibitória fosse concedida ao autor,
com a incontinente expedição de mandado proibitório, adensado pela cominação de
pena pecuniária em caso de desrespeito ao preceito mandamental.
33
Esclarece Humberto Theodoro Júnior (op. cit., p. 148) que “a estrutura do interdito proibitório é de uma
ação cominatória, para exigir do demandado uma prestação de fazer negativa, isto é, abster-se da
moléstia à posse do autor, sob pena de incorrer em multa pecuniária”.
28
violência iminente, portanto, não configura o justo receio, de que fala o artigo 932 do
Código de Processo Civil”34.
Nesse sentido, são lapidares as palavras do Juiz Nicanor Fávero Filho, titular da
7ª Vara do Trabalho de Cuiabá – MT, manifestando-se em caso concreto submetido ao
seu poder jurisdicional, no qual uma instituição bancária pugnava pela concessão de
liminar em ação possessória:
29
naqueles casos em que reste claro ter sido a sua realização decidida com grande
antecedência, muito tempo antes da data-base, quando sequer se cogitava da abertura
do processo de negociação coletiva.
36
É evidente que todas as greves são inegavelmente dotadas de contundente caráter político.
Procurando, todavia, explicar o uso da expressão “caráter político” no corpo da ementa transcrita, trago a
lição de Marilena Chaui, in Convite à Filosofia, 13a ed., São Paulo: Editora Ática, 2005, p.p. 347 e 348:
“Em certos casos, é compreensível que a expressão greve política pareça uma acusação. Quando, por
exemplo, se trata de trabalhadores de uma fábrica de automóveis que, em nome de melhores salários,
entram em greve contra a direção da empresa, considera-se que a greve é como tem de ser, ou seja,
simplesmente econômica. Ao criticá-la como greve política está-se querendo dizer que os grevistas, sob
a aparência de uma reivindicação salarial, estariam defendendo interesses particulares escusos e
ilegítimos, ou buscando, dissimuladamente, vantagens e poderes para alguns sindicalistas. A palavra
política é, assim, empregada para dar um sentido pejorativo à greve. Há casos, porém, em que a
expressão greve política, usada como crítica ou acusação, é surpreendentemente descabida.
Suponhamos, por exemplo, que os trabalhadores de um país façam uma greve geral contra o plano
econômico do governo. Estão, portanto, recusando uma política econômica e, nesse caso, a greve é e só
pode ser política. Por que, então, acusar uma greve por ser o que ela é? O motivo é simples: para o
senso comum social, dizer de alguma coisa que ela é política é fazer uma acusação. A crítica só em
aparência está dirigida contra a greve, pois, realmente, está voltada contra a política, imaginada como
algo maléfico.”
30
Aqui poderia parecer, mais uma vez em olhar padronizado e nada crítico, que
para a posse merecer a tutela jurisdicional, bastaria ao interessado comprovar em juízo
ser ela justa - como tal entendia aquela que não é violenta, clandestina ou precária
(artigo 1.200 do CC) - bem como a turbação na ação de manutenção, ou o esbulho na
ação de reintegração (artigo 926 do CPC).
Basta remoer que o artigo 1.200 do Código Civil clama por interpretação
conforme a Constituição, a fim de se entender que somente será justa a posse que,
além de não ser violenta, clandestina ou precária, cumprir fielmente a função social a
que está destinada, situação que conduz a doutrina a prenunciar, sem temor, que nem
mesmo o proprietário merecerá a tutela estatal possessória, quando se abstiver de
emprestar destinação social ao seu empreendimento.
31
Com efeito, na medida em que, nos termos do artigo 3º da Lei 7.783-89, a
deflagração do movimento paredista sempre estará envolta no contexto de recusa dos
empregadores a iniciar, continuar ou retomar a negociação coletiva, ou seja, no cenário
em que, pelo menos transitoriamente, o empreendimento não estará cumprindo
plenamente com a sua função social, parece-me insofismável a conclusão de que
mesmo que a greve venha assumir a forma de ocupação, não haverá como se
reconhecer a proteção possessória ao proprietário, na medida em que a sua posse não
poderá, naquele instante, ser classificada como justa.
É certo que o vaticínio acima poderia ser infirmado sob a alegação de que, uma
vez ocupada a fábrica, restaria consumada, nos termos da conjunção dos artigos 14,
caput e 6º, §§ 1o e 3º, ambos da Lei 7.783-89, a figura jurídica do abuso do direito de
greve, haja vista que no curso do movimento paredista os meios adotados por
empregados e empregadores não podem violar ou constranger os direitos e garantias
fundamentais de outrem, sendo ainda vedado que as manifestações e atos de
persuasão utilizados pelos grevistas impeçam o acesso ao trabalho ou causem ameaça
ou dano à propriedade, tudo isso conspirando a favor da conclusão de que a
desocupação haveria de ser imediatamente ordenada pelo magistrado.
