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Ementário Forense

(Votos que, em matéria criminal, proferiu o Desembargador


Carlos Biasotti, do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo. Veja a íntegra dos votos no Portal do Tribunal de
Justiça: http://www.tj.sp.gov.br).

• Regime Prisional
(1a. Parte)

Voto nº 1276

Agravo em Execução nº 1.126.591/7


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal

– No geral consenso dos penitenciaristas, a progressão de regime é fato de


tal relevância na vida carcerária, que ao preso que já satisfez ao requisito
objetivo — cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior (art. 112 da
Lei de Execução Penal) — somente se haverá denegar se conspirarem
circunstâncias por demais graves e de todo inconciliáveis com a outorga
do benefício.
– Aquele a quem, na puerícia e na juventude, faltaram os fortes laços de
família bem constituída, capazes de defendê-lo das quedas e transvios,
não é muito que, pela vida fora, ostente na alma alguns estigmas
indeléveis, pois o costume de casa é o que vai à praça.
–“Os homens formam sua personalidade dentro da sociedade em que
vivem” (Ingenieros; in Revista Brasileira de Criminologia e Direito
Penal, 1954, nº 1, p. 111).
–“Deve o rigor do castigo temperar-se sempre com a moderação da
clemência” (Manuel Bernardes, Nova Floresta, 1728, t. V, p. 466).
Voto nº 9613

Agravo em Execução nº 1.126.997-3/0-00


Art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal

– Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal


e mérito do condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar
de boa sombra a pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os
atos de seu ministério.
– Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens
tem jus à proteção da Lei!
– O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação
não é dogma científico. Para honra da Humanidade, não são raros os
casos em que, incentivados por medidas penais salutares, condenados
abjuraram a vida de crimes, redimiram-se de suas faltas e retornaram à
comunhão social, tornando-se cidadãos prestantes.
– Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao
condenado em condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a
reintegração social, porque seria matar-lhe a esperança, “que é o último
remédio que deixou a Natureza a todos os males” (Vieira, Sermões,
1682, t. II, p. 87).

Voto nº 10.482

Agravo em Execução nº 993.08.029667-7


Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

– A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da


Lei de Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame
criminológico, “quando o entender indispensável o juiz da execução
para a decisão sobre progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete,
Execução Penal, 11a. ed., p. 59).
– Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as
razões do convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom
direito (art. 93, nº IX, da Const. Fed.).
– A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de
Execução Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão
de regime, o qual pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do
sentenciado e a natureza do crime que cometeu o aconselharem. Nisto,
como no mais, obrará sempre o Magistrado com a prudência e o arbítrio
do bom varão.
– Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução
Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime
anterior e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão
ao regime semiaberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade
anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
– Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo
em que assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o
regime prisional fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de
tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 8.072/90), crime da classe
dos hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o
condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº
8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
– Decisões contraditórias no seio da Justiça operam sempre como fator
de insegurança dos negócios jurídicos, em detrimento grave de seu
nome e crédito.

Voto nº 10.592

Agravo em Execução nº 993.08.044220-7


Arts. 105 e 112 da Lei de Execução Penal

– Não há que opor à decisão que, embora pendente recurso do Ministério


Público, determina a expedição de guia provisória de recolhimento a
favor de réu preso, condenado a cumprir pena sob o regime prisional
fechado, pois mesmo que provido o recurso e exasperada a pena
corporal, já lhe está fixado o regime da última severidade; inexistirá,
portanto, o “periculum in mora”, o risco de fuga do sentenciado à
execução da pena ou algum prejuízo para a sociedade.
– Também os que violaram a ordem jurídica e social têm seus direitos;
ainda o mais vil dos homens não decai nunca da proteção da Lei. A
presteza com que encaminha o réu para a Vara das Execuções Criminais
serve de timbre de honra do Juízo da condenação, não de labéu (art. 105
da Lei de Execução Penal).
– Fere os princípios da Justiça e repugna à consciência jurídica submeter
o réu condenado a efeitos mais graves do que os estipulados no título
executório, mesmo no caso de ter sido interposto recurso pela
Acusação.
–“Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a
aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do
trânsito em julgado da sentença condenatória” (Súmula nº 716 do
STF).

Voto nº 10.606

Agravo em Execução nº 990.08.026750-7


Art. 112 da Lei de Execução Penal

– Se o sentenciado atendeu ao requisito objetivo (lapso temporal),


observou sem quebra o código de disciplina do presídio e manifesta o
propósito de emendar as máculas do passado, faz jus à progressão ao
regime semi-aberto, porque esta é a vontade da lei (art. 112 da Lei de
Execução Penal). Somente fato grave, indicativo de personalidade
anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
– O argumento da pena longa não é poderoso a impedir a concessão de
regime semiaberto ao sentenciado, se já cumpriu dela a sexta parte
(necessariamente longa). Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção
do benefício o registro de falta grave (fuga) se, ao depois, revelou, por
largo espaço de tempo, exemplar conduta carcerária e notável dedicação
ao trabalho, sinais inequívocos de sua redenção.
–“A progressão de regime de cumprimento de pena (fechado para o semi-
aberto) passou a ser direito do condenado, bastando que se satisfaça a
dois pressupostos: o primeiro, de caráter objetivo, que depende do
cumprimento de pelo menos 1/6 da pena; o segundo, de caráter
subjetivo, relativo ao seu bom comportamento carcerário, que deve ser
atestado pelo diretor do estabelecimento prisional” (STJ; HC nº
38.602; 5a. T.; rel. Min. Arnaldo Esteves de Lima).
–“A pena-retributiva jamais corrigiu alguém” (Nélson Hungria, Comen-
tários ao Código Penal, 1980, 6a. ed., vol. I, t. I, p. 14).
Voto nº 10.679

Agravo em Execução nº 990.08.037126-6


Arts. 66, nº III, alíneas b e f, e 112 da Lei de Execução Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76; art. 5º da Const. Fed.

–“A progressão de regime de cumprimento de pena (fechado para o semi-


aberto) passou a ser direito do condenado, bastando que se satisfaça a
dois pressupostos: o primeiro, de caráter objetivo, que depende do
cumprimento de pelo menos 1/6 da pena; o segundo, de caráter
subjetivo, relativo ao seu bom comportamento carcerário, que deve ser
atestado pelo diretor do estabelecimento prisional” (STJ; HC nº
38.602; 5a. Turma; rel. Min. Arnaldo Esteves de Lima).
– Salvo se lhe pende processo de expulsão do País, é possível deferir a
condenado estrangeiro o benefício da progressão no regime prisional,
desde que atenda aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal.
Conclusão diversa implicava tratamento discriminatório entre o
condenado alienígena e o nacional, balda gravíssima que a Constituição
da República solenemente repele (art. 5º).
– Sob o regime semiaberto, o sentenciado estrangeiro estará sujeito, por
força, a restrições de vária ordem: não terá direito a “saída temporária”
nem realizará “trabalhos extramuros”, por não frustrar o cumprimento
de eventual decreto de expulsão.
– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros
incidentes de execução da pena são da competência originária do
Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de
Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o
reexame do ponto ali decidido.

