Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Analcea Calmon
Este paradoxo pode ser visto no par de opostos que a se conjuga: uma demanda
dirigida a um Sujeito-suposto-Saber veicula um desejo de curar-se. Entretanto este
desejo traz consigo uma recusa a curar-se, o que significa querer restituir o gozo perdido
no abalo da montagem sintomtica.
1
Miller, J.A. La experincia de l real em la cura psicoanaltica Los cursos psicoanaliticos de
J.A.Miller. Buenos Aires. Paids. 2004
2
Lacan, J. O Seminrio: livro 11 Os quatro conceitos fundamentais da psicanlise (1964) Rio de
Janeiro; Zahar; 1979
3
Freud, S. A dinmica da transferncia In: Obras psicolgicas completas de S. Freud (1912) Edio
Standard Brasileira. Rio de Janeiro; Imago; vol. XII
2
4
Freud, S. (1905) Trs ensaios sobre a teoria da sexualidade. In: Edio Standard Brasileira
das Obras Psicolgicas Completas de S. Freud; Rio de Janeiro; Imago. 1980 v. VII
5
Miller, J.A. (2015) Em direo adolescncia. Fala de encerramento da 3 jornada do
Instituto da Criana Paris. Traduo: Cristina Vidigal e Bruna Albuquerque. Disponvel no site:
HTTP://minascomlacan.com.br/blog/em-direo-a-adolescencia
3
Podemos nos servir destas consideraes como ponte para compreender que uma
particularidade do adolescente no dispositivo a presentificao da transferncia para
alm da suposio de saber. Isso significa que o desejo e a fantasia no esto postos, o
que constitui um impasse clnico. Portanto, o desafio diz respeito ao saber que j no
est encaixado no Outro e sim no prprio bolso, atravs dos objetos tecnolgicos que o
capitalismo oferece. o que ns vamos examinar na prtica e que Miller chamou de
autoertica do saber.
Para sair desse impasse cabe ao analista, sem deixar de acompanhar o uso dos
objetos de gozo, tentar introduzir um ponto de basta a esse gozo desenfreado, visando
tirar o adolescente de uma situao de bscula, para introduzir, na dimenso da
castrao, um ponto de vacilao.
Assim sendo, a mesma lgica que nos faz pensar o inconsciente como uma
deduo da transferncia, faz pensar a transferncia como uma deduo do objeto
a.Tomando este referencial, e sem cair no engodo de uma generalizao, podemos
pensar que, sob transferncia, o encontro com o desejo do analista pode permitir ao
adolescente uma conexo com o circuito da mensagem do seu sintoma e consequente
advento da causa, que singulariza esta diviso.