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∗
Universidade Estadual Paulista - UNESP
Laboratório de Eletrônica de Potência - Departamento de Engenharia Elétrica
Ilha Solteira,São Paulo, Brasil
Uma das partes essenciais de um sistema de iluminação flu- O sistema de iluminação proposto apresenta reatores ele-
orescente é o reator que alimenta a lâmpada. Este elemento trônicos totalmente microcontrolados através de dispositivos
é indispensável para o correto funcionamento da mesma, isto Atmega8, e utilizando uma interface gráfica amigável, desen-
devido à característica de resistência negativa que esta apre- volvida em Delphi 7.0, com um adequado protocolo de co-
senta. Dentre os reatores, o reator eletrônico é o mais co- municação permite ao usuário e/ou microcomputador atuar
mumente utilizado. Os reatores eletrônicos convencionais de forma local e/ou remota alterando o ponto de operação de
possuem um estágio de entrada retificador com filtro capa- cada conjunto de reatores eletrônicos, de acordo com a ne-
citivo, apresentando elevada distorção harmônica para a cor- cessidade dos usuários ou de acordo com agendamentos pré-
rente drenada da rede de corrente alternada (CA) e reduzido estabelecidos; incorporando ainda sensores de iluminação e
fator de potência (FP), tipicamente inferior a 0,6. Neste con- presença, de forma a otimizar o consumo de energia elétrica.
texto, por se tratar de uma carga considerável para os siste- Desta forma, o sistema constitui uma rede inteligente e efi-
mas de distribuição em CA, técnicas especiais de correção ciente (Smart Grid) para o controle e gerenciamento de um
do fator de potência devem ser aplicadas, para o atendimento sistema de iluminação fluorescente (Contenti et al., 2007).
integral às normas internacionais como a IEC 61000-3-2
(Alves et al., 1996; Co et al., 1998; Spangler et al., 1991; Tao
2 SISTEMA MULTI-LÂMPADAS COM
et al., 2001; Lin and Chen, 2001).
PRÉ-REGULADOR PARA CORREÇÃO
Diversas pesquisas propõem técnicas de integração dos está- DO FATOR DE POTÊNCIA
gios retificador e inversor para a minimização do custo da im-
plantação de um sistema de iluminação (Co et al., 1998; Tao Com o intuito de reduzir os problemas com interferências
et al., 2001; Lin and Chen, 2001). Outra maneira de se dimi- eletromagnéticas e custos associados com blindagem de ca-
nuir os custos é a adoção da configuração para múltiplas lâm- bos, o sistema proposto neste trabalho, conforme Figura 1, é
padas fluorescentes (Dalla Costa et al., 2002; Wakabayashi composto por um único retificador controlado e vários está-
and Canesin, 2002; Walabayashi et al., 2004). Desse modo, gios inversores, sendo estes alimentados em corrente contí-
um único estágio retificador com correção ativa do fator de nua. A transmissão em corrente contínua é garantida com a
potência e um único inversor são utilizados, sendo conecta- inserção de um duplo filtro LC modificado. O estágio Pré-
dos a vários filtros ressonantes. No entanto, considerando-se Regulador Retificador emprega a técnica dos valores médios
uma área extensa a ser iluminada deve-se atentar aos prová- instantâneos da corrente de entrada para a correção ativa do
veis problemas de interferências eletromagnéticas, uma vez fator de potência, sendo controlado de forma digital por um
que correntes de elevadas freqüências fluirão entre a saída dispositivo FPGA XC3S1000 Spartan 3.
do inversor e a entrada de cada filtro ressonante (Dalla Costa
O retificador controlado é responsável pelo fornecimento de
et al., 2002; Wakabayashi and Canesin, 2002; Walabayashi
et al., 2004). A fim de evitar tais problemas utilizam-se pro- energia a todos os estágios inversores, sendo que cada es-
tágio inversor corresponde a um reator eletrônico para duas
jetos especiais de cabeamento estruturado, o que encarece
sobremaneira a estrutura do sistema de iluminação. Adici- lâmpadas fluorescentes tubulares de 32 watts cada. Os está-
onalmente, não é possível nestas estruturas o controle indi- gios inversores devem ser posicionados o mais próximo pos-
sível das lâmpadas, para reduzir o comprimento dos cabos
Retificador com LS
Correção Ativa
PC
Inversor Lâmpadas
Filtro
Half-Bridge Fluorescentes
FPGA
iLs(t) iCp(t)
4,25 PWM
KV
Regulador de
Corrente
VMed
1,0 605mA - Iref
535mA +
0
0 0,5 1,0 1 ,5 2,0 A -
Regulador de
t [s] A.B
tensão
B +V
ref
(a)
Figura 6: Diagrama esquemático simplificado do controle por
Rhc valores médios na forma digital aplicado ao Pré-Regulador
Retificador Boost.
