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O Cavaleiro Da Dinamarca

Acto 1
(Música alusiva ao Natal)
(Em casa do cavaleiro, toda a família está reunida, na noite de Natal)

Cavaleiro -Temos sempre festejado e celebrado a noite de Natal da mesma


maneira, mas este ano preparei uma surpresa. Para o próximo ano, não
estaremos a celebrar a noite de Natal juntos, porque eu vou partir em
peregrinação para a Terra Santa. Daqui a dois anos regressarei, se Deus quiser,
e estaremos reunidos de novo.

Mulher – Queres ir, vás. Não vou impedir um peregrino de partir.

Acto 2
(Música alusiva à espiritualidade)
(Na Primavera, o Cavaleiro partiu para a Terra Santa e visitou um por um os lugares
santos. Na noite de Natal dirigiu-se para a Gruta de Belém.)

Cavaleiro – Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa
vontade. Pelo fim das guerra, pela paz, pela alegria do mundo. Obrigado por
fazeres de mim um homem de boa vontade, capaz de amar os outros.

(Passou o Natal e o Cavaleiro ainda ficou mais dois meses na Palestina.)

(Mesma música)

Cavaleiro (e outros peregrinos) – Vamos para o Porto de Jafa, para depois cada
um voltar para a sua casa.

Acto 3

( Só embarcou no mês de Fevereiro, no porto de Jafa, por causa do mau tempo, para
Itália. Durante a viagem conheceu o Mercador de Veneza.)

Cavaleiro – Vamos embarcar para Itália, finalmente, depois de tanto tempo à


espera. Até que enfim , o mau tempo já passou. Agora podemos partir. Já
pensava nunca mais voltar a ver a minha terra.

Mercador – Vamos ver o que a viagem nos reserva!

(Som alusivo ao mar e às gaivotas, seguido por uma grande tempestade)

(Já no mar, foram surpreendidos por uma tempestade. Ao fim de cinco dias, a
tempestade passou e chegaram a Ravena)
Cavaleiro – Não nos faltava mais nada, uma tempestade em pleno oceano! E eu
não sei nadar!

Mercador – Vamos manter a calma! Não nos adianta nada lamentar. Rezemos
um pouco em silêncio.

( música que anuncia o fim da tempestade.)

Cavaleiro – As nossas preces foram ouvidas, finalmente, a tempestade está a


passar.

Mercador – Já estou a avistar terra! Estamos a chegar a Ravena.

Acto 4

(Chegam a Ravena)

Cavaleiro – Que bonita cidade , estou espantado com tanta igrejas. Ficarei aqui
à espera de outro barco, para regressar a casa.

Mercador - Não fiques aqui à espera de outro navio vem comigo até Veneza.

(O Cavaleiro e o Mercador foram para Veneza que nesse tempo era uma das cidades
mais poderosas e bonitas do mundo. Os palácios estavam construídos à beira do mar
sobre pequenas ilhas e estacas.)

(Na Varanda)

Cavaleiro – Que belo palácio aquele, quem mora ali?


Mercador – Agora só mora Jacob Orso e seus criados. Mas antes morou ali
Vanina, a rapariga mais bela de Veneza.
Cavaleiro – Então o que lhe aconteceu?
Mercador – Vou-te contar a história de Vanina.

(História de Vanina)

Mercador – Era uma vez um homem chamado Jacob Orso, tutor de Vanina, que
quando esta era criança, a prometeu em casamento ao seu parente Arrigo, mas
quando ela chegou aos 18 anos, não quis casar com ele.
Então Orso fechou-a em casa, só podia ir à missa. Durante os dias de semana,
ficava no palácio a bordar, sempre espiada pelas suas aias. Mas uma noite,
quando penteava os seus cabelos, passou na sua gôndola Guidobaldo, um
homem que não temia Jacob Orso.
Guidobaldo – Para tão belos cabelos seria preciso um pente de oiro.

Mercador -Vanina sorriu e atirou-lhe o seu pente de marfim. Na noite seguinte


à mesma hora o jovem voltou a passar ali.

Vanina – Hoje não me posso pentear porque não tenho pentes.

Guidobaldo – Tens este que te trago e que mesmo de oiro brilha menos do que
o teu cabelo.

Mercador - Daí em diante Vanina passou a ter um namorado, assim que soube
Jacob Orso mandou os seus lacaios matar Guidobaldo.

Guidobaldo – Orso mandou os seus lacaios apunhalar-me, casa comigo, e ao


nascer do dia partimos para ninguém nos encontrar.