32
Para tanto colho as palavras de Mauro de Azevedo Menezes:
37
Constituição e Reforma Trabalhista no Brasil: Interpretação na Perspectiva dos Direitos Fundamentais,
1ª ed., São Paulo: LTr, 2004, p.p. 152, 154 e 155.
33
Esquadrinhada de tal modo a discussão, é de se ver, logo de início, que o
prefalado § 1º do artigo 6º da Lei 7.783-89 dirige não só aos empregados, mas também
aos empregadores, a obrigação de não violar ou constranger os direitos fundamentais
de outrem.
Com efeito, se por um lado é certo que os empregados a princípio não poderiam
colocar em xeque a posse do estabelecimento, também é correto dizer que os
empregadores não poderiam dilacerar o direito inalienável dos empregados à
negociação coletiva38.
De outro viés, o § 3º do artigo 6º da Lei 7.783-89, que diz na sua primeira parte
que as manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão
38
Nunca é demais repisar que a greve somente se justifica nos contextos de recusa dos empregadores à
negociação coletiva (artigo 3º da Lei 7.783-89).
39
O professor de direito constitucional e Procurador do Trabalho, Manoel Jorge e Silva Neto, in Direitos
Fundamentais e o Contrato de trabalho, 1ª ed., São Paulo: LTr, 2005, p. 21, ensina que “a dignidade da
pessoa humana é o fim supremo de todo o direito; logo, expande seus efeitos nos mais distintos
domínios normativos para fundamentar toda e qualquer interpretação. É o fundamento maior do Estado
brasileiro”.
34
impedir o acesso ao trabalho, há de ser analisado tanto sob a ótica do trabalhador que
não deseja ser privado do direito de trabalhar, bem como de terceiros, já que não raro a
sociedade, difusamente considerada, também experimenta os efeitos colaterais das
paralisações.
Por óbvio, é absolutamente legítimo que aquele que não deseja a suspensão dos
trabalhos participe da assembléia40 em que a classe deliberará sobre a paralisação,
para nela defender o seu ponto de vista, votando, ao final, contra o movimento.
40
Diz o artigo 4º da Lei 7.783-89: Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu
estatuto, a assembléia geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação
coletiva da prestação de serviços.
41
Estatui o § 1º do artigo 4º da Lei 7.783-89: O estatuto da entidade sindical deverá prever as
formalidades de convocação e o quorum para deliberação, tanto da deflagração quanto da cessação da
greve.
35
A propósito da perniciosa figura do “fura-greve”, vale trazer à baila, mais uma
vez, as palavras sempre lúcidas do jurista Márcio Túlio Viana:
Como se não bastasse tudo o que já foi dito, o fato é que o artigo 1.210, § 1º do
Código Civil brasileiro garante ao possuidor turbado ou esbulhado o direito de manter-
se ou restituir-se pela própria força, contanto que o faça logo e desde que os atos de
defesa ou desforço não superem o indispensável à manutenção ou restituição da
posse.
Diante de todas essas ponderações, não posso concluir de outro modo, a não
ser para entender que há flagrante inconstitucionalidade, por ponderação inadequada
42
Op. cit., p. 100.
36
dos interesses conflitantes, na parte do artigo 6o, § 3º da lei 7.783-89 em que se proíbe
as manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas de impedirem o acesso
ao trabalho.
Mas a discussão não termina por aí, devendo ser enfrentada, ainda, pela ótica
dos terceiros. Aqui o debate se mostra muito mais duro, vez que no caso defrontam-se
dois interesses ‘coletivos’ fundamentais, um dos trabalhadores e outro da sociedade.
Creio, todavia, que também estes (os terceiros) deverão sofrer algum desgaste para
que o movimento paredista logre êxito.
Como é por demais sabido, nos últimos anos os bancos promoveram no mundo,
balizados pelo intento de maximização dos seus lucros, uma avassaladora onda de
43
Direito Constitucional do Trabalho: Sua Eficácia e o Impacto do Modelo Neoliberal, 1ª ed., São Paulo:
LTr, 1998, p. 102.
37
automatização das suas agências. Tal movimento traz consigo um componente
altamente perverso e ainda pouco estudado.
Justamente por isso é que as greves cada vez mais importam menos para os
banqueiros, pois ainda que seus trabalhadores cruzem os braços, muito da máquina
bancária continuará em movimento, tudo isso sem contar as movimentações passíveis
de serem realizadas pela internet.
38
direitos fundamentais são dotados de eficácia vertical (art. 5º, § 1º, CR), razão pela qual
são de aplicação imediata.
