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A Formacao da Classe Operdria Ingle provavelmente, 0 trabalho pés-guerta mais vo da hist6ria social inglesa. Este relato da dade de artesios e da classe operitia no: 780 a 1852, acrescenta uma industrial. Ele mostra que a classe oper sa tomou parte ativa na sua prdpria formag: A colegio Oficinas da Histéria ttaz ao leitor a obra A Formacio da Classe Operdria Inglesa dividida em 3 volumes: |. A fryore da liberdade II. A maldigao de Adio II]. A forca dos trabalhadores NEVA IMSS | A ForMacaAo DA CLASSE OPERARIA INGLESA —__ ]] —__ A maldigao de Adao E. PR. THOMPSON TTSISTSISIISTISTD SD DSDID. ST SD. SDD. u Na monumental obra de E. P. Thompson, A Formagdo da Classe Operdria Inglesa, 0 2° volume — “A maldigio de Adio” — ocupa um lugar muito especial, Fle tem a peculiaridade de ser contundente desde os seus paré- srafos iniciais. © autor, como um in- térprete da hist6ria, nos coloca abrup- tamente, diante de um fato desconcer ante: a presenga ameagadora da fi briea. Tecendo a trama de seus argu- mentos mediante uma quantidade de documentos impressionante, vemo-nos em meio 20 desconforto dos seres bus manos que viveneiacam a fabri tum “simbolo de energias mudava 0 “curso da naturez proprio autor quem diz: “Podemos ‘agora constatar parte da natureza ver: dadeiramente catastr6fica da Revolu- ‘io Industrial ¢ algumas das. razdes pelas quais a classe opera se formou nestes anos. © povo foi submetido, Simultaneamente, a intensifieagao de duas formas intoleraveis de relagao: a exploragio econémica e a opressso ‘Mas © Ieitor niio deve esperar ape rnas_um quadro sombrio do universo da fébrica, tal como foi deserito por vérios literatos © intelectuais do sé culo 19. E bem verdade que Thompson se alinka ao lado de Engels na conti macio de que o perfodo transcorrido entre 1790 e 1830 foi exttemamente diffeil para os trabalhadores ingleses e critica aqueles que, a luz das exage- radas taxas de crescimento econémico, ‘montam um guadro tio otimista da greaagneetes weoe A Formacao DA CLASSE OPERARIA INGLESA ee A maldigdo de Adao VAAN AAA coLEcao. OFICINAS DA HISTORIA Vo! Ditego: gar Savadori de Doses A Formacao DA CLASSE OPERARIA INGLESA I A maldigéio de Adao E. P THOMPSON DDSDDSD DDD 10 Busatto Neto CCléudia Rocha de Almeida Paz ¢ Terra Ofna Hit a OSTISINTSIINININ ODDDDD DYDD, Copyrigh by EP. Thempuon 1985, 1968 ‘Titele do ong a ngs: ‘The hing ofthe English Working Cass eviaio "Tu comerés 0 pio no suor do teu rosto, até que aly Necnt Versi retomes a terra, pois dela fosie formado, Porque Willa Prange Barros tu 63 pO, © 20 pb tetorneris.” Frans Keppler Génesis, 1, 19) a Rare cae opecrin age / "HEP aimegas Ss ae isco Te e Seem {ate Oo mat, 8 a Bee ee ee oe Amit dia! S95 TR ani moana Pali Soden Hic Dieitor ndquiridos pel EDITORA PAZ E TERRA S/A Rue Sto fox, 90, 11° andar Risde Jair, RJ, Cen ‘els 21-4066 Roa do Telunfo, 177 Paulo SP. Sane ini, "tls aasesee seb nino SEL Consett Eaitrit to anode ‘Antonio Cendido ‘Celro Furtado Femando Gesparen Fernando Hearique Cardoro 1987 lnmpresso no Bresi/Prned in Broil SUMARIO A Formacio da Classe Operdria Inglesa ‘A MALDICRO DE ADAO Vol. 11 1. Exploragio 11 (Os trabathadores rurans 39 Artes ¢ outros 71 1 Os tecelbes 117 (© poder transformador da cruz 225 2 3. 4 5. Pedrdes © experitncias 179 6 7. Comunidade 291 ‘A ARVORE DA LIBERDADE Vol. 1 Preficio 9 1. Niimero ilimitado de membros 15, 2, O cristio © o deménio 25 As fortalezas de Satands 57 © inglés livre de nascimento 83 Plantando a érvore da liberdade 111 ‘A FORCA DOS TRABALHADORES Vol. 111 L.A Westminster radical 2. Um exéreito de justiceiros 5. Demagogos e mértres 4. Consciéncia de Classe Indice Remissivo EXPLORACAO John ‘Thelwall nio foi o nico a visualizar em toda “ma ‘nufatura” um centro potencial de rebeliso politica. Um viajente arisicrético que visiou os vsles de Yorkshire, em 1792, ficou flarmedo 20 encontrar ume nova indsstia algodocira no "vale pastoral” de Aysgarth — “ora essa, aqui existe agora uma grande f reluzente {ébrica, cujo canal desvion metade da dgua de ce choeira além de ponte’ Com 0 sino tocando ¢ o clamor da fabrica, todo o vale fica transtornado; traigio © repimes igualitiris sf0 0 discurso; fa rebelido pode estar préxima. |A fabrica surge como 0 simbolo das energias socisis que cestio destruindo 0 verdadelro “curso da Natureza”. Ele incorpora ‘uma duple amease & order estabelecida. A primeira, proveniente dos proprietiios da riqueza industrial, esses novos-ricos que des- frotavam de uma vantagem injusta sobre os propretdtis de terras, ciuja tends estava limitada 20s arrendamentes: Portento, e 0s homens buscam as riquezas, ¢ se as riquezas do cométcio s20 facilmente conguistadas, angdstis para nés, hhomens de tende fika e mediana; e angistia para todos os teceldes domésticos © o& pequenos proprietérios (Yeomanry) nega. ‘A segunda, proveniente da populasto trabalhadora indus considerada por nosto visjante com uma hostlidade aliterante que enuncia uina reagéo Go totalmente distinta daquela do branco racista em relagio & populagéo de cor nos dias de hoje: Na verdade, 0 povo esté empregado; mas ele esté todo ent ‘fue aos vicios da multidéo... Nos momentos em que no ‘rabatha na fabrics, 0 povo parte para a pesca ilegals depra. ‘vagio e pilhagem.<." ‘A equivalincia entre a indistria do algodso e a nova socie- dade industrial, © a correspondéncia entre as novas formas de relagéo sovial e produtiva, foram um lugar comum para os obser vadores entre os anos de 1790 ¢ 1850, Karl Marx expressou isso. om raro vigor ao declarar: “o tear manual gerou a sociedade do senhor feudal; 0 tear a vapor, a sociedade do capitalisa indus- trial". E nlio era apenas o proprietésio da fabrica, mas também «8 populagéo trabalhadora irazida a viver junto e 0 redor dela ue parecia “nova” aos seus contemporincos. “No momento emt que nos eproximamos dos limites da regio manufatureira de Lan- cashire”, esereveu um magistrado rural em 1808, “encontramos ‘uma nove espécie de criatura, tanto em relacio 8s maneiras, quan- to as ocupacdes € & subordinaslo. Robert Owen declarava, om 1815, que a “difusio generalizada de manufaturas por todo. © pats gerou um novo catéter em seus habitantes... uma mudanca ‘essencial no caréter usual da maioria do povo", Nos décadas de 1850 ¢ 1840, os obscrvadores ainds se adm- ravam com # novidade do “sistema fabril”. Fin 1833, Peter Gas. kell referiuse & populagio manufatureira como “um Hércules ‘ainda em seu bergo"'; foi “somente depois do uso da encrgia do vapor que eles adquitiram stu importénela suprema”. A méquina 8 vapor “aglutinow a populacéo em densas mastas” © Gaskell jé snxergava nas organizagdes da classe operiria um “imperium in imperio da mats odiosa espécie". Dez anos mais tarde, Cooke ‘Taylor escrevia em termos somothantes: A miquina 2 vapor no tem precedente, 2 méguina de fiat ino tem ancestrais, a mule € 0 tear mecénico nada herdarant: 1. The Torrington Diaries, of. C2. Andews (1936), Ml, pp. 81-2. 2. Gaskel, The Manufacturing Population of England (1833), 9. 6) Ase Svings, "The Language of ‘Clas! la Eaily Nietenth-Cetury’ England fm Essays in Labour History, e Biggs and Sale (1960), 9. 63 BR les surgiram repentinamente, como Minerva do cérebro de Tapiter. ‘Mas foram os efeitos dessas “inovagSes" sobre © homem ‘que causaram maior inguietagio a esse observador: CQtundo um esirangsro peste plas aes humans G32 = ‘lien corer eget tpi dena de conten css “sonia serotadss” som ins cemopua de amiclodecupreeno que bea 0 denn tor A popula, al coms o-tatema'a ge ela pees, € NOVA mu re adn oenio cov fs © ln um agrgado de masse que notae concepec> reve fem com femon gue expinei alge de prodigne © te fel” como a Tena © aoa formato das ends de Um Cecaio' que devrs ea sigum momento fur, mas no Ginn, camepa tou on elmemes ca stfedae em Sua Sirs g Sra Deb ae eH cnn Sinoons adormectee neue misses Apoplagio ms Thlaturcna nfo € nova apena eon sue formato: € nove timber em sue habtos de penssmensc xo, que 2 for ‘ram pean Gretatncns das cn, com poce inva, ¢ ofenayso tema nds manor Para Engels, ao descrever a Condigdo da Classe Trabalha- dora na Inglaterra em 1844, parscia que “os primeiros proletérios estuvam conectados & munufutura e haviam sido engendrados por cla... 0s operérios, filhos primogénitos de revolusio industria, formaram, do principio & atualidade, 0 ndcleo do Movimento Trs- balhista Independentemente das diferenas entre seus julgamentos de valor, observadores conservadores,radicais e socilisas sugeriram ‘mesma equacio: energia do vapor ¢ indstria tlgodoeira = nova classe operéria. Os instrumentos fisicos da producdo eram vistos, ‘numa forma direta e mais ou menos compulsiva, como responsé- ‘eis pelo surgimento de novas relagdes socais, insttuigdes e habi- tos culturas. Ao mesmo tempo, a historia da agitagdo popular ‘durante 0 perfodo de 1811-50 parecia confirmar esse quadro. Ere 3. W. Cooke Taylor, Notes of a Tow te the Manufactaring Discs of Lancashire (1842), po. #6, 13 ‘como se # nagéo inglesa passasse por uma exporigncia crucial na década de 1790 e emergisee numa forms diferente, apés as Guer- as, Entte 1811 © 1815, crise dos ludditas; em 1817, a scensio e Pentridge; em 1819, Peterloo: por toda a décads sepuinte, a proliferagio da atividade sindical, propaganda owenista, joms- Tismo radical, o Movimento das Dez Horas, crise revolucionétia de 1851-2; ¢, além disso, # multiplicidade de movimentos que constituftam 0 Cartismo. Foram,talvez, a extensio ea intensidade ‘dessa agitasao popular multivariads, mais do que qualquer outrs coisa, que criaram a imagem de uma mudanga catestréfica (tam: ‘béim enire observadores e historiadores contemporiinecs). ‘Quase todo scontecimenta radical na década de 1790 se te- produziu com forgs dez vezes msior apés 1815. Um punhado de folhetos jacobinos deu origem a uma série de periédicos ultre- radicais © owenistas, Enquanto Daniel Eaton cumpriu pristo por Publicar Paine, Richard Calle seus auxiliaes cumpriram um total de mais de 200 anos de priséo por crimes si ‘quanto as Sociedsdes de Correspondéncia mantiveram uma exis \Gncia precéria numa sévie de cidades, os Chibes Hampden do pés-guerre ou as unides poliices erigram raizes mesmo em peque- nas vilas industrais. Quando se recorda toda a agitagho popular no decorrer da dramétice evolug3o da industria algodovira, é ne ‘ural assumir uma relagéo causal direta. A tocslagom é vista tanto como agente de uma revolugéo industrial como também social, produzindo nio apenss meior quentidede de mereadorias, mas o ro nto Trabalhista”. A Revolucio Industcial, que comegou como uma descrigio, é agora invocada como ume exp cagio. Da época de Arkwright até os Motins de Plug, e ainda de- Pois, a imagem de “fabrica tenebrosa ¢ saténiea”” domina nossa econstrugio visual da Revolugio Industral. Em parte, talvez, por: quo esse 6 uma imagem visual dramética — edificios temelhantes ‘un quarel, grandes chamings, as eriangas da f4brica, os tamen- 0s e ales, # aplomeracéo de habitacio ao redor das indkittias como que geradas por elas (essa € uma imagem que induz a pen- sar antes na inddstria, ¢ depois nas pessoas que dependiam dela) Em parte, porque a tecelagem e as novas cidades industrials — 1“ pela repdez do seu rescimento,engenhosidade das suas téen € novidades ou dureza da sua disciplina — pareclam dramdt € portentosas aos seus contemporineo: tm sfmbolo mais sa trio paca o dsbate sobre a questio da ‘condicBo de Inglate do que aqueles distrtos manufaturizes anénimos e em expat desordenada que figuravamn com crescene freqénela nos twos do disnirbios" do Ministxio do Interior. E, a paris derivouse ume tradigéo tanto literéria quanto histéries. Q todos 0s relatos clésicos de contemporineas sobre condi da Rovolugio Industral estio baseados na indistria do alg — ¢, principalmente, em Lancashire: Owen, Gaskell, Ur, sen, Cooke Taylor, Engels, para citar alguns, Romances tis Michact Armsrong, Mery Barton ou Hard Times perpetuar tradisé, Esa éafare também € encontrads nos esrtos antes de histriaexondaica ¢ social Entrtanto, muits difculdades permaneceram. A indi do algodio foi certamente a pioneira na Revolugio Indust «8 tecelagem foi o modelo preeminente pera o sistema {ub assim, nfo podemos ssumir quelguer eorrespondénei automs ‘ou excessivamente dreia entre a dintmica do crescimento eo io ¢ 2 dintmica de vide socal ou cultural. Durante meio apis a “erupgdo” da tecclagem (por volta de 1780), os tras ores industrials conservaram-se como uma minovia na for twabalho adult na propria indéstia algodaciza. No prinetp déeada de 1830, os teeldes manusis do algodo superevam os homens e mulheres empregados nas fagdese tocelaens in trials de elgodo, 18 e sede somados* Algo disso, em 185 Fiandoiro adulto de algoddo nto era mals representstivo deq figura imaginiia, 0 “trsbalbedor médio", do que @ operit indistria automobilistica na década de 1960. 4. Para umna admire exposgéo sobre at rates da supremacia. di fein algdoera am RovoluctoTndusris, ver EJ. Hobebava, 4 Br ‘Revolugies, Pare Terr, 1982, cop. 2 5. Eslmatvas pura © Reino Unido, 1633. 4 fores de trabalho adults fm fodas as indstios txels alingia 191.671. 