Voto nº 10.979

Agravo em Execução nº 993.08.035930-0


Art. 44, § 4º, do Cód. Penal;
arts. 181, § 1º, alínea a, e 197 da Lei de Execução Penal;
art. 306 do Código de Trânsito

–“A imposição de serviços à comunidade como condição da pena em


regime aberto implica inaceitável bis in idem, pois a restrição de
direitos possui caráter substitutivo da pena privativa de liberdade, não
podendo ser cumulada com esta, como condição especial daquele
regime” (Rev. Tribs., vol. 753, p. 730).
–“Conversão de pena restritiva de direito em privativa de liberdade,
porque o sentenciado não foi localizado para dar cumprimento ––
Regime aberto, sem fixação de condição especial consistente em
prestação de serviços à comunidade –– Possibilidade –– O
descumprimento injustificado da pena restritiva de direitos acarreta,
obrigatoriamente, a conversão em pena privativa de liberdade ––
Inteligência dos arts. 44, § 4º, do Código Penal e 181, § 1º, alínea a, da
Lei de Execução Penal –– Decisão mantida –– Recurso improvido”
(TJSP; Ag. Exec. nº 990.08.056459-5, 16a. Câm. Criminal; rel. Newton
Neves).
– Se o sentenciado cumpriu inteiramente sua pena, carece de legítimo
interesse o pedido de reforma da decisão. Em consequência, agravo em
execução interposto com essa finalidade está prejudicado, visto perdeu o
objeto (art. 197 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 2215

Apelação Criminal nº 1.185.463/7


Art. 180, “caput”, e art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal

– A nota de reincidência, nas mais das vezes aconselha a estipulação de


regime severo ao infrator, havendo-se consideração à sua periculosi-
dade, pois aquele que, infenso ao rigor da lei, se obstina a transgredi-la,
esse há mister de terapia penal mais intensa e eficaz.
– Mas a isolada reincidência não conduz, por força, ao regime fechado. A
lei, o que veda expressamente ao condenado reincidente é o regime
aberto, no caso de superior a 4 anos a pena (art. 33, § 2º, alínea b, do
Cód. Penal); se inferior, nada obsta se lhe conceda o regime interme-
diário (unicamente o aberto lhe é defeso).

Voto nº 5108

Agravo em Execução nº 1.379.415/2


Art. 118, nº I, da Lei de Execução Penal

– É de boa política criminal restaurar o regime aberto (prisão-albergue


domiciliar) ao sentenciado que o teve revogado porque se ausentara de
casa no horário proibido, mas por motivo imperioso e urgente, como ir à
farmácia comprar remédio para a mulher acometida de mal súbito. A
regressão de regime, no caso, importaria punição demasiado severa e
drástica, em prejuízo não somente do sentenciado, que também das
pessoas de sua obrigação (mulher e filhos, estes de tenra idade).

Voto nº 1329

Agravo em Execução nº 1.141.355/4


Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal; art. 112 da Lei de Execução Penal

– A objeção de que a pena, por longa, desaconselha a progressão no


regime prisional não tem fomento de direito: à uma, porque a lei o não
prevê; à outra, porque dessa longa pena foi precisamente que o
sentenciado cumpriu a sexta parte (art. 112 da Lei de Execução Penal).
– O asserto de que, na fase de execução, prevalece o princípio “in dubio
pro societate” carece de bom fundamento, já que nenhum nome de
autoridade se conhece que o apadrinhe. O contrário, aliás, se tem escrito
dos sentenciados: cumpre se mostre a Justiça menos implacável e mais
tolerante com aquele que, já condenado e, pois, perdida sua liberdade
(bem supremo, sem o qual a própria vida não merece os cuidados que lhe
reservamos), tornara-se, na frase de Carnelutti, “o mais pobre de todos
os pobres, o encarcerado” (cf. Execução Penal, Visão do TACRIM-SP,
1998, pp. 107-108).

Voto nº 1364

Agravo em Execução nº 1.143.553/7


Art. 112 da Lei de Execução Penal

– Ainda que opinativo (como toda a manifestação do pensamento), o


parecer da Comissão Técnica de Classificação (art. 7º da Lei de
Execução Penal) é emitido por profissionais de saber técnico especia-
lizado; não há, pois, rejeitá-lo imotivadamente. Dar tento da lição do
anexim: mais sabe o ignorante no seu, que o sábio no alheio.
– É imolar na ara do dogmatismo pretender que, na fase da execução
criminal, vigora o princípio do “in dubio pro societate”. Paráfrase do
aforismo “in dubio pro reo” (que exorna os brasões da Justiça Criminal),
o refrão “in dubio pro societate” pertence para os processos da
competência do Júri, onde as dúvidas sobre a admissibilidade da
acusação (“judicium accusationis”) se resolvem a favor da sociedade
(“pro societate”), não para o Juízo das Execuções, ao qual compete
examinar se a pretensão do sentenciado se concilia, ou não, com o Direito
Positivo.
–“A justiça penal não termina com o trânsito em julgado da sentença
condenatória, mas se realiza, principalmente, na execução. É o poder de
decidir o conflito entre o direito público subjetivo de punir (pretensão
punitiva ou executória) e os direitos subjetivos concernentes à liberdade
do cidadão” (Julio Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 5a. ed., p. 42).

Voto nº 9618

“Habeas Corpus” nº 1.142.670-3/6-00


Art. 112 da Lei de Execução Penal

– Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência


do condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado,
enquanto aguarda vaga no semiaberto. Ditada por força maior ou razão de
ordem superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão
humana: todo o infrator sabe que, delinquindo, sua liberdade poderá ser
coartada em grau menor ou maior.
– Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma
de iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros
sentenciados que há mais tempo aguardam a efetivação da transferência
para o estágio intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que
tem o direito de exigir do infrator a reparação, à guisa de pena retributiva,
do dano que lhe causou com o seu crime.
– Ainda o mais vil dos homens não decai nunca da proteção da lei, pelo que
deve o Juiz olhar sempre não se dilate além da marca o tempo de privação
da liberdade daquele que, em tese, já poderia ter passado a estágio mais
brando de cumprimento de pena (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 613

Apelação Criminal nº 1.063.637/7

Art. 33, § 1º, letra c do Cód. Penal;


art. 171 do Cód. Penal
–“Quando grosseiramente inverossímil, a defesa do réu é mais um indício de
sua culpabilidade” (Nélson Hungria, in Jurisprudência, vol. 13, p. 236).
– Infringe o preceito do art. 171 do Cód. Penal aquele que, para obter
vantagem ilícita, vende como próprio imóvel alheio, mediante o ardil da
elaboração de contrato ideologicamente falso, induzindo assim vítimas em
erro e causando-lhes prejuízo.
– Em circunstâncias especiais, que saberá identificar, pode o Juiz deferir o
benefício do regime aberto a reincidente que não revele acentuado grau de
periculosidade como, “verbi gratia”, o condenado por estelionato. É que a
prisão, muita vez, atinge “inocentes, como são a esposa e filhos do
criminoso, privados, sem culpa, de subsistência e do convívio do chefe de
família” (Magarinos Torres; apud José Luís Sales, Da Suspensão
Condicional da Penal, 1945, p. 13).

