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Dados Internactonals de Catalogacao na Publicagao (CIP) 98-2921 (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) lismo tardio / Elaine Rossetti Behring. 8. Bibliografia, ISBN. 85-249.0686-3 1, Capitalismo — Aspectos sociais 2. Economia marxista 3. Politica social 4. Servigo social — Aspectos politicos 1. Titulo epp-361.25 Indices para catdlogo sistemético: 1. Politica noma capitalista : Andlise marxista : Problemas sociais 361.25 POLITICA SOCIAL NO CAPITALISMO TARDIO 2 os rn ead GS eSiSRs ims modificagfo radical da sitaglo, uma derrota muito grave GA Classe cperéria, ou mudangas radicais nos paises do Leste Turopeu para que a confianga pudesse voltar, para que 0 veado pudesse se ampliar, para que os investimentos pudessem Ser retomados no ritmo dos anos uta mo ncn att 50 € 60. Isso esté fora de Partin, Mare © Engels j€ alertavam, em seu Manifesto do aeenide Comunisia, escrito em 1848, ‘tudo 0 que € slide 'mancha no ar na era burguesa. Em seguida a queda do Muro de Berlim, em 1989, ur ic de acontecimentos no 7 " m leque de partir daf tanto econdmica sdoxalmente prevé a reflexio man- Entretanto, esta_sobrevida_do nio retira 0 crédito das acerca do movimento da tot: do século XX. argutas reflexdes de Mandel, talidade concreta na segunda metade 2.3 om sm custo ace as ees de tet das cists de mbpdieo do Lee Biogen ¢ {i aes deste com 0 Olen captain, Nand eta ste ‘iorefoma ds barra polmesn, cea oe a ere sues pone 162 CONCLUSAO 1, Politica social no capitalismo tardio A categoria capitalismo tardio, na perspectiva mandeliana, afigurou-se como a mais completa e, sobretudo, metodologi- camente adequada (Lukécs, 1989) para uma interpretagio das tendéncias de crise do capitalismo em curso a partir de fins da década de 70. Apés a longa e intensa interlocugdo realizada, “observei que tal perspectiva vem em apoio A reflexio, sem se afastar de aspectos fundantes da teoria social de Marx, bem pontuados por Netto: a teoria do valor-trabalho, o materialismo hist6rico e dialético e a perspectiva da tevolugdo (1981 € 1983). Nas outras categorias formuladas pela tradigio marxista contemporfnea, como vimos, um ou mais desses trés elementos constitutivos fundamentais € abandonado. Cabe, entio, inferir do raciocinio mandeliano algumas pistas para uma problematizagio da politica social, sob o angulo da critica da economia politica marxista renovada e atualizada, enriquecendo eventualmente aquele contributo com outros apor- tes. Sistematizarei, assim, alguns elementos para a compreensio da relagio entre a politica social ¢ a crise do capitalismo contemporaneo. O que move o capi ou seja, extrair 0 méximo i sabemos, 6 a busca de superlucros, de mais-valia a partir dos simultaneos 163 0 Brocessos de trabalho e valorizagdo que intgram a formagio oo aor cas na lorias. Estas sao colocadas em circulagio one diferenciam a partir do grau de ariculagto ia do mercado mundial, dos niveis de © generalizagao das forgas produtivas e, ainda, dos niveis a a eae freer organizagao das classes sociais e Sus segments, entre ourascondigdes. A busca de superlucos a especifica em cada periodo pelo qual passou , © imperialismo cléssico e 0 capital Pois bem, cada perfodo da his longo de aceleragio e desaceleracao da acumu- Ifo de capt enteconado por peguenns clos Sto as 7m tonalidade de crescimento e as ondas | com tonalidade depressiva. Com base na mance liana, 6 possivel afirmar que as p no fc no fina! de um long perodo depressivo, qu se exe de 1914 a 1939, ¢ © generazam to ino de um peodo de pans, que teve como substrato a guetra e o fascismo, segue até fins da década de 60. r Uma vez que a ial é Sme politica social é um fendmeno : ue se general, no