0 nhmero de tccelses ‘Sovion em teres manins chess a 213.06, Ver adinnte cap 4, ‘como se @ nagio inglesa passasse por uma experigneia crucial ne ‘écads de 1790 e emerpisse numa forma diferente, apos as Guer vas, Entre 1811 © 1813, a crise dos ludditas; em 1817, a ascension 4 Pentridge; em 1819, Peterloo; por toda a década seguinte, @ proliferagio de atividade sindical, propaganda owenista, jora- lismo radical, o Movimento das Dez Horas, a crise revoluciondria de 1851-2; e, além disso, a multiplicidade de movimenioe que ‘consttufram © Cartismo, Foram, talvez, a extensio e a intensidade dessa opitagdo popular multivariads, mais do que qualquer outta colse, que eriaram a imagem de uma mudanga catasrdfica (am bbém entre observadores ¢ historiadores concemporineos), Quase todo acontecimento radical na década de 1790 se re produziu com forga dez vezes maior apés 1815, Um punhado de fothetos jacobinos dew origem a uma sétie de periédicos ultra- radicals ¢ owenistas. Enquanto Daniel Eaton cumpria priséo por ppublicer Paine, Richard Carfile © seus auxiliares eumpritam um fotal de mais de 200 anos de pristo por crimes similares. En- ‘quanto as Sociedades de Correspondéncia mantiveram uma exis ‘encia preétia numa sétie de cidades, os Clubes Hampden do pés-guerra ou as uniges palitices eriaram ra(zes mesmo em peque- nas viles industriais. Quando se recorda toda a agitagio popular tno decorrer da dramética evolugio da indéstri algodocira, & na- tural assumir uma relagdo causal diveta, A tecelagem & vista tanto ‘como agente de uma revolugdo industrial como também social, pproduzinéo nfo apenas meior quantidade de meresdorias, mas 0 préprio “Movimento Trabalhista”. A Revolugéo Industrial, que ‘comegou como ums descr, € agora invocada como uma expli cacao, Da época de Arkwright até os Motins de Plug, © ainda de- pois, a imagem da “fabrica tenebrosa e satinica” domina nossa reconstruglo visual da Revolucio Industrial. Em parte, tlvez, por {que essa é uma imagem visual dramética — edificios semelhantes 1 um quartel, grandes chaminés, as eriangas da fébrica, os taman- 0s € wales, a aglomeragdo de habitagio a0 redor das indistrias como que geradas por elas (essa € uma imagem que induz a pen sar antes na indistria, e depois nas pessoas que dependiam del). Em parte, porque 2 tecelagem e as novas cidades industrisis — 4 pola rapidex do seu crescimento, engenhosidade das suas téenicas e novidades ou dureze da sua disciplina — pareciam draméticas « portentosas aos seus contempordneos: um simbolo mais satisfa- \ério para 0 debate sobre @ questo da “condigio da Inglaterra” do que aqucles distrtos manufacurciros anfnimos ¢ em expansio desordenada que figaravam com creseente freqigncia not “regie. te0s de distirbios” do Ministrio do Interlor. E, @ partir disso, erivou-se uma tradigdo tanto literéria quanto histétice. Quase todos os relatos clissicos de contemporineos sobre a3 condigées dda Revolugio Industrial estdo aseados na indstria do algodso — «¢, principalmente, em Lancashire: Owen, Gaskell, Ure, Fiel- ‘den, Cooke Taylor, Engels, para citar alguns. Romances tais come Michael Armstrong, Mary Barton ou Hard Times perpetuarain a ltadigdo. Essa Enfase também & encontrada nos excttos subse iientes de histéria econtmica © soctal. Entretanto, muitas dificuldades permaneceram. A indistria do algedio foi certamente a pioncira ne Revolugdo Industrial * e 4 tecelagem foi o modelo preeminente para o sistema fabril. Ainda ‘assim, nfo podemos assumir qualquer correspondéacia automética ‘ou excessivamente diteta entre a dindimica do crescimento econ’ rico e a dindmica da vida social ou cultural. Durante meio século ps a “‘erupefo” da ceoelagem (por volia de 1780), os trabelhe- ‘dores industrials conscrvaram-se como uma minoria ne forga de trabalho adulia na propria indstria algodocira, No principio da décads de 1850, os tecelbes manusis do algodo superavam todos (6s homens e mulheres empregados nas Fiagdes ¢ tecelagens indus ais de algodio, 1é ¢ seda somados.> Além disso, em 1830, 0 fiandeiro adulto de algodio nio era mais representative daquela figura imagindria, © “trabalhador médio”, do que © opexécio da Inddstia automobilftica na década de 1960. 4. Par un amirvelexposgio sobre a ras da supremacia da nds: tra agedocin ne Revougio Iniusrl, ver E- J. Hesbavin, 4 Bra das evolugdes, Paz e Terra 982, SoR. 2 5 Esimaivas para © Reino Uni, 183. A fore de traatho ada total fm todas sb Indi tnt angi 191.671 0 mero de tee algo- ‘ooios em wares manuals chepava a 215.000. Ver lant cap. 4, PISS 18 (© assunto é relevante, pois Enfase excessiva sobre o carter ‘novador das tecclagens pode Ievar ao menosprez0 da. continuidade ‘das tradigdes polticas © culturas na formasio das comunidades dda classe operiris/ Os operétios, Jonge de sexem 08 “filhos pri- rmogénitos da revolusdo industrial”, tiverem nascimento tardio. ‘Muitas das suas idéias formas de organizasio foram antecipades por trabalhadores domésticos, como os que trabalhavem com a li ‘em Norwich e em regides do oeste, ou os tecoldes de aviamentos de Manchester. E discutivel se os operivios — exceto nos distros algodociros — “formaram o niclee do Movimento Trabalhiste” antes do final da décads de 1840 (e, em algunas cidades do norte © de regio central, nos anos de 1825-4, conduzindo &s grendes dispenses coletivas). O jeccbinismo, como vimos, cri rafges pro- fundas entre os artesdos. O luddismo foi obra de trabalhadores qualificados de pequenas oficinas. De 1817 até 0 Cartismo, os ttabahadores de pequenss oficinas, na wegido norte e central, cram Ho proeminentes em tod agitayéo radical quanto os operérios industriis. im muitas cidedes, © verdadeiro nucleo de onde 0 ‘movimento trabalhista retirou suas idéias, otgenizacdo e lideranca era constituido por sapateros, teeldes, seleiros ¢ febricantes de arteos, liveices, impressores, pedreires, pequenos comercianies e similares. A vasta drea da Londes radical, entre 1815 e 1850, no extraiu sua forga das principsis indstsias pesadas (e cons. tusfo de navios tendia a declinar, ¢ os meciicos causariam im. Pesto somente no final do séeulo), mas das fileiras des pequenas oficias ceupassies$ Tal diversidade de experiéncia levou alguns autores a ques: sionarem tanto « nogio de uma “revolugio industrial” quanio a de uma “classe operéria. Ndo preciseremos nos deter aqui na primeira discussfo.” O termo ¢ sufcientemente til nas suas cono- lacGes atuais. Pera a segunda, muitos autores preferem 0 termo lasses trabathadoras, que enfatie a grande disparidede em status, 6 Ck Hobsbawin, op. cts cap. 2 7. Um sumirio deste conivovéla encontrse em EE, Lampert, tndar trial Revoluion (American Historia! Association, 1987). Ver tambon Hobsbawm. op. et, esp 2 6 conquisias, habilidades e condigdes no scio de mesma expressio polissémica. E nisso, eles eooam as queixas de Francis Place Se 0 caniter © @ conduta dos trabalhadores forem abstrafdos de periddicos, evists, panfletos, jomais, elatries das dues Casas do Parlamenio ¢ dos Comissirios de Fabrica, encon- twaremos, agrupados como as “classes inferiores”, 0 mais hébil e prudente trabalhador com os mais ignotantes e im prudentes empregados e indigentes, apesar de diference set realmente grande e, em muitos casos, sequer dar margem 4 comparagéo.* [Naturalmente, Place esté certo: o marinheiro de Sunderland, © trabalhador irlandés desqualifcado, © vendedor ambulante ju eu, 0 habitante de uma casa de coresio numa vila inglesa do leste, © tipégrafo do The Times — todos poderiam ser conside- ravdos por seus “superiors” como pertencentes as “classes infe- lores", enquento eles mesmos mal poderiam se entender, por no falarem © mesmo dialeto, Contudo, uma ver tomadas todas as precaugGes necessévis, © fato relevante do perfodo entre 1790 e 1850 é a formasio da “classe operiria. Iss0 & revelado, em primeito luger, no eresci- mento de consciéneia de classe: a eonscitncia de uma identidade de intereses entre todos esses diversos grupos de trabslhadores, contra 03 interesses de cutras classes. E, em segundo lugar, no cressimento das formas correspondentes de organizacdo politica e industrial. Por volta de 1852, havia instituigdes de clase opcrétia solidamente fundadas e autoconscientes — sindicatos, sociedades de auxitio métuo, movimentos religiosos e educativos, organiza 562s poltivas, periédicos — além das tradigdes intlectuais, dos padres comunitirios © da estrutura da sensibilidade da closse ‘opera © fanorse du classe operdria ¢ um fato tanto da historia Politica e cultural quanto da econémica. Ela nfo foi gerade es- Pontaneamente pefo sistema fabril. Nem devemos imaginerelgume forea exterior — a “revolugdo industrial” — atuando sobre elgam ‘material bruto, indiferenciado e indefinjvel de humanidade, tans: MD, George, London tite the Blick Century (1930), 210. formandoo em seu outro extreme, ums “vigorosa raga de seres”, ‘As mutévoisrelagbes de produsfo e as condigdes de trabalho mur tével da Revoluedo Industrial néo foram impostas sobre um mate tial bruto, mas sobre ingleses livres — livres como Paine os legou ‘ou como os metodittes ot moldaram, O operitio ou o tecedor de sicias eram também herdeiros de Bunyan, dos nas vilas, das nogdes de igualdade sandis, Eles foram objeto de douttinagéo religiosa maciga e eria- ores de tradigdes politics. A classe operéria formou a si prépria tanto quanto foi formada. Encarar a classe operdrie dessa forma significa defender uma Visio “eléssica" do periodo contea a inclinaso predominante nas cexcolas contemporiiness do histéria econdmica e de sociologie. O terrtério da Revoluedo Industrial, que foi primeirsmente demar- cado e explorado por Marx, Amold Toynbee, os Webbs © os Ham- rmonds, assemelhe-se agora a um campo de batstha académico, Ponto por ponte, a familiar visio “catastréfica” do perfedo tem sido contestada. Embora fosse costumeiro julgar 0 periodo como rrcado pelo desequilfbrio econémico, miséria e exploracio inten- sas, epresslo politica e herGiea agitagéo popular, a atengao agora dirigide & taxa de crescimento econémico (e as dificuldades da itee80" para uma reprodugio tecnol6gica auto-sufciente). O movimento dos cereamentos & hoje menos notado por sua durezs ‘em dispensar os pobres das aldeius do que pelo seu sucesso em slimentar 0 répido crescimento da populasio. Os sofrimentos do perfodo so considerades como conseqténcia das mudangas pro- vyocadas pelas Guorras, das comunicagdes deficientes, das opera- 6s bancérias e de troca incipient, dos mercados incertos © do ciclo evondimico, ao invés da exploracio ou da competigao encar- nigada, A agitacéo popular € considerada como resultado de coin cidéncia inevitével da alta dos pregos do trigo com as depresses econdmicas, © explicdvel em (ermos de um quadto clementar de tensio social”, derivado dessus condigtes” Em geral, se sugere ‘que @ situsgdo do trabalhador industrial em 1840 era melhor, em 9, Vee WW. Rowton, Bish Economy tn she Ninerenth Centnry (1948), 3. pp 1225, 18 muitos aspectos, que a do trebslhsdor doméstico em 1790. A Revolugae Industrial foi um perfodo, nio de catdstrofes ou con: flits © opressio de classe, mas de desenvolvimento. A clissica ortodoxta entastrofica foi substitu(da por uma nova oriodoxia amticatastrfica, que se distingue mais claramente por sua eautela empitica e, entre seus mais notéveis expoentes (Sir John Clapham, dra. Dorothy George, Professor Ashton), por urna censura adstringente ao relaxamento de cerios autores da escols antiga. Os estuios de nova ortodoxia enriqueceram nosso conhe- cimento histérico, modificando e revisando em aspecios impor. tantes 0 trabalho de escola cléstica, Mas hoje, & medida em que 4 nova ortodoxie envelhece e se entrincheira na maicria dos con- ros académicos, ela, por sua vez, tomuse vulnerivel. Os suces- sores dos grandes empiristas exibem com demasiada freqiéncia ‘uma complactneis moral, uma estreiteza de referéneia e uma fami- liaridade insuficiente com os movimentos reas da populagéo tra alhadora desse period, Elesestio mals conscientes das postures fempiristas oriodaxas do que das mucanges nas relagées scciais nos hibitos culturais que « Revolugio Industrial imps. Per- dewse 0 sentido globel do processo — o contexto politico ¢ social slobal do periodo. O que representou, em prineipio, uma modi fagdo vallosa se convertcu, através de estigios imperceptiveis, em novas generalizaySes (raramente sustontadas pelas evidéncias), © das generalizagSes se passou a ums stitude normative, ‘A ortodoxia empirista ¢ freqlentemente definida a partir de uma critics apressad ao trabalho de J. L. e Barbara Hammond. verdade que os Hammond se mestraram muito propensos & ‘moralizarem a histéria © « organizsrem o material em termes de uma “emocio excessiva".!” Ha muitos pontes em que o trabalho deles foi critiado ov modificado & Tux de pesquisas subseaientes, € pretendemos apresentar ainda outras. Contudo, uma defesa des 1 Alguimas dos consepsOesagulesboyades podem ser enconteadas, ill ta of expicamente, em LS. Ashton, Imtual Revolution (UD48) € ‘A. Radford, The Economie History of England (2° ea, 1960). Um v= fonte aocioliicn € desenvolvida por NJ. Stesec, Soial Charge In the Indanrit Revolution (1989), « hé também ama obra de dvulagso esta or John Vales, Sucest Story (WEA. se) 51, Vee EE. Lampard, op. ct, p. 7. 