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O    entrou em vigor em 1 de Dezembro de 2009 e veio alterar os dois
principais tratados da União Europeia (UE) actualmente em vigor ʹ o  (1957)1
e o  (1992)2 ʹ sem contudo os substituir. Assim se justifica a designação
de ͞Tratado modificativo͟.

Depois de vários anos de negociações sobre questões institucionais, marcados por uma
tentativa frustrada de estabelecimento de uma Constituição para a Europa (2004)3, foi
assinado, em plena presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, o Tratado de
Lisboa. Desde 13 de Dezembro de 2007, data da cerimónia de assinatura do novo Tratado no
Mosteiro dos Jerónimos, até à entrada em vigor, decorreu um longo processo de ratificação do
mesmo nos 27 Estados-Membros4, os quais depositaram os respectivos instrumentos de
ratificação em Roma5. Como o último depósito, efectuado pela República Checa, teve lugar em

1
A primeira comunidade europeia ʹ a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CEEA) ʹ foi instituída pelo Tratado
de Paris, assinado em 18 de Abril de 1951 e ratificado pela França, República Federal da Alemanha, Itália, Bélgica,
Holanda e Luxemburgo. A CECA constituía uma união aduaneira e tinha como objectivo a « °  
°
°  °                
° °  °  
  °  , matérias-primas utilizadas para o fabrico de material bélico. Com a instituição desta
Alta Autoridade, procurou-se controlar o conjunto da produção franco-alemã, tendo em vista o estabelecimento de
uma paz duradoura na Europa, após o segundo grande conflito mundial. Dado o bom funcionamento deste
mercado comum e a boa experiência de cooperação entre os países da CECA, entendeu -se que se poderia alargar a
integração a outros domínios da actividade económica. É assim que é assinado, pelos mesmos Estados fundadores
da CECA, o   , que institui a Comunidade Económica Europeia (CEE), em 25 de Março de 1957,
entrando em vigor em 1 de Janeiro de 1958. Na mesma altura, foi assinado o Tratado que institui a Comunidade
Europeia da Energia Atómica (CEEA ou Euratom), o que levou a que estes dois tratados passassem a ser
conjuntamente designados por Tratados de Roma.
2
Em 14 de Dezembro de 1990, os então doze Estados-Membros, entre os quais Portugal, reunidos no Conselho
Europeu, em Roma, decidem avançar com a criação de uma União Económica e Monetária (UEM) e de uma União
Política, no sentido de aprofundar as realizações decorrentes do Acto Único Europeu. Assim, o 
 foi assinado, em Maastricht, em 7 de Fevereiro de 1992, e entrou em vigor em 1 de Novembro de 1993.
Este Tratado instituiu uma União Europeia assente em três pilares: as Comunidades Europeias, a Política Externa e
de Segurança Comum (PESC) e a cooperação em assuntos de Justiça e Administração Interna (JAI). Consagrou
igualmente a criação de uma cidadania eu ropeia.
3
A proposta final do tratado constitucional para a União Europeia, a !  (oficialmente
denominado Ê   
°      ) foi acordada, após longas negociações, pelo
Conselho Europeu em 18 de Junho de 2004, em Bruxelas, e assinada a 29 de Outubro de 2004, em Roma. Após
ratificação da Constituição Europeia pelo parlamento da Eslovénia e da Grécia e da aprovação da Constituição
através do referendo na Espanha, no dia 29 de Maio de 2005 os eleitores fra nceses não apoiaram, em referendo, a
ratificação do texto da Constituição Europeia. De seguida, no dia 1 de Junho de 2005, os Países Baixos também
optaram por não ratificar a Constituição Europeia, provocando uma crise institucional e a necessidade de
reavaliação do processo de ratificação de tratados através de referendos, que iria culminar com a adopção do
Tratado de Lisboa, que substituiu a falhada Constituição.
4
Em função dos sistemas constitucionais, a ratificação do Tratado de Lisboa foi obtida por referendo nacional ou
por via parlamentar. O Estado Português ratificou o Tratado por via parlamentar. Contudo, dado que o sistema
constitucional irlandês exige a ratificação por referendo, desenrolou-se um processo de deliberação longa e
cuidadosa sobre o Tratado, marcado por um primeiro referendo que rejeitou o Tratado, em 13 de Junho de 2008.
Só um segundo referendo, em 2 de Outubro de 2009, aprovou o Tratado. Também na Polónia e na República Checa,
últimos Estados a ratificar o Tratado, se verificaram b astantes entraves à aprovação do mesmo.
5
Nos termos do artigo 6.º, número 1, das Disposições Finais do Tratado de Lisboa.
13 de Novembro de 2009, nos termos do artigo 6.º do Tratado de Lisboa6, este entrou em
vigor a 1 de Dezembro de 2009.

