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TUDO ENTS CELIA FONSECA e MARIA JOSE PEIXOTO + Informacées e conselhos titeis, tendo em vista a preparagao para o exame nacional. + Reviséo, sistematizagia e consolidagie dos principais contetides de 12° ano, apresentando um compromisso equilibrado entre as componentes tebrica eprattica. + Exemplificacdes e momentos de andlise e interpreta;ao de varias tipologias textuais. + Actividades especificas para a exercitacao no dominio do funcionamento da lingua @ da express escrita. + Questdes com tipologia semelhante ao exame nacional, + Exames, critérios de classificagao e cenérios de resposta em CD-Rom. Exemplifieagso das ofientagbes para leitura de um texto postico Fernando Pessoa Ortonimo EXEMPLIFICAAO ‘Quando era crianga i, sem saber, 6 para hoje ter Aquela lembranca E hoje que sinto Aguilo que fui. Minha vida flu, Feita do que minto. Mas nesta prisio, Livro Gnico, tefo 0 sorriso alheio De quem fui entao. 214-1933 Poesias de Fernando Pessoa, Edigbes Mica WAnalisando i! ‘Nesta pequena composi¢ao postica pessoana, salientam-se os seguintes aspectos: Pessoa gramatical predominante - 1? pessoa do singular ** formas verbais: “era” / “vivi" { “sinto” /“fui" /“minto” / “leio” * determinante possessivo: “Minha vida" — Tempos verbais - presente / passado * presente do indicativo: “sinto” / “fli” / “minto” / “leio” (entre o presente, a actualidade do sujeito postico, e a consciencia das situagdes genéricas); * pretérito perieito: “vivi" / “ful” (revelador de uma situagao / um estado passado(@)): © pretétito Imperfeito do indicativo: “era"(tempo de localizacao, construcéo de mundo altemativo ao estado presente). ~ Articulador discursive ~ “Quando” (x estrofe) com valor légico temporal; “Mas” (inicio dda 32 estrofe), com valor légico de oposicao. ~ Repetigdes relevantes - “hoje” (vv. 3 ¢ 5) - advérbio de tempo que remete para o pre: semte, © momento da enuncisgao do “eu” ~ Contraste de referéncias ~ associagio ao presente (*hoje”, “ter, “sinto”, “lul", “minto”, “nesta piisao”, “lefo") € 20 pasado (‘era’, “criangs", ‘vivi", “sem saber", “aquela lem: branga", “aquito”, “fui”, “entao"). — Relago antonimica de palavras - “hoje” (vv. 3 © 5) e “entdo” (u 12), advérbios de tempo a estabelecerem a oposi¢ao entre dois momentos vivenciados pelo “eu ~ Predomindncla do nome e do verbo “tembranca”, “vida", “prisio" “soriso”; “era”, ‘Vivi’, “saber’, “ter”, “sinto”, “ui”, “Mui”, “minto”, “lei”, num jogo de articulagio entre as linhas temdticas do contraste presente/passado, consciénciajincons ciencia; prisao/liberdade; poética do fingimento. ‘crianga Orne) = Pontuagao predominante ~ virgula (com a funcionalidade de introduzir modificadores) e Ponto final (marcando quatro unidades completas de pensamento para as trés estrofes). = Métrica (egular) - versos de 5 silabas métricas (redonditha meno?) = Composigao estréfica (regular) ~ tiés estrofes de quatro versos (quadras). = Rima (regular) ~ interpolada no som a ¢ emparelhada no som b nas trés estrofes; + esquema rimatico (abba). ~ Recursos estilisticos relevantes: + antitese (resultante da oposi¢ao presente/passado); * metéfora (dois dltimos versos da segunda estrofe e Gltima estrofe). MW Textualizando /i/// Através dos elementos detectados, pode-se concluir que o sujeito poético reflecte sobre a sua vivéncia (dat o recurso a 1? pessoa gramatical) relativamente a dois tempos ‘opostos: 0 presente e 0 passado. € a meméria, a “lembrangar, que o transporta do “hoje” para o “entdo" — para a inféncia, para a fase em que vivia “sem saber’; portanto, sem ter consciéncia da fluidez da vida Aparentemente, tvata-se de um poema singelo, sem marcas formais de subjectividade (Pouca adjectivacao, predominio do nome e do verbo, pontuacao neutra); no entanto, a sub- jecividade percepciona-se na utilizacdo da metafora, que transporta o leitor para un presente magoado do “eu”, assombrado pela ideia da consciéncia de que a “vida fui". Essa vide, ainda associada 2 uma “prisfo", nfo dé espago ao sujeito postico para viver em liberdade e felici- dade como quando era crianga (0 tempo do “sorriso” hoje encarado como “alhel Em termos formais, @ composi¢ae postica apresenta regularidade mética, estréfica e rimatica, 0 que a permite incluir na vertente tradicional da poesia de Femando Pessoa, em conjugagao com a tematica atras abordada, 0 fingimento artistico SINTESE ‘Uma das teméticas recorrentes na producio literdria de Femando Pessoa & a questo nagdo sobre a sinceridade poética, com a qual o poeta conclul que “fingir conhecer?