Voto nº 840

Apelação Criminal nº 1.081.289/1


Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal

– É suficiente para justificar a condenação pela prática de roubo a


confissão do réu em Juízo, pois que reputada a mais importante das
provas (“regina probationum”).
– Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos o benefício do regime semiaberto; o
Código Penal o que veda às expressas é que se conceda ele ao réu
condenado a pena superior a 8 anos (não importando se primário), ou ao
reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos (cf. art. 33, § 2º, alínea b,
do Cód. Penal).
– Cárcere: “meia sepultura” (Vieira, Sermões, 1959, t. XV, p. 276).
–“A pena-retributiva jamais corrigiu alguém” (Nélson Hungria, Comen-
tários ao Código Penal, 1980, 6a. ed., vol. I, t. I, p. 14).

Voto nº 896

Apelação Criminal nº 1.091.735/4


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal
– Isto de ter sido feita na Polícia não desmerece a confissão: o ponto está
em que encerre força de convencimento.
– As declarações da vítima de roubo (que se presume pessoa honesta)
assumem o vértice da prova. Deveras, que melhor e mais forte
argumento, com que se autorize alguém a discorrer de um fato, do que
lhe ter sido o protagonista?!
– Testemunha — ou uma presença no fato (consoante velha definição) —
também o policial pode ser. O valor do que disser, caberá ao Juiz aferi-lo
segundo o rigor da lógica jurídica e as regras da prudência humana.
– O regime prisional fechado, no início, é o que melhor responde à
natureza do roubo, crime gravíssimo, e à personalidade de quem o
pratica, infensa à disciplina social e orientada para a delinquência
violenta.

Voto nº 946

Agravo em Execução nº 1.102.443/4


Art. 33, § 1º, alínea b, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal

– Pode o Juiz, na sistemática do Código de Processo Penal (art. 182),


rejeitar o laudo, pois que lhe não fica adstrito; para tanto, porém, é
mister expenda razões que se avantajem às que deram à conclusão de seu
laudo os peritos, visto como, em ponto que reclame saber técnico
especializado, eles são os que falam “ex cathedra”.
– Exceto se infenso à razão lógica, ou parto de corrupção da inteligência,
não se deve impugnar laudo favorável à pretensão do sentenciado, pois
se presume assente em base científica.
– A pena de longa duração não obsta a promoção a regime prisional, se o
sentenciado satisfez aos requisitos legais, i.e., cumpriu “ao menos 1/6 da
pena no regime anterior e seu mérito indicar a progressão” (art. 112 da
Lei de Execução Penal).
– Ao Juiz “decerto que lhe não cabe julgar a lei, deixando de aplicá-la
por amor de sua própria opinião pessoal” (Min. Orosimbo Nonato, in
Rev. Forense, vol. 87, p. 263).
– Os penitenciaristas põem timbre em que a execução da pena se processe
em ambiente que reproduza, quanto possível, “as condições da vida
livre, para evitar as deformações que o regime recluso faz sofrer à
personalidade do homem” (cf. Aníbal Bruno, Direito Penal, 2a. ed., t.
III, p. 50).
– Ainda que graves seus crimes, “tem o acusado o direito à esperança de
um dia voltar ao convívio social e de sua família” (João Baptista
Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p.
166).

Voto nº 984

Revisão Criminal nº 315.842/1


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal

– É de cunho acidental a omissão da sentença condenatória quanto ao


regime prisional do réu; após o trânsito em julgado, pode o Juízo
competente para a execução penal supri-la, deferindo ao sentenciado o
regime mais brando, “desde que compatível com o disposto no art. 33, §
2º, do Cód. Penal” (cf. Rev. Tribs., vol. 617, p. 359; apud Julio Fabbrini
Mirabete, Execução Penal, 5a. ed., p. 278).
– A confissão policial, máxime se feita em presença de curador, somente a
deverá desconsiderar o Juiz se comprovado ter sido obra do arbítrio e da
violência.
– Não há deferir pedido de revisão criminal, sem a prova cabal e plena de
que a decisão condenatória fez rosto à evidência dos autos.

Voto nº 1105

Apelação Criminal nº 1.115.453/6


Art. 157, “caput”, do Cód. Penal

– Bem hajam os que, no terrível e grave ofício de dispensar justiça, trazem


sempre diante dos olhos aquela alta sentença de Salomão, o mais sábio
dos homens: “Noli esse multum justum”, que em linguagem significa:
não sejas por demasiado justo (Ecl 7,17). E aqueloutra do imortal
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10). Em vulgar:
a suma justiça converte-se em suma iniquidade.
– Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos o benefício do regime semiaberto;
o Código Penal, o que veda às expressas é que se conceda ele ao réu
condenado a pena superior a 8 anos (não importando se primário), ou ao
reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos.
–“A pena-retributiva jamais corrigiu alguém” (Nélson Hungria, Comen-
tários ao Código Penal, 1980, 6a. ed., vol. I, t. I, p. 14).
– O cárcere: o pior lugar do mundo, antes do cemitério!

Voto nº 1218

Apelação Criminal nº 1.121.659/1


Art. 157, “caput”, do Cód. Penal;
art. 33, § 2º, alínea c, do Cód. Penal

– Em linha de princípio, é o regime prisional fechado o que mais convém


à personalidade do autor de roubo, de seu natural violento e refratário à
disciplina social. Mas, desde que primário e de bons antecedentes, não é
defeso ao Juiz, em obséquio aos graves e notórios malefícios do regime
fechado, deferir-lhe o benefício do aberto (cf. art. 33, § 2º, alínea c, do
Cód. Penal).
– As prisões “não ressocializam ninguém, ao contrário, corrompem,
aviltam, degradam, embrutecem” (Evandro Lins e Silva, Arca de
Guardados, 1995, p. 62).
–“Não seria justo obstar o caminho do acusado, dificultar sua vida neste
mundo, que já é tão duro para os jovens e sobretudo para os jovens
pobres” (João Baptista Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no
Direito Criminal, 2a. ed., p. 133).