into do imperiaino sls par 0 eapits smo tardio, que elementos vio demandar a artculagio de politics sociis nese period? Agu, abe stom Scsso de Mandel sobre » congussio os ctor econbnin, a Base dos quis et! a opera da lel do valor nos direst mmentos hist6ricos. E importante ressaltar este elemento cons- como jé foi dito, expressa relapses 5 di tlm emrdecmanedo pevot> hist, Tao € que ot primérdios do capitalism, a base para a extraglo da mmaisvalia em extnsio da jomada de trabalho, Com a luta operéria, o desenvol viento tecnolégico e a monopolizagio crescente 2 base passou a ser a produtividede do ne meio da introdugao de tecnologias aatieastes larga escala, predominando a mais-valia relativa. Hoje, na chamada acumulagao flexivel (Harvey, 1993), observa-se. um 164 combinagéo com ‘esso de trabalho, tal como mudangas, portanto, do valor se ia absoluta em ccedentes do proc ia toyotista. Bssas fas pelas quais @ do capital. — actise de 1929-32 — ‘dos autores trabalhados, vai burguesia quanto & sua Por outro lado, 10 € ideolégico), com as retomo da mais-vali tensificagaio sem Pre’ se afigura na experié peram alieragdes nas form expressa nos ciclos econdmicos © pice do perfodo depressiv como & reconhecido pelo conjunto promover uma inflexdo na atitude da eenfianga cega nos automatismos do mercado, Ge um ponto de vista global (econdmico-P a a inoustentivel, para o capital, wma nova scracteristicas de 1929, quando, com todos os {iavacce a experiéncia soviética. A outra altern save etentagdo a médio prazo, era 0 fascismo. Aglicttt acres- sama um ovtto ingrediente na consideragdo da crise de 1929 sue, a meu ver, pode ser incorporado aqui, que € © descompasso ate o incremento dos dois setores de produglo € @ criagdo de uma norma social de consumo, vs forma corrente que a “contestagio burguesa” (Mandel, 14 expressa na chamada re- 1978) do laissez-faire adquitin es TDlugdo keynesiana. As proposiges de Keynes vio se inspirar > a experigncia do New Deal americano, especialmen'®, Nae ridas curopéias da crise, que tém um ponto em comum: & sustentagao pablica de um conjunto de medidas anticrise ou sntiefelizas. Keynes sistematizou em sua Teoria geral, publicado pela primeira vez em_ 1936, uma ruptura substantiva com @ eerodoxia liberal, justificando a intervengio estatal para conte? a queda da demanda efetiva — auseneia de meios de pagamento fae mercado que tem sua origem nos movimentos especulativos dos empresérios quando so tomados pelo pessimism, relagao a eficiéncia marginal do capital, © qve Beri dese- vulforio, instabilidade, crise. Mandel sinaliza que tais ‘medidas, Greando amortecet as crises cfclicas de superproducio, svete Gumulagio e subconsumo, intrinsecas ao movimente ‘de produgao © reprodugao do capital onde se incluem as politicas socials, fiver, no méximo, a capacidade de reduzir a crise 3s condigdes ti coax cece, tani que tale earabgios destnee=ara claros Sinais de cansago em fins da década de 60. 165, vej 0 longs poo™® © capital visbilizou a safda da crise, longo, ae de expansio apés a Segunda Gung ° naguele cone cincetar a cris ‘OS, que em geral so os mas ndo a sua causa, O perfodo de expansto notat composigio or; mais-valia (0 que pressupi situagdo cria seus préprios obstéculos, Com a redusto da exército industrial de reserva, tende a se ampliar a resiaténcis do movimento operério, baixando a taxa de mais-valia, Hi, ainda, uma generalizagio da revolugio tecnolégica, que esté na base de todo ciclo de expansio, diminuindo os superlucros extraidos do diferencial de produtividade do trabalho. Nesse Contexto, impde-se a queda tendencial da taxa de lucros em relagdo ao conjunto do capital social. A concorténcia é acirrada, bem como a especulagdo. Hé uma