19 Hammond precisa ser fundamentada nio sé no fato de que suss ‘obras sobre os trabalhadores, com suas abundantes citagdes ¢ ex: tensas referéncies, permaneceréo por muito tempo entre as mais ‘importantes fontes de informasses sobre esse periodo, mas tam- ‘bém devemos dizer que eles demonstraram, em toda @ narrative, ‘uma autdntica compreenséo do cantexto politico em que ocorvet 4 Revolugfo industrial, Pars 0 pesquisador que examina os regis: ‘ros contabels de uma tecelagem, as Guerras NapoleGnicas repre- fentam apenas ume fflu’neia anormal que afetow os mercados estrangeiros © provocou oscilagies na demands, Os Hammond nunca deixaram de fer em conta que essa era também wma guerva contra o jacobinismo. “A histéria da Inglaterra do periodo die. ceutido nessas pdginas parece a histéria de uma guerea civil” Essa 2 abertura do capitulo introdutério de The Skilled Labourer. E na conclusio de The Town Labourer, entre outros comentétios. de menor importing, hi uma idéia que langa luz sobre todo © perfodo: No perfado em que metade da Europa estava intoxicada © @ foutra metade deslumbrada ante s nova magia da palavra idadio, a nagio inglesa ve encontrava nas mos de homens ‘que encaravam a idéia de cidadania como uma ameaca para sua religifo © sue civilizagio, e que buscavam, deliberada- mente, fazer das desigualdades da vide a bese para o Estado. enfatizando e perpetwando a posigo dos tabalhadores como ‘uma classe subaltema, Por esse motivo, a Revolugdo Frances dividiu 0 povo da Franga menos do’ que a Revolugao In- tustrial dividiu © povo da Inglaterr. or esse motivo..." O julgamenio pode ser questionado, ‘Mesmo assim, nessa pereepeao de que a revolugio que no acon- teceu ne Inglaterra foi tio devastadora e, em alguns aspectos, mais desagregadora do que aquela que aconteceu na Franga, enconire- mos ume pista para a natureza verdadeiramente catastréfica do perfodo. Nesta época, houve ts, ¢ nfo dues, grandes influéncias Simultineas sobre o trabalho. Houve © temendo aumento da populacSo (na Gri-Bretenhs, de 10,3 milhées em 1801, passou 18,1 milhées em 1841, observandose uma maior taxa de eres 2» cimento entre 1811-21). Hé também a Revolugio Industral, nos seus axpectos ecnoligicos. , finalmente, a contra-revolusio politica, entre 1792-1852, Enfim, tanto o contexto politico quanto» méquina a vapor tiveram a maior influéneia sobre a formaco da consciéncia e das institigBes da classe operétia. As foryas que contribuiram para 4 reforma poltica, no final do séoulo 18 — Wilkes, os merem dores urbanos, a pequens nobreza (gentry) de Middlesex, a “ple be" — ou Wyvill, © pequena nobreza e os pequencs propric- térios rurais (yeomen), mereadores de tecides, euteleitos, comer- siantes — estevam as vésperas du conquista de algumas vité- vias paresis, na décads de 1790: Pitt havia sido designado pera 4 fungio de Primeito-Ministro reformista. Se os acontecimentor tivessem seguido 0 seu curso “natural”, poderiamos esperar que, ‘muito antes de 1852, houvesse alguma disputa entre a oligarquia, agréia e comercial, de um lado, e os industrisis © @ nobreza inferior, de outro, com a populagdo trabalhedors seguindo 0 ras- tro da agitaséo da classe média, Mesmo em 1792, quando indus ‘ais profissionas tinham uma posigfo destacada no movimento reformista, este ainda era o equilfbrio das forgas. Mas, apts 0 {xito dos Diretos do Homem, a radicalizacéo e 0 teror da Revo: lugdo Francesa e « represséo de Pitt, a plebéia Sociedade de Cor respondéncia resistiv sozina is gueras contraevolucionéres. Estes grupos plebeus, apesar de pequencs em 1796, etiaram uma tradigo “sublerrdnea” que persistiu até o final das Guerrss. Alar mados com 0 exemplo francés, ¢ envolvidos pelo fervor patriética dda gucrra, o arisocracia ¢ os industria buscaram uma causa co- ‘mam. O ancien régime inglés recebeu um novo impulso vital nfo apenas nos negécios nacionais, mas também na perpetuasio de corporagées arcticas que desgovernavam as cidades industrials em expansio, Os indusiiais, em compensacdo, reeeheram importan- {es concessées, principalmente a aboligio ou revogagio da legis. lagdo “paternalista" rolativa a0 aprendizado, regulamentagio de salirios, ou as condieSes de trabalho na indistrs. A avstocracia esteva interesssda em reprimir as “conspiragGes" jecobinas popu lares, © os industrisis buseavam derrotar as “conspiragées” pelo 2 sumento dos sslérias: os Decretos sobre as Associaghes* (Combi- nation Acts} serviram aos dols propésites. Os trabulhadores foram, portanto, forgados 8 se sujitarem um apartheid politico e social durante as Guerras (em que, por caso, também tiveram de lutar). E verdade que tudo iso ndo era completamente novo. A novidade era a coincidéncia com uma revolugio na Franca, com uma crescente atutoconseiéncia e aspi- rasSies mais ambiciosas (pois « “Arvore da liberdade” tinhe sido plantada desde 0 Tmisa até 0 Tyne), com o aumento de popular ‘0 que, em valor absoluto, tanto em Londres quanto em outros distros industrais, se forava mais impressfonante, ano aps ano (Ge. 8 medida em que os nSmeros sumentavam, ditminuia a defe- éncla com os mestres, os magistrados ott os vigtrios), © com formas de exploragio econdmica mais intensas, ov mais transpe- rentes. Mais intensas na agriculture © nas antigas indkistriss do- imésticas; meis transparentes nas novas fabrives e, talvez, na mic nneraglo, Na agricultura, o¢ anos entre 1760 e 1820 foram a época e intensficagdo dos careamentos, em que os direitos @ uso da terra communal foram perdidos numa vila apis 2 outra; os dest- tuidos de terras e, no sul, 0s camponeses empobrecidos sto absn- donados as expensas dos granjeiros, dos proprictétios de terras dos dieimos da Igreja. Nas inddstris doméstices, a partir de 1800, os pequenos mesires foram cedendo lugar aos grendes em- progadores (Industrsis ov alacadistas), ¢ 4 maioria dos tecel6es fe dos fabricantes de pregos tornaram-se trabalhadores asslariados externa, com um omprego meis ou menos preeério. Nas tecels- ‘gens e om vétias éreas mineradoras, esses sio anos de trabalho de eriangas(e, clandestinamente, de mulheres). O empreendimento em grande excala, © sistema fabril, com sua nova disspl ‘comunidades fabtis — onde o industrial no s6 se enriquecia com © trabalho de sua “maode-obra”, como também se padia velo cenriquecer no decorter de uma tniea geraco — tudo conteibuiy para « transparéncia do processo de exploragio e pata 2 coesio social ¢ cultural do explorado. + Deerstos que proibam e pushin ma legaidade as assoagdes de trabee adores. (. do.) 2 Podemos agora constatar parte da natureza verdadciramente catastrfica da Revolugio Industral e algumas das razses pelas quais a classe operitia se formou nestes anos. © povo foi subme- ido, simultaneamente, & intensificacio de duss formas intoleré- veis de relagfo: a exploracdo econdmica e a opressio politica. As relagdes entre patrOes © empregades tomaramse mais duras & menos pessoais; mesmo sendo correto afirmar que a Eberdade ppotencial do teabalhador tenha aumentado, visto que o empregado nas fazendas ou o artesio na indGsiria domésticaestava (nas pala vras de Toynbee) “situado « meio caminbo entre a posigho do servo e a do cidade”, esta “Iiberdade” significava que se sentia ‘mais intensamente a falta dela, Em qualquer situagio em que procurasse resistir& exploracao, ele se encontrava frente 8s foreas do patrio ou do Estado, ¢, comumente, frente as duas. ara # maioria dos trabelbadores, « experitncia cructal da Rovolusio Industral fol percebida com wna alieraoio na natureza € na infensidade da exploragio. Essa ndo 6 una visto anacrbnica, Imposte sobre a realidade. Podemos deserever alguns espectos do processo de exploracdo, como se epresentavam a um singular ope ‘iri algodociro em 1818 — ano do nascimento de Marx. Q relato — ums declaracio feita por um “Oficial Fiandeito de Algodio” 0 piblico de Manchester, as véeperas de uma greve — comega ddescrevendo patrées ¢ trabalhadores como “dus classes distintas de pessoas” Primeiro, entéo, sobre os patres: com poucas excestes, si0 tum grupo de homens que emergiram da cficina algodosira, sem educagie ou maneitas, exceto as que sdguiriram nas suas relagies com 0 pequeno mando dos mereadores na Bolsa do Manchester, Para contrabalancar essa deficitact Procuram impressionar nas aparéncias, através da ostentagao, ‘exibida em mansbes elegantes, carruagens, eriados de libré, parques, caeadores, matithes, ete, que oles mantém para exibir 20 meteador estrangeito, de maneira pomposa. Suas tases so, na verdad, vistosos pales, superando em muito 8 magnitude ¢ a extensio dos charmosos € asseadas retiros ‘que podem ser visios nos arredores de Londres... mas um observador atento das belezas da natureza e da arte notarh lum péssimo gosto. Mantém suas familias ar escolas mais 23 24 caras, determinados a oferecorem 2 sous deseendentes uma ‘dupla poredo daguilo que tanto thes falta. Assim, apesar da escassez de ies, sO0.literalmente pequenos monarcas, absolutes e despsticos nos sous distros perticulres, Para manter tudo isso, ocupsm seu tempo tramando formas de conseguir a maior quantidade de trabalho com a menor ddespese... Em resumo, eu me arvscaria a dizer, sem roccio ‘de coniradigao, que ha’ uma distancia maior entre o mestre © 0 fiandeiro do que entre o moreador mais importante de Londres ¢ seu mais humilde ctiado of artesio. Na verdade, nfo hi comparagio, Afirmo com seguranga que a maior dos mesires fiandeiros desejam ansiosamente manter baixos 08 salétios para que os fiandeiros permanegam indigentss © ‘estpidos... com propdsite de colocar os excedentes ein seus prépris bolsos. Os mestres fiandeinos so uma classe de homens distintes de outros mestres de offcio no reino. Sao ignorantes, org hosos e tirdnicos. Come devem ser, ent, of homens, ol ‘melhor, as eriaturas que servem de Instrumente para tai ‘mestres? Ora, eles tém sido hé anos, com suas esposas € famflias, @ propria pacigncia — escravos e escravas dos seus ios crusis.F indtilinsultar nose intligéncia com a obser ‘vaso de que estes bomens so livres, que & lel protege igualmente 0 rico e 0 pobre, e que o fiandeiro pode deixar sell mesite, se no the agradar 0 salvo. F verdade que ole pode, mas para onde ied? Certamente a um outro, Bem: ele val; serlbe perguntado onde trabalhow anteriormente — ""yoee foi despedide?” Nao, nds no concordamos a respeito do salévio. Bem, néo you emprogi-lo nem a nlngugm que ddeixa seu mestre desta maneira. Por que isso ocorte? Por- ‘que hé um abomindvel acordo firmado entre os mestres, estabelecido pela primeira vez om Stockport, em 1802, que se generalizou desde entio, compreendendo os grandes mes- ‘es num raio de muitas milhas. ao redor de Manchester, 3 exces So dos pequenos mestres: eles estdo exclufdos. Eles si0 0s seres mais odiosos enire todos que se puderem imagi nar... Quando o acordo foi fiemado pela primeira vez, umn dos. seus primeiros artigos estabelecia que’ nenium mestre doveria contratar algusm antes do veriticar se havie. sido espedido por seu illimo mestre. O que restava, entéo, a este homem? Se fosse & paréquia, essa sepultura de toda a independénci, Ihe seria dito ~~ Nao podemos auxiliélo: se ‘Yous coniesta seu mestre © nio sustenta sua familia, nés 0 smandaremas para a prisio. Entio, por uma série de cireuns- tincias, ele & forgado a se submeter go seu mestre. Ele nBo pode mudarse e trabalhar em qualquer outra cidade como sapaieiro, marceneiro ou alfaiaie: ¢ forgado # pormanocor 1 seu distrito (0s trabalhadores, em geral, formam wm grupo de homens inofensives, modestos € betminformados, embora eu desco- nnhega @ maneire como se informam. Sto d6ceis € adv fe no os molestarem muito, ma isso néo surpreende, quan: do consideramnos que eles so treinsdos para trbalhar desde 19s ses enos do idade, das cinco da manha até as oito ou nove dda noite. Ponhs um dos que advogum a obedigncia 20 mes- tre numa avenida de aceaso a uma fébrica, um pouco antes das cinco horet ds manbi, pera que observe a sparéncia c= (quilida das criancas e de seus pais, arrancados tio cedo de suas camas, nio importa o tempo que faga. Deixe-o exeaninar ‘2 miserivel porsdo de comida, normalmente uma sopa agus dda de aveia ¢ bolo, também de aveia, um pouco de sal €, As ‘yezes, completada com um pouco de leite, além de algunas Data, um pouco de bacon ou gordura, para o jantar. Um Imceénico londrino comeria isto? Permanceom fechados em salas onde 0 calor € maior do que nos dias mais quentes do thtimo vero, até a noite (se atrasarem alguns minutos, Jum quarto da jomnada € descontado), sem intervalos, exeeto (0s quarenta e cinco minutos para o jantar: se comem algue ‘ma outta coisa durante 0 dia, tem de faz0-lo sem parar de trabalhar. © escravo negro nas Indias Ocidentais, mesmo Irabalhando sob um sol s6rrido, tem provavelmente ums brisa suave que a3 vezes o refrosea, um pedago de terra © tempo. pera cultivide, O eseravo fisndeiro inglés nso. des- fruta do c€u aberto e das brisas, Enclaustrado em fabricas de oito andares, ele no tem descanso até a8 miquinae po. rarer, e ento retoma & sua casa, a fim de se recuperar pata o dia seguinte, Ngo hi tempo para gozar