(Terminada a narração encheram os copos e beberam à saúde de Vanina)

Cavaleiro – Já passou um mês entre festas e conversas, está na hora de ir


embora.
Mercador – Não partas, fica comigo, junta-te aos negócios e estabelece a tua
vida aqui.

Cavaleiro – Não, tenho que partir, pois prometi à minha família que estaria com
eles no Natal.

(E montado num belo cavalo o Cavaleiro partiu para Florença. O cavaleiro ficou
espantado com a sua beleza. Havia muitos palácios, igrejas e estátuas. Dirigiu-se para
casa do Banqueiro Averardo que era uma bela casa, mas não tinha tanto luxo como os
palácios de Veneza. Nas paredes havia quadros maravilhosos e também havia uma
biblioteca cheia de livros antiquíssimos).

Acto 5

Cavaleiro – Boa noite! Sou amigo do Mercador de Veneza e estou de regresso a


casa, a Dinamarca. Aqui tem uma carta que ele escreveu, onde lhe ele explica
tudo.

Banqueiro Averardo – Boa noite! Seja bem-vindo! Se é amigo do Mercador,


também é meu amigo! (Lê a carta.)

(Enquanto o banqueiro e os seus amigos jantavam começaram a falar de Giotto.)

Cavaleiro - Quem era Giotto?


Filippo - Giotto é o pintor do século passado que foi discípulo de Cimabué.
Cavaleiro - E quem foi Cimabué?
Filippo - Cimabué foi o primeiro pintor de Itália e foi quem descobriu o talento
de Giotto. Isto passou-se há mais de cem anos, numa manhã de primavera.
Voltava então Cimabué duma viagem quando, a meio do caminho, na vertente
de um monte, num lugar solitário e selvagem, viu uma grande parede toda
coberta de desenhos. Então, Cimabué pensou quem seria o pintor que vinha
pintar as pedras das colinas. Atou o seu cavalo e foi caminhar. Depois de ter
caminhando quase meia hora, encontrou o rebanho com o seu pastor. Enquanto
as ovelhas pastavam a erva tenra de Abril, o pastor ajoelhado em frente dum
penedo, desenhava. Esse pastor era Giotto que tinha uns doze anos de idade e
estava tão ocupado com o seu trabalho que nem deu por Cimabué chegar.
Cimabué chamou o rapaz, e começou a fazer-lhe perguntas, descobrindo assim
que Giotto era um rapaz normal que tinha aprendido a desenhar sozinho. Então
Cimabué propôs-lhe que deixasse as ovelhas e que fosse com ele, para fazer
dele seu discípulo. E assim foi! O pastor seguiu Cimabué que lhe ensinou todos
os segredos da sua arte. E com o tempo, tornou-se assim o pintor mais alegre
daquela época. E Dante, que ele retratou e que foi seu amigo, fala dele no seu
poema.

Cavaleiro - E quem era Dante?

Filippo - Dante foi o maior poeta de Itália que conhecia os segredos deste
mundo e do outro, pois viu vivo aquilo que nós só veremos depois de mortos.

Cavaleiro - Então e como é que ele viveu isso?

Filippo - Quando Dante tinha nove anos de idade, viu um dia na rua uma
rapariguinha muito bela que era da sua idade. Chamava-se Beatriz, era a
criança mais bela de Florença. Dante amou-a desde essa idade. Mas passados
alguns anos, Beatriz morreu. A morte de Beatriz fez com que Dante começasse
uma vida cheia de loucuras e de erros. Até que um dia, numa Sexta-feira Santa,
dia 8 de Abril de 1300, Dante perdeu-se no meio de uma floresta escura e
selvagem. Aí apareceu-lhe um leão, um leopardo e uma loba. Dante olhou à sua
volta e viu passar uma sombra a falar com ele, era a sombra de Virgílio, o poeta
morto há mais de mil anos e que vinha da parte de Beatriz para o guiar até ao
lugar onde ela o esperava. Dante seguiu Virgílio. Passaram sob a porta do
Inferno, depois atravessaram os nove círculos onde estão os condenados.
Depois de terem percorrido todos os abismos do Inferno, voltaram à luz do sol
e chegaram ao Purgatório. Aí, Dante e Virgílio viram as almas que através de
penitências e preces vão a caminho do Paraíso. Até que chegaram ao Paraíso
Terrestre, onde Dante tornou a ver Beatriz. Beatriz vinha num carro puxado por
um animal metade leão metade pássaro, chamou Dante e disse que o mandara
chamar para o curar dos seus erros e pecados, e disse que o ia levar consigo
para o céu para que ele visse a felicidade e a alegria dos bons e dos justos.
Seguindo Beatriz, Dante atravessou os nove círculos, passou entre estrelas e
planetas rodeados de anjos. Quando chegou ao décimo céu, Beatriz despediu-se
de Dante e disse para ele voltar à terra e escrever num livro, todas as coisas que
vira, para ensinar os homens a detestar o mal e a desejar o bem. Dante voltou e
cumpriu a vontade de Beatriz. Escreveu um poema chamado “A Divina
Comédia” no qual contou a sua viagem. Quando Dante passava na rua as
pessoas olhavam e comentavam.
Cavaleiro - Esta história é extraordinária! Tenho a certeza que Dante passou a
ser um homem conhecido e respeitado.

