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TEORIA SEMIOTICA DO TEXTO 5. Semantica discursiva__ vizacdo Coeréncia textual Est ras fundamentais — 7. Vocabulario critico ___ 8. Textos analisados __ 9. Bibliografia comentada 68 68 n 4 1 80 80 82 84 om 93 1 Teorias lingiiisticas do texto e teoria semidtica A intengdo deste livro ¢ apresentar, de forma sucinta e simples, por A. J. Greimas e pelo Grupo de ce ea da Escola de Tartu. Por razdes, esas, entre as quais a de exigilidade de espaco ¢ a de tipo de pu- io se fardo comparagdes entre as diferentes propostas e, is de a escolhida para esta cardter de feoria do fexto que assume a semi apresentacdo. A semidtica insere-se, portanto, no quadro das teorias que se (oreocupam com 0 texto A linglistica foi, durante muito tempo, uma teoria da Vague _ las dimensoes da frase, sia BOF acre or di icallados edtoaa de aa gue reconhecem unidades maio- res que a frase. A essa delimitacao da lingiistica soma-se mais uma, ticos nos anos sess muulack neira metade ida como se- lo pasado, foi, Parente pobre da deste século, méntica da paz de levar a lo.em separado do © plano da ex estrutural deseavolveuprineipis em lo. As dificuldades fora = derrubar essas demar isfat6rio do sentido. a0s fatos de de propostas ais a frase, co Portanto, que o sentido da fras “Ao lado dos estudos do texto, desenvolveram-se, também, di teorias pragméticas ou da enunciacdo que 1 i de vista adotado de exame das re ide de sentido e que conside- lepende do sentido do texto, \OUISTICAS DO TEXTO Ba. tre enunciado e enunciagdo. As teorias desenvolvidas privilegi .@ ou outra das abordagens. A ligdo da semantica, porém, que abriu ‘0 caminho duplo da busca do sentido nao terd sido bem entendida se forem separadas as duas preocupaedes, a que se volta para o tex- , a que se dirige para a enunciacdo. A nogao de texto A semiética tem por objeto o texto, ou me- Thor, procura descrever e explicar 0 que 0 texto diz ¢ como ele faz para dizer 0 que diz E necessério, portanto, para que se possa caracterizar, mesmo que grossciramente, uma teoria semistica, determinar, em primeiro lugar, 0 que € 0 texto, seu objeto de estudo. Um texto define-se de duas formas que se complementam: pela organizagéo ou estruturagao que faz dele um “todo de sentido”, co- mo objeto da comunicacdo que se estabelece entre um destinador ¢ um destinatario. A primeira concepe4o de texto, entendido como ob- Jeto de significacao, faz que seu estudo se confunda com o exame dos ‘ocedimentos e mecanismos que o estruturam, que o teem como n “todo de sentido”. A esse tipo de descrigao tem-se atribuido 0 nome de andlise interna ou estrutural do texto. voltam-se para essa andlise do texto, a partir de pri todos ¢ técnicas diferentes. A semidtica é uma delas. ‘A segunda caracterizag2o de texto nao mais 0 toma como obje- 10 de significugiio, mas como objeto de comunicacao entre dois sujei- tos. Assim concebido, o texto encontra seu lugar entre os objetos cul- jo numa sociedade (de classes) e determinado por for- magoes ideol6gicas especificas. Nesse caso, 0 texto precisa ser exami ido em relagdio ao contexto sécio-histérico que o envolve e que, em na instancia, lhe atribui sentido. Teorias diversas tém também pro- curado examinar o texto desse ponto de vista, cumprindo 0 que se costuma denominar andlise externa do texto. (Os que se dedicam ao exame “interno” do texto ¢ aqueles que a0s outros: os primeiros so acusados de redu cimento e de desconhecimento da histéria; os dade ¢ de confundirem a andlise do texto com outras andlises. No entanto, 0 texto 6 existe quando concebido na dualidade que o defi- ne — objeto de significagao e objeto de comunicagéo —e, dessa for- | istas a construsdo de seu ou de se como 0 exame tanto dos mecanismo ‘© dos fatores contextuais ou sécio. lo. Nos seus desenvolvim Caminhado nessa direrdo e procurado eon arato te6rico-metodolégico, do texto. Para explicar