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Essa adaptação, contudo, não pode ser de livre-arbítrio e nem pode ser contrária ao
conteúdo expresso da norma. Ela deve levar em conta a moral social vigente, o regime
político Estatal e os princípios gerais do Direito. Além disso, a mesma "não corrige o
que é justo na lei, mas completa o que a justiça não alcança"
Sem a presença da eqüidade no ordenamento jurídico, a aplicação das leis criadas pelos
legisladores e outorgadas pelo chefe do Executivo acabariam por se tornar muito
rígidas, o que beneficiaria grande parte da população; mas ao mesmo tempo,
prejudicaria alguns casos específicos aos quais a lei não teria como alcançar. Esta
afirmação pode ser verificada na seguinte fala contida na obra "Estudios sobre el
processo civil" de Piero Calamandrei:
legislador permite ao juiz aplicar a norma com eqüidade, ou seja, temperar seu rigor
naqueles casos em que a aplicação da mesma (no caso, "a mesma" seria "a lei") levaria
ao sacrifício de interesses individuais que o legislador não pôde explicitamente proteger
em sua norma]
A partir dos dados oferecidos acima e do que já foi falado sobre eqüidade, chegamos à
conclusão de que a diferença existente entre os três é de que a isonomia consiste na
garantia de direitos iguais a todos perante a lei, enquanto que a jurisprudência é uma
decisão generalizada dos tribunais a respeito de questões semelhantes e a eqüidade é a
adaptação da lei a fim de fazer justiça da forma mais humana e justa possível.
Apesar disso, isonomia, jurisprudência e eqüidade têm uma coisa em comum: os três
tentam nos proporcionar o maior grau de justiça que o Direito pode nos oferecer, porém,
de formas diferentes.
Na Grécia
A Grécia pode ser considerada o berço da eqüidade. O contexto das cidades-estado
gregas, sobretudo Atenas, levou ao desenvolvimento da filosofia, que foi a fonte da
eqüidade grega.
Dentre os filósofos gregos, destacam-se Platão, que foi o primeiro a preocupar-se com a
eqüidade, e Aristóteles. Ele separou eqüidade de justiça, e colocou a primeira num
patamar superior a da justiça normativa. Porém Aristóteles definiu a epieikeia como
pouco prática devido a corrupção no judiciário e, por isso, não recomendou o seu uso
irrestrito por parte dos juízes.
No direito romano
Na Idade Média
O pensamento de São Tomás de Aquino ligou a eqüidade à algo útil para a aplicação do
direito. A eqüidade também obteve sinônimo de virtude e de prudência; ou seja, julgar
mais justamente.
Assim a lei determina que os depósitos sejam restituídos, porque tal é justo na maioria
dos casos; mas, pode acontecer que seja nocivo, num dado caso. Por exemplo, se um
louco, que deu em depósito uma espada, a exija no acesso da loucura, se alguém exija o
depósito para lutar contra a pátria. Nesses casos, e em outros semelhantes, é mau
observar a lei estabelecida: ao contrário, é bom, pondo de parte as suas palavras, seguir
o que pedem a idéia da justiça e utilidade comum. E a isso se ordena a epieiqueia, a que
chamamos de eqüidade [3].
Desta forma, a eqüidade atua "[...] como uma noção idealista, imperando no espírito do
legislador para o fim de se cristalizar em normas condizentes com as necessidades
sociais, com o equilíbrio dos interesses"[4]
Na interpretação da lei
Interpretar significa, acima de tudo, entender. Para que possamos entender um texto,
precisamos utilizar toda nossa capacidade interpretativa; ou seja, devemos ser críticos e
avaliarmos atenciosa e minuciosamente toda e quaisquer possibilidades e situações que
podem estar envolvidas.
Na integração da lei
O ordenamento jurídico (apesar de todo o seu decretismo) caracteriza-se por ser aberto e
incompleto e, desta forma, acaba, deixando vazios ou lacunas que precisam de ser
preenchidas de alguma forma. Com o avanço da sociedade, a mesma passa, ao longo do
caminho, a precisar de novas regras, exigindo mais do Direito. Essa evolução social
gera o aparecimento de lacunas nas leis, pois muitas vezes, o legislador, seja por falta de
competência ou simplesmente pelo decretismo causado por esse avanço social e/ou
negligência das mesmas, vai criar um abismo entre as leis e a sociedade.
Como já dito acima, as leis no Brasil, diante de uma constante evolução social, acabam
se tornando obsoletas, formando-se, assim, lacunas nas normas legais; e é aí que entra o
papel da eqüidade na correção destas leis.
São raros os casos em que o juiz considera a lei inadaptável ao caso concreto, mas isso
não quer dizer que este fato seja impossível. Quando isto ocorre, o juiz pode contar com
o poder da eqüidade para estabelecer uma norma individual ao caso específico.
Como podemos ver, as funções da eqüidade mostram a sua enorme influência, tanto na
aplicação, pois serve como uma base para o aplicador do Direito, além de ditar regras
para a aplicação das leis; como na interpretação, pois ajuda o aplicador da lei a tratar
casos singulares de uma forma mais humana e justa; na integração, pois suplementa a
lei, preenchendo os vazios encontrados na mesma; e na correção das leis, pois previnem
que as leis obsoletas acabem prejudicando algumas pessoas que tenham casos mais
específicos.caráter religioso-cristão, preconizava que a eqüidade era a justiça suavizada
pela misericórdia.
No direito moderno
Referências