de companhis| da familia: todos eles estardo também fetigados © exaustes. Esse nfo € um quedro exageredo: ele é literalmente verds- deiro, Pergunto mais wma vez se um mectnico se subme- teria 1550, no sul da Inglaterra. Quando fiagio de algodso estava na sua infineta, antes da implantacso daquelas terriveis méquinas que substituiram © trabalho humano, chamadas maquinas a vapor, havia mui tos dos entdo chamados “pequenos mestres” (litle masters) — homens que, com um pequeno capital, podiam adguitir ey 26 algamas maquinss ¢ contratar alguns empregadios, entre vinte fou trinta homens © rapazes, clja produgao era [evada 20 mercado central de Manchester e' colocada em maos de intermedirios, .. Esses intermedirios a vendiam aos mer ‘adores, sistema que permitia ao mestre fiandeiro permane- cer em Gass, trabalhando © dando assistgncia a ses trabalha dores. © algodao era sempre fornecido em: estado bruto, das fardos para as mulheres dos flandeiros em suas casa, para ue elas o aquecessem ¢ limpassem, deixando pronto park © trabalho dos fiandeiros na fabrica. Assim, podiam ganar ito, dez ou doze xelins por semana, sem deixar do cazinhar fe dar atencSo a suas familias. Mas nenhuma est4 emprogada ‘dessa maneira, agora: todo algodio & partido e torcido por luma méquina a vapor, que é um demGnio, Portanto, a8 mt Theres dos fiandeiros no tém emprogo, a menos que traba Them na fébrica durante todo o dia naquilo que pode set feito pslas eriancas, por 4 Se antes um homem discordava de seu mesic, cle o delxava € podia empregarse em outro lugar. Contudo, a fsionomia das coisas mudow em poucos ans, Surgiram as mi 1 vapor, exigindo um grande capital para sua aquis para 2 construsio de cuificios suticientemente grandes pars abrigé-las, juntamente com stiscentos ou setecentos taba- Thadores. A eneryia do vapor produzi um artigo mis co mercial (embora nile melhor) que © pequeno mesre, pelo mesmo preso, A conseqiéncia foj sua répida rusna, ao posso {que os majores capitalistas trunfaram com sua queda, pois representavam 0 dnico obsticulo para 0 completo controle sobre os trabalhadores Enifo, surgiram varias disputas entre trabulhadores © mes tres a respeito da qualidado do trabalho: os trabalhadores cram pagos de acordo com 0 niémero de meadas ou jardas de linha que produzissem a partir de uma quantidade for necida de algodtio, que sempre deveria ter examinada pelo contramestre, cujos interesses tomavam imperative agradar Seu mesire: por isso, julgavasc © material inferior ao que ealmente era. Se o trabalhador nBo © acatasse, ele deveria ddenuriciar seu patrio a um magistrado; a ttalidade dos mapistrados ativos neste distrto, com excegéo de dois dig os clétigos, eram cavalhciros safdos da mesma origem que fos meses fiandeiros de algodio. O patrio gerslmente se limsitava a enviar um contramestre peta responder a qual: Ho, imaginando que seria dogradante encontrar seu servidor. A decisio do magistrado geralmente bene! Cava 0 mestre, embora se bascasse apenas nas declaragies do contramestre. © trabalfador no se atrevia a apelar, por causa dos custos Esses males curgiram com 0 terrivel monopélio que existe nos distritos em que riqueza e poder se concentraram tos de poveos, que, com todo seu orgulho, se imaginam senhores do universo.® A leitura desses fatos, na sua notivel irrefutabilidade, é uma ‘olocagio ex parte, tanto quanto a “economia politica” de Lorde Brougham. Mas o “Oficial Fiandeiro de Algodio” descreveu os fatos numa ordem diferente, Néo precisamos nos preocupar com 1 coerdncia de todos os seus julgamentos. Sua declaragio relacio- ha, uma apts a outta, as injustices sofrides pelos trabalhadores ‘com as mudangas acotridas no caréter da exploracio capitalist: ‘8 aseensio de uma classe de mestres, sem qualquer auteridade ou cobrigegdes tradicionsis; a distincia erescents entre os mestres & fs outs homens; a transparéncia da exploracio na mesma fonte da sua nova riqueza © poder; « porda do status e, acima de tudo, de independncla do trabsthador, reduzido & total dependéncia os instrumenios de produgéo do mestre; a parcalidade di ruptuta da economia familiar tradicional; a discipina, a monoto- nia, as horas ¢ as candies de trabalho; @ perda do tempo livre do lazer; a reduso do homem ao status de “nstrumenio” ‘Que os trabelbadores sentissem essasinjustisas — € as sem tissem apaixonadamente — , em si, um fato suficentemente importante para merecer nossa atensio. Isso nos recorda clara- ‘mente gue alguns dos conflitos mais virulentos desses anos gine ram em tome de questbes que nio sio englobadas pelss sities de custo de vida. As questSes que provocaram maior intensidade de envolvimento foram muito freqllentomente aquelas em que alguns valores, ‘ais como costumes tradicfonss, “Justica", “independén cia”, seguranga ou economia familiar, estavam em risco, ao invés da simples questo do “pio com manteiga” Os primetros anos da década de 1850 foram marcados por agitagdes que levantaram 12, Black Divar}, 30 de stimbro de 1818 ar uestées nas quais os salérios tinham importincia secundétia: os leiros, contza 0 pagamento de salirios em espécie; 0s trabelhado- ts textes, pela jornada de 10 horat: os trabalhacores na consteu- Go, pela ago cooperativa diteta; todos os grupos de trabalhado- res, pelo direito de formagdo de sindicatos. A grande greve na re- sito mineradora do nordeste, em 1831, girow em torno da seguran- ‘5a do emprego, do pagamento dos salérios em espécie nas vendas do trabalho das criangas A relagdo de exploracdo & mais que » soma de injustigas & antagonismes méuos. © uma relago que pode ser encontrada em diferentes contentos histGricos sob Formas distints, que esto rela ionadas a formas correspondentes de propriedade © poder estatal A relogio elissica de exploragio da Revolugio Industral € des: personalizads, no sentido de que no admite quelquer das antigas ‘obrigacdes de mutualidade — de paternalismo ou defertncia, ow de intereses da “Profissio”. Nao hé nenhum sinal do prego “justo”, ow do salério justficado em relagdo a sangges sociais fou moras, como algo oposto & livre stuagio das Forgas no mer ado, O antagonismo € acelto como intrinseco as relagdes de pro- \dugio. Pungdes de geténcia ou supervistio demandam a repressio 4e todos of atibutos, & exceco daqueles que promovam a expro- prigedo do maxima de maisvalis do trubslho, Esta & a economia politica que Marx dissecou 1’0 Capital, © trabalbador tomou-se um “instrument” ou ume cifra, ente utr, no cust, Na verdade, nenhum empreendimento industrial complexe Poderia ser conduido de acardo vom essa filosofia, A necessidade de paz na industia, de uma fora de trabalho estével ¢ de um corpo de trabalhadores capscitados e experientes exigia # modift cagdo das tGenicas getenciais — e, na realidade, a formacio de novas formas de patemlismo — nas fébricas do algodio, na cade de 1850. Contudo, essas considerasies nfo sto vélidas para as abarrotadas indistsias de trabalho externo, em que sem- pre havin grande quuntidade de operévios desorganizados dispu- tando empregos. Aqui, as relagdes de exploragdo emergiram cam supremacia, enquanto os velhos costumes desepareciam, ¢ © atic 20 pateralismo era colocada de lado. 28 Isso no significa que possamos atribuir toda a “culpa” pela ureza da Revolugio Industrial ao “patioes” ow ao laissez fire, (© processo de industrializago precisa impor 0 sofrimento © a destrucho de modos de vida cstimados e mais sutigos, em qual: {quer contexto social concebivel. Investigasbes recentes langaram luz sobre as difuldades particulares da experi€nciabritanica: os iscos do mereado, as miltiplas consegiéneias comerciais¢ finan: ceiras das Guerras, a deflagio do pOsquerra, as mudanges nas condiebes de mercado € as tensGes excepcionais resultantes da “explosio” populacional. Além disso, as preocupacies tipicas do séoulo 20 fornaram-nos mais conscientes dos problemas abrangen- tes do crescimento econdmico, Podest argumentar que ® Gri Bretanha, durante « Revolugdo Industrial, enfrentava problemas ‘de “decolagem”: pesados investimentos de longo prazo — canals, fabricas, fandigdes, minas, servigos — ovorreram &s expensas do consumo corrente: as geragies de trabalhadores entre 1790 © 1840 sacrificaram parte, ou a totalidade, das suas expectativas de au- ‘mento de consumo pars o futuro. Todos esses argumenios mezecem maior atenglo, Por exem- plo, estudos das fuuagdes da demanda no mercado sulamerica- ‘no, ou as etisesfinanceitas internas, poderiam informar-nos muito sobre as razies do crescimento on straso de alguma indGstria em particular. A objesio & ortedoxia académica reinante néo diz res. peito aos estudos empiricos per se, mas & comprocnsio Fragmen- ria do processo histGrio global. Em primeiro lugar, o em segrega cerlos eventos do seu processo ¢ 0s analisa isoladamente, Aceitas as condigGes que geraram esses eventos, les nao s6 parc- cero explicévels por si priprios, mas também inevitéveis. As Guorras tiveram de ser custeadas mediante pesada taxagio, ace. Jeranda o crescimento, por um lado, ¢ 0 retardando, por outro. Desde que isso pudesse ser mosteado, seguiria também que isso rnecessariamente ocorteria. Mas milhares de ingleses dessa époce concordaram com a condenacéo dessa “guerra superltivamente indcua"™, feta por Thomas Bewiek. A desigual distribuiglo das 13, Ver 8. Pollard, “Iavetnent, Consumption, and the Instrnt Revo Alon’, con. Hut. Review, 2 xk, X1 (1958), pp. 215.26 14. Betiok, Memo (i961), p15 29 cargas fiscls, 05 especuladores que tivavam proveite da Divide Paiblica, o papelmoeda — esses fetos mio forum accites como vilidos, mas como produto da intensa agtapio radical. ‘Mas bd um segundo estigio, em que o empitsta pode tea- ferupar estes estudos Tragmentétios, construindo um modelo do processo histérico a partic da multiplicidade de inevitabilidades interligadas, numa eonstrugio gradual, No eserutinio das facilida es de crédito ou das condigGes de mercado, em que cada evento 6 explicdvel e representa também uma causa aute-suficiente pa outros eventos, atingimos o determinismo post jacto. A dimensio do trabalho humano € perdida, eo contento das relagdes de classe € exquecido. E verdade que aquilo que 0 empirsta sugeriu realmente se comprovou. Os deeretos do Conselho Privado, em 1811, levaram ceriasatividades ccondmieas quase & estagnacio; o aumento dos ppregos no seior madeireiro aps as Guerras inflacionou os custos e construgéo; uma mudance passagsira ns mods (lagos subst tuidos por cintas)silenciou os teates de Coventry; 0 teer meci- nico competia com 0 manual. Porém, mesmo estes fatos indiscut credesiciais confidvsis, merecem ser questionados. © Conselho, © qual a raz dos decretox? Quem ‘irava maior proveito com g estocagem de madoita, durante u sua eseassez? Por que os teares deveriam permanecer ocioses, quando dezenas de milhares de mocas desejevam cintas mat no podiam ‘compréias? Qual @ alquimia social por trés da transformacéo dessas invengSes destinadss a poupar o trabalho humano em mé- quinas de empobrecimento? Um fato briio, como, por exemplo, uma colheita ruim, pode parecer estar além do controle humano. Mas a forma com que os fatos se desenrolaram ocorreu sob um complexo particular de relagoes humanas: direto, propriedsdo, poder. Quando encontramos alguma frase sonore como “os fortes fuxos e refluxos do ciclo econtmico™, temos que nos manter pre- cavidos, pois, por trds desse ciclo, existe uma estrutura de rele 02s soviais que fomenta certus formas de expropriscio (renda, interese e lucro) © descarta outras (roubo, direitos feudsis), legi- timando certas espécies de conflito (competigso, guerra) € i bindo outras (sindicalismo, motins reivindicando pi, oranizagdo 30 politica populas) — uma estrutura que pode parecer, simultancar mente, bitbara e efémera para um observador do futuro oderia ser desnocossério levantar essas importantes questées, J que 0 histoviador nem sempre pode questionar as eredenciais da sociedade que estuda, Mas, na verdade, todas esses quastGes foram propostes pelos contemporinecs aos acontecimentos, nfo apenas por homens das classes mais elevates (Shelley, Cobbett, ‘Owen, Peacock, Thompson, Hodgskin, Carlyle), mas por mithares de trabalhadores lécidos. Seus portu-vozes questionaram no s6 as insttuigdes politices, mas também a esiruture social e econd ‘mica do capitalismo industrial. Aes fates da economia politica fortodoxa, opuseram seus prSprios fatos © sua atitmética. Jé em 1817, of teveldes nas malharias de Leicester, muma série de reso- lugoes, deseavolveram ume tora sobre as crises capitalistas bar reada no subconsumo: Que, & medida em que a reduglo dos salrios trouxet misé- ia ¢ desgraga & grande massa do poyo, 0 consumo de tmantfaturades terd de dectescer na mesma proporgi. ie a salon mores fomem pce on operon cm por todo 0 pais, © consumo interno de nossos manu faturados cresceria imediatamente para mais do dobro, ¢, conseqilontemente, toda a mao-de-obra seria empregada, ‘Oue reduzir os silérios dos operisios neste pais a um nivel tio baixo que eles nao possam viver do set trabalho, para ccompetir com fabricantes estrangeiros no mereado interas- clonal, significa ganhar um clionte fora, © perder dois em Caso os que estivessem empregados trabelhassem menos ¢ © trabalho das criances fosse restringido, haveria mats trabalho para os operirios manuals, ¢ os desempregados poderiam se empregar © comercislizar sua produgdo diretamente, curto-circuitando as cextravaginias do mercado capitalista: as mereadorias seriam mais baratas, © 0 trabalho, melhor recompensado. A retdrica do mer cado livee, opuseram » linguagem da “nova ordem moral”. O historiador sente hoje a necessidade de tomar um partido nessa 15, HO, 42.160, Ver também Hammond, The Town Labower, p, 303, referécin de Ostler non teceeyaresanal,allant, cap. 4p. 1556. 