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Quarto das Lgrimas

por Matheus de Matos

Ontem fez-se nuvem no finalzinho da noite, momento em que minha espinha

dorsal fica pesada como uma baleia de cor fria. Caminhei longamente at a praa

da ingenuidade suave construda num curto espao de espao-tempo por

pessoas vindas de lugares desconhecidos pela humana mente. Quando por fim fiz

de mim mecanicamente verde e ligeiro, mergulhei dentro de Nyx como um

daqueles peixes indefesos que transformam medo em ira, uma ira que assusta at

o mais cruel dos tubares. No meio do caminho, j no Boi-de-Fogo-Vermelho, fui

devorado por minha antiga me.

-Aonde pensa que vai, seu passarinho de rapina? - ela perguntou-me.

-Voc sabe, senhora Me, vou para o quarto das lgrimas.

-Logo para l, voc fique a mesmo no meu bucho, passarinho.

-Desculpa, mas ficar fico no.

Cortei os olhos de minha me antiga e continuei o meu caminho pelo Boi e para

trs nem olhei, mas ouvi os gritos terremdicos que vinham daqueles olhos

pretos cortados.

No final do caminho j prestes a chegar ao meu destino, vejo uma sombra de

leo ameaando ameaar a minha sanidade, ameaando desferir o terrvel golpe

mortal da falsa memria. Com medo, puxei a minha unha afiada na dialtica e

atirei-a na garganta da besta, que logo morreu como um bicho.


Sem pensar duas vezes, entrei pelo porto que d para o quarto das lgrimas,

mas l no vi ningum. J no havia mais ningum no quarto das lgrimas.

04/07/2017

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