Cumpridos todos os formalismos exigidos, o Tratado de Lisboa começa a vigorar,


introduzindo mudanças significativas na União Europeia a nível institucional, como também
em relação ao processo de tomada de decisões e às suas políticas.

Muito se discutiu sobre a necessidade de um novo Tratado, dados os novos problemas


globais do século XXI com que a União Europeia se confronta e os mais recentes alargamentos
a 10 novos membros, em 2005, e a mais dois Estados de Leste, em 20077, que quase
conduziram ao aumento para o dobro dos Estados-membros. Na verdade, os Tratados em
vigor não estavam concebidos para uma comunidade com as actuais proporções e que se tinha
de confrontar com os desafios futuros, como as alterações climáticas e adopção de energias
renováveis, a recessão económica global, a criminalidade transfronteiriça internacional ou a
imigração ilegal.

Perante o quadro político-económico existente, o Tratado de Lisboa propõe-se a tornar a


União Europeia  "# # $  $%, através das seguintes
inovações:

U?
&!%'%& ʹ Depois
de, com o Tratado de Maastricht, terem sido reconhecidos alguns direitos específicos
dos cidadãos pertencentes ao espaço UE8, o Tratado de Lisboa prevê uma nova forma
de participação dos cidadãos na definição das políticas da comunidade ʹ o direito de
&. Consiste na possibilidade de, pelo menos, um milhão
de cidadãos nacionais de um número significativo de Estados-Membros apresentarem
uma petição à Comissão Europeia, solicitando que esta apresente novas propostas
políticas do seu interesse, numa área de competência da União Europeia9. Este é um
dos mecanismos previstos para a vinculação das instituições europeias ao princípio da

6
De acordo com o artigo 6.º, número 2, das Disposições Finais do Tratado de Lisboa, este entrou em vigor no
primeiro dia do mês seguinte ao do depósito do instrumento de ratificação do Estado signatário que proceder a
esta formalidade em último lugar.
7
A 1 de Maio de 2004, procedeu-se a um novo alargamento da União Europeia, com a entrada de dez novos países:
Estónia, Letónia, Lituânia, República Checa, Eslováquia, Eslovénia, Polónia, Hungria, Chipre e Malta. Este facto dá
continuidade ao processo de integração europeia a que a União Europeia se propõe e representa a inclusão de
vários países pertencentes ao antigo Bloco de Leste, em busca de uma paz duradoura. Em 1 de Janeiro de 2007,
Bulgária e Roménia passam, também, a integrar o ͞Clube Europeu͟. Dado o menor desenvolvimento destes países,
estes exigem um forte apoio económico, o que implica a injecção de avultados fundos comunitá rios. Note-se, ainda,
que já outros países, como a Noruega e a Turquia, procuraram desenrolar processos de adesão. A Noruega já por
duas vezes negociou a sua entrada na União Europeia, porém as duas consultas populares resultaram em rejeição à
adesão. Ainda assim, a Noruega mantém laços estreitos com a UE, tendo inclusive assinado o Acordo de Schengen,
não colocando portanto entraves à livre circulação de pessoas dentro do Espaço Schengen, integrado pela grande
maioria dos Estados-membros da União Europeia. Por seu turno, a Turquia pediu a adesão à UE, em 1987, mas
ainda não conseguiu integrar esta comunidade, visto que não cumpre um dos três critérios exigíveis para a adesão,
comummente conhecidos como Critérios de Copenhaga ʹ o critério político. Este crit ério impõe a existência de
instituições estáveis que garantam a democracia, o Estado de direito, os Direitos do Homem, o respeito pelas
minorias e a sua protecção.
8 De entre esses direitos, salientamos a liberdade de circular, permanecer e trabalhar em qu alquer ponto da
Comunidade, a possibilidade de eleger e ser eleito nas eleições autárquicas e europeias fora dos Estados -membros
a que o cidadão pertence e o benefício de protecção diplomática e consular de um outro Estado -membro.
9
Nos termos do artigo 8.º-B, número 4, do Tratado de Lisboa.
democracia representativa10, que permitem a participação de cidadãos, associações e
organizações da sociedade civil na adopção de políticas pela União Europeia11;
U? $!%c%ʹ O Parlamento Europeu, enquanto órgão
mais democrático e representativo dos cidadãos dos Estados-Membros da União
Europeia12, vê ainda mais reforçados os seus poderes de controlo orçamental e de
intervenção legislativa13 relativamente à maior parte dos domínios de actuação,
exercendo em pé de igualdade, com o Conselho de Ministros, o poder de decisão ʹ
(;
U?  %! ʹ O Conselho Europeu
foi instituído pelo artigo 4.º do Tratado da União Europeu e é descrito como o órgão
da União Europeia que «                
 , dotados de poder executivo. Até ao Tratado de Lisboa, questionava-se a
qualificação do Conselho Europeu como instituição comunitária, ainda que se
reconhecesse o seu papel impulsionador no processo de construção europeia. Com
este novo Tratado, reconhece-se, finalmente, o estatuto de instituição da União
Europeia14, com funções claramente definidas15;
U? c!  %  ʹ De acordo com o princípio da
subsidiariedade, então instituído pelo Tratado de Maastricht, «        
              °    °  °  
   °    
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       «   
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 °  #      
  °     "   
 