3 uestio, porque havia duas visdes alternativas ¢ inteconcilidveis 4a ondem social humana se confrantando, entre 1815 ¢ 1850 — uma delas baseada na mutualidade, a outra, na competico. 56 6 possivel escrever a histéria da agitagdo popular destes ‘anos através de um esforgo de imaginacdo suficionte pata. com preender como 0 “Oficial Fiandoiro de Algodao” interpretou as evidéncias, Ele se referiu aos “patrdes", mio como tim agregedo de individuos, mas como uma classe, Como tal, “eles” Ihe nege ram direitos politicos. Se houvesse uma recessia, “eles” cortavam sou saldro, Se a sitvasdo econémica methorasse, ele teria de com- balé-"los” & sua ostentasio para obter qualquer parcela dessa mnelhoria. Se os alimentos fossem abundantes, “eles” lucravam. Se fossem escassos, alguns “‘deles” Iucravam sinda mais, "Eles" no conspiravam em tomo deste ow daquele fato em particular, mas da relagio essencial de explorasao, na qual todos esses fatos ‘adquiriam sentido, Certamente, havia flutuagies de mercado, co- Ihsitas ruins e iodo 0 resto, mas a experiéncia de exploracio in- tense era constante, enquanto as demais causas de sofrimento ‘cram variivels. Exsastitimas no atinglam of trabalhadores dire famente, mas através da refragio de um perticular sisteme de ropriedade e poder que distribula os ganhos e as petdas com sgrosseira parcialidade, Durante alguns anos, essas consideragSes gerais foram enco- berias por um exercicio acadtmico conhecida como a “controvér sia do padrio de vida” (em toro do qual todos 08 estudiosos tiveram de marehar ¢ conttasmarchar). © padrio de vida da massa populer subiu ou decaiu entre 1780 © 1850 — ou entre 1800 € 18507 Para compreender o significado desse argumento, deve- ‘mos considerar brevemente 0 seu desenvolvimento. O bate sobre esses valores & to antigo quanto a Revolugio Industrial. A controvérsia sobre o padvio do vida é mais recente, AA confusdo ideoligica ¢ ainda mis atusl, Podemos principiar por lum dos pontos mais {deidos da controvétsia. Sir John Clapham, 16, iowa de wma parte dene debts & thstendo elo fato de que, quando se comsideramn diferentes scien de dado, diferees expos So ‘dan. 1780-1830 € um period tvordvel os “pessimists”, 1800-180 favorece os “imi 32 no prefécio da primeira edigio do seu livro Economic History of Modern Britain (1928), esereve! ‘A lends de que tudo piorava para o trabalhador, ovginada fm alguima data indcterminade entre » redacso da Carta do Povo e a Grande Exposigdo [1837 © 1851: EP-T.] resiste A desaparecer. O fatd de que © poder aquisitivo dos saévios fem geral — no de todos os salérios — aps # queda dos ppregos em 1820-21 era decididamente maior do que havis sido antes das guerras revoluciondrias ¢ das napolodnieas, ajustase to mal 2 tradiggo que 6 raramente mencionado, Além disso, o trabalho dos estatisticos sobre salérios ¢ pre ‘95 € constantements ignorado pelos historiadores soc J. L. Hammond apresentou ume réplica a essa afirmagio na Economic History Review (1930), dividida om duss partes: em primeiro lugar, cle criticou as estatisticas dos salrios na agricul- (ara. Elas foram beseadas na soma das médias do pats, dividida ‘depois pelo némero de condados, para obter a média nacional; Visio que a populacdo nos eondados de bsixe tends no sul era mfor do que naqueles de renda mais elovada (em que of salérios ‘na agricultura forsm inflacionados pela proximidade com as in 243, Podemos conapor a esa atfemagao a de um varedor dea, rep teada por Mayhew "No me iteremo por polite, ms aot aria” 16 A respeto da composiia socal dissociates de iio uo, ver P.'H. J. 'H. Gosden, The Friendly Socels In Erland (Manchester, 1961), 71 e = 17, EJ. Hotstawen, “O ArtsSo Ambelanc”, in Or Treblbadores, Pas Tera, 1981, cap 4 0 de independénciainftuiram sobre o radiclismo politico, nos anos do pés-guerra. Quando 0 artesio perdia o seu oficio e & proteiao e seu sindicato, converiase numa das crituras mais deploré. veis da Londres de Mayhew. “Os trabalhadores desamparados”, lisse o mestre do Sindicato de Wandsworth e de Clapham a May. hhew, “so uma classe inteiramente diferente dos. vegsbundos petmanentes”, Seus alojamentos e “agéncias de empregos” cram diferentes dos que existiam entre os mendigos ¢ a fratertidade dos “vigjantes”; 96 recorriam as casas de corregdo em caso de desespero: “osasionalimente, chegavam inclusive # vender a pré pia camisa © 0 colete, antes de soliitarem sua admissio nessas casas..." "O trabalbador empobrecido aceita esta tute, sentin- dose perdido, assustado... Quando derrotado, assemelhese & tum péssaro fora da gsiola: ndo sabe aonde ir, net como conse- ‘ui um pouco de comida,” * Os artesios de Londres raramente decafam tanto, pois havia nutes opgbes intermedidrias antes de se verem obrigades a hater 8 porta de uma casa de cotregdo. A histéria vatia muito de um vffeio « outro. Se pessermos de Londres pata os centtos indus. Uriais do norte ou das repides centrais, encontraremos outras im- Portantes classes de trabalhadores especializados ou opetétos in- Ausiriais — os mineizos de certs regides carhoniferas, os fian- Aejros de algedo, os irubathadores especiatizados da construgéo, (8 metalirgices espesializados — que estavam entre aqueles que © professor Ashton considereva ios do progresso econdmico"”. Enite eles, figuravam os mineiros de Durham, descritos por Cobbett, em 1832 (referindose & érea de Sunderland), nos seguinte teens ‘Aqui no bé nada de atraente, mas tudo parece valer muito. Uma coisa importante & que os trabalhadores vivem bem. (..) Os mineiros gantam vinte © quatro xelins por semana ‘pio pagam aluguel, © combustivel nada Thes usta, e tam pouco o médico. Cettamente, seu trabalho & terivel, e talvex hes falte muito do que deveriam ter; mas, de quelquer for. ‘ma, vivem bem, suas casas sto boas, assim como a mobilia, 18, Mayhew, op, et, fp 351. a1 fe... suas vidas parecem to boas quanto poderiam desejar todos os trabalhadores do mundo.” (Os mineiros, que formevam praticamente ums “caste here- ditéria” em muitos distitos, tinham a reputasio de reeeber salérios relativamente altos: 0s jovens nas minas recebem ouro e prata, ‘0s jovens nas fabricas recebem apenas bronze..." (© profestor Ashton considera provivel que seus salirios resis fossem maiores na década de 1840 do que nos melhores ‘anos da guerra, Mas as condigSes de trabalho eram provavelmente pores. (© salério real de multos destes grupos cresceu entre 1790 1840, Mas seu avango nfo foi tio suave © continuo como se supds em slgumas ocasi6es, estando intimamente relacionado com fe sucesso ou 0 fracasso do sindicalismo de cada atividade, O 1 rodugdo sazonal da jornada de trabalho depen, 5", Contudo, se estivéssemos Intetessados apenss nos trabalhadores qualificados “sindicaliza- dos”, empregados regularmente, a controvérsia sobte os padrdes de vide j6 teria se decidido em favor dos otimistas, h4 muito tempo. [Na verdade, © problema aprescnta complexidades infindé- veis, O estudante que encontra uma afirmagio tegura no seu livre-texta, como, por exemplo: Em 1851, o custo de vida era II por oento mais slio que fem 1790, mas, nese intervalo de tempo, os salétios nas cis 19, Real Rides, Mh, p. 294 Em opeicto a ese tlatoy devernse mensio~ ‘avo vioentosInsidenter na revigocarbonfera do nordese —- a ance ewtigso: de unto de Hopbor, ence 1830 e 182, eelatda em. Eynes, The Miners of Northumberland ond Duskam, caps. 46 © The ‘Shited Labourer, cape 2.3. Coles Inds got god ond iver, / Factory lads gets ove but bras a0, Ver TS Aion, "The. CouMiners ob the Elghiseath Century" ‘Beon-Joureal (spleen), I, 1928, pp. 325.3313, 8 des nio tinham aumentado, 00 que pareee, menos que 45 por eento?? Deveria pressentir imediatamente que hi algo errado. Nao fe tata apenas de que os indices de custo de vide sejam cles Driprios objeto de sérias controvérsies — 0 proprio professor Aston alirmou que 0 indice no qual ele bascou sua afiemagio talves se derivaste da dieta de um “diabstieo”.® Deve-e tam: ‘bém considerar que o fedice dos selérios urbanos xe baseia, prin- cipalmente, nos salérios de trabathadores qualificados, empregs- dos em tempo integral. Por que haverfamos de supor que @ proporcio de tsbalhadores regularmente empregados e qulili ‘ados, em relacio aos desempregedos © empregados easvalmente, ceseesse em favor dos primeiros, numa época de crescimento populacional muito répido? De onde os hstoriadores socisis trian ‘obtido continuamente evidéncias sugerindo que esse periedo foi ‘excepcionaimente doloroso para as grandes mussas populares? Conto se explica que, se entre 1820 e 1850 ocorreu uma aprecié vel melhoria no padrio de vide, depois de maie de trints anos de inquestionével desenvolvimento, entre 1850 © 1880, os treba: Unadores ingleses no-qualificados vivessem ainda nas mesmas condigSes miserdveis, egistradas por Booth ¢ Rowntree, 8 dé- cada de 1890? A primeira metade do século 19 deve ser considerade como um periado de subemprego crinico, ne qual os offeios especial zados pareciam ilhas ameayadas de todos es lados pels inavagics teenol6gices © pelo aflixo da mio-de-obra jovem ou nde gualif ‘ada, Mesmo os saris dos trabathadores qualificades ocultem, fregdentemente, diversas dedugies obrigatérias: aluguel das. mé ‘quinas, pagamento pelo uso da forga mateiz, multas por trabstho efeituoso ou por indsciplina, e descuntos compulsérios de outras cespécies, Na minerasio, na siderurgia ¢ na indGsicia de cerdmica, predominava a subcontratagio, bastante difundida também ne consitueZo, através da qual os capatazes empregavem trabatha- ores jovens ou menos qualificados: por outro lado, os flandeiros 21.7. S Aston, The Andusrat Revolution, 17601830 (1948), 6158. BT. Athlon Caption andthe Horas, pe 146 a fos mincitos costumavam empregar eriangas (come os meninos rus tclgens ou os prfradores nis min). Or andl de sigodo de Manchester queravanse om 1818 de gus um sitio tie 2 libras, 5 xeline e 4 penles estava sujeito as seguinte gies: Nora elias péni Primeir meainesemanalne oe Sethe ments eminent .3 3 Wiss ssi mee DDocngore oftos gests esos o 1 6 oul de gatos ec — ean um ld de 18st pene? Cn ota Sn ada nse, de tate ue of sali Stns me bio ean ms ops it Stsriml ae pA tng 0 Pgs em Dios smn copa inn © goo, OF i "Ses cet oi eta sei eifncecs panes fein por ters Ete 26 so dase deen euertr evo oT tors ho pts de 15 omens emo cdl das ret, dupontr «achat ape al ces 3 on in iti nase guna eqecalde, 0 aresto en ear sot ane dia teior ‘o-quuload juanto em pressionar os patroes. Antes de 183 Mee on cts qe temanm size no 4 ods sudo gue os rq, na mene Sie Quo econ, pro de xslt ow 23, lack Dwar 9 temo de 8, A aco ia in a Stites, wt) So “en a —LULrt—“C— see ewe Hlten, The Tock Sytem (Canis, 1960, 0. ea hista, adotaram propostas que abrangiam os tesbalhadores néo- ‘quaificados, nio se deixou de marcar claramente as diferensas: [Essus lojas deverim comporse, por graus, de arquitetes, alveneiros,carpinteros, telhadores estucadores, encanadores, Vidracciros e pintores: também por cavougueires, oleitos ¢ ‘outros trabalhadores, na medida em que apresentarem melbo- res habitos © maiores conhecimentos, capacitando-se a trabs Uhar por iniviativa propria, assistidos pelos outros. ramos dla profssdo, que terdo um grande interesse em apelmorar 4 mente, a moralidade e as condigées gerais das sts fami Tiss, no mais curto espaso de tempo2* ‘Temos também de considerar a inseguranga geral em muitas especilidades, num periodo de répidas inovagies técnicas e de ‘bil protec sindical. As inovacdes depreciavam as antigas espe- sialidades e, simultaneamente, valorizavam as novas. Nao howe tmiformidade neste processo. Mesmo ext 1818, 0 Book, of English Trades (om livro de bolso baseado principalmeme nas especial: des londrinas) nfo registrava os offeios de mectinico e de eons trator de méquinas « vapor ou de ealdeiras; © torneito era ainda considerado basicamente como tim marceneito, e as especalidades ‘elativas & mecinica estavam agrupedae sob o terme “maquinista’ ~ um mestre verstil em diversosoficis, “de considerével enge- ahosidade © grandes conhecimentos mecinicos", que “possui 0 talento e a experiéneia do ajustador, do fundidor de fe do ferreiro e do tomeiro, na sua mais extensa variedade”. Somen. te dez anos depois foi publicado The Operative Mechanic and British Mechinist, contendo pelo menos 900 péiginas, exibinde @ xtraondinéria diversidade do que antes ers simplesmente o offcio co artesio industrial. A diferenciagdo entre as novas especialida: es pode ser notada na formagio dat primeiras sociedades ow sindicatos, que os mectinicos s6 consttuiriam mais tarde: os clues e oficio