Voto nº 1238

Apelação Criminal nº 1.115.093/2


Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;
art. 33, § 2º, alíneas b e c, do Cód. Penal

– Ainda que feita na Polícia, tem alto valor probante a confissão do réu,
salvo se obra de coação, ou em contradição manifesta com os mais
elementos do processo.
– Repugna fixar ao autor de furto, primário e menor de 21 anos, o regime
prisional fechado; as mesmas razões que lhe justificam a fixação da
pena-base no mínimo legal, em obséquio ao preceito do art. 59 do Cód.
Penal, autorizam-lhe o cumprimento da pena sob regime menos gravoso:
aberto ou semiaberto (art. 33, § 2º, alíneas b e c, do Cód. Penal).

Voto nº 1269

Agravo em Execução nº 1.117.903/0


Art. 155, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal

– Pequenas baldas da individualidade psíquica devem ser relevadas,


quando o sentenciado apresenta um complexo de valores que lhe
indiquem sincero esforço de emenda.
– A pretensão do sentenciado de convolar para regime prisional menos
rigoroso é tão legítima e razoável, que apenas em casos excepcionais se
lhe há de indeferir (art. 112 da Lei de Execução Penal). O tempo do
encarcerado conta-se por segundos!

Voto nº 1318

“Habeas Corpus” nº 334.900/7


Art. 112 da Lei de Execução Penal

– O mero decurso do trato de tempo de 1/6 (art. 112 da Lei de Execução


Penal) não assegura ao condenado o direito à progressão ao regime
prisional menos rigoroso, se lhe falecer o requisito subjetivo, isto é, o
mérito.
– Não é o “habeas corpus” via adequada para obter o apressamento de
decisões na esfera do Juízo da execução, pois se presume que o
Magistrado, sujeito à escrupulosa observância dos prazos legais, renda
sua jurisdição apenas esteja o processo em termos e bem instruído.
Voto nº 6055

Agravo em Execução nº 441.526-3/8-00


Art. 112 da Lei de Execução Penal

– Ainda que opinativo (como toda a manifestação do pensamento), o


parecer da Comissão Técnica de Classificação (art. 7º da Lei de
Execução Penal) é emitido por profissionais de saber técnico
especializado; não há, pois, rejeitá-lo imotivadamente. Dar tento da lição
do anexim: “mais sabe o ignorante no seu, que o sábio no alheio”.
– É imolar na ara do dogmatismo pretender que, na fase da execução
criminal, vigora o princípio do “in dubio pro societate”. Paráfrase do
aforismo “in dubio pro reo” (que exorna os brasões da Justiça Criminal),
o refrão “in dubio pro societate” pertence para os processos da
competência do Júri, onde as dúvidas sobre a admissibilidade da
acusação (“judicium accusationis”) se resolvem a favor da sociedade
(“pro societate”), não para o Juízo das Execuções, ao qual compete
examinar se a pretensão do sentenciado se concilia, ou não, com o
Direito Positivo.
–“A justiça penal não termina com o trânsito em julgado da sentença
condenatória, mas se realiza, principalmente, na execução. É o poder de
decidir o conflito entre o direito público subjetivo de punir (pretensão
punitiva ou executória) e os direitos subjetivos concernentes à liberdade
do cidadão” (Julio Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed., p.
32).

Voto nº 9502

Agravo em Execução nº 1.129.108-3/7-00


Art. 112 da Lei de Execução Penal

–“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido


para a concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ;
HC nº 12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p.
171).
– Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à
outorga de benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
Voto nº 10.324

Apelação Criminal nº 993.08.036938-0


Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 33,§ 2º, alínea b, do Cód.Penal

– A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita


espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.
– A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em
harmonia com os mais elementos dos autos justifica a procedência da
pretensão punitiva e a condenação do réu.
– Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos o benefício do regime semiaberto;
o Código Penal, o que veda às expressas é que se conceda ele ao réu
condenado a pena superior a 8 anos (não importando se primário), ou ao
reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do
Cód. Penal).
–“A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não
constitui motivação idônea para imposição de regime mais severo do
que o permitido segundo a pena aplicada” (Súmula nº 718, do STF).

Voto nº 10.330

Apelação Criminal nº 993.07.080732-6


Arts. 33, § 2º, alínea b , do Cód. Penal;
art. 5º da Lei de Introdução ao Cód. Civil

– Não repugna à consciência jurídica nem quebranta a vontade da lei a


decisão que defere a réu (mesmo reincidente) o regime aberto, se
condenado a pena de curta duração. Casado e chefe de família, os
efeitos de sua prisão alcançariam também pessoas inocentes (a mulher e
os filhos); donde o prescrever o direito positivo que, ao aplicar a lei,
deve olhar o Juiz o bem da sociedade (art. 5º da Lei de Introdução ao
Cód. Civil).
– A prisão, conforme o alto pensamento de Magarinos Torres, “a prisão
é um contrassenso que não regenera ninguém, mas só revolta, por
contrariar flagrantemente a natureza humana, deturpando funções e,
sobretudo, atingindo inocentes, como são a esposa e filhos do
criminoso, privados, sem culpa, de subsistência e do convívio do chefe
de família” (apud José Luís Sales, Da Suspensão Condicional da Pena,
1945, p. 13).

Voto nº 10.334

Agravo em Execução nº 993.07.070971-5


Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 112 da Lei de Execução Penal; art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de


23.1.06, a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei
dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve
de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por
crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de
28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior
mais severa não pode retroagir.
– A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos
melhores intérpretes, “é autoaplicável, dispensando a atuação do
Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)”
(René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).
– Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores,
os condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº
11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do art. 112 da
Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom
comportamento carcerário.
–“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional
dos crimes hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em
vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é aquele previsto no
art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. T.; relª Minª
Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264).
–“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao
direito que é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
–“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que
novos argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto
do veredictum anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a
sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e
Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).
Voto nº 10.382

Apelação Criminal nº 993.08.032216-3


Arts. 155, § 4º, nº II, e 33, § 2º, alínea b , do Cód. Penal;
art. 5º da Lei de Introdução ao Cód. Civil

– Está acima de crítica (e merece confirmada) a sentença que condena, por


furto mediante escalada, o sujeito que penetra em armazém rural pelo
telhado e subtrai coisa alheia móvel (art. 155, § 4º, nº II, do Cód.
Penal).
–“Álibi: quem alega deve prová-lo, sob pena de confissão” (Damásio E.
de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 163).
–“Escalada é o acesso a um lugar por meio anormal de uso, como v.g.,
entrar pelo telhado, saltar muro, etc.” (Damásio E. de Jesus, Código
Penal Anotado, 18a. ed., p. 573).
– Não repugna à consciência jurídica nem quebranta a vontade da lei a
decisão que defere a réu (mesmo reincidente) o regime aberto, se
condenado a pena de curta duração. Casado e chefe de família, os efeitos
de sua prisão alcançariam também pessoas inocentes (a mulher e os
filhos); donde o prescrever o direito positivo que, ao aplicar a lei, deve
olhar o Juiz o bem da sociedade (art. 5º da Lei de Introdução ao Cód.
Civil).
– A prisão, conforme o alto pensamento de Magarinos Torres, “a prisão
é um contrassenso que não regenera ninguém, mas só revolta, por
contrariar flagrantemente a natureza humana, deturpando funções e,
sobretudo, atingindo inocentes, como são a esposa e filhos do
criminoso, privados, sem culpa, de subsistência e do convívio do chefe
de família” (apud José Luís Sales, Da Suspensão Condicional da Pena,
1945, p. 13).