° 
" 
 
°
$    °   
     °!  
!   .17. Assim, os
parlamentos nacionais podem prestar um contributo mais significativo para o
funcionamento democrático do processo de decisão da União Europeia18,
contrariando-se interferências não justificadas da Comunidade na esfera de
competência dos Estados-membros, analisando e formulando pareceres sobre a
legislação da União Europeia antes que esta seja aprovada. Aliás, o Tratado de Lisboa
prevê a criação de um sistema de alerta precoce, que autoriza os parlamentos
nacionais a defenderem a sua posição, num prazo de oito semanas, sobre uma
proposta legislativa que entendam não ser da competência da União Europeia19;
U? c%     )       
 ʹEm nome da transparência no processo de decisão do Conselho Europeu,

10
Nos termos do artigo 8.º -A, número 1 do Tratado de Lisboa.
11
Nos termos do artigo 8.º -B, números 1, 2 e 3 do Tratado de Lisboa.
12
Nos termos do artigo 8.º -A, número 2 do Tratado de Lisboa.
13
Estes poderes são conferidos ao Parlamento Europeu, nos termos do artigo 9.º-A, número 1, do Tratado de
Lisboa.
14
Nos termos do artigo 9.º, número 1 do Tratado de Lisboa.
15
Nos termos do artigo 9.º -B, número 1 do Tratado de Lisboa.
16
Nos termos do artigo 5.º do Tratado de Maastricht ou Tratado da União Europeia (1992) e do artigo 3.º, números
1, 2 e 3 do Tratado de Lisboa.
17
Secretariado para a Modernização Administrativa, Gabinete em Portugal da Comissão das Comunidades
Europeias
18
Nos termos do artigo 8.º -C do Tratado de Lisboa.
19
Nos termos do artigo 4.º do ͞Protocolo relativo ao papel dos Parlamentos Nacionais na União Europeia͟ e do
artigo 6.º do ͞Protocolo relativo à aplicação dos princípios da subsidiariedade e da proporcional idade͟, constantes
do Tratado de Lisboa.
todas as reuniões em que há lugar a deliberação e votação de um projecto de acto
legislativo são realizadas em sessões abertas20;
U?
'!   %"% % *%  !  '
+(% ʹ Com a adição desta cláusula no Tratado, a União Europeia
compromete-se a prosseguir políticas promotoras do pleno emprego, da garantia da
protecção social, da luta contra a exclusão social e de um nível elevado de educação,
formação e protecção da saúde humana21, procurando estabelecer uma economia
social de mercado altamente competitiva22, defendendo diligentemente o valor
fundamental do comércio livre e justo. Para tal, propõe-se, igualmente, a trabalhar a
favor de um desenvolvimento sustentável da Europa, baseado num crescimento
económico equilibrado e na estabilidade de preços23, mantendo o compromisso de
uma União Económica e Monetária (UEM), com o euro como moeda24 (adoptada, até
ao momento, por 16 Estados-membros) e o Banco Central Europeu (BCE), responsável
pela política económica da comunidade, consagrado como instituição da União
Europeia25;
U?
!     ,-.   c"  ʹ
Numa demonstração clara da vontade de protecção dos legítimos direitos dos
cidadãos, é pela primeira vez reunido, num texto único, o conjunto dos direitos cívicos,
políticos, económicos e sociais dos cidadãos europeus e de todos osresidentes no
território da União. Consagra a protecção de valores europeus comuns e
inderrogáveis, que resultam da herança cultural dos diferentes países da Comunidade,
das suas tradições constitucionais e regras jurídicas, como são a dignidade da pessoa
humana, as liberdades fundamentais, o princípio da igualdade de condição, a
erradicação da pobreza, a solidariedade27 e o respeito mútuo entre os povos, ou a
justiça. O Tratado de Lisboa confere-lhe valor juridicamente vinculativo28. Ainda em
matéria de protecção dos direitos humanos, o Tratado de Lisboa intenta a protecção