bemorganizados de artetios industriais do final do século 18 deram lugar & Sociedade de Auxflio Mituo dot Mot adores de Ferro (1809), & Sociedade de Beneficéncia e Auxi «lato, 2. Pionee,setemtno de 1833, crado em Pong, The Buller: Hie toy (923), p53, 8s tio Métwo dos Torneiros Mesinicos (Londres, 1818), a0 Instituto Sindical de Solidariedade dos Mecinicos (Bradford, 1822), 2 So- ciedade dos Construtores de Miguinas a Vapor (Liverpool, 1824) © a0 Sindicato de Solidariedade dos Mecénicos (Manchester, 1826). © desenvolvimento destas sociedades, contudo, nio deve in duzienos a supor um processo de continucs avancos, na medida fem que as novas habilidades se fortaleciam. Ao contrétio, para © artesfo industria, que (ao menos em Londres) era win atsto- rata, protegido por sue organizacio (t8o forte que se consliui rum dot motives para e aprovacdo dos Decretos sobre as Asso ciagBes) e pelas restrigdes ao ingresso de novos aprendizes, © ‘que manteve um salfrio de dois guinées durante os primeiros anos do século 19, a revogicio das cléusulas do Estatuto Elisa: bbetano de Atifices referentes 10 aprendizado, em 1814, repre- sentava uma ameaga, deinando- exposto a uma sétia competi. Alexander Galloway, exsecretirioassistente da Sociedade Lon: ring de Correspondéncia (LCS), e entio 0 mals importante ‘empresério no setor de mequinaria, em Londres, mostrou, em 1824, que a revogasdo, “wo permitir a um homem trabalhar em. ‘qualquer atividede, tiveste ele um, dois ou trés anos de expe rigncia, ou mesmo ‘nenhuma, quebrou a espinha dorsal de todas a5 associagdes”. Os antigos artesios das indistris foram “tio ofuscedos pelos novos trabalhdores, que podiamos passat sem cles”, enquanto ot pagumentas pot pose © outros incentives com pletaram & derrota dos sindicatos. Onde antes os artesios indus- ins “costumavam ridicularizar desprezar os mecénicot”, que cexerciam uma profissio julgade inferior © sem tradigao; agora, chegava u horn de desaparecerem. Mecinicos sem o aprendizado tradicional podiam ser contratados por 18 xelins semanas; © in 26, De acondo com uma “RelasSo de fon acerca dos Oficin-Artsios industri", la PC, AUS, 0 sutton dos artessos induces subram e258 ou 3s. dros, cm 1775, par 4s. 6d, em 1799. Os ofa ttabalbavem para peqdenoe pats empreados, cles perio de "eerver jelos, mone ¢ eiverss maaufatuesros, caja athiddes se paral tum eo devorrencia de qualquer greve. Desa forma, oofas revises Fendi mar contoesiretamente com or times gnerando Fes Pr rice pater. 86 trodugfo do torno mecénico antimético (com 0 sliderest ou 0 “cattinho” de Maudsley) provocou aflutncia de miodeobra jovem e desqualiticada, Por este motive, mesmo neste atividade — certamente uma des mais importantes na introducio de novas especialidades —, fo se percebe uma evolugao de status e dos salirios compatve om © ritmo das inovagGes Técnicas. Ao contririo, howve wm apoges no final do século 18, seguida por um ripide declinio nna segunda década do século 19, acompunhado por um afluxo de mio-deobra néoqualificads e pelo estabelecimento de uma nova hierarquia © de novas formas de associagéo. O trabalho ere sltamente diferenciado e, durante alguns anos (como pode sugetit a diversidade de nomes dos primeiros sindicaios), era diffil pre- cisar qual offcio teria precedéncia®” ascensio do meefnico qualificado na indGstria de maquinaria foi facilitada pela escas sez desses profissionsis, A rotatividede da mio-de-obra nas pri rites oficinas mecinices era prodigiosa, Galloway, que empre ‘iva entre 80 © 90 homens, em 1824, queixavase de que haviam pesado entre 1.000 e 1.500 homens por sua oficine, nos doze ‘anos anteriotes, representando uma rotaiividade anual maior que © total ds mdodeobra empregeda, Agentes de empresétios es twangeiros percorriam a Gri-Brotanha, na esperanga de atraicem trabalhadores qualificados para a Franca, Rosia, Alemanka © América Natoralmente, quem mais softia com isso eram 08 empresirios londrinos. Um agente estrangelto (segundo Gallo- way), “tinh apenas de observar os homens entrando e saindo dda minha oficina e anotar os nomes dos mais hébels: muitas con ttatasdes foram fetes dessa mancita”. Por esta razio, os salltios dos melhores trabathadores subiram constentemente, até as déci- ds de 1850 e 1840, periodo om que formavam uma elite privile- 27, Ch. us informasees de Galloway: “Noss atiidade compdese Ge vei tu ui diferentes stores: oF teabulhadores da madera, Que devominamee ‘molelsdores « que consstem om bons chasis, matcenelrs, ateior lndsas «outros eimprezados nesta atividee: os fundidore de ferro © Ae bronze: 0 ferris e ot fuss; .-.) tomelron e laren; © oF tommiror de bronze, fro e madeirs, em to eo0 varias" 28. Com a tnalidnde de proteee a supemacin indo brkdnic,prolb- se gue diverts clases de tabalhadores especallradoe denasem 0 Dae, ar siada, Em 1845, na fabric dos srs, Hibbert e Platt (Oldham), 4 primeira a introduzir maquinaria t€xtil na Gré-Bretanka, em- pregando quase 2.000 trabalhadores, os mais qualificados 120% biam salérioe de, no minima, 30 xelins semanais. Os mecinicas (queixavese um trabalhador metodista) gastavam muito, aposts- vam em cavalos e cachorres, treinavam efes de corcida e comiam ‘carne “duas ou trés vezes por dia", Esta fase, contudo, estava por terminar. Enquanto Galloway, em 1824, era forgado a suber- rar seu melhores empregados para reté-los, 0s mecénicos qualifi- cados haviam se multiplicedo tanto na época de Hibbert e Platt {que sus fébrica conteatava apenas os melhores, “Vi muitos serem espedidos depois de um dia de trabalho, ou mesmo antes”, re- corda nosso metodista, O mecinico jé nfo podia mais confiat na cseasser da sua especialidade para comservar a sua posigio e se viu, enlio, forgado a retomar a0 sindicalismo, E significativo que a inddstria de Hibbert e Plate tenha sido 0 centro das revotas, durante as dispensas coletivas, em 1851 Devemos ter sempre em mente a superposigio das antigas especialidades, em vias do extinefo, com #8 novas, em ssconsto, Um apés 0 outro, no decorrer do século 19, of velhos oficios domésticos foram desaparecendo das inddstrias txteis: “tosquice ores” ou “aparadores", desenhistas de estampas para tecidos de algodio, cortadores manuais, cortadores de fusio. Hé também exemples contrétios, como & 0 caso de algumas atividades do- ‘mésticas érduas e mal-pagas, tealizadas & vezes por etlangas que, ‘com as inovagSes écnieas, s© teansformaram em oficios close: mente amparados. O cardamento na indGstria da 16, por exemplo, cera feito em “méquinas de cardar” forradas de couro, nas gunis 28, Ver The Book of Bnglsh Trades (1818), pp. 237-41: J. Nicholson, The Operative Mechanic and Brith Machinist (W829): 3. B. lettry, The Siory of the Engineers (1948), pp. 818, 35 e si; Fst Report from Select Commie on driaans and Machinery (1824), pp, 23-7: Clapham, op. sey Ino. 1317, 80; Thounas Wows, uobiopraphy (Lec, 1836), p 12 panim, Ver também W. H, Chalet, The Hungry Fortis: A Re. ‘Snumination (Historical “Association, 1987). onde, coatude, se supoe insenstamene, que a excclente stuagio dos wabslbaderesqualitcades hg fica do Hibbert © Patera male repreventatva do anos arent fo que as precras condgdes dos teases mania. se fixavam milhares de dentes de arame — durante as décadas de 1820 ¢ 1850, esta tarefa era exccutada por eriangas, ao prego de meio pSni por 1.500 ou 1.600 dentes; segundo se observou numa aldeia produtora de tecido em West Riding, “em quase fodas as cabanas, junto & lareira, pequenos traballedores, que mal sabiam andar, aliviayam a monotonia dessa exaustiva tarefa, associando a todo dente coloceda numa cards um habitante da vila, dizendo em vor ala o seu nome, quando o respectivo arame cera por fim inserido'.® Menos de cingtienta anos depois, as suces sivas inovacdes nas miquinas de cardar permitiram a0 pequeno sindicato de offcio dos eardadores ¢ estiradores de tecido ocupar uma posigio privilegads enue a “aristocracia” da indistria de ta “Mas, 30 acompanharmes a histéria de cada inddsteia em par- ticular, observando a aseensio de novas especialidades enquanto tas antigas declinavam, conremos 0 risco de esquecer que as anti= gas ¢ as novas habilidades foram quase sempre protagonizadas por pessoas diferentes. Na primeira metade do século 19, os fabricantes incentivavam todas as inovagGes que possiilitassem 8 dispensa dos trabalhadores adultos qualficados, para substi- tuéles pele mfo-de-obra juvenil ou feminina. Mesmo nos casos fem que uma antiga especialidade fosse substitulde por outa, que ‘exigisse ume habilidade igual ou mesmo maior, raramente encon- ‘amos na nova algum trabathador que se tenha transferido da antiga, ou alguém que deixasse a produsio doméstica pela indus win, A insoguranga © « hostlidade em relagdo & maquinaria © Bs SnovagSes nfo resutavam simplesmente de preconceitos, nem de (como peasevam a6 autoridedes) um conhecimento insuficiente dda economia poltica, © aparador ou 0 cardador sebiam muito them que @ nova maquinaria, embora pudesse proporcionar um cemprego expectalizado 2 seu filho ou a0 Filho de qualquer outro trabalhodor, nada tinha a The oferccer. As vantagens da “marcha do progresso” pareciam sempre beneficiar a outra pesso. Veremos isto com mais clateze quando examinarmos o lu- smo. Mesmo assim, 8 atingimes, por enquanto, as bordas do 30, Frank Peel, “Ok! Cleceton”, Cleceaton Guardian, janciroabeil 1884, 39 problema, pois estas inseguranges especificas foram apenas uma faceta da intranqiilidade geval em todas as especilidades, nesse periodo. A prépria nogio de regularidade de emprego — ou se, ‘de um local fixo de tabalho durante vérios anos, com uma jor: nada de trabalho regular e um salério padréo — & anacrénica. J vimos que o problema da agriculture era o subemprego cxénico, Este também foi o problema na maioria das indsria, principal- ‘mente nas cidades. O aprendiz e o trabalhador quslificado, donos de suas proprias ferramentes e dedicados a uma profissto duran- te toda a sua vida, eram uma minoria, B notério qus, nos pri- tmeiros estigios da industralizagéo, as cidades em crescimento atrairam miodeobra migrante ¢ desatraigada, de todas as espé- cies; esta situagéo persste, ainda hole, na Asia e na Africa, Mes mo os trabalhadores mais estiveis passavam por uma sucessio de empregos. As séties de salérios, baseadas nos valores pagos 208 trabalhadores especializados, nio refletem a roalidads a 1es- pelto do trabalho casual e do desemprego ciclicos, que s80 refra- rigs a um tratamento estuistico: podemos melhor avalislos através das reivindicagSes de um cartista de Yorkshire, zeeordan- ddo sua infncia © juventuds, entee © final da déeada de 1820 © a de 1840, Os dias de escola de Tom Brown nfo tinham qualquer inte- fesse pata mim, pois nunca estive numa escola, durante toda ‘2 minha vide. Tive de comecar a trabalfsar muito jovemy me levanlava enite a8 4 ¢ 5 horas da manha... no veri0, ¢ via- jeva com um burrico a uma milha e meia de distineia, para fordenhat muitas vacas, junto com outros. A tarde, repetia ‘© tarefa'e nGo a terminava antes das 8 da noite. Mi : trabalhet numa oficina de cardamento, e tinha de ajustar 1.500 denies de cardas por meio péni. Entre 1842 © 1848, rio percebia, em média, mais que 9 xelins semanis. Nat ‘quela época, ere muito dificil encontrar trabalho, © 08 sald: los eran muito baixos. Fui teceldo do la, eardador,trabalhei na construglo de ferrovias, nas pedteiras: por isso, posso afir- ‘mar que conheso alguma coiss sobre a situagdo’ das classes teabalhadoras 31, B Wilbon, The Sager ofan Old Chartt (Balioe, 1887), p. 33. 90 HE evidéncias sugerindo que situagio se deteriorou entre 1s décadas de 1820 ¢ 1830, até a de 1840, Enquanto os salévios cresciam lents mas favoravelmente em relagio 80 custo de vida, 8 proporso de rabathadores eronicamente subempregades eres. cia desfavoravelmente em relagio 0s plenamente empregados. Henry Mayhew, que dedicou uma parte de sue grande obra sobre (s pobres londinos a0 problema do trabalho casual, compreen- dou que este era © cerne do problem: Em quase todas as ccupagbes, hd... uma superabundncia de trabalhadores 0 que, por si s6, poderia transformar em ‘usual © empreso de um vasto mimero de trabalhadores. Na os, as estimatives sfo de que um tergo ds plenamente empregado, outro terco parc mente. e © tltimo terco desempregada durante todo 0 ano. Mayhew foi, inquestionavelmente, © malor investigedor so- cial, aa metade do século 19. Observador irtnico e imparcial, cmbora compassivo, etava alenta a todas as complexas particule Fldades que escapavam uo tratumento estatstco. Numa época de pesquisa factual, ele buscou of fatos de que os investigadores se ceaqueceram e esereveu consclentemente contra a semente das on0- doxias de seu tempo, descobrinds suas proprias ¢ ulrajantes “ieis” para a economia polfica — “baixos salérios getam tra ‘alo em excosso" ¢ “teabatho em excesso gora baixos salios”. Ble sabia que, quando um vento leste fechava Tamisa, 20.000 ‘oabalhadores das doces fieavam imediatamente desempregados, Conhecie as flutuagées sazonais do mercado de madeira, de gor ros e de produtos de pastelaria. Preocupouse também em des cobrit por quantas horas ao dia e meses a0 ano os varredores de rua © 05 coletores de lixo ficavam realmente empregados. Reumiv-se com trabalhadores das atividades investigadas e regis- trou suas histéras pessoais. Se (como havia sugerido o professor Ashion) a controvétsia sobre o nivel de vide depende de uma 32. Mayhow, op. ct I, p. 338. Os techos da obia de Mayhew que tliat imais'extonsaments as proximas pins inloom sou relat sobre tr liste, or supaeros ¢ os boteon cm Moraiag Choice, 180, ¢ Tlndon Labour and the Landon Poor, Uy pp. 33852, Wh, . 