Voto nº 10.403

Agravo em Execução nº 993.08.036264-5


Arts. 66, nº III, alíneas b e f, e 112 da Lei de Execução Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76; art. 5º da Const. Fed.

– “A progressão de regime de cumprimento de pena (fechado para o semi-


aberto) passou a ser direito do condenado, bastando que se satisfaça a
dois pressupostos: o primeiro, de caráter objetivo, que depende do
cumprimento de pelo menos 1/6 da pena; o segundo, de caráter
subjetivo, relativo ao seu bom comportamento carcerário, que deve ser
atestado pelo diretor do estabelecimento prisional” (STJ; HC nº 38.602;
5a. T.; rel. Min. Arnaldo Esteves de Lima).
– Salvo se lhe pende processo de expulsão do País, é possível deferir a
condenado estrangeiro o benefício da progressão no regime prisional,
desde que atenda aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal.
Conclusão diversa implicava tratamento discriminatório entre o
condenado alienígena e o nacional, balda gravíssima que a Constituição
da República solenemente repele (art. 5º).
– Sob o regime semiaberto, o sentenciado estrangeiro estará sujeito, por
força, a restrições de vária ordem: não terá direito a “saída temporária”
nem realizará “trabalhos extramuros”, por não frustrar o cumprimento
de eventual decreto de expulsão.
– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros
incidentes de execução da pena são da competência originária do
Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de
Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o
reexame do ponto ali decidido.

Voto nº 10.444

Agravo em Execução nº 993.08.028831-3


Arts. 213, 224, 225, § 1º, nº II, e 226, nº II, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal

– Se o sentenciado satisfez ao requisito objetivo (lapso temporal),


observou sem quebra o código de disciplina do presídio e submeteu-se à
laborterapia, tem jus à progressão ao regime semiaberto, porque esta é
a vontade da lei (art. 112 da Lei de Execução Penal). Somente fato
grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais
brando.
– O argumento da pena longa não é poderoso a impedir a concessão do
benefício do regime semiaberto ao sentenciado, se já cumpriu dela a
metade (necessariamente longa).
Voto nº 10.657

Apelação Criminal nº 993.08.037906-8


Art. 155, § 4º, nº I, e 33, § 2º, alínea c , do Cód. Penal

– Desde que acorde com os mais elementos de prova dos autos, a


confissão policial constitui prova idônea de autoria delituosa e justifica
edição de decreto condenatório.
– As provas do processo em que o réu indica, sem hesitar, o receptador
das coisas que furtara, apreendidas afinal pela Polícia, pertencem ao
número das que Beccaria denominou perfeitas: “demonstram de
maneira positiva, que é impossível ser o acusado inocente” (Dos
Delitos e das Penas, § VII; trad. Torrieri Guimarães).
– Inexiste repugnância lógica entre o direito positivo e a concessão do
regime semiaberto a réu condenado a pena inferior a 4 anos (cf. art. 33,
§ 2º, alínea c, do Cód. Penal).

Voto nº 1401

Revisão Criminal nº 337.190/6


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal

– Não repugna à Lei conceda o Juiz regime semiaberto ao condenado


não-reincidente, cuja pena não ultrapasse 8 anos (cf. art. 33, § 2º,
alínea b, do Cód. Penal); somente lhe é defeso concedê-lo a réu
condenado a pena superior a 8 anos (ainda que primário), ou ao
reincidente, cuja pena exceda a 4 anos.
– Tal benefício não desacredita o Judiciário nem encontra o sentimento
de justiça; bem ao revés, há coisa de trinta séculos, Salomão, dos
homens o mais sábio, já encarecia aos que julgam não fossem
demasiado justos: “noli esse justus multum” (Ecl 7,17).
Voto nº 1419

Apelação Criminal nº 1.144.963/3


Arts. 157, § 2º, nº II, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal

– Salvo quando alcança demonstrar, com êxito feliz, que perpetrara o fato
sob a égide de causa excludente de ilicitude jurídica, o réu que lhe
confessa a autoria fecha, de plano, sobre si a porta do cárcere.
– Pelo alto sentido que tem a confissão no processo penal, deve a Justiça
amercear-se daquele que, ainda com dano para sua liberdade, preferiu ser
sincero com o Juiz que o interrogou. Essa, a que se pudera chamar
coragem moral, é digna sempre de galardão, não apenas de apologia.
– Não repugna à Lei conceda o Juiz regime semiaberto ao condenado
não-reincidente, cuja pena não ultrapasse 8 anos (cf. art. 33, § 2º, alínea
b, do Cód. Penal); somente lhe é defeso concedê-lo a réu condenado a
pena superior a 8 anos (ainda que primário), ou ao reincidente, cuja pena
exceda a 4 anos.
– Tal benefício não desacredita o Judiciário nem encontra o sentimento de
justiça; bem ao revés, há coisa de trinta séculos, Salomão, dos homens o
mais sábio, já encarecia aos que julgam não fossem demasiado justos:
“noli esse justus multum” (Ecl 7,17).

Voto nº 1452

Apelação Criminal nº 1.147.557/2


Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal

–“As atenuantes não permitem a redução da pena abaixo do mínimo


previsto na lei para o crime” (Rev. Trim. Jurisp., vol. 104, p. 736).
– Isto de alguém confessar a autoria de crime, sem expor juntamente cabais
razões que o justifiquem, o mesmo é que fechar atrás de si a porta que
deita para o pátio da liberdade.
– Se, perante o Magistrado, o réu assumiu francamente sua culpa, é bem
que dele se amerceie a Justiça. Essa, a que se pudera chamar coragem
moral, é digna sempre de galardão, não só de louvores.
– Não repugna à Lei conceda o Juiz regime semiaberto ao condenado não-
reincidente, cuja pena não ultrapasse 8 anos (cf. art. 33, § 2º, alínea b,
do Cód. Penal); somente lhe é defeso concedê-lo a réu condenado a pena
superior a 8 anos (ainda que primário), ou ao reincidente, cuja pena
exceda a 4 anos.
– De quantos males afligem de presente a Humanidade, nenhum disputa
primazia à terrível Aids, que arrebata ao indivíduo aquilo que tem em
maior preço: a vida.
– Uma casta de pessoas existe que merece, por mui particulares circuns-
tâncias, especial atenção dos espíritos bem formados, notadamente dos
constituídos em dignidade. Compõe-se daqueles que, havendo decaído
(ainda mal!) de seu estado de liberdade, foram por isso excluídos do
convívio social: os encarcerados!