20
Nos termos do artigo 9.º-C, número 8, do Tratado de Lisboa.
21
Nos termos do artigo 2.º, número 3, do Tratado de Lisboa. Ainda assim, a intervenção da União Europeia em
matéria de âmbito social revela -se limitada. No seguimento dos tratados anteriores, o Tratado de Lisboa exclui a
interferência da UE em matérias da exclusiva responsabilidade de cada Estado-membro, como a prestação de
serviços de saúde, de serviços sociais, de polícia e as forças de segurança, de ens ino público. Também não integra a
política social comunitária matéria relacionada com remunerações, direito de associação/direito sindical, direito à
greve e
°%  , isto é, 
 
  
  ° 
            °  
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"  & 
   
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" °  
 
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 & 
°    °  

 
    " ( (Artigo 544.º do Código de Trabalho Português). No caso particular do Direito interno
português, está previsto constitucionalmente o direito à greve e é proibido o
°%  .
22
Precisamente com o objectivo de adopção de uma política económica capaz de assegurar o regresso à
prosperidade da Europa, a União Europeia e os Estados -membros, no seu conjunto, comprometeram-se a contribuir
com financiamentos no valor de duzentos mil milhões de euros para estimular a economia da Comunidade, neste
período de crise económico-financeira internacional.
23
Nos termos do artigo 2.º, número 3, do Tratado de Lisboa.
24
Nos termos do artigo 2.º, número 4, do Tratado de Lisboa.
25
Nos termos do artigo 9.º, número 2, do Tratado de Lisboa.
26
A Carta dos Direitos Fundamentais foi assinada, em 2000, mas apenas agora adquire força vinculativa.
27
Nos termos do artigo 10.º-A, números 1 e 2 do Tratado de Lisboa. O Tratado de Lisboa introduz uma cláusula de
solidariedade (de carácter voluntário), aplicável quando um Estado-Membro é vítima de um ataque terrorista ou de
uma catástrofe, de origem natural ou causada pelo homem (artigo 188.º-R do Tratado de Lisboa).
28
Nos termos do artigo 6.º, número 1, do Tratado de Lisboa.
dos direitos das crianças29 e dispõe a observância estrita do Direito Internacional,
nomeadamente o respeito pela Carta das Nações Unidas, de 194530. Este Tratado
permitirá, ainda, a adesão da UE à &! /31.
U? %!  !0  &!  0  %  ʹ No
seguimento das reformas já introduzidas pelo Tratado de Nice (2000)32, a &!
 1%$ passou a ser a regra na tomada das decisões políticas mais
importantes da União Europeia, em vez das decisões tomadas por unanimidade. Com
o Tratado de Lisboa, esta norma é alargada a novos domínios políticos, sendo que o
cálculo da maioria qualificada baseia-se numa dupla maioria de Estados-Membros e de
população. Assim, a partir de 1 de Novembro de 2014, para ser aprovada por dupla
maioria, uma decisão deve reunir o voto favorável de 55 % dos Estados-Membros
representando, pelo menos, 65 % da população total da União Europeia33. Contudo,
em domínios políticos importantes como a fiscalidade e a defesa continuará a ser
exigido o voto por unanimidade34.
U? !  & ' ʹ Dois novos cargos são criados por este Tratado e as
personalidades que os vão ocupar foram já escolhidas pelos dirigentes europeus que,
para o efeito, se reuniram informalmente a 19 de Novembro de 2009, em Bruxelas.
Um acordo político foi alcançado para a nomeação do Primeiro-Ministro belga,
Herman Van Rompuy, como cc %35, com um
mandato de dois anos e meio renovável uma única vez (mandato máximo de cinco
anos), e da comissária Catherine Ashton como %
'+'c%2 '!363(c 45. O
Presidente Permanente do Conselho Europeu preside às reuniões do Conselho
Europeu e assegurará a representação internacional, ao mais alto nível, da União