6,25
I Ei (k )
ref ( k ) + Ta I L(s)
á re a d e o peração 1
Ci ( z ) ZOH Gid
K PWM
4,25 -
I L(k )
GAD PB Ki
Ta
1,0 575mA
400mA
Figura 7: Malha de controle de corrente.
0
0 0,5 1 ,5 2,0
t [s]
0 ,76 2 1,230
(b)
Ev (k ) I L(s) Vout ( s )
Vref ( k ) + I ref ( k )
Cv ( z ) FTMFi Gvi
Figura 5: Análise da área de operação. (a) Variação de cor-
rente RMS, considerando um dado intervalo de tempo para -
A malha de controle de corrente está representada na Fi- Figura 8: Malha de controle de tensão.
gura 7, e engloba o ganho do sensor de corrente (K i ), o
filtro anti-aliasing (PB), o ganho do conversor AD (GAD ),
o compensador de corrente (C i (z)), o ganho do modulador (Ii ) e a tensão no capacitor de saída (Vo ). A matriz de espaço
(1/KP W M ) e a planta de corrente do conversor (Gid), junta- de estados média foi obtida a partir da ponderação das matri-
mente com o retentor de ordem zero (ZOH). zes de espaço de estados para cada etapa de funcionamento,
utilizando- se como peso a razão cíclica (d).
A malha de controle de tensão, representada na Figura 8,
contempla o ganho do sensor de tensão (Kv ), o filtro anti- A matriz de espaço de estados média é apresentada em (1).
aliasing, o ganho do conversor AD, o compensador de ten-
são (Cv (z)), o multiplicador, a malha interna de corrente e a
planta de tensão do conversor (Gvi). "
(1−d)
#
V̇o 0 C Vo
= +
As funções de transferência para o adequado projeto dos con- I˙i − (1−d)
L 0 Ii
troladores do Pré-Regulador Retificador Boost foram obtidas
− C1
usando a modelação por equações de estados média, esco- 0 Vi
+ 1 Vo (1)
lhendo como variáveis de estado a corrente no indutor boost L 0 RL
RL
2Vout 1 + sCf
Gid (s) = 2
h i 2 0
RL (1 − D) LB L C
1+s RL (1−D)2
+ s2 (1−D)
B f
2
3 4 5 f[Hz]
1 10 100 1 ?10 1 ?10 1 ?10
(5)
Figura 9: Diagrama de bode do módulo do sistema compen-
sado no plano w, malha de corrente.
1
Para a malha de controle de tensão, são apresentados os dia-
Gvi (s) = (1 − D)RL (6) gramas de bode de módulo e de fase do sistema compensado,
1 + sCf RL
Figuras 11 e 12, respectivamente. O sistema compensado
apresenta freqüência de cruzamento em 10Hz e margem de
O projeto dos compensadores, tanto da malha de controle de fase de 94◦ , o que torna o sistema lento e estável. Assim,
tensão quanto da malha de controle de corrente, foi realizado garante-se que a malha de tensão não influenciará nas dinâ-
diretamente no plano discreto, usando a ferramenta no domí- micas da malha de corrente, garantindo que a forma de onda
nio da freqüência, lançando mão dos diagramas de bode de da corrente drenada da rede em CA apresente reduzido con-
módulo e de fase e considerando- se a aplicação da transfor- teúdo harmônico e como consequência alto fator de potên-
mada w (Ogata, 1998). A vantagem do uso da transformada cia. O compensador obtido no plano w é apresentado em
SinalSincronismo
fc
PushButton
AlteraDado
HabitilitaSW
G[dB]
Clk
2 Bits
1 Bit
1 Bit
1 Bit
1 Bit
Convst SincronismoAquis
ILs
1 Bit 1 Bit 10 Bits
Vin
0 Sclk Aquisição ILs Gera senoide unitária 10 Bits Seletor
1 Bit Vout
AD7810_ILs.vhd Gerasenoide .vhd 10 Bits Sel_ILs_Vin_Vout.vhd
Dout Clk
FTMAtcomp(w) 1 Bit 1 Bit
Clk
1 Bit
10 Bits
Senoide
ILs
Dado
PushButton 10 Bits
8 Bits
1 Bit
display1
RefVout
8 Bits
display4
display2
display3
4 Bits
4 Bits
4 Bits
4 Bits
1 Bit
Clk
10 Bits
1 Bit
Fase[°]
Dout’
1 Bit
Mux.vhd
Clk
1 Bit
SobreTensão
Proteções _Ref.vhd
FPGA BCD7seg.vhd
fc
50
Habilita_disp1
Habilita_disp2
Habilita_disp3
Habilita_disp4
AtaqueGate
MudaCanal
1 Bit
1 Bit
1 Bit
1 Bit
1 Bit
1 Bit
1 Bit
1 Bit
AtivaMux
86 Ponto
FTMAtcomp(w) 100
Figura 13: Diagrama de blocos geral do controle em FPGA.