estagnagio do emprego ¢ da produtividade, 0 que gera uma forte capacidade ociosa na industria, Assim, configura-se uma superabundincia de capitais € uma escassez de lucros. A politica keynesiana de clevar a demanda global a partir ‘da agio do Estado, em vez de evitar a crise, vai apenas amortecé-la por meio de alguns mecanismos, que seriam im- Pensdveis pela burguesia liberal stricto sensu. Eis alguns deles: 8 planificagdo indicativa da economia, na. perspeetiva-te-evitar | os riscos das amplas flutuagdes periédicas; a intervengio na relacdo capitaltrabalho por intermédio da politica salarial do controle de pregos; a politica fiscal e, dentro dela, os mecanismos de rentincia fiscal; a oferta de crédito combinada a uma polttica de juros; as politicas sociais. Este conjunto de estratégias e técnicas anticiclicas, por meio dos poderes piblicos, 166 \cros, obtendo, com isso, objetiva conter a queda da taxa de algum controle sobre 0 ciclo do capital. ei Nessas circunstincias, qual € © papel da politica social? © -restnento des seguro sociis tem milipas causas ¢ sua evolugio enquanto estratégia anveilia ocore sobretudo a partir de 1929.' Inicialmente, houve pressio do moviment “operdrio em torno da inseguranca da existéncia que peeulariza a condigio operdria (desemprego, invalidez, doenca, vethiee rando 0 recurso & caridade € & beneficéncia privada ou Su aes pablica, 0 movimento operdrio impée o prinefpio dos seguros sociais, criando caixas voluntérias e, posteriormente, obrigatérias s. Este processo levou ao prinefpio da seguranca Toot a pede do dual os asltiadoe devertm ter cob contra toda perda de salério corrente (Mandel, 197 ». esses termos, subjacente a seguranga social esté a foes de classe e, também, a perspectiva de evitar a constituigio de tum subproletariado, © que pesaria sobre 0s salérios diretos. jtado, 0 Estado, enguanto jplementa sistemas nacionais de fe (usualmente), tomando emprestado as enormes somas mobilizadas. Tais sistemas nunca foram financiados pelo imposto progressivo sobre 0 Iuero, © que poderia constituir uma verdadeira redistribuigdo em favor dos trabalhadores. Segundo Mandel, A partir do periodo jé gestor das medidas anti “ um facto que as expeiéncias mais interestats de Seguransa Social, como a que foi realizada em Frenga apés as sobretudo 0 Servigo Nacional de Suide na Gr-Bretnhe epés 1045, foram financiadas muito mais por uma texto, do Brdprios tabalhadores (..] do que pela wxagdo de burgess ~"E por isso que em regime capitalista nunca se as i a um verdadira¢ radical redistibuiglo do rendimento naica imposto, um dos grandes ‘mitos’ do reformism (© que nfo sigifica 2 austcia de experénias anteriores como o sie i de expeiéncis sismaiisge™ sa Alemania No extant, 0 que s¢ quer delimiar € © peviolo jsmarkiano na ‘social generalizagdo da constiigdo de padroes de protpio 167 Dessa forma, 0 salério indireto, ou diferido, que é sus- tentado pela taxagdo dos trabalhadores, além de configurar um empréstimo ao Estado, a partir do qual este desencadeia um feixe de ages an a construcao Os regulacionistas acrescentam que a pi componente bisico da relacdo salarial que se instaura com 0 fordismo, no sentido de regular 0 processo de reprodugio da forga de trabalho, A reacao em cadeia que cresce na crise de superprodugo “com uma légica e uma fatalidade terrificantes” (Mandel, 1978:86) € amortecida também por meio da seguridade social, nas varias formas que esta assume, particularmente 0 seguro. desemprego. Os seguros permitem que a queda no consumo ndo seja tio brusca, Entretant nao € capaz de assegurar, pi Politica social aparece associada a um conjunto de estratégias— anticrise, especialmente a intumescéncia dos orgamentos mili- tares, que caracterizou