29
Nos termos do artigo 2.º, número 3 , do Tratado de Lisboa.
30
Nos termos do artigo 10.º -A, número 1, do Tratado de Lisboa.
31
Nos termos do artigo 6.º, número 2, do Tratado de Lisboa. Com vista à promoção dos valores da paz, da
Democracia, dos Direitos do Homem e do Estado de Direito , o Conselho da Europa, criado em 1949, elaborou esta
Convenção, assinada em 1950 e que entra em v igor em 1953.
32
Com o Tratado de Nice, as decisões do Conselho Europeu, órgão de decisão comunitária, precisavam que se
verificassem, cumulativamente, determinadas condições para serem válidas: re unir 71,26% do total dos votos e
serem aprovadas por uma maioria dos Estados-membros, que devem representar pelo menos 62% da população
total da União Europeia.
33
Nos termos do artigo 9.º -C, números 3 e 4, do Tratado de Lisboa.
34
Nos termos do artigo 28.º -A, número 2, do Tratado de Lisboa.
35
A criação de um Presidente permanente do Conselho Europeu vem substituir o sistema até então existente das
presidências rotativas, exercidas por cada um dos Estados -membros e pelo período de seis meses. Foi sob este
sistema que ocorreu a última presidência portuguesa do Conselho, entre 1 de Julho e 31 de Dezembro de 2007. O
Presidente permanente será eleito pelo Conselho Europeu (artigo 9.º-B, número 5, do Tratado de Lisboa) .
36
Designação dada, no Tratado de Lisboa, ao cargo de alta responsabilidade da União Europeia anteriormente
designado como Alto Representante para a Política Externa e de Segurança Comum , cargo até então ocupado por
Javier Solana, nomeado pelo Conselho Europeu de Colónia, em 1999. Nas palavras de Valéry Giscard d͛Estaing,
antigo Presidente da República Francesa e presidente da      )     , que redigiu o
fracassado projecto de Constituição Europeia (2004), « °  *
+    
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            -"°   "   °        "   
"   
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(Ê   °
°
 &
 ,     .(/ .
   
.(0 ) 
1
°  #  +
', 2
°  3 !  4       
(declaração a 5 de Julho de 2007, in 5 
"  3
6  ° 7  " disponível em http://vge-
europe.eu/index.php?post/2007/07/05/Quelques-reponses-4).
37
Nos termos do artigo 9.º -D, número 4, do Tratado de Lisboa.
Europeia38. Já o Alto Representante da União, também nomeado pelo Conselho
Europeu39, fica responsável pela promoção dos interesses e valores europeus em todo
o mundo e pela coordenação da Política Externa e de Segurança Comum, decidida com
aprovação unânime dos Estados-membros40. Esta personalidade é apoiada por um
Serviço de Acção Externa específico, preside ao Conselho de Ministros dos Negócios
Estrangeiros e tem como objectivo último fazer com que a $%
+&*%41;
U?
$!%!06( ʹ
A criação do Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de
Segurança é uma inovação que introduz mais unidade e coerência na acção da Europa
no mundo. Verifica-se que o Tratado de Lisboa contribuirá para o estabelecimento de
relações de cooperação com uma multiplicidade de Estados dos restantes continentes,
em busca de novas oportunidades de negócios e investimentos. No caso particular de
Portugal, importa considerar o aprofundamento das relações com os países
integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
U? c!  &'    $ '% ʹ o Tratado de Lisboa
apresenta uma nova disposição relativa ao combate às alterações climáticas42, o que
permitirá à União, e aos Estados-Membros, uma acção mais eficaz contra o
aquecimento global, promotora de um desenvolvimento sustentável e de um elevado
nível de protecção e de melhoramento da qualidade do ambiente. Também são
constatáveis, no Tratado de Lisboa, preocupações com o funcionamento do mercado
energético, nomeadamente com a necessidade de fomentar a eficiência energética e
desenvolver as energias renováveis43.

Deste modo, acredita-se ser possível fortalecer o papel da Europa no mundo, protegendo-
se simultaneamente os interesses dos Estados-membros. Por outro lado, visa-se maximizar a
capacidade da União Europeia efectivar as mudanças adequadas para se adaptar ao processo
de globalização.

