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O (quase) desconhecido Afeganistão

Os recentes acontecimentos desencadeados pelos atentados de 11 de setembro nos


Estados Unidos, colocaram em evidência o Afeganistão, país asiático classificado
como um dos mais pobres do planeta.

Situado em pleno coração da Ásia central , o Afeganistão é uma espécie de mosaico


natural e humano, que reúne características de três áreas asiáticas com as quais
tem contato: o Oriente Médio, através do Irã, o subcontinente indiano (Paquistão) e
a própria Ásia Central onde possui fronteiras comuns com o Turcomenistão, o
Usbequistão e o Tajiquistão, Estados que até 1991 faziam parte da extinta União
Soviética.

País interior, com cerca de 650 mil quilômetros quadrados (aproximadamente duas
vezes o tamanho do Maranhão), o território afegão se notabiliza por seu relevo
extremamente acidentado. Cerca de 2/3 do país encontram-se acima de 1.800
metros. Apenas 10% do espaço nacional possui altitudes inferiores a 600 metros.
Montanhas, planícies e depressões aparecem com grande irregularidade em todo o
território. Assim como se atribui ao “general inverno”, a derrota de Napoleão em
sua invasão à Rússia czarista no século XIX e, ao “mesmo oficial” a vitória soviética
sobre Hitler na Segunda Guerra Mundial, criou-se o mito de que a aspereza do
relevo afegão teria sido um fator crucial para a derrota de invasores externos, como
os britânicos (século XIX) e soviéticos (na década de 1980).

O principal acidente do relevo no país é a Cordilheira do Hindu-Kush, conjunto


montanhoso com cerca de 600 quilômetros de extensão, cujas maiores altitudes,
encontradas na porção nordeste do país, junto às fronteiras do país com o
Tajiquistão e Paquistão, podem atingir cotas superiores a 7 mil metros.

Um outro aspecto que chama a atenção no país é a predominância de climas


desérticos e semi-áridos. Com exceção da porção ocidental, junto às fronteiras com
o Irã, nenhuma outra área do país recebe mais que 500 milímetros de chuvas
anuais. Fato curioso de se notar é que o Afeganistão possui uma expressiva rede
hidrográfica que é alimentada pelo degelo das altas montanhas recobertas por
neves eternas. É ainda significativo o fato de que, à exceção do rio Cabul que corta
a capital afegã e é afluente da margem direita do rio Indo (o mais importante do
Paquistão), todos os demais cursos fluviais do país apresentam drenagem
endorreica, isto é, deságuam em lagos ou mares fechados.

Radiografia étnica do Afeganistão

Dada sua localização geográfica – em contato com o Oriente Médio, subcontinente


indiano e antiga Ásia Central soviética -, as populações que habitam o Afeganistão,
cerca de 25 milhões pessoas, apresentam grande diversidade étnica, resultado das
múltiplas influências sofridas ao longo de sua história. O único traço aparente de
unidade das cerca de 10 etnias que habitam o país é a religião islâmica que,
todavia, apresentam uma divisão entre os sunitas majoritários e a minoria xiita.

Assim, o mosaico étnico afegão é representado pelos seguintes grupos:


1 – os pashtuns ou pushtuns: grupo étnico fundador do Afeganistão no século
XVIII, quando impuseram sua dominação sobre as outras populações e colonizaram
terras que até então nunca haviam ocupado. Durante muito tempo, o temo pashtun
foi sinônimo de afegão. O talibã, apesar de tentar exprimir um movimento que
esteja acima das diferenças de caráter étnico, é formado majoritariamente por
pashtuns.