Voto nº 1591

Apelação Criminal nº 1.152.663/4


Arts. 155, “caput”, e 14, nº II, do Cód. Penal

– É princípio jurídico, recebido pelo Código de Processo Penal em seu art.


156, que o ônus da prova incumbe àquele que alega. “Onus probandi
ei qui dicit”.
– Dificuldades de caráter sócioeconômico, só por si, não justificam o
sacrifício do direito alheio, exceto em circunstâncias mui particulares, em
que invencível perigo o imponha (art. 25 do Cód. Penal).
– Tratando-se de pena de curta duração, não é defeso ao Magistrado
conceder ao condenado reincidente o benefício do regime semiaberto,
se mais compatível com o critério de suficiência para a reprovabilidade e
prevenção de novas infrações (art. 33, § 2º, letra c, do Cód. Penal).

Voto nº 1677

Apelação Criminal nº 1.164.401/1


Arts. 171 e 14, nº II, do Cód. Penal

– Se de curta duração a pena privativa de liberdade, não é defeso ao Juiz


determinar que o réu a cumpra sob o regime semiaberto, ainda que
reincidente. O que lhe, taxativamente, proíbe a lei é conceder o benefício
ao reincidente condenado a pena superior a 4 anos (cf. art. 33, § 2º,
alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 1695

Apelação Criminal nº 1.160.439/6


Arts. 157, “caput”, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 33, § 2º, alínea c, do Cód. Penal

– O regime fechado é, de ordinário, o que mais convém à personalidade


do autor de roubo, de seu natural violento e refratário à disciplina social.
Mas, se primário e de bons antecedentes, não é defeso ao Juiz, pelos
graves e notórios malefícios do regime recluso, deferir-lhe o benefício do
aberto, como o prevê o art. 33, § 2º, alínea c, do Cód. Penal.
– O regime da última severidade nem sempre o tiveram em boa conta os
mais abalizados criminalistas. Das prisões, com efeito, disse o preclaro
Evandro Lins e Silva que “não ressocializam ninguém, ao contrário,
corrompem, aviltam, degradam, embrutecem” (Arca de Guardados,
1995, p. 62).

Voto nº 2097

“Habeas Corpus” nº 360.506/1


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal

– Conforme inteligência de nossos Tribunais consagrada em infinitos


acórdãos, não constitui constrangimento sanável por “habeas corpus” a
permanência do condenado no regime fechado, por falta de vaga,
enquanto aguarda sua remoção ao semiaberto, sobretudo se o Juiz da
execução proveu pontualmente que se efetivasse logo, solicitando-o à
Coespe.
– Pequena demora na transferência do sentenciado para regime prisional
mais brando deve entender-se como efeito inexorável de caso fortuito ou
contingência, a que infelizmente estarão sujeitos os que violarem a
ordem jurídica.
– Todo o que pede justiça está autorizado a fazê-lo em forma de protesto,
como o praticou o divino Antônio Vieira: “Não hei de pedir pedindo,
senão protestando e argumentando; pois esta é a licença e liberdade que
tem quem não pede favor senão justiça” (Sermões, 1683, t. III, p. 472).

Voto nº 2229

Apelação Criminal nº 1.195.239/8


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal

– Ainda que condenado por roubo, faz jus a regime prisional semiaberto o
réu primário, menor de 21 anos e de bons antecedentes, se inferior a 8
anos sua pena, conforme o preceitua o art. 33, § 2º, alínea b, do Cód.
Penal.
–“A razão do tratamento especial dispensado ao menor de 21 anos é o seu
incompleto desenvolvimento físico e moral” (Costa e Silva, Comen-
tários ao Código Penal, 1967, p. 213).

Voto nº 2313

Apelação Criminal nº 1.197.767/0


Arts. 155, “caput”, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 44, § 2º, do Cód. Penal

– Em vista da certeza da prática do crime, os protestos de inocência do


réu passam por estéreis e desarrazoados. É que ninguém pode negar o
que a evidência mostra!
– A “mens legis” da substituição da pena corporal por restritiva de direitos
é impedir que réus condenados a pena de curta duração, por delitos
praticados sem violência nem ameaça à pessoa, sejam submetidos ao
rigor do cárcere, que não reeduca nem recupera, senão que perverte e
despersonaliza o infrator (art. 44, § 2º, do Cód. Penal).
–“A promiscuidade engendra maus caracteres. É grande o influxo de
nocividade que sofrem os condenados primários nas prisões. Por isso, é
precisa a frase de Mirabeau: o amontoamento de homens, como o de
maçãs, gera a podridão” (Hoeppner Dutra, O Furto e o Roubo, 1955,
p. 163).
–“Nas declarações de vontade se atenderá mais à sua intenção que ao
sentido literal da linguagem” (art. 85 do Cód. Civil).

Voto nº 3640

“Habeas Corpus” nº 402.896/0


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal

– É gênero grande de injustiça agravar, sem razão de direito, a sorte do


condenado. Assim, desde que lhe fixou a Justiça o regime semiaberto
para o cumprimento da pena, será violência mantê-lo sob o regime
fechado.
– No caso de falta de vaga em presídio adequado ao semiaberto, é de
razão e justiça aguarde o sentenciado, no regime aberto, sob a forma de
prisão domiciliar, a efetivação de sua transferência.

Voto nº 4405

Agravo em Execução nº 1.353.727/1


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

– O parecer da equipe técnica favorável à progressão do condenado,


embora não obrigue o Juiz, impõe-lhe o dever ético de bem fundamentar
a decisão que o rejeita, pela presunção comum de que a opinião do sábio,
nas coisas que respeitam a seu ofício, há de prevalecer, em princípio,
contra a do leigo, segundo o conhecido brocardo “mais sabe o tolo no
seu, que o sisudo no alheio”.
– A pena longa não serve de argumento para indeferir ao sentenciado
progressão de regime, se lhe cumpriu já, com mérito, a sexta parte (art.
112 da Lei de Execução Penal); pois a sexta parte de uma pena longa
será, por força, um largo trato de tempo, conforme o estalão da
proporcionalidade das grandezas matemáticas.
– Não é óbice à análise de pedido de progressão de regime isto de ter o
sentenciado processo em andamento: à uma, porque, em caso de
condenação, estará sujeito à forma regressiva (art. 118, nº II, da Lei de
Execução Penal); à outra, porque inteligência diversa implicaria violação
do princípio de inocência, consagrado pela Constituição da República
(art. 5º, nº LVII).

Voto nº 4656

“Habeas Corpus” nº 440.798/2


Arts. 157, § 2º, nº II, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal

– Condenado o réu a pena mínima inferior a 4 anos (atenta a regra do art.