Outra novidade relevante consiste no facto de, pela primeira vez, se admitir a
%   ( 1  2   , sujeitando-se às
normas aplicáveis nessa circunstância44.

Como pudemos verificar, o Tratado de Lisboa propõe-se a garantir um maior envolvimento


dos cidadãos dos Estados-Membros nos assuntos comunitários. Nesta medida, compete
também a estes tomarem algumas posições que fortifiquem os laços de proximidade entre
cidadãos e instituições comunitárias e tornem eficazes estas inovações:

U? c%!0 para a definição dos representantes dos cidadãos de


toda a União Europeia (deputados do Parlamento Europeu)45. As eleições dos

38
Nos termos do artigo 9.º -B, número 6, do Tratado de Lisboa.
39
Nos termos do artigo 9.º -E, número 1, do Tratado de Lisboa.
40
Nos termos do artigo 11.º, número 1, e artigo 13.º-A, número 1 do Tratado de Lisboa.
41
Nos termos do artigo 13.º-A, números 2 e 3 do Tratado de Lisboa.
42
Nos termos do artigo 174.º, número 1, do Tratado de Lisboa.
43
Nos termos do artigo 176.º-A, número 1, do Tratado de Lisboa.
44
Nos termos do artigo 49.º -A do Tratado de Lisboa.
deputados europeus têm sido marcadas por elevadas taxas de abstenção na
generalidade dos Estados-membros. No último acto eleitoral, em 2009, a afluência às
urnas em Portugal quedou-se pelos 36,78% dos cidadãos eleitores, sendo que a média
da União Europeia não foi além dos 43%. Estes dados são relevadores de uma
tendência descendente que se verifica, em ambos os espaços geográficos
referenciados, desde 1999. Note-se que os eurodeputados do Parlamento Europeu são
responsáveis pela eleição do Presidente da Comissão Europeia e investidura dos
restantes membros, pela fiscalização política do trabalho das outras instituições e pela
aprovação, em conjunto com o Conselho, de cerca de 95% das leis elaboradas a nível
comunitário e de, aproximadamente, 60% das leis que regulam a conduta dos cidadãos
portugueses. Embora possa parecer distante à maior parte das pessoas, a União
Europeia tem implicações práticas profundas na vida dos cidadãos portugueses;
U?   ,, na medida em que
os direitos inscritos na Carta são também aplicáveis aos Estados-membros, como
Portugal, devendo ser considerados pelas instituições nacionais. O Tribunal de Justiça
e os tribunais nacionais asseguram que a Carta é correctamente aplicada. Tudo isto
significa que, enquanto cidadãos, o Tratado de Lisboa conferir-nos-á mais direitos
garantidos em relação às instituições e políticas da UE.

%'$7
ÁLVARES, Pedro ʹ ‘Ê  5   )   , 1.ª ed., Lisboa, Centro de História
Contemporânea e Relações Internacionais (CHRIS), 2009, disponível para consulta em
https://infoeuropa.eurocid.pt/registo/000042173/documento/0001/(

COMISSÃO EUROPEIA, Comissão Europeia, A União Europeia em Portugal ʹ Ê  5  


[em linha], 2009, http://ec.europa.eu/portugal/temas/lisbon_treaty/tratado_lisboa_pt.htm
[consultado em 02-04-2010].

COMISSÃO EUROPEIA ʹ ‘  "    Ê    5  , in      ,
Luxemburgo ʹ Serviço das Publicações da União Europeia, 2009, disponível para consulta em
http://ec.europa.eu/publications/booklets/others/84/pt.pdf(

CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA ʹ ‘-.858 9 Ê    5   [em linha], 2010,


http://www.consilium.europa.eu/ [consultado em 28-03-2010].

JORNAL OFICIAL DA UNIÃO EUROPEIA ʹ Ê    5    


  Ê      
     Ê                  5     
:!   ;<<= ʹ Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeia, 2007,
disponível para consulta em http://eur-lex.europa.eu/pt/treaties/index.htm(

45
Nos termos do artigo 9.º-A, número 3, do Tratado de Lisboa, a eleição dos deputados europeus realiza-se através
de sufrágio universal, secreto e directo desde 1979, sendo eleitos por cinco anos, podendo, no entanto, o mandato
ser renovável. De acordo com o número 4 do mesmo artigo, é representado por um Presidente eleito por dois anos
e meio renováveis.

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