-se": dai a descentracdo do poeta fingldor que fala € que se coloca em ponto de observacao e, por vezes, se identifica com a propria criagao po a modernidade, Lugar de destaque ocupa © poema Autopsicografia (teotizador da poé tica pessoana), no qual se definem claramente os lugares da inteligéncia (pensamento) € do coracdo (sentimento) na criagao artistica. € assim que este poeta, possuidor de uma impressionante capacidade de dramatizacdo, descentragio © despersonalizaao procura, através da fragmentacio do eu (“Continuamente me estranho", em Nao sei quantas ‘almas tenho), atingir a finalidade da Arte, servindo-se da intelectualizagao do sentimento ‘ou da sentimentalizacdo do intelecto para fundamentar 0 poeta fingidor. 0 fingimento & a linguagem da are. Ea “arte consiste em fazer os outros sentir © que 1n6s sentimos", como 0 refere 0 poet Desassossego. Para tal, 6 necessério comunicar, e, ainda na obra 6 feita por “palavras, que so sons articulados de uma maneira absurda, para em lingua gem real traduzir os mais subtis movimentos da emo¢o e do pensamento, que as pala vras forgosamente nao poderao nunca traduzi.” -a, como impie , sob © nome de Bernardo Soares, no Livro do itada, a comunicacio Femado Pessoa (orténiro): ~o fingimento artistico 33 a dor de pensar (Gentir/pensar; consciéncia/inconsciéncia) ~a nostalgia da infaincia (0 bem passadolpercido) Caractersticas ~ sintese a poesia do orténimo (formas, tinhas tematicas, sentimentos dominantes) A dor de pensar 0 poeta debatese frequentemente com as dialécticas sentir/pensar © consciéncia/ inconsciéncia, tentando encontrar um ponto de equilfbrio, o que nao consegue. Em Ela canta pobre celfeira, 0 sujelto poético vive intensamente esias dicotomias: deseja ser a Ceifeira que canta inconscientemente (“Ter a tua alegre inconsciéncia") © possuir simulta neamente “a consciéncia disso!”. Enquanto ela se julga feliz por apenas sentir, nao inte lectualizar as suas emogoes ("Ah, canta, canta sem razéo!”), 0 “eu” esta infeliz porque pensa, porque racionaliza em excesso (“O que em mim sente, ‘std pensando”). Na mesma linha, cite-se © poema Gato que brincas na rua, no qual se reforga a ideia da felicidede de nao pensar (“Es feliz porque 65 assim") & a dor do sujelto postico provocada pelo exercitio da razdo, da capacidade de reflect sobre si mesmo. Em Leve, breve, suave, manifesta-se 0 desalento, a frustragao quando 0 “eu” cons: ciente intervém (“Escuto, e passou... / Parece que foi sé porque escutel / Que parou.”). A trustracao € o resultado de uma incapacidade de atingir plenamente a satisfacao, a fel cidade (“Nunca, nunca, em nada, / Raie a madrugada, / Ou 'splenda o dia, ou doire no declive/ Tive/ Prazer a durar/ Mais do que o nada, a perda, antes de eu o ir/ gozar.”) A luta incessante entre as varias dialécticas origina a dor de pensar e a angistia existen- cial que to bem caracterizam este poeta, que se identifica como “um mar de sargaga” (Tudo © que faco ou medito), pois, quando quer, ‘azendo, nada € verdade’ A nostalgia da infancia Outso t6pico que perpassa pela poesia do orénimo é 0 da desagregagio do tempo. Para o poeta, o tempo é um factor de desagregacdo, porque tudo nele é breve, efémero. Esta consciéncia fé-lo desejar ser crianga de novo, visto que a infancia the surge como o dinico momento possivel de paz e felicidade ~ por nao ter direitos nem deveres, por ser livee e nao saber pensar nem sentic 11 €squematizando Mi! A poesia de Fernando Pessoa ort6nimo apresenta: a — Resend + verso curto/tongo tensdes dialect + eso + estrfoc rogularor! « sincoridadoffingimonte # angistia exitencial inregulares * sentifpensar + néusea + musicaltade + inconsciénciafconsciéncia |» melancolia * presengafausincia de tima | « sorhojreatidade + frustragio + combinasdes ritmicas com | « 3 dor de pensar ‘iii as linhas tematicas +2 nostalgia da infanca + cepticiamo abordadas (embalat6rio, ee Z 4a fragmentagio do “eu" | + desejo de evasio lento) 4a odsessio da auto-andlise | » saudade exploragio de tendéncias: * encavalgamento * entre a linguagem expressiva do vago, do | + subjectivo e simbolico a de | « interseccionistas catiz mais sébrio + tradicionais + modemistas

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