ale, 20 rant Ge examinar os procedimentos de seca ic Giosextual e, a0 mesmo tempo, os menarins enunciativos de pro- tlucdo ¢ de recepeao do texto, rae Cucto € de recepedo do t Resta ainda um ponto a ser esclarecido do de texto: o objeto de estudo da semigars, € apenas 0 texto inido por sua organizacio ode ser tanto um texto sen- 1s in- iar, com o mes- 28 andlises ditas “interna” ¢ ‘ex. nog mao, waltial de jornal, uma oragdo, umm disecren Politico, um ser- 2 aguarake's# de criancas —, quanto um texto viged ura gravura, uma danica — ou, mais fre- 0 de mais de uma expresso — uma ime, uma caneao popular. As diferentes ponititidades de manifestacao textual dite im, sem dtivida, 9 s{ualauer estudioso do texto, e as teorias enone a se especia- lizar em “‘teorias do tentoliteririo’. sg fologia da imagem” e assim Por diante, Co, ou gest Teconhece suas di Hjelmstev, propoe, abstracdo das difer: raulades. Por isso mesmo, na esteira det. 10 primeiro pass Iue se faca ices cuanlfestagdes — visuais, gestuats, vectors 'a5 seu plano do contetido. As i lacdo com 0 contetido, serio spcilética deve ser assim cntendida como a teoria que pro, de ablicar 0 ou os sentidos do texto pelo exame, em primeiro lugar, de seu plano do contetido, texto, a semidtica concebe im percurso gerativo. A no. €omo segue: ) © percurso gerativo do sentido vai do mais simples e abstrato ais complexo € con ©) a primeira e jome de nivel fund ra etapa do percurso, a mais simp! ental ou di fas narr 10 OW € assumida pelo s 10 da enunciagdo. ra o sentido do texto dependa da relagdo entre os niveis; ivas, organiza-se a narrativa, do ponto de vista de us 's estruturas discursivas Para bem explicar o papel do percurso gerativo na construcdo ‘a do sentido do texto e para uma primeira apresentagao, ba dm Tas tante imprecisa, de cada nivel do percurso, sero examinados, em cangao infat is textos. Sao eles a letra da cangdo de Luiz Henriquez, Sérgio Bardotti e Chi (1980, p. 40), € 0 poema ‘“Psicanalise do aciica de Melo Neto (1975, p. 27), Me alimentaram me acostumaram. Imofada e trato ‘ou mesmo um bom fil... de gato ‘me diziam, todo momento: le em casa, ndo tome vento, 8 dure ficar na sua quando & luz da lua tantos gatos pela rua Senhor, senhora, senhorio, Felino, nao reconnacerds, De manhé eu voltel pra casa sai cantando assim: Nés, gatos, Jé nascemos pobres, orém, j& nascamos lives ‘Sonhor, Senhora ou senhario, Felino, nao reconhecerds, a A guiie do texto onsiderard cada nivel separadamentee pro- irard dar uma visdo geral de como sao concebii a geral de como sao coneebidos o percurso e stias No nivel das estruturas fund: sigdo ou as oposiedes semantics tido do texto. Em damental é; "efdade vs. dominago (exploragao, opresedc) Essa oposi¢go manifesta-se de formas diversas no texto: “me “Figque em casa, nao : ‘ casa, no tome vento” as é duro ficar na sua”, “ja nas : F Mas duro ‘id nascemos livres”, “Senhor, senhora, As categorias fundame: ntais sao determinadas como s ositiv ou cuféricas ¢ negativas ou disféricas. No texto, a liberdade é eufort a, 8 opressio, disfirica, al soa, Om dts telagdes mencionadas ede sua determinagto axiols. ica, estabelece-se no nivel das estruturas fundamentais um pereurso thir os termos, Pasa-se, no tenes va & liberdade positiva, aera Gominagdio ———_. nso-dominago—___. tinerdace (distoria) (n8o-distoriay (eutoria) A nio-dominagao, ou melhor, : . a negagdo da dominacio apare- ce sobretudo em “Mas é duro ficar na sua. ee “Histéria de uma gata” tem, 0, 60 he a Portanto, como contetido mo fundamental a negacéo da dominaglo ou da exploragio, se como negativa, e a afirmacio da liberdade eufériva No segundo patamar, nivel das estruturas narrativas, os elemen- ais so assumidos como va- de suijeitos. Ou séja, no se trata mais de afirmar ou de negar conteti: de asseverat a iberdade e de recusar adominagio, mas de trans- formar, pela aro do sujeito, estados de liberdade ou de