150
Além disto, os filtros e compensadores foram implementados
através da representação direta de sua equação à diferenças,
3 4 f[Hz]
usando aritmética de ponto fixo. Como exemplo de imple-
1 10 100 1 ?10 1 ?10
mentação de compensadores e de filtros, usando os núcleos
Figura 12: Diagrama de bode da fase do sistema compen-
paramatrizáveis, apresenta-se na Figura 14, o filtro Notch de-
sado no plano w, malha de tensão. senvolvido, que é um dos subcomponentes de um dos com-
ponentes da entidade.
(w + 6, 283)
P Itensão (w) = 6, 135 (9)
w System Resource
Generator Estimator
Vout
1 dbl fpt a1 a
b a+b a
Gateway In b a+b a
CMult a+b a
AddSub b a+b
AddSub2 b
AddSub3
Delay
a2
CMult 1
AddSub1
cast
b2
CMult4 Convert
z -1 a3 xlslice
[a:b] cast 1
Out1
Delay1 Slice Convert1
b1
Delay2
z -1
a1 0,98426052692957455 18 18
a2 -1,9629282891983166 20 18
Figura 15: Diagrama de blocos representativo da atuação do
a3 0,98426052692957455 18 18
sistema de gerenciamento.
b1 1,9629282891983166 19 18
b2 -0,96852105385187315 18 18
3.4 Interfaceamento e Protocolo de Co-
municação entre Microcomputador e
Microcontroladores
3.3 Controle do Reator Eletrônico Utili- Um protocolo de comunicação utilizando o canal full-duplex
zando o Microcontrolador Atmega8 com transmissão de dados serial assíncrona de 8 bits (1byte),
com transmissão de dados de 2.400 bits por segundo e com
Foi utilizado o microcontrolador Atmega8, o qual possui al- um único bit de parada (stop bit) e sem paridade foi desen-
gumas funcionalidades que o torna interessante para o uso volvido para realizar o interfaceamento entre o microcompu-
no controle dos reatores eletrônicos. Este dispositivo per- tador e cada microcontrolador. O canal full-duplex permite
mite que, após configurada uma de suas saídas PWM para que blocos de mensagens sejam trocados simultaneamente
a liberação dos pulsos, na freqüência desejada para os in- em ambas as direções (canal bidirecional); assim, o sistema
terruptores controlados do estágio inversor, o microcontrola- pode estar recebendo dados de um determinado reator e en-
dor prossiga executando outras rotinas, operando com even- viando dados para outro reator eletrônico simultaneamente
tos concorrentes. Por possuir canais de saída com converso- (Axelson, 1999).