Como se não bastasse, é necessário se ver que o artigo 7º, XI, da Lei Maior,
garante ainda aos empregados, excepcionalmente, a participação na gestão da
empresa. Também aí, portanto, a greve de ocupação estaria constitucionalmente
respaldada, tratando-se esta de uma conjuntura excepcionalíssima que justificaria que
a gestão da empresa permanecesse transitoriamente nas mãos dos trabalhadores,
podendo eles, por imperativo lógico, até mesmo limitar, em proporção razoável, o
acesso de correntistas às agências bancárias paralisadas.
44
Elementos de Direito Constitucional, 16a ed., São Paulo: Malheiros, 2000, p. 25.
39
Por fim, algumas palavras devem ser ainda proferidas em relação à parte do § 3o,
do artigo 6º, da Lei 7.783-89, na qual é dito que a greve não poderá causar ameaça ou
dano à propriedade.
De todo o argumentado até aqui, resta tangível que o requisito fundamental para
que a posse seja restituída ao empresário será a comprovação da boa vontade da
empresa em abrir ou retomar a negociação coletiva, pois somente assim convencerá o
magistrado que respeita os direitos fundamentais dos trabalhadores e cumpre
plenamente com a sua função social.
40
dos litigantes, inserir o processo em pauta45 e fomentar a negociação coletiva, de tel
modo abdicando de impor uma decisão autoritária à pendência.
45
A inserção do feito em pauta poderá ser realizada com substrato no artigo 765 da Consolidação das
Leis do Trabalho, que confere ao Juiz do Trabalho ampla liberdade na direção do processo. Demais
disso, o fato é que a inteligência dos artigos 928 e 929 do Código de Processo Civil permite, naqueles
casos em que a liminar não deva ser concedida inaudita altera pars, que o processo seja inserido em
pauta, para realização de audiência de justificação, ocasião em que o magistrado evidentemente poderá
buscar a abertura ou retomada da negociação coletiva.
46
Luiz Melíbio Uiraçaba Machado apud Amilton Bueno de Carvalho, in Magistratura e Direito Alternativo,
5ª ed., Rio de Janeiro: Luam, 1997, p. 104.
47
Os casos a seguir são narrados a partir de uma adaptação livre de texto obtido, na data de 07.11.2007,
no sítio http://www.fabricasocupadas.org.br.
41
No episódio os relatos dão conta que com muita disposição os operários se
organizaram para defender mil postos de trabalho, tendo suportado, durante oito dias,
todo o tipo de pressão e violência policial, como gases e cassetetes, o que só fez
aumentar a solidariedade popular e a organização dos piquetes.
7 – CONCLUSÃO
42
é a garantia de negociação coletiva dos seus direitos laborais. Pode-se dizer, pois, que
o paredismo possui função instrumental.
43
Trabalho de que a sua posse se presta à concretização da função social a que está
constitucionalmente adstrita.
BIBLIOGRAFIA
CARVALHO, Amilton Bueno de. Magistratura e Direito Alternativo, 5ª ed., Niterói: Luam,
1997.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia, 13a ed., São Paulo: Editora Ática, 2005.
DELGADO, Maurício Godinho. Direito Coletivo do Trabalho, 1a ed., São Paulo: LTr,
2001.
FARIAS, Cristiano Chaves de et al. Direitos Reais, 4a ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2007.
GOMES, Orlando et al. Curso de Direito do Trabalho, 14a ed., Rio de Janeiro: Forense,
1995.
MARINONI, Luiz Guilherme. Técnica Processual e Tutela dos Direitos, 1ª ed., São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
MELO, Raimundo Simão de. A Greve no Direito Brasileiro, 1a ed., São Paulo: LTr, 2006.
44
MENEZES, Mauro de Azevedo. Constituição e Reforma Trabalhista no Brasil:
Interpretação na Perspectiva dos Direitos Fundamentais, 1ª ed., São Paulo: LTr, 2004.
SANTOS, Enoque Ribeiro dos. Direitos Humanos na Negociação Coletiva, 1 a ed., São
Paulo: LTr, 2004.
SILVA, Alessandro da. Direitos Humanos: Essência do Direito do Trabalho, 1ª ed., São
Paulo: LTr, 2007.
SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico, Vols. I e II, 3ª ed., Rio de Janeiro: Forense,
1991.
SUSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de Direito do Trabalho, Vol. II, 21ª ed., São
Paulo: LTr, 2004.
_____________________. Direito Constitucional do Trabalho, 2ª ed., Rio de Janeiro:
Renovar, 2001.
TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional, 16a ed., São Paulo: Malheiros,
2000.
VIDOTTI, Tárcio José et al. Direito Coletivo do Trabalho em uma Sociedade Pós-
industrial, 1a ed., São Paulo: LTr, 2003.
45