Filippo - De facto, deveria ter sido assim, mas não foi. Quando Dante voltou,
encontrou a cidade mergulhada em grandes lutas políticas. Havia nesse tempo
dois partidos, o partido dos Guelfos e o partido dos Gibelinos. Dante pertencia
aos Gibelinos, em 1300 foi eleito para o Governo da Cidade. Tempos depois, o
seu partido foi vencido e o poeta foi exilado, e mais tarde, os seus inimigos
queriam que fosse queimado vivo. Mas, felizmente, nessa altura Dante
encontrava-se longe de Florença e conseguiu escapar à morte. Mas por causa
disso Dante nunca mais pode voltar para a sua cidade natal. E foi nesse exílio
separado de tudo, que Dante escreveu a “Divina Comédia”.

(Quando Filippo acabou de falar houve um silêncio.)

Cavaleiro – Fiquei maravilhado com esta história, mas por hoje chega. Parece-
me que vou ficar mais algum tempo nesta cidade magnífica, quero conhecer as
suas ruas, as suas praças, os seus conventos, os seus palácios, as suas bibliotecas
e suas igrejas.

Banqueiro - Faz como entenderes, tens aqui uma casa à tua disposição!

(Saem.)

(Passado um mês.)

Banqueiro – Já passou um mês, visitaste a cidade. Associa-te aos meus negócios


e estabelece a tua vida em Florença. Há no mundo Cidades mais ricas e
poderosas, mas é aqui que existe a maior ciência.

Cavaleiro - Agradeço-te o teu convite, (respondeu rindo-se), mas não posso cá


ficar, lá longe, no meu país do Norte, os meus filhos, a minha mulher e os meus
criados estão à minha espera, dentro de três dias terei de partir, porque lhes
prometi que irei estar com eles no próximo Natal.

(Então Averardo deu-lhe uma carta de recomendação para um rico comerciante da


Florença. E três dias depois cavaleiro partiu. Viajava agora com pressa para embarcar
no porto de Génova num dos navios. Mas já no fim do caminho quase em Génova o
Cavaleiro adoeceu.
Os frades trataram-no com chás e medicamentos, fazendo com que a febre fosse
baixando lentamente, mas só acabou de tudo ao fim de um mês e meio. Então Cavaleiro
quis seguir viagem, mas como estava tão fraco e pálido os frades não o deixaram partir.
Teve de esperar mais um mês no convento calmo e silencioso onde havia muita paz.
Nesta paz, as forças do Cavaleiro cresciam, dia a dia, até que, ao cabo de cinco semanas
de descanso, ele pôde despedir-se dos frades e continuar para Génova.
Então dirigiu-se para Génova.
Mas quando lá chegou já era fim de Setembro e os navios que seguiam para Flandres já
tinham partido todos. O Cavaleiro ainda percorreu tudo e falou com todos, mas a
resposta que ouvia sempre era que só poderia arranjar um navio para Flandres daí a
vários meses.)

Banqueiro - O Cavaleiro deixou Florença, e quase em Génova adoeceu. Foi


acolhido num convento por uns frades que o trataram, durante quase durante
um mês. Teve de esperar depois, mais um mês, para se restabelecer. Ao fim de
dois meses, e depois de estar curado, partiu para Génova. Quando lá chegou,
no mês de Setembro, já todos os navios que iam para Flandres, tinham partido.

(O cavaleiro só parava para dormir e comer, pois ansiava chegar a casa, finalmente
chegou a Antuérpia.)
(O Cavaleiro bate à porta.)

Acto 6

Cavaleiro - Boa noite, Senhor Negociante!

Negociante Flamengo - Boa noite!

Cavaleiro - Como está?

Negociante Flamengo - Estou bem, obrigado!

Cavaleiro – Trago aqui uma carta do Banqueiro Averardo, de quem sou amigo.