59 do Cód. Penal), constitui exagero punitivo e contradição lógica fixar-
lhe o regime prisional da última severidade (fechado).
– Se evidente a hipótese de coação ilegítima, nada obsta se conceda a
condenado o regime prisional semiaberto pela via heroica do “habeas
corpus”, pois que este é, precisamente, o instrumento processual de
dignidade constitucional, destinado a garantir a liberdade do indivíduo
(art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).

Voto nº 5118

Apelação Criminal nº 1.378.551/5


Art. 171, “caput”, do Cód. Penal

– A confissão, os juristas sempre a reputaram a rainha das provas (“regina


probationum”); se produzida em Juízo, é absoluto seu valor, visto se
presume livre dos vícios de inteligência e vontade, e pode justificar edito
condenatório.
– Pratica estelionato em seu tipo fundamental o agente que, em proveito
próprio e mediante falsificação, emite cheque de terceiro, causando-lhe
prejuízo (art. 171, “caput”, do Cód. Penal).
– Ao renitente e empedernido autor de estelionatos, que se atira sem freios
à estrada tortuosa dos ilícitos penais, só o regime prisional fechado lhe
serve para a contenção do impulso criminoso e reparação do mal que
causa à sociedade.

Voto nº 3884
Embargos de Declaração nº 1.292.373/4 1
Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 33, § 1º, alínea c, do Cód. Penal;
art. 619 do Cód. Proc. Penal

– Não repugna à consciência jurídica nem quebranta a vontade da lei a


decisão que defere a réu (mesmo reincidente) o regime aberto se,
condenado a pena de curta duração, desempenha atividade lícita. Ao
demais, prescreve o direito positivo que, ao aplicar a lei, deve olhar o
Juiz o bem da sociedade (art. 5º da Lei de Introdução ao Cód. Civil).

Voto nº 3896

“Habeas Corpus” nº 413.876/4


Arts. 155, § 4º, nº IV, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal

–“É exclusiva missão do habeas corpus garantir a liberdade individual na


acepção restrita, a liberdade física, a liberdade de locomoção” (Pedro
Lessa; apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda Instância, 1923,
p. 390).
– A decisão sobre pedido de progressão ao regime semiaberto excede às
raias do “habeas corpus”, porque requer exame aprofundado de circuns-
tâncias de fato e subjetivas, que apenas à vista do processo de execução
é possível alcançar.

Voto nº 3941

Agravo em Execução nº 1.315.541/6


Art. 126 da Lei de Execução Penal

– Provando o condenado que trabalhou enquanto cumpria sua pena sob o


regime fechado ou semiaberto, deve a Justiça reconhecer-lhe o direito à
remição de parte dela, como dispõe a Lei de Execução Penal (art. 126).
– Fruto e estipêndio do suor do preso, a remição de sua pena pelo
trabalho tem alguma coisa de sagrado que o defende e guarda do rigor
do Juízo da execução penal, mesmo no caso de haver cometido falta
grave. Solução diversa implicaria desestímulo ao trabalho, fator
importantíssimo para a recuperação do indivíduo, além de verdadeira
contradição e injustiça, pois a frustração da perda alcançaria só o
trabalhador, nunca o ocioso.

Voto nº 4209

Apelação Criminal nº 1.321.853/1


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 157, § 2º, ns. I e II, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 33, § 2º, alínea c, do Cód. Penal

– A confissão judicial do réu tem valor absoluto porque se presume


estreme dos vícios que a podiam contaminar. Por isso, ainda que a única
prova dos autos, justifica a decretação do edito condenatório.
– Há tentativa de roubo se o agente, logo perseguido e preso, não teve a
posse tranquila da coisa subtraída, recuperada afinal pela vítima.
–“Se o agente foi de imediato perseguido e preso em flagrante, retomado o
bem, não se efetivou a subtração da coisa à esfera de vigilância do
dono, tratando-se, pois, de crime tentado” (STF; RE nº 100.771/1-São
Paulo; rel. Min. Rafael Mayer; j. 5.12.83; in JTACrSP, vol. 77, p. 446).
– Cancelada a Súmula nº 174 da jurisprudência do STJ (cf. REsp nº
213.054-SP; DJU 7.11.2001), já não pode prevalecer o entendimento de
que o emprego de arma de brinquedo (“arma ficta”) seja causa de
agravamento da pena do roubo. Ainda que idôneo para caracterizar
ameaça à vítima, por infundir-lhe temor, o simulacro de arma de fogo
não qualifica o roubo (art. 157, “caput”, do Cód Penal). Inteligência
diversa do texto legal implicaria considerável prejuízo para os interesses
do réu, pois o obrigaria a recorrer ao STJ para alcançar o que lhe
recusaram outros Juízos ou Tribunais.
– Em caso de tentativa de roubo, se primário e de bons antecedentes o
réu, não é defeso ao Juiz, tendo consideração aos graves e notórios
malefícios do regime recluso, deferir-lhe o benefício do regime aberto
(cf. art. 33, § 2º, alínea c, do Cód. Penal).

Voto no 6785

Agravo em Execução no 874.702-3/4-00


Art. 157, § 2º, ns. I, II e IV, do Cód. Penal;
arts. 6º e 112 da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal);
– Se o sentenciado satisfez ao requisito objetivo (lapso temporal), observou
sem quebra o código de disciplina do presídio e submeteu-se à laborterapia,
tem jus à progressão de regime, porque esta é a vontade da lei (art. 112 da
Lei de Execução Penal). Somente fato grave, indicativo de personalidade
anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.
– O argumento da pena longa não é poderoso a impedir a concessão do
benefício do regime semiaberto ao sentenciado, se já cumpriu dela a
metade (necessariamente longa).

Voto nº 6998

Mandado de Segurança nº 872.012-3/0-00


Arts. 2º, parág. único, e 112 da Lei de Execução Penal;
art. 83, nº V, do Cód. Penal;
arts. 12 e 18, nº III, da Lei nº 6.36876

– Ao estabelecer a Lei de Execução Penal que suas disposições se


aplicam também “ao preso provisório” (art. 2º, parág. único),
assegurou-lhe, no mesmo ponto, o direito à execução provisória e à
progressão de regime, se presentes os requisitos legais (art. 112).
– A pendência de recurso da Acusação, com o intuito de agravar a pena
ao condenado, não lhe obsta a consecução de benefício, pois a execução
provisória foi instituída exatamente para poupá-lo à iniquidade da
espera, muita vez longa, do novo julgamento pela Superior Instância.
Admitir o contrário será presumir (falsamente) que a existência do
duplo grau de jurisdição obriga, por força, à reforma de toda decisão
de Primeira Instância.
– Segundo regra geral de Hermenêutica, enquanto a não modifique a
instância recursal, produz a sentença todos os seus legais efeitos.
– Questões relativas a livramento condicional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das
Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas e e f, da Lei de Execução
Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do
ponto ali decidido.