231 © en “suposigao” sobre qual grupo erescia mais — aqueles “que pa- dleram participar dos beneficios do progreso econémico” ot “aqueles que foram deixados de lado" —, entdo a suposigio de Mayhew merece nossa atencio. Mayhew apresenta sua conjetura da seguinte forma: estimado que o nimero {otal de individuos portoncontes, ‘is Clases trabalhiadoras seja de quatro a cinco millises, ereio {que podemos afirmar com sequranca —~ considerando © ni- mero dos que dependem de um emprego ocasionsl,.em dife- retesestagses, formas © oportunidades, a enorme quantidade excedente de mo-le-obra de vagabundos om quase todos (0s ofcios de baixos salétios... 0 nimero de mulheres criangas que eram continuamente reerutados pats os diferen- les offcies manuais, com a finalidade de reduzir os ealétios dos homens, a dispensa da mioxoobm, em alguns cates, pela introdugao de maquinaria... consideradas todas estas coisas, creio podermos seguramente eoneluir que... mal hé trabalho sulieiemte para empregar regularmente metade dos nnossostrabalhadores, de maneira que somente 1,500,000 esto emprogados completa e permanentemente, enguanto autros 1.500.000 esto empregados apenas na metade do tempo, € (0 restantes 1.500.000, completamente desempregados, con- ‘esuindo trabathar ocasionalmente um di, gragas ® dispensa de outros: sta afirmagio no passa de uma conjetura © uma inter pretacao para as estalisticas que expressam as complexidades da cexperidncia londrina, mas se baseia, também, em outras detco- bertas: em particular, as de que, “como regra goral... os traba: Thadores sindicalizados, em qualquer oficio, abrangem por volta de um décimo do total”. Os salérios dos trabalhadores sindi- calizados eram rogulados pelo costume ¢ pela presto dos sind alos, enquamio os dos néo-associados eram “determinadoe pela 33, Mayhes, op. ct U, pp. 366-5. Ck. Mechonles Magan, 6 de setemino ‘de 18287 do que a tanto pela qual no hi trabalho pare « metade ‘do nowo povo €n de que a outa metas tabalia © dobre do qu devel 34. De acordo com os dos apreseatsdes por Maybew em outin parle, 4 fesplto dos ebanstas¢ dos alfstates, esta ela represents um eager falver um qulte cu Uns sto fom om nimero mas provével 2 ‘competio”. Em Londres, por volta da décads de 1840, havia la demarcagio entre os setores “dignos” e * ‘do mesmo offci; esta diviso era noiSria entre os marceneiros, carpinieios e ebanistss, sapateites,alfaates ¢ todos os trabalha- ores da indistria de vestuério, © da consttuglo, © setor digno compreendia as especislidades de qualidade © Iuxo; 0 indigno compreendia toda 2 extensio das “inferiores ¢ s6rdidas” — mo- bilia comum, bugigangas e roupas prontas, caixas de costura fo Theadas © espelhos ordinérios; trabalho ocasional para a contre: so de igreja trabalho contratado para o Exétcito ou Governo. Dente os offeios que Thomas Large classificow como bea corganizados e altamente remmunerados em 1812, varios sofrerant ‘uma forte deterioragdo no status © no nivel de vida de seus arte- ‘ios, durante os trinta anos soguintes. © aviltamento dos ofiios ‘assumiu mntas formas e, algumas vezes, 86 se consumo apés intensos confit, estendendo-e, em certos casos, sté a década de 1850. Quando William Lovett, que havia sido aprendiz de ‘ordociro em Penzance, chegou em Londres, em 1821, ¢ — por ro encontrar emprego no seu offcio — tentou conseguir trabalho ‘como carpinteiro e ebanista, a distingao entre offcioe dignos ¢ lignos nao era to marcante, © falo de néo haver passado por nenhuma aprendizagem nesse ramo pesava muita contra cle, mas, depois de experiéncias desagradiveis em oficinas “indignas” ¢ de outras ainda piores, ao tentar vender seus préprios produtos plas ruas, obieve, finalmente, um emprego numa grande fal de méveis. Quando descobriram que cle néo havia pastado por ‘qualquer aprendizagem, os homens falaram em “Pont « Mande Shorney sobre mint", que € ‘um jargio do offeio e significa confiscar as ferramentas, de- preciar o seu trabalho e aborrect-lo a ponto de expulsélo da + Assim que... tome conhecimento de suas inten "achei melhor convocar uma reunlso € expor acu caso diante deles. Para convocar uma reuniao desta espé- cie, era necessério arranjar bebida (geralmente um galio de cervela) e, depeis, batzr © martelo no barilete, que, 20 pro- duzir um som de sino, convoceva toda a oficina a se resnir 9s ‘0 redor de sua bancada, Nomeavase, entio, um presidente, © vost era convidado a apresemtar seu problema [A exposiclo de Lovett sobre su dificil situagio saisfez aos hhomens: “mas as exigéncias de alguns, que pediam bebida, e de ‘outros, que me impunham a execusdo de toda a espécie de tra: balho, 20 lado das multas © outros descontos, freqlentemente subtrafam sete ou oito xeline semanais do med guinéu”™® Dex ‘08 vinte anot depois, ele ainda do havia conscguido emprego ‘numna ofieina de trabalhadores especalizados respeitavel: a in- fuente Sociedade dos Marceneiros (da quat préprio Lovett s© tomou presidente) havia consotidado a posigio de seus membros nas expecialidades qualificadas do offcio © fechou as portas massa da miodeobra sem aprendizado ou semiqualificada que protestava diante delas. Ao mesmo tempo, o offcio indigno expan- due rapidamente *: os comerciantes haviam estabelocido “aba- tedouros” ou grandes depécitos do méweis, © diversos “mestresde- Sido” empobrecidos de Rethnal Green ¢ Spitalfields empregavama suas proprias familias 9 “aprendizes” para fabricarem cadeiras © mobilia sem qualidade, vendendo-as aos depésitos por pregos rinimos. Mesmo os teabalhedores menos sfortunades poderiam somprar ou juntar madeira para fazer caixas de costura ou mesas de jogos que vendiam nas ruas ou nas lojas mais baratas do Extremo-Leste de Londres. ‘A histria de cada oficio € diferente, mas ¢ posse fazer ‘um eaboso dos tragos comuns. Geralmente, supose que o padtio de vida tenha declinado durante © aumento dos pregos 10s anos da guerra (0 que ¢ certamente verdadeiro para os trabelhedores agrivolas, o& ieceldes 0s trabalbadores nio-organizados); eon- ado, « guerre estimulou muitas indGstras e criou condigSes para 35. W. Lovet, Life and Sirugter in Pursuit of Broad, Knowledge, and recdom (ed. 1920), 1, Wp. S12. A reipeto, doy veloes costumes de islgio Coorg”) © de"malien germs” aeeando 9 qual on trabalhse sores novos u os aprender deviam comprar babs pura toda ica), ver J.D. Buty, A Glimpse of the Sacial Condition of ine Working Class Ge, pp. 3960. 236, Sesundo. Mayhew, I, p. 231, havla etre 600 e 700 homens asso- jndos, © ate 4000 ¢ 5.0) nfo-esciado, 4 © pleno emprogo. Em Londres, o arsenal, ot estaleitos e as doves estayam sempre em atividade, ¢ havia grandes contrator governa- rmontais para a produgio ds toupas © equipementos. Birmingham prosperou de maneira similar até 0s ancs do bloqueio continental Os ditimos anos de guerra assisttam & erosio geral das resrigdes corporativas ao ingresso de aprendizes, na prética e na lepslasdo, culminando com a revogisao das cldusules do Estatuto Elisabe- ‘ano de Anifces, relativas 20 aprendizado, em 1814. Cientes dos seus inferesses, 0s artesios reagiram vigorosamente contre esta ameaga, Devemos recordar que nesse ép0ca havia pouca instr: 40 escolar, inexistindo os institutos de mevinica ou as etcolas ‘Wenicos: praticamente toda « hobilidade ou “misttio” do oficio ‘ra transmitido pelo oficial ao seu aprondiz, através do precsitos © exemplor, nas oficinas. Os artesios consideravam este “‘misté- ro" como sua propriedade, ¢ defendiam seu direito inguestioné- vel s0 “proveito © ao uso pacifico e exclusiva das suae,.. artes offeios”, Conseqiientemente, nfo 6 se combate a revogacio, como também se formou em Londres um “incipiente conselho de offcis", sendo coletadas 60.000 assinaturas por toda a nacho, ‘numa petisfo para fortalecer as les sobre 0 aprendizado:” Como resultado desses alos, hé evidéncias de que os clubes de offcios foram realmente fortslecidos, de maneira que muitos artesios londrinos emergiram das guertas numa posicio comparativamente forte. [Neste ponto, contudo, as histérias dos diferentes offcios co rmecam a divergr. A pressio da multidio nio-qualficada, batendo as suas portas, manifertosse de diferentes formas e graus de vio- Jencia, Em alguns offcios, « demarcasio entre 0 digno e 0 indigno | podia ser encontrada no século 18. HA varias rages que podem jusifiesr a manutens0 do presifgio das especialidades 37, Ver T. K. Dorey, “Repeal of the Appceniatip Chases of the Statue of Apprenices", Econ. Hi. Review, I, 1981-2, p. 67, Ver amen E. ‘Thompson, Formardo da Classe Operrla Inlet, Wo. I, "A for os ttabatharee, Pare Tere, 1987, cap 2 “fe in the 18h Centey, pp. 1725, 1978, Ver também EW. Gilboy, Wage ix Eighteenth Century England (Cambridge, Mast, 1934). 95 dignss, apesar das constantes ameagas em contrétio, Grande parte os oficios do século 18 dodicava-se & fabricago de artigo de luxo, exigindo uma qualidade artesanal que nio se obtinha apenas ‘com 0 suor do resto, Além disso, em petiodos de pleno emprege, 0 offcios indignos podiam oferecer oportunidades realmente me- Ihores do que as dos trabalhedores de AssociagSes. O Gordon, por exemplo, observou, em 1818, acerca dos épticos ¢ dos fun didores tipogréficos, que eles baviam constituldo uma classe menor de artesios, denominados mestres de s6tdo, {que nio 56 vendom seus produtos por menos do que aqueles que dispSem de um capital maior. © manitm a produgio ‘tuma escals mais extensiva, mas também pagam saldrios realmente mais altos a seus’ empregados. Cremos que isto ‘corre em todos o offeios...” Os contornos desta demarcacéo podem ser observados na difereneiagdo entre os alfsiates de espociaidades dignas (Flin) & indignas (Ding), ¢ entre os militanies © bom organizados sape- teinos de calgados femininos, © os trabathadores empregados 1a espesialidade de botes e sapatos masculinos. Contudo, os saps- ‘eines de ambos os grupos estavam entre os primeiros a sofeerem 6s efeitos do influxo de trabathadores “ilegais”. A posigia dos Tondrinos debilitowse com 0 erescimento da grande indistria de botas ¢ sapatos que empregava mic-deobra externa, em Nor thamptonshire e Staffordshire Alguns incidentes na histéria dos sspateiros londrinos foram registrados por Allen Davenpot, uma socialise spenceano: Comecsi a trabathar para o st. Bainbridge em 1810, e em sua oficina partcipei pola primeiea ver de uma asserbléia, pois em nenfum dos locals onde haviateabalhado antes ocor Flam tsis eventos... talvex pensassem que clas fossem insig- Ficenies... Os membros da quinta sessio de sapatos femi- nino’ receberam-me cordialmente, wunindo-se entéo em York 38, Gorgon. 21 de novembso de 1818. 40, Ver Clapham, op. ck, Ty pp. 167-705 M. D. George, op. et pre 195- 20K; A. Fox, Hirt ofthe Nationa! Union of Boot and Shoe Operatives (Oxtoré, 1938), 9p. 12, 2023. A respeto doe reslament dow ofc otros spaleuos, om 1865, ver Aspinall op. cits pp. 802, 96 Arms, Holton: em pouco tmp tome desde...) Desde epoca em qe me tones mumbo at #815 ee steve span fein adic grande fray digo to nine de sets mombron eo conser! suse ea iis ecuniton. Howre urna Sosa em ue aha ie i str oyna tn tmanhamescortespondénce plan Com os compere Atco em tana clades ca de altura Inport por tae Rel. Mos, nee mena Spa, 0 oie ats Prost conta um mcs por dar emproge tn tbat: Soren mando a ops, 8 oof nds por dois companion atlas» sian por tn a Yorado, late do Sipreme Trani), Cenhame Sets, mas © proceso cstuos seth aya fe tn inte depotado, jorge gas nedianate depot fe revgada sis Se Beet que tena legal tn ee te enprgar tt noo fev home ene hea unpre spread ¢ © oo fol sar ata Na primavera de 1815, 0 Sindicato organizou uma greve em apoio a uma minueiosa liste de pregos: “Todas as reivindieagSes foram atendids, e retoramos satisfeites £0 nosso trabalho”: Mas alguns dos membros mais turbulent, intoxicados pelo éxito de nossa dltima greve, propuseram insensatemente ma ‘outra, poucas semanas apd. (...) Esta alitude arrogant ‘provocou uma erie no oficio: o6 mestees, que até emtz0 nio ‘estavam sindicalizados, e nem se conheciam entre si, fara alarmades, uniramse, formaram uma associagao e se organ ‘zaram plenamente. A‘sim, a grove fot frustrada, 08 trabalhs- ores foram derrotedos o despedides, © centenas de homens, rmutheres e eriancas sofreram grandes privasbes durante 0 fnverno seguinte. Essa greve felal dew inicio 20 declinio da poder dos imembros do ofieio e ao despotismo dos mestes- Sapateiros. 