opressao. de um sujeito (“gata”) lono”’) por tentagio — boa ca- “Historia de uma gata” é, ass nipulado por um outro sujeito ( protecio, carinho, comida — para que *fique em casa”, “niio se misture com os gatos de rua", “seja fiel”. O sujeito gata quer cum- prir e realmente cumpre 0 acordo, para receber 08 valores que o ten- tam. E reconhecido como “bom gato" e recompensado com *“filé- mignon, detefon e bons tratos”. Surgem, porém, os gatos de rua, com outros valores, os da liberdade (sem filé ¢ sem almofada), que tam- bém tentam o sujeito gata e fazem que ele va & rua e ponha de lado, por conseguinte, o primeito compromisso A gata esforca-se por esconder 0 rompimento do primeiro c trato e “volta para casa’: ela procura nao parecer uma “gata de ru ainda que o fosse, ela tenta parecer fiel, embora tivesse praticado infidetidade. O segredo ou a mentira so desmascarados e ela perde © reconhecimento de “bom gato” ¢ as recompensas. Assume, a par- tir dai, os valores da liberdade, ‘A narrativa, como se_viu, sofreu_desdobramento_polémico, Opdem-se valores € a gata sincretiza os papéis de sujeito de fazeres contra ‘A tiltima etapa do percurso gerativo é 0 nivel das est cursivas. As estruturas discursivas devem ser examinadas do ponto de vista das relagdes que-se-instauramrentre-a inst@incia da enuncia- 40, responsdvel pela producio e pela comunicagao do discurso, € o texto-enunciado, Em “Historia de uma gata", ut discursivos variados para fabricar a ilusio de verd: narrador em eu e obtém-se 0 efeito de subjetividade: 6 sujeito da primeira manipulagao (“me alimentaram’ “fui barrada”)e cria-se o efeito de generalizacao; delega-se a pala- yra aos manipuladores, dono e gatos de rua, e chega-se & ilusdo de realidad Ainda no nfvel discursivo, as oposigdes fundamentais, assumi- das como valores natrativos, desenvolvem-se sob a forma de temas ‘¢, em muitos textos, coneretizam-se por meio de figuras. No texto em exame, desenrolam-se varias leituras temat At) tema da domesticidade ou da dominagao e explor haan da dominacao e exploragdo do ani ) tema da sexualidade da mulher comprada para o prazer; ©) tema da passagem da adolescénci sao da familia sobre a crianca e o jovem vento”); mulher-objeto ou de exploragao da de tragas senso espace i ii temporais que sparam no eat gs liberdade da dor Linagao, ° peer ees | roe = cite, | S| “ine | Esses tracos organizam figuras diferentes as teméticas. O traco olfativo, por exem; ma do detefon, na leitura do ani ‘méticos, na da mulher-objeto, madas) na do adolescente. A anilise do pocma de Jofo Cabral de Melo Neto, “Psicanl- fo peaticat” (1975, p. 27), deverd completar esa visio de conjnans de Petcurso gerativo do sentido, tal como o concede a texte see » tal come e be a teor S nas diferentes leitu- plo, manifesta-se sob a for~ imal doméstico, como perfumes ¢ cos € como cuidiados e limpeza (talcos, po- © agicar cristal, ou aguicar de usina, ‘mostra a mais instavel das brancuras: quem do Recife sabe direito 0 quanto, © © Bouco dese quanto, que ela dure Sabe 0 minimo do pouco que o cristal 80 estabiliza cristal sobre o acucar, Por cima do fundo antigo, de mascavo, do mascavo barrento que se incuba @ sabe que tudo pode romper 0 minimo fem que o cristal & capaz de censure: pols 0 tal {undo mascavo logo atlora quer Inverno ou verao mele o agdear. 86 0s bangUés quo-ainda purgam ainda © acucar bruto com barto, de mistura; a usina |é no o purga: d no de depois de adulto, ela o educ fem maos de metal de gent a usina 0 leva a sublimar om cristal © pardo do xarope: no o purga, cura Mas como a cana se cra ainda h fem maos de barro de gente agri 0 barrento da pré-infancia logo atlora quer Invern ou verdo mele o aguear. No nivel das estruturas fundamentais, 0 poema parte da oposi do entre: sujo (impuro, escuro, barrento} impo, claro) vs. | . “agucar mascave' ois percursos ocorrem no texto. Passa-se da pureza & impure- za, quando 0 mascavo