Voto nº 7110
“Habeas Corpus” nº 973.156-3/3-00
Arts. 83, parág. único, e 121,§ 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

– Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas


corpus” meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso
ordinário, mostra-se de bom exemplo conhecer da impetração, porque,
em tese, passa pelo remédio jurídico-processual mais célere e eficaz
para conjurar abusos e ilegalidades contra o direito à liberdade de
locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).
– A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação ao art. 112 da Lei de
Execução Penal) não revogou o Código Penal; destarte, nos casos de
pedido de benefício em que seja mister aferir mérito, poderá o Juiz
determinar a realização de exame criminológico no sentenciado, se
autor de crime doloso cometido mediante violência ou grave ameaça,
pela presunção de periculosidade (art. 83, parág. único, do Cód. Penal).

Voto nº 7933

Agravo em Execução nº 890.587-3/5-00


Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 157, § 2º, ns. I e II do Cód. Penal

– Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução


Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime
anterior e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à
progressão ao regime semiaberto. Somente fato grave, indicativo de
personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá
obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
– A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de
Execução Penal — não aboliu o exame criminológico para a
progressão de regime, o qual pode ser realizado se as circunstâncias
pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o
aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
– Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal
e mérito do condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar
de boa sombra a pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os
atos de seu ministério.
– Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens
tem jus à proteção da Lei!
– O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação
não é dogma científico. Para honra da Humanidade, não são raros os
casos em que, incentivados por medidas penais salutares, condenados
abjuraram a vida de crimes, redimiram-se de suas faltas e retornaram à
comunhão social, tornando-se cidadãos prestantes.
– Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao
condenado em condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a
reintegração social, porque seria matar-lhe a esperança, “que é o último
remédio que deixou a Natureza a todos os males” (Vieira, Sermões,
1682, t. II, p. 87).

Voto nº 8740

“Habeas Corpus” nº 1.075.529-3/0-00


Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal

– Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a


permanência do condenado em estabelecimento penal próprio do regime
fechado, enquanto aguarda vaga no semiaberto. Ditada por força maior
ou razão de ordem superior invencível, tal situação no entanto cai na
esfera da previsão humana: todo o infrator sabe que, delinquindo, sua
liberdade poderá ser cortada em grau menor ou maior.
– Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma
de iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros
sentenciados que há mais tempo aguardam a efetivação da transferência
para o estágio intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade,
que tem o direito de exigir do infrator a reparação, em forma de pena
retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.
– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes
de execução da pena são da competência originária do Juízo das
Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução
Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto
ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do
“habeas corpus”.
– Não há que reparar na decisão que ordena a expedição de mandado de
prisão contra o réu condenado a cumprir, sob o regime semiaberto, pena
privativa de liberdade: trata-se de forçoso pressuposto da execução da
sentença penal condenatória transitada em julgado. A lição de Julio
Fabbrini Mirabete faz ao caso: “Enquanto não ocorrer a prisão, não se
pode expedir a guia de recolhimento por falta desse pressuposto”
(Execução Penal, 11a. ed., p. 302).

Voto nº 6841

Agravo em Execução nº 893.400-3/5-00


Art. 126 da Lei de Execução Penal

– À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art.


126 da Lei de Execução Penal deve compreender também, no conceito
de trabalho, a atividade escolar do preso, por sua transcendental
importância como fator de promoção humana e poderoso instrumento de
reforma da vida e costumes. Destarte, comprovando que frequentou
aulas em curso patrocinado pelo sistema penitenciário, tem jus o
condenado à remição de penas, na proporção de um dia para cada 12
horas de efetiva atividade escolar.
– O argumento expendido no agravo (e que tira ao fim de prestigiar, no
âmbito carcerário, só o trabalho físico, em detrimento da atividade
intelectual) encerra crasso equívoco, pois justamente abate o que devera
exaltar: o labor intelectual, notabilíssimo instrumento de promoção
humana.
– Se “o estudo é a luz da vida”, como, pelo comum, entendem e
proclamam os pedagogos, como pretender, sem injúria da razão, que o
trabalho intelectual represente um “minus” em respeito do trabalho
físico?! Falou avisadamente quem disse: “Abrir escolas é fechar
prisões”; daqui se mostra bem a suma importância que o convívio
escolar tem na formação do caráter do indivíduo.

Voto nº 4916

“Habeas Corpus” nº 447.204/4


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal
– Não há que opor à decisão que, embora pendente recurso do Ministério
Público, determina a expedição de guia provisória de recolhimento a
favor de réu preso, condenado a cumprir pena sob o regime prisional
semiaberto, pois mesmo que provido o recurso, está obrigado às
condições do regime recluso (inexistirá, portanto, o “periculum in mora”,
o risco de fuga do sentenciado à execução da pena ou algum prejuízo para
a sociedade).
– Ao dispor que a guia de recolhimento provisória será expedida
“quando do recebimento de recurso da sentença condenatória”, o
Provimento nº 653/99, do egrégio Conselho Superior da Magistratura
não excetua hipótese em que recorrente seja a Acusação. Donde se
infere, à luz de hermenêutica tradicional, que, ainda no caso de ter
apelado o Ministério Público, o Juiz da condenação expedirá guia de
recolhimento provisória ao réu preso. “Ubi lex non distinguit nec nos
distinguere debemus”.
– Também os que violaram a ordem jurídica e social têm seus direitos;
ainda o mais vil dos homens não decai nunca da proteção da Lei. A
presteza com que encaminha o réu para a Vara das Execuções Criminais
serve de timbre de honra do Juízo da condenação, não de labéu (art. 105
da Lei de Execução Penal).
– Fere os princípios da Justiça e repugna à consciência jurídica submeter o
réu condenado a efeitos mais graves do que os estipulados no título
executório, mesmo no caso de ter sido interposto recurso pela Acusação.
– É princípio geralmente recebido que não configura constrangimento ilegal a
permanência do réu no regime fechado, se o Juiz deu todas as
providências que lhe estavam ao alcance para removê-lo ao semiaberto.
É que todo processo penal, mesmo na fase de execução da sentença, está
sujeito a contingências inexoráveis, que não pode o Magistrado prevenir
nem remediar.
– Pequena delonga na transferência do preso para estabelecimento
compatível com o regime de cumprimento de sua pena pode-se tolerar;
não há sofrer, porém, aquela que exceda ao limite do razoável, o que
seria conculcar direito sagrado do réu, demais de ofender gravemente a
lei (art. 185 da Lei de Execução Penal) e desprestigiar a Justiça.
– Maior do que a norma legal é o direito que ela encerra, ainda que do
condenado. Fazer justiça, escreveu o doutíssimo Eliézer Rosa, “não é,
em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito, que é a fonte
da lei” (A Voz da Toga, 1a. ed., p. 49).
–“Não há sentimento mais confrangente que o da privação da justiça”
(Rui, Obras Completas, vol. XL, t. VI, p. 202).
(Em breve, novas ementas).

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