(Sentaram-se os dois à mesa.)


Negociante Flamengo – Sente-se , vamos jantar.

Cavaleiro – Que boa comida! Tem um óptimo sabor, o paladar é diferente! Não
conheço estas especiarias!

Negociante Flamengo – Vê-se que não conheces o novo mundo! (rindo) Daqui a
pouco, vai chegar alguém que te vai contar histórias ainda mais misteriosas do
que aquelas que já ouviste até agora.

(Passado pouco tempo chegou um homem com 3 cofres e pousou-os em cima da mesa
com mercadorias trazidas da sua viagem. Sentaram-se os três.)

Negociante Flamengo – Este é um dos capitães dos meus navios! Chegou agora
de uma das suas viagens.
Capitão – Estas são amostras das mercadorias que trago.

Negociante Flamengo – Conta aqui a este meu amigo as tuas viagens.

Capitão - Desde muito novo que sigo a carreira de marinheiro. Viajo sobretudo
entre Flandres e os portos da Península Ibérica. Um dia resolvi ir para as
expedições Portuguesas e depois parti numa caravela para ir explorar África e
dobrámos o Cabo Bojador. Os marinheiros que desembarcavam, não eram bem
recebidos pelos nativos. Havia paragens onde os africanos e os Portugueses já
se conheciam e negociavam. O entendimento entre ambas as partes, muito
poucas vezes avançava, não entendiam as respectivas línguas, e este
desentendimento das línguas causou muitas mortes. Um dia, a caravela
ancorou em frente de uma larga e bela baía, cheia de maravilhosos arvoredos.
Na longa praia de areia branca e fina, um grupo de negros espreitavam o navio.
Então, o capitão mandou dois batéis para tentarem estabelecer contacto com os
africanos. Quando os batéis tocaram na areia, os negros fugiram e
desapareceram no arvoredo. Talvez tenha tido medo porque nós éramos muitos
e eles eram poucos. Pêro Dias, um português, pediu aos companheiros que lhe
deixassem um batel e fossem todos no outro e se afastassem da praia. Mas os
companheiros acharam este plano muito arriscado e não o quiseram aceitar,
mas como ele insistiu muito, eles acabaram por fazer como ele queria. Pêro Dias
caminhou sozinho até meio da praia e ali colocou panos coloridos que tinha
trazido como presente. Depois recuou até à beira do mar e encostou-se ao batel.
Depois apareceu um homem negro que aceitou a oferta, sorrindo. Caminharam
ao encontro um do outro e ele disse-lhe que queria paz e ele respondeu com
palavras desconhecidas. Então Pêro Dias comunicou com ele por gestos, mas
também não deu resultado. Então resolveu cantar e dançar e aí o negro seguiu o
seu exemplo, contudo ele ergueu a sua espada e o negro teve medo e fugiu. Mas
Pêro Dias conseguiu alcançá-lo e o negro que começara a debater-se
assustadamente , fê-lo furiosamente. Com gritos roucos respondia às palavras
que o tentavam apaziguar. No mar, os seus companheiros viam tudo e vierem
socorrê-lo. O negro com medo de estar cercado, apontou a lança a Pêro Dias e
ambos caíram trespassados. Os seus companheiros foram até ele e viram-nos
estendidos no chão a sangrar e um deles disse:« -Olhem, o sangue deles é
exactamente da mesma cor ». Os dois corpos foram sepultados ali mesmo, na
praia, e com uma lança e a espada, os marinheiros fizeram uma cruz espetada
na areia entre os túmulos.

(Silêncio.)

Negociante Flamengo – Estamos cansados, vamos deitar-nos. Amanhã teremos


tempo para ouvir mais histórias!

Cavaleiro – Vamos! Até amanhã!

(No dia seguinte.)


Cavaleiro – Bom dia, já estou longe de casa há muito tempo, tenho te partir.
Vou seguir viagem por mar para a Dinamarca.

Negociante Flamengo - Mas estamos em Novembro – os dias são mais frios


acho que não vais encontrar um navio que te leve. Com as tempestades
ninguém vai sair para Norte. Tenho uma proposta a fazer. Já vi que vais gostar
de viagens, eu preciso de um homem para correr o mundo. Pois tenho muitos
negócios e preciso de ajuda. Chegou o tempo das navegações, começou uma
nova era de empreendimento, podes agora ganhar fortunas fabulosas e fazer
viagens nos meus navios. Talvez possas navegar para o Sul.

Cavaleiro - As histórias dos mares, das ilhas, dos povos desconhecidos e dos
países distantes são maravilhosas. Mas prometi chegar este Natal a minha casa,
vou partir amanhã.