Esse grupo étnico corresponde atualmente à cerca de 40% do efetivo populacional


do país. Há um número bem maior de pashtuns vivendo no oeste do Paquistão há
muito tempo (nesse país os pashtuns são conhecidos como patãs). Há também
cerca de 3,5 milhões de pessoas oriundas do Afeganistão (a imensa maioria de
etnia pashtun) que buscaram, nos últimos 20 anos, refúgio no território
paquistanês. Uma parte considerável deles fugiu para o Paquistão durante os dez
anos da intervenção soviética (1979/1989). Todavia, após a retirada da URSS, o
número de refugiados continuou a crescer por conta dos sangrentos conflitos
internos que opuseram os vários grupos afegãos que pretendiam governar o país.
Os recentes ataques dos Estados Unidos ao Afeganistão fizeram aumentar ainda
mais os refugiados presentes no Paquistão.
Os pashtuns do Afeganistão, assim como seus “irmãos” étnicos do Paquistão são,
em sua imensa maioria, muçulmanos sunitas e não são poucos os elementos dessa
etnia que sonham com a criação de um país independente, o Pashtunistão,
independente do Afeganistão e do Paquistão. Este fato reforça mais uma vez o
caráter artificial das fronteiras herdadas do colonialismo europeu. Deve-se lembrar
que foram os colonialistas britânicos que, em 1879, fixaram a Linha Durand, que
separou os pashtuns em dois territórios coloniais distintos, os atuais Afeganistão e
Paquistão.

2 – os tajiques: são etnicamente próximos aos persas, grupo este que é o


dominante no Irã. No interior do Afeganistão, são mais numerosos na porção norte-
nordeste, junto às fronteiras com a ex-república soviética do Tajiquistão.
Corresponde à cerca de 25% da população total do país e são muçulmanos que
seguem o rito sunita. A Aliança Norte que se opõe ao talibã, é formada por um
grande número de indivíduos dessa etnia.

3 – os hazaras: grupo que compreende aproximadamente 20% da população total


do Afeganistão. São descendentes de nômades mongóis que se instalaram no atual
território afegão no século XIII. São muçulmanos xiitas, que usam uma língua que
é de origem persa. Usando como pretexto a luta contra os infiéis, os pashtuns, no
final do século XIX, submeteram os hazaras à força e lhes tomaram as melhores
terras. Um bom número deles, expulsos de sua área original no centro do país,
acabou se fixando principalmente na capital em áreas próximas a ela. Se fosse
possível se estabelecer uma pirâmide social no Afeganistão, os hazaras ocupariam a
base da mesma, já que quase sempre os representantes desse grupo exercem os
empregos de menor remuneração.

4 – turcófonos: correspondem a vários grupos étnicos, dentre quais os usbeques


são os mais numerosos, aproximadamente 6% da população. Habitam
principalmente a porção setentrional do país, junto às fronteiras com o
Usbequistão. Dentro deste grupo são ainda encontrados os turcomenos e
quirguizes, etnias respectivamente dominantes no Turcomenistão e Quirguistão. A
imensa maioria dos integrantes desse grupo são muçulmanos sunitas e, de maneira
geral, se opõem ao talibã..

5 – outros grupos étnicos: cerca de 10% da população do Afeganistão é formada


por variados grupos étnico-nacionais. Dentre eles destacam-se os aimaks, os
nuristanis e os baluques. Em especial, esta última etnia possui indivíduos presentes
não só no Afeganistão como também no Irã e no Paquistão. Há movimentos que
lutam pela criação de um Baluquistão independente, que uniria os baluques que
habitam os três países.

As tradicionais divisões étnicas são acentuadas por rivalidades tribais. Cada afegão
sente-se mais ligado a um grupo comunitário, que pode ser uma tribo, um clã ou
simplesmente uma grande família. Pode-se dizer que é fácil mobiliza-lo para a
guerra. Mas é quase uma missão impossível estabelecer uma unidade entre
centenas de líderes comunitários de diversas etnias, sunitas ou xiitas, muitas vezes
com uma longa história de hostilidade entre si.

Os talibãs pretenderam, com algum sucesso inicial, estar acima disso tudo. Essa é
também uma das “armas” que os Estados Unidos tentam atualmente usar para
derrotar de forma mais rápida o regime dos talibãs que, desde meados da década
de 1990, passou a dominar o Afeganistão e tem dado abrigo a Osama bin Laden,
aquele que é acusado pelo governo norte-americano de liderar a organização que
perpetrou os atentados de 11 de setembro.

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