res AD internos, há a possibilidade da utilização de senso-
res de luminosidade, tornando possível adquirir a luminosi- Neste trabalho, a utilização do padrão RS485 juntamente
dade do ambiente e adequar a potência processada pela lâm- com o RS232 deve-se à desvantagem do padrão RS232 de
pada fluorescente. Outra ferramenta também muito impor- possuir limitação com relação a distância entre dispositivos
tante presente neste dispositivo é o USART (Universal Syn- e não possibilitar comunicação ponto a ponto. Utilizando
chronous/Asynchronous Receiver/Transmitter). Este compo- o padrão RS485 é possível prover uma comunicação entre
nente interno permite converter um dado serial para paralelo vários dispositivos sem se preocupar com a distância entre
ou vice-versa, o que torna possível a interpretação e o pro- eles. A distância total de cabeamento apresenta limite de
cessamento do dado serial enviado pelo microcomputador. até 1200m em baixas velocidades utilizando somente cabos
não blindados. Estas vantagens apresentadas pelo padrão
O processo de controle para o sistema de gerenciamento au- RS485 devem-se ao modo de operação diferencial, minimi-
tomático opera no modo mestre-escravo, sendo o microcom- zando efeitos de terra flutuante. Para o interfaceamento des-
putador responsável pelo envio de ordens ao microcontrola- tes padrões de comunicação foi utilizado o circuito integado
dor, o qual executará as devidas ações a ele desempenhadas; (CI) MAX232, que converte de RS232 para TTL e, em se-
como por exemplo, acionamentos, desligamentos, controle guida, de TTL para RS485 utilizando o CI SN75179. Em
de luminosidade e leitura do sensor de luminosidade e pre- cada reator é convertido o sinal de RS485 para TTL, o qual
sença. Foi programado um protocolo de partida com pré- é o padrão de comunicação dos microcontroladores. O in-
aquecimento adequado dos eletrodos das lâmpadas fluores- terfaceamento do sistema completo pode ser visualizado nas
centes, para reduzir os desgastes provocados durante a igni- Figuras 16 e 17.
Cabeamento
RS-485
SN75179
TTL
Co
n tro
lad
Driver
SH
A interface gráfica e remota desenvolvida em Delphi 7.0 tem
RS-485 TTL cro A
Mi IR2104
SL o intuito de promover uma interface homem-máquina ami-
MicroControlador B
Vdc
(a)
(b)
ILamp
iarc
iCp
(a)
Figura 27: Formas de onda de tensão (VLamp ) e de corrente
(ILamp ) na coluna de gás com potência nominal em uma lâm-
pada. (100V/div, 500mA/div, 10us;div).
vFil(pp) = 20.86 V
vFil
exemplo, a 50% da potência nominal. Assim, as Figuras 28
e 29 apresentam as formas de onda de um reator eletrônico
iarc para tal potência e freqüência de comutação dos interruptores
em 53,20kHz.
i Fil(pp) = 1.67 A
i Cp
Idc
(b) Is
Figura 25: Tensão nos filamentos dos eletrodos (VF IL ), cor-
rente na coluna de gás da lâmpada (iarc ) e corrente no capa-
citor Cp (iCp ). (a) Duração do pré- aquecimento. (b) Instantes
antes da ignição. Vgs
REFERÊNCIAS
(a)
Alves, J., Perin, A. and Barbi, I. (1996). An electronic ballast
with high power factor for compact fluorescent lamps,
Conference Record of the 1996 IEEE Industry Applica-
Vdc tions Conference, 1996. Thirty-First IAS Annual Mee-
ting, IAS ’96., Vol. 4, pp. 2129–2135.
Idc ANSI (1993). American Nacional Standart for Ballasts
for Fluorescent Lamps - Specifications, ANSI C82.1-
1985 and C82.11-1993.
Axelson, J. (1999). Serial Port Complete - Programming and
Circuits for RS-232 and RS-485 Links and Networks, 1
edn, Lakeview Research, USA.
Brito, M. A. G., Ferreira, C. S. and Canesin, C. A. (2008).
(b) Pr?-regulador retificador boost com controle digital por
valores m?dios, utilizando dispositivo fpga e vhdl, VII
Figura 30: (a) Formas de onda de tensão (Vs) e corrente em INDUSCON, 2008.
um dos MOSFETS (Is) para a potência nominal em um reator.
(b) Formas de onda da tensão de barramento CC (Vdc) e da Co, M., Simonetti, S. and Vieira, J. (1998). High-power-
corrente drenada pelo reator (Idc). factor electronic ballast operating in critical conduc-
tion mode, IEEE Transactions on Power Electronics
13(1): 93–101.
corrente de entrada e sendo controlado por um dispositivo
FPGA. Além disso, apresenta controle pré-programado do Contenti, C., Ribarich, T. and Fosler, R. (2007). Digital dim-
pré-aquecimento dos eletrodos, controle de luminosidade in- ming dali ballast for 32w/t8 110v input. International
dividual de cada conjunto de duas lâmpadas fluorescentes, Rectifier - Reference Design, pp 1–14.