o periodo de expansio pos-45, em nome da Guerra Fria? Assim, a politica social integra a estratégia global anticrise do capital apés 1929 e, aqui, a formulagdo mandeliana se aproxima da nogdo do Estado previdencidrio-militar de O’Con- nor (1977). A meu ver, aquela indicagéo € p: necessério ampliar 0 conceito de seguridade soci passa o sistema previdencidrio — seu “niicleo-duro” inicial. Trata-se, na verdade, para além dos seguros sociais, de um conjunto de medidas, do ponto de vista econdmico/politico, que consistem em subsidios & iniciativa privada como: compra de equipamentos de consumo coletivo, garantia-estatal dos presos da cesta basica para populacdes de baixa renda, dentre inémeras outras formas que estio bem delineadas em Faleiros (1983 € 1986) © também em Aglietta (1991). E interessante hotar que a maior parte da literatura sobre politica social tende 2. Trata-se de um consenso entre 0 conjunto dos autores estudados. seu papel, quando nio vé este fenomeno ensionar Im : eee tras estratégias politico-econémicas. em articulago com ou No entanto, a conti nesiana encontrou limites strut ‘a uma revolugdo tecnolégica (€ sua ge ane ampliagio da capacidade de resisténcia — mesmo conforme a acertada avaliagao de O'Connor ainda, a intensificagdo do proceso de monopolizagio do capital, com seus “acordos” de reson, foram elementos que estiveram na base do novo periedo depressivo que se abre em fins da década de 0. O custo d: estratégia keynesiana foi o “mar de dividas” (publicas ¢ pri- va crise fiscal (O'Connor, 1977) a inflagdo permanente nuidade do sucesso da estratégia key- wurais. A busca de superlucros, sua generalizacao) permanente, que corporativa, — do movimento operdrio e, mas também politica, no sentido da legitimagdo e controle dos trabalhadores, fato do qual decorre uma crise de legitimagao politica articulada a queda dos gastos na Grea social. Dete- nhamo-nos um pouco sobre as razdes que fazem da estratézia keynesiana — a partir da passagem do boom que marcou sua utilizago em larga escala — um elemento que acimra a crise. Para explicar este processo faz-se necessério resgatar os aspectos centrais da expansio, assinalando as contradigées internas que vio remeter a crise subseqiiente. Na base do ciclo de expansio que se abre apés 1945 esto: a situagdo excepcional da guerra € do fascismo; a revolugio tecnolégica; e, sobretudo, a derrota histérica do movimento operério ensejada com 0 fascismo e a guerra, mas também pelo destino da experiencia “soviética, que fragilizou 0 movimento operdrio quanto as suas éricas. Cabe destacar ainda projegdes utépicas e diregdes hist que 0 pacto keynesiano s6 se viabilizou com a capitulagio de muitas liderangas operérias — a ex ; européia — as demandas imediatas e corporativas, especialmente no selor monopolista. Esta situagio € analisada pelos autores estudados, uns com maior profundidade ¢ énfase (O'Connor, 169 | Yalor. H4 um intenso ressurgimento do exército Mandel e A, elietta), © Boccara), : Cutros superficialmente (Baran ¢ Sweezy,

pacto com corregdes de beneficios maiores que a inflagio. Ao lado disso, jé havia resisténcia & ampliagao da carga tributari No contexto da reversio do ciclo econémico, a renda nacional cai ao mesmo tempo que a carga tributéria efetiva (o que é diferente da carga tributéria potencial), enquanto aumenta o Basto em fungao das estratégias keynesianas de contengio do” ciclo depressivo (déficit piblico). Outro aspecto aqui é a tendéncia de crescimento da rentincia fiscal, que, para Sulamis Dain (1996), consiste na explicagdo primeira da crise fiscal. Se fosse computada a carga tributéria potencial (que inclui a eniincia), a questio do déficit, na opiniéo dessa autora, estaria minimizada. Para