1 © desespero da luta dos sapateiros pode ser medido pelo radicalismo extremado de diversos deles, durante os anos do pos ‘guerra. Os homens que produziam sapatos femininos defenderam 4, Life de Daveapot esimpressa em National Co-operative Leader, 1861 Devo 2 Royoo Harlzon meu interewe por st foe 7 vigorosamente sua posicso no perfodo de ripida expansio econ’ mea, entre 1820 ¢ 1825, mas a recessfo de 1826 expos imediat- mente a sua vulnerabilidade, Os tabalhadores organizados esta- vam rodeades por uma série de pequenss oficinas “indignas", conde um par de sapatos, produzide por "vsidosos" e “rotineios”, ceustaya 8 penies ow 1 xelim, No outono de 1826, diversos detes foram interrogados a respeito dos motins © das agressdes. que ‘ocorreram durante uma greve que se estendeu por sete semanes, ‘ou mais; um sindiealista foi acusado de ter dito a um “Fura. ‘reves que “deviam cortarthe 0 figado por trabalhar recebendo tum saldrio mais baiso"® Apesar disso, os trabalhadores no se- tor de boise ¢ sapatos conservaram um certo grau de organiza- co nacional e, na grande agitacBo sindical de 1852-4, os trabe- Ibadores externes de Northamptonshire ¢ de Staffordstire lutaram também pela “equiparacao"* Somente 2 destruigio do sindica- lism em getal, no ano de 1834, privouos defintivamente do seu status de artestos. Os alfaiates conservaram este status por mais tempo. Pode- ros considerat of scus sindicatos como um modelo entre os sin- dicatos semilegalizados dos artesies Francis Place publicou, fem 1818, a descrigéo mais completa de que dispomes a respeito das suas atividades. Os alfaiates londrines consegviram aumentar seus salrios durante a guerra, através de uma eficiente ago com- binada, embora estos aumentos tenham ficado, provavelmente, um jpouco absixo do verificado no eusto de vide. Os némeros s0 08 sequintes (de acordo com as médias calculadas por Place): 1795, 25 xelins; 1801, 27 83 1807, 30s; 1810, 33 a; 1815, 36 5. A ‘cada avango, erescia a resisténcis dos meses: i xclim foi conquistado em nenhum destes perfodos sem coergai liversas “agéncias de emprepo" dos aristocréticos alfaiates 42, Trades Newspaper, 10 do setombro, 10 de dezombro de 1926 4. Ver adante, cap 7, pe 321, Nantwich, 4H, Tlace conidrava a asacnglo cote on allaates “sem dvds «mais Deifla ete todat". Naoralment, ele spds do oportunidad exceplo- ‘ais para descobrir Sus sere, ara Informasées sobre a organiza om 98 ‘estes recorriam a estas egéncias virtualmente como agéneias de emprego“” "A nenhum homem era permitide procurar emprego — 05 mesttes deviam ditigitse ao sindicato. Os empregos eram registrados numa lista, € 0 sindicato punia os profistionais “re- lapsos”. Os alfsiates inham uma subserisio dupa, reservando-se ‘a maior coniribuigdo para os beneficios © @ menor para as neces: sidades do préprio sindicato. ‘ jomada de trabalho didria estava fixada em doze horas, exceto em perfedos de pleno emprego. Havia _arrecadagdes em favor dos membros desempregados e, feventualmente, para a preparacio de uma greve, sem que os ‘membros fizessem quaisyuer perguntas, mesmo se a sua finalida- de néo fosse apresentada. A lideranca efetiva do sindicato estava cuidadosamente- protegida de processes legais, sob os Dectetos sce ae Atacaer Cada agtcia de empreg tna un dle ado, escolhido por uma espécie de conseatimento técito, endo freglientemente desconliecido pela grande maicria. Os delo- gados formam um comité « escolhem em sequids, de uma ‘maneira similar, um pequeno comité, onde reside todo 0 po- der, nas ocasides especia “Nenhuma lei pode derrubisla", escreveu Place: “nada alm da falta de confianca dos seus prdprios membros pode prejudi- e&la”. Na realidade os “Cavaleitos da Agulha” pareeiam extre mamente poderoses, ao menos até a recessio de 1826, Sua orga nizagio podia ser convenientemente descrita como “um sistema praticamente militar”. Mas ha um sinal da sua fraqueza, oculto 10 proprio relato de Place: es esto dividides om duss clases, denominadas Dignas © Indignas — os Dignos tém mais de trinta agéneias de em- ‘ego, enquanto os Indignos, apenas nove ou dez; o§ Dignos recebem por dia, 0s Indignos, por dia ov por pose. Antiga: 45. Ch anion em fora, como, por exemplo: "Trabalhadors compe: ‘ents para sipervistnar qualquer atkade 10 ramo da costo podem ve geno eecornowe 6 eins agin eee ciabecarpnteics, anunciaios no Trades Newspaper, 17 de alo de (ons rasan iat 99 ‘mente, existia grande animosidade entre eles ¢ os Indignos fvalmente recebiam stldrias menores, mas, nos dimes anos, fio tem havido grande diferenca entre os saléris... em flgumas das ultimas grewes, os dois grupos defenderam ume Podemos interprotar este fato como uma séria tentativa de rmanter 0 setor indigno do offcio organizado, de alguma forma, com os Dignos, autoconscientes do seu status. Em 1824, Place cstimou tama proporgio de um Indigno para cada txés Dignos, ‘mas os Indignos “traballevam durante um maior némero de horas, e suas famflias os uuxiliavem’’. A partir da década de jornowse impossvel coster o avango do comércio de ro pas prontas © beratas. Em 1854, 0s “Cavaleiros” foram por fim fdegradados, mas somente aps wm tremendo conflio, no qual 20.000 deles se declararam em greve, sob 0 pretexto de “equi Em 1853, John Wade ainda pode dizer, « respeito dos alfaia- tes londrinos, que eles “desfrutavamn de uma remuneragio muito ‘maior do que a recebida pela maior dos trabalhadores da meted pole”. Na verdade, ele o¢ mencicnou como exemplo de artesios {que através do poder da sus associacdo, “baviam fortalesido seus préprios interesses frente aos interesses do priblico © de outros trabathadores”7 Porém, em 1849, ao iniciar sua pesquisa para © Moning Chronicle, Mayhew referiv-se & profiss80 dos alfaates ono um dos piores exeraplos entre as atividades érduas, “mise- riveis ¢ inferiores", No mesmo ano, ele estimou que, dos 23.517 ‘lfaites londrinos, 2.748 eram mestresalfaiates independents Denire os restantes, 5.000 eram trabalbadores associados do off cio digno (em comparsgio com os 5.000 ou 6.000, em 1821), f 18.000 no ofio indigno, totalmente dependentes dos gram Gorsn, 2 de steno, 3 ¢ 10 de obra de 1818; Fst Report... ‘Artantnd Ntachners (1824), pp, 486, Cole snd Fon. 0. ‘eat te Cancel, omar of &° Working Man 1848), ppe 124A ‘Reno da seve de 886,462 ©. DM Cle, Arps a neal Union G5Ey, Soleo anngenano” ence or haplitos asunioe =o Sorts Toigns, ver 3B. Bir, op ci pp. 412 1-50 STS Modesty ofthe Mica Working Claes (8 po 100 des comerciantes ligadoe a0 negéoio de roupas prontas ¢ ordi- ‘As condigGes londrinas no devem ser consideradas como exeeeio, embora Londres fesse a Atenas do artesdo. E importante registrar que, nesse exemplo, podemes constatar um padrio de cexploragio que contradiz os dados das séries de salirio, contp ladas a partir das contribuigdes dos trebslhadores organizados do ‘oficio digno. Este padrio manifestase sob a forma tanto de uma ruptura das condigdes © das restrigGes tradicionais, quanto de efesas sindicais. Accite-se geralmente que os offcios artesanais stravessaram dois periodos de conflto erticos. O primero o°or- reu entre 1812 ¢ 1814, quando foi revogada a regulamentasio sobte 0 aprendizado, Os ofieios que jd estavam solidemente orga: nizados em sindicatos ou clubes de oficio, como € 0 e280 dos sapateiros © dos alfaiates, foram capazes de defender sua posisio, 20 menos parcislmente, depois da revogicio, etravés do groves «© outras formas de apo direta, embora nesses metmes anos tenha cexistido uma maior organizagdo dos mestes. Mas a consolidagio das oficinas que 36 aceitavam trabalhadors “associados", entre 1815 e 1850, teve um prego. Os “trabalhadores ‘mantidos & margem dos melhores setores do offcio, aumentando © miimero dos integrantes nos setores “indignes”, onde no havia associagdes. O segundo perfodo erftico ocorrew entre 1855 ¢ 1855, quando, na crsta da grande mobilizagho sindcalista, diversas ten tativas foram feitas para "‘equiparar” as condigses, diminuit as horas de trabalho nas especialidades dignas e suprimir o trabalho indigno. Estas tentativas (principalmente as dos alfuiates londri- nos) nflo 36 fracassaram em face das foreas conjugudes dos em- pregadores © do governo, como ‘ambém provocuram wma dete riorasie, ao menos temporétia, na situacio dos trabathadores Sindicalizados. © histotiador econdmico consideraria que 0 caso dos Mirties do Tolpuddle e as grandes dispensas coletivas de 1854 afetaram todos os setores do mundo do trabalho, exatamen- ‘© como sfitmavam os radicals © os sindicalistas daquela épocas® 48.0 avlhor relatlo a respeito deste segundo period, embors sida ie completo, ess em G. D. HL. Cole, Auempis at General Union. 101 Mas esse conllito entre artesios e grandes empregadores era apenas purie de um padrio de explorsgdo mais amplo. Os setores indignos do offcio cresceram, com a substituigan dos pequenos tmestres (que empregavam alguns ofiiais © aprendizes) pelas gran ides “manufaturas” e por comerciantes (que empregavem trabs- Thadores domésticos externos ou subcontratados), com 0 colapso dde todas as salvoguardes signficativas em relag0 a0 aprendt- “ado (exccto ba ilha formeda polos setores dignos), ¢ a afluéncia ‘de trabalbadores desqusificados, mulheres e eriangas, com © a mento dé jomada de trabalho © do trabslho aos dominges, € om a queda geral dos salgros, © papamento por peca © 08 preeos por atacado. A forma e a exisasio da deterioragéo retaconam-se Girctamente com as condigses materigis de cada atividade — o ‘custo des metéria-primas, as ferramentas, a formasdo profissional hecessia, as condigGes favordvels ow desencorajadoras para @ ‘rganizagio sindical © @ natureza do mercado, Assim, por exen plo, 08 trabalhadores no sefor m ‘¢ 08 sapateires podiam Doter materiais mais baratos e, ademas, eram donos de suas fer ramentas; deste forma, 0 arteso desempregado podia estabelecer fe como “mestre de s6tdo" ob “metre de quarto” independents, trabathando com toda a sua familia — e, 8s vezes, com jovens fuxilieres —- durante sete dias por semana, vendendo a produgio hha tua por cout propria. Os carpinteitas que tivessem de arcar ‘om despesas majores eram forcados a ingressar em grandes of Cinas, onde se mantinha um ritmo revoltante de trabalho para prodvzlr quinguiharia, sob a fiscalizagfo de um capetaz, sendo {gue qualquer araso na producto motivava a dispensa. Os alfais- tes, que raramente podiam adqulrir 0 tecido por conta propria, formaram-se completamente dependentes dos intermedirios, que contratavam trebalhadores externos # pregos aviliantes. A con: feesao de vestidos — um offcio reconhecldamente “pesado” — cere desempenhada principalmente por costuriras (freqientemente Jmigrantes do campo ou de pequenas cidades’ em oficinas contra- tadas por grandes estabeleelmentos. © trabalhador da onstruse ‘que nao podia comprar seus Ujolos ou vender uma parte da eete- ral pelas ruas estava B mere8 dos subvontratadores; eté mesmo os trabalhadores qualficados “associados” estavam sujeitos & dis: 102 pensa nos meses de liven amas a clases de ibuladores feast trem opr dom sro se deen ogo pect ~ segundo Clapham, los de ener, adquinam o rater cre, levantavam hipotecas sobre as casas inacabadas antes de serom clades, haven um alors de facia Por euto ado, © conor de errungers, 0 rabalhador dos ea is msi, par no mn oan i sem poderem arr seu material encotmvanae numa iy tai verve em funglo do carder dose tala eda eae rant ov aunentar [Nos ceniros provinciais mais antigo, o status do artesso so- feu um colapso similar. Hi muitos aspectos complexos ¢ rest: tivos envolvides. De um lado, s indistria de hotes e sepatos em Stafford e Northamptonshire {4 tinha perdido, hd multo tempo, ‘seu caréter artesanal e se desonvolvia & base do trabalho externo, ‘uma épaca em que os sapateizos londrinos ainda tentavam con- ter 06 segmentos indignos da sua classe, Por outro lado, a alia ‘apecializacéo na indistria cuteeira de Sheffield —~ juntamente ape oe ee ne ee ee ee ena Scare inp ot seat nate 2 ee een 2 eae tee ee ee ae ee eee eee ee ee ey ee 28. Clapham, op. ct, 174 103 de mio-de-obra nio-qualifieada, embora houvesse uma continus lameaga dos “pequenos mestres” «, eventualmente, de trabalhado- 12s “iegais” ou de oficiaie autonomos, que tentavam desrespeitar bs precos oficias.* Nas indistrias de Birmingham, todas as varia (Ses possveis podiam ser encontradas, desde as grandes oficinas, passendo pela profusio de oficinas menores e de oficisis aut6no- mos, dignos e indignos, até os trabalhadores externos seminus ¢ imiscraveis nas vilas especalizadas na fabricagdo de proges. Um felato procedente de Wolverhampton, em 1819, mostra como sut- gitam os “mestres de s6tio", numa época de depressio: 1 ren a xia somite era 4 gle eit sill Stace cat 2 eis OA ae abe mm Te a les Sel © pe Sea Sides cake ia Sic al pon pec Si o> SELES Gt © RE elo coc Ys Ad il chs ine (ac mp ce coe ere Mie anna eC nese metre a dri eas Cov, ta sao xpd eee oben naar xe SEES ious" meno ma eee oct pin pp ee coe ie ee al doom sa can oer et sr gisele cru ae or SERRE i eh done hi om ee aa nad moles eno oe ae ig pnts con sunbuo xes ee ‘a SEE Gls mead ea ht at fle no Mayo ee cen ea ODS ROTI EN pting lee ‘3a um hid rt ete rept em J. Pres, The Irist evox Ion in Covent (Oxtosd Univesity Pres, 1960) caps 3¢ 4 104 Vista a partir de um certo angulo, a indistria bascada no trabalho externo auténtico perdew completamente o status artes ‘nai, mantendo afastados os setores “

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