barrento rompe o cristal, ou da sujeira do agi car bruto & brancura do cristal da usina: pure (agacar cristal de usina) (agucar brute) ‘elma do mascavo) puro + impuro + sujo (cristal) undo mascavo (agdear mascave) que atlora) A assercdo da “‘pureza”, no primeiro percurso, a da “‘sujei- ra", no segundo, fazem surgir, no texto de Cabr sibilidade, a da afirmacao concomitante da “‘pureza’” eda “‘sujci 1no agticar do bangiié. O acticar do bangié tem caracteristicas tanto do mascavo ‘‘sujo”” quanto do cristal “‘puro””, purgado que é “com barro, de mistura’” No nivel das estruturas narrativas, as operacdes da etapa fun! damental devem ser examinadas como iransformagoes operadas por - Eni “Psicandlise do agiicar” mudam-se as qualificagdes do sujeito “agiicar”, ora “puro” ora “‘sujo”, transforma-se sua com- peténcia, enfim, para a ago. Tanto a usina quanto 0 tempo ou 0 sto responsdveis pelas alteracdes das qualificagdes do sujei- manipula o sujeito sobretudo pela intimidagao das “ + Para que ele aja de modo “puro” e “racion: sem os impulsos ow os instintos “sujos”’. A cla, opde-se 0 tempo, 0 inverno ou o verdo que “‘melam o agticar”, ou seja, que desqual cam 0 sujeito para a acdo pretendida pela usina. O tempo, na verda- de, desmascara o sujeito ao mostrar o cardter passageiro e mentiroso de sua “brancura’”. O a uro"” © competente Para a acdo, mas ndo o é, pois o inverno ou o vero fazem aflorar seu “‘fundo mascavo”. A usina responde, portanto, por transforma. ‘s6es apenas aparentes do sujeito, ao mudi-lo de *'sujo"” em “puro cristal””. © tempo faz saber que a pureza € superficial e esconde 0 ser do sujeito moldado pelas ‘*maos de barro de gente agricultura” Faz-se 0 percurso inverso, da aparéncia & esséncia. Finalmente, a essas transformagdes opostas da competéncia do sujeito vem somar-se a manipulagdo do banaiié. O bangilé qu osujeito com a “‘pureza’” e com a “‘sujeira’’, faz dele um ser compl x0, a0 mistur4-lo com barro, para puri bangiié define-se 4-lo. O agiicar-mistura do pura ‘impulsivamente”. Est pronto » 20 mesmo tempo, ara realizar o fazer de “‘adocar” As estruturas discursivas, no ultimo patamar do pereurso, mos- fram um discurso em terceira pessoa, verdadeiro porque objetivo, Para a ilusdo de objetividade e de verdade contribuem o argumento de au- toridade eo efeito de realidade obtidos com o emprego de um sujeito do saber: “quem do Recife sabe dircito” ‘Varios temas realizam os valores da pureza e da sujeira, no discurso: 8) tema da purificagao do agticar, em que se opdem os métodos da usina e do bangiié, se apresentam as vantagens de cada um deles € se desmascara a excessiva pureza do agticar cristal, que esconde sua sujei b) tema psicanalitico da censura, dos recalques, da sublimacao ¢ do aflorar constante dos instintos ¢ dos desejos reprimidos (se st. blimagao, para a psicandlise, é 0 “‘processo inconsciente que consiste em desviar a energia da libido para novos objetos, de cardter util” (ovo diciondrio Aurélio), 0 texto de Cabral mostra que a educagao ~ na familia, na escola, na sociedade — pde o homem, desde a in- fancia, na “boa” direcdo, mas que os impulsos constantemente aflo- ram, em atos falhos ete.); ¢) tema étnico do racismo, que se desenvolve na leitura do ani- lamento do negro, pondo em evidéncia o branco, ena solugao apre- a sagem; ¢ ona seciocnnizo do desnantaent da erro rocedimentos pré-industriais, em favor da usina ou do grande (© meio-termo do bangié seria 0 camino visado); ‘0, em que se fala da aparéncia de “pureza"” ede , de “ordem’” de certos paises, sob a qual fervilham as doen- fas socinis da rebelo que, a qualquer momento, podem aflorar. ‘As duas andlises esbogadas quiseram apenas mostrar, no todo, ‘como se articulam as etapas do percurso gerativo do sentido e como rica dele se serve para ler textos. Seré agora examinado deta- mente cada nivel do percurso.

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