David Heald (1983), trata-se de uma redis- tribuiglo as avessas, que tende a se ampliar na crise, constituindo um Welfare State invistvel, 0 qual beneficia 0 empresariado. Contudo, para além do impacto da renincia fiscal crescente no contexto da crise, a reestruturagéo produtiva tem fortes implicagdes para a carga tributéria. A pulverizagio da grande inddstria © © crescimento do mundo da informalidade desen- cadeiam a perda do power of enforcement do Estado e a baixa nna arrecadagio, jé que 0 controle fiscal de pequenas empresas © do trabalho informal encontram grandes dificuldades de operacionalizacao. Dain também chama a atengdo para o fato de que a regulacio keynesiana se preparou para um contexto de desemprego conjuntural, diante do qual € admissivel o déficit piblico para estimular a demanda efetiva. Entretanto, a revolugéo tecnolégica infirma a hip6tese keynesiana como de largo prazo, haja vista o desemprego estrutural, a tendéncia & horizontalizagio das empresas ¢ a globalizagio. Num contexto em que ha pressio pelo aumento do gasto vis-a-vis com a pressio para uma queda da receita, a disputa pelos fundos publicos intensifica-se. E nesse contexto que, sob is es imprescindlveis sobre 5. As contibuiges de Sulamis Dain, que incluem andlises impr 2 dinimica do seer pablo nos tempos ats © qu inoroo a ete tata, vt de dois cusos que sve opetunitade de realzar nu UERI so orntapo 8, tum deles como crédito para © doutorado. Ponto, parte do que expoako aqui anotagbes de aulas 185 da “vista gro para a fuga ago (supercapit \cHo), dentre _ Este € 0 cardter do ajuste estrutural proposto pelos or- Binismos intemacionais, como forma pela qual as economias mung’ Gevem adaptar-se as novas condigses da econonn Como bem apontam Grassi, Hi Pi © receitudtio econémico do Banco Mun dial e do FMI (cf, Relat6rio do Banco Mundial de 1990). Este interessante estade das autoras argentinas mostra os discursos de consultores ¢ dirigentes dessas agéncias, desnudando o cardter meramente compensatorio da intervengio social presente em suas propo- 186 pela capitalizacao da divid maior espago para o capital intemacic condigio para empréstimos. Para a pol orientagdo € a focalizacao das agdes, com estimulo a fundos Sociais de emergéncia. Segundo Grassi et al do ‘desenvolvimento de comunidade’ foi coerente no contexto desenvolvimentista” (1994:19). novas condigdes para a luta social onde: “nem consumo Para elas, hé um novo cendrio para a politica an coletivo, nem tos sociais, apenas assistncia focalizada para/ aqueles ‘com menor capacidade de pressio™ (1994:21), Na verdade, o keynesianismo encontrou seus limites his- Gricos ¢ teéricos. As tendéncias essenciais e contraditérias do » que “aparece como uma imensa colegio de mer- (Marx, 1988:45), se estabelecem com toda forga. O mo na sua fase tardia, na sua sobre engendrada pelo fordismo/keynesianismo, comega a dar sinais de esgota- mento ¢ crise a partir de 1973, que serio respondidos objetiva € subjetivamente pelo capital com a reestruturagio produtiva, a globalizacio ¢ a ofensiva neoliberal, Tal resposta, por sua vez, tem a particularidade de amplificar as contradigdes no sentido da barbarizagio Ou seja, trata-se de reinaugurar um ciclo de expansio da taxa de lucros, num contexto de fragilidade dos trabalhadores, ¢ com um cu: altissimo.