Negociante Flamengo - Vai ser uma viagem dura.

Cavaleiro – Vai! Mas prometi à minha família chegar no Natal e não os posso
desapontar! Gostei muito de o conhecer e da sua hospitalidade, mas agora é
tempo de partir!

(Música a acompanhar )

Acto 7

(Caminhou durante longas semanas. Enrolava-se bem no capote forrado de peles que
comprara em Antuérpia)

(Finalmente na antevéspera do Natal chegou a uma pequena povoação que ficava a


poucos quilómetros da sua floresta. Foi recebido com grande alegria pelos seus amigos
que ao cabo de tão longa ausência já o julgavam perdido.)

(Cavaleiro pediu noticias daqueles que deixara)

Amigo – Estão à tua espera, afligem-se pela tua demora e rezam pelo teu
regresso.

(Na madrugada seguinte o peregrino partiu)

(E ao fim de três quilómetros de marcha, cheio de confiança penetrou na grande


floresta.)

(Depois de quase dois anos de ausência)


Cavaleiro – A floresta parece fantástica e estranha, tudo mudou durante dois
anos. Tantas árvores, até parece um labirinto, tenho de encontrar o meu
caminho porque tenho de chegar a casa de dia. Olha!
Estou a ver rastos de um trenó. Bom sinal, não me enganei no caminho!

(Encontrou um lenhador e sentou-se ao lume)

Velho de grandes barbas – Já pensávamos que não voltavas mais.

Cavaleiro – Mas graças a Deus cheguei a tempo. Hoje antes da meia-noite


estarei em minha casa.

Velho de grandes barbas – É tarde, o dia já escureceu. Vai nevar e de noite não
poderás caminhar.

Cavaleiro – Nasci na floresta, conheço bem todos os seus atalhos. Seguindo ao


longo do rio, não me posso perder.

Velho das barbas – A floresta é grande, ninguém a conhece. Amanhã, ao


romper do dia, seguirás o teu caminho.

Cavaleiro – Não posso! Prometi que estaria hoje em minha casa. Adeus tenho
de partir.

(Montou o cavalo e seguiu o seu caminho, a cair neve tão espessa e cerrada que o
cavaleiro mal via.)

Cavaleiro – Depressa, tenho de chegar depressa ao pé do rio.

(Mas o rio não aparecia, e a noite começou a avançar.)

Cavaleiro – Era melhor voltar para trás. Mas se eu não chegar hoje, a minha
família pensará que morri ou me perdi. Passará um Natal de tristeza e aflição. É
preciso que eu chegue hoje.

(O cair da neve parecia multiplicar o silêncio e o rio parecia ter- se sumido.)

Cavaleiro – Talvez me tenha enganado no caminho, vou mudar de direcção.

(Estava cada vez mais frio e o cavaleiro enrolava-se no seu capote.)

Cavaleiro – Estou perdido!

(Sons)
(O cavaleiro ouvia os lobos a moverem-se em leve passos sobre a neve, sentia sua
respiração ardente e ansiosa, adivinhava o branco cruel dos seus dentes agudos.)

Cavaleiro – Hoje é noite de tréguas, noite de Natal.

(Sons)
(E ao som destas palavras os olhos recuaram e desapareceram. Mas adiante ouviu-se o
ronco de um urso. O cavaleiro estancou a sua montada e a fera aproximou-se. Vinha de
pé e pousou as patas da frente no pescoço do cavaleiro. O homem ouviu-o respirar,
sentiu a seu pêlo tocar-lhe a mão e viu a um palmo de si o brilho dos pequenos olhos
ferozes.)

Cavaleiro – Hoje é noite de tréguas, noite de Natal.

(Sons)
(Então o bicho recuou pesadamente e grunhindo desapareceu. E continuou a caminhar
para a frente)

Cavaleiro – Vou morrer esta noite.

(continuou a caminhar)

Cavaleiro – Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa
vontade.

( continua a caminhar)

Cavaleiro – Deus seja louvado! (murmurou) deve ser algum lenhador perdido
como eu que acendeu uma fogueira. A minha reza foi ouvida. Junto do lume e
ao lado de outro homem poderei esperar pelo nascer do dia.

(Recomeçou a avançar)

Cavaleiro – Que maravilhosa fogueira. Nunca vi fogueira tão bela.

(Quando chegou em frente da claridade, viu que não era uma fogueira, era um abeto
escuro, a maior árvore da floresta, estava coberta de luzes.)

(Música final)

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