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Memória
Santa Marta vivia em Betânia, perto de Jerusalém, com sua irmã Maria e seu irmão Lázaro.
Na última etapa da vida pública de Jesus, o Senhor hospedou-se com frequência em sua casa.
Fortes laços de amizade uniam aqueles irmãos a Jesus.
Marta, sempre atenta e activa, soube que Jesus vinha chegando e foi ao seu
encontro. Aparentemente, o Senhor não tinha atendido ao seu recado, mas o
seu amor e a sua confiança não diminuíram. Senhor – disse Marta –, se
tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido... 5 Censura-o com suma
delicadeza por não ter chegado antes, pois esperava que o Senhor curasse o
seu irmão quando ainda estava doente. E Jesus, com um gesto amável, talvez
com um sorriso nos lábios, surpreende-a: Teu irmão ressuscitará6. Marta
recebe essas palavras como um consolo, pensa na ressurreição definitiva e
responde: Eu sei que há de ressuscitar no último dia 7. Estas palavras
provocam uma portentosa declaração de Jesus acerca da sua divindade: Eu
sou a ressurreição e a vida; o que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;
e todo o que vive e crê em mim não morrerá eternamente 8. E pergunta-
lhe: Crês nisto? Quem poderia subtrair-se à autoridade soberana dessa
declaração? Eu sou a ressurreição e a vida! Eu...! Eu sou a razão de ser de
tudo o que existe! Jesus é a Vida, não só a que começa no além, mas também
a vida sobrenatural infundida pela graça na alma do homem ainda nesta terra.
São palavras extraordinárias que nos enchem de segurança, que nos
aproximam cada vez mais de Cristo e que nos levam a responder como
Marta: Eu creio que tu és o Cristo, Filho do Deus vivo, que vieste a este
mundo9. O Senhor, momentos depois, ressuscita Lázaro.
Marta servia... Com que amor agradecido o faria! Ali estava o Messias, na
sua casa, ali estava Deus necessitado das suas atenções. E Ela podia servi-lo.
Deus faz-se homem para estar muito perto das nossas necessidades, para que
aprendamos a amá-lo através da sua Santíssima Humanidade, para que
possamos servi-lo e ser seus amigos íntimos.
Ensina São Tomás que não houve outro modo mais conveniente de redimir
os homens que o da Encarnação13. E aduz estas razões: quanto à fé, porque
se tornava mais fácil crer, já que era o próprio Deus quem falava; quanto à
esperança, porque a Encarnação era a maior prova da vontade divina de salvar
os homens; quanto à caridade, porque ninguém tem maior amor que aquele
que dá a vida pelos seus amigos14; quanto às obras, porque o próprio Deus
nos ia servir de exemplo: assumindo a nossa carne, mostrava-nos a
importância da criatura humana; com a sua humilhação, curava a nossa
soberba...
Na Santíssima Humanidade de Jesus, o amor que Deus tem por nós toma
forma humana, abrindo-nos assim um plano inclinado que nos leva
suavemente a Deus Pai. Por isso, a vida cristã consiste em amar a Cristo, em
imitá-lo, em segui-lo de perto, atraídos pela sua vida. A santificação não tem
por eixo a luta contra o pecado, não é algo negativo; está centrada em Jesus
Cristo, objeto do nosso amor: não consiste apenas em evitar o mal, mas em
amar e imitar o Mestre, que passou fazendo o bem...15
Santa Marta, que goza para sempre no Céu da presença inefável de Cristo,
alcançar-nos-á a graça de valorizarmos mais a amizade com o Mestre; ensinar-
nos-á a cuidar com diligência das coisas do Senhor, sem esquecer o Senhor
das coisas.
(1) Jo 11, 5; (2) Jo 11, 17-27; (3) Jo 11, 3; (4) Jo 11, 67; (5) Jo 11, 21; (6) Jo 11, 23; (7) Jo 11,
24; (8) Jo 11, 25; (9) Jo 11, 27; (10) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 495; (11) Jo 12, 1-2; (12)
Josemaría Escrivá, Caminho, n. 322; (13) cfr. São Tomás, Suma Teológica, III, q. 1, a. 2; (14)
Jo 15, 13; (15) At 10, 38; (16) Lc 10, 39; (17) M. J. Indart, Jesus en su mundo, pág. 36; (18) Lc
10, 40; (19) Lc 10,