{O capitalismo, portanto, nunca foi tdo capitalisia e suas contradi¢des nunca foram tao explicitas] - Pita 187 een, ese sobrevida promovida pela intervengio ‘fclica, n4o foi possfvel limitar defi Finitiv. descompasso entre produgio e re calla be Processos pelos confirma (Mandel, 1990; Harvey, 199 Somo a busca incessante de perenizagio do capital por meio da reestruturagdo da prodi 40 da produgao e do mercado, mat ae jo, mant caracteristica desigual e combinada. ee ; © Mota, 1995), bem Val Fane 7 Fetomar, nesta altura, 0 raciocinio mandeliano a luz Set Ste Sumria das tendéncias predominantes. A forma al das contradigdes econdmicas no capitalismo tardio é a superproduso latente de mei ja vi difundindo desde meados aout monopélios transnacionais faz com que a busca de superlucros se dé a partir di i ivi iho. Tal Partir do diferencial de produtividade do trabalho. Tal Quadro altera 0 comportamento dos elementos que compéem a lei do valor © leva a intensificagao das contradigdes do mundo do capital, conforme Mandel? ~~ Daf decortem 0 limite histérico da onda expansiva e o cardter regressivo e destrutivo das forgas produtivas (Mészéros, 1989), que acompanham a resposta do capital & queda da taxa de lucros decorrente da intensificagao de tais contradigoes a partir da década de 80. O mundo do capital desenvolve, portanto, as forgas produtivas a tal ponto que sua perenizagio tende a intensificar suas contradigdes essenciais expressas na lei do valor. Este parece ser o significado das tendéncias atuais, em que a revolucao tecnolégica implica superlucros, mas mio reanimacao do capitalismo com taxas de crescimento como as anteriores a 1973, na Era de Quro (Hobsbawm, 1995). David Harvey compartilha do argumento marxista de que a “tendéncia de superacumulago nunca pode ser eliminada sob 0 capitalismo” (1993:170). Ele identifica “um lado hersico da vida © da politica burguesas” na etema luta contra a superacumulagao, quando esta pode colocar em xeque a ordem 7. Ver Capitulo 5. 1288 a! capitalista, Dentro disso, vé a desvalorizagdo de mercadorias, de capacidade produtiva e de dinheiro; 0 controle macroeco- némico, do qual 0 keynesianismo é um exemplo de forma de regulagio; ¢ 0 deslocamento temporal e espacial, como formas combinadas de, nesta crise, controlar a superacumulagao. Nesta ‘iltima estratégia, Harvey identifica fortes contradigées ¢ riscos “pala Wilizagdo em larga escala do crédito, pelo aumento do volume de capital ficticio e pelos endividamentos privados e piblicos daf decorrentes. Mandel ¢ Harvey parecem ter em comum a seguinte avaliagdo, que aparece expressa na fala do segundo autor e compée um parametro geral para pensar a contemporaneidade e a condigao da politica social: “Muito embora as atuais condigées sejam muito diferentes em indmeros aspectos, nfo hd dificuldade em perceber que os elementos e relagdes invariantes que Marx definiu como pecas fundamentais de todo 0 modo capitalista de produclo ainda estio bem vivos e, em muitos casos, com uma vivacidade ainda maior que a de antes, por entre a agitagio ¢ evanescéncia superficiais to caracteristicas da acumulagdo flexivel” (Harvey, 1993:176) Cabe reter como sintese 0 recente balango sobre 0 neo- iberalismo feito pelo historiador Perry Anderson (1995). Se- gundo ele, se todos estes processos reanimaram, em fins dos anos 80 ¢ inicio dos 90, as agonizantes taxas de lucro do capitalismo mundial, por outro lado nio reverteram em inves- timento ¢ crescimento econdmico teal. Essa grande massa de capital acumulado prefere “passear” de um lado a outro do mundo, pelos bites da informética, buscando as melhores taxas “de juros e cambiais, com a aquiescéncia dos governos nacionais, enquanto milhdes de pessoas vivem nestes mesmos paises em “eondigdes birbaras € indignas de vida ¢ trabalho, Victor Hugo em seu Os miserdveis dizia, chainando atengdo para as emer- gentes condigdes da modemidade, que: “E preciso que a Sociedade volte os olhos para essas coisas, jé que € ela que as faz", No entanto, tudo indica que a modemidade ainda nio atendeu ao seu chamado, 189

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