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ISSN - 0103-7374
Recursos Hídricos e
Tratamento de Águas
na Mineração
CONSELHO EDITORIAL
Editor
Ricardo Melamed
Subeditor
Luís Gonzaga Santos Sobral
Conselheiros Externos
Antonio Carlos Augusto da Costa (UERJ)
Fátima Maria Zanon Zotin (UERJ)
Jorge Rubio (UFRGS)
José Ribeiro Aires (CEMPES)
Luís Enrique Sánches (EPUSP)
Virgínia Sampaio Ciminelli (UFMG)
ISBN 85-7227-139-2
ISSN 0103-7374 CDD 551.46
Recursos Hídricos e Tratamento de Águas na Mineração
Sumário
Abstract ........................................................ 1
Resumo ........................................................ 2
1.Introdução .................................................. 3
Bibliografia ..................................................... 29
Ana Paula Almeida de Oliveira e Adão Benvindo da Luz
Resumo
A preocupação crescente com o impacto
das atividades de mineração sobre o meio
ambiente tem acarretado estudos visando tanto
a utilização racional dos recursos hídricos,
quanto o tratamento das águas descartadas
durante o processo de beneficiamento mineral.
O presente trabalho apresenta alguns aspectos
relacionados à política e ao gerenciamento dos
recursos hídricos, abordando também alguns
conceitos básicos de hidrogeologia. Processos
tradicionais e potenciais para o tratamento das
águas oriundas dos processos de lavra e de
processamento mineral são discutidos.
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Recursos Hídricos e Tratamento de Águas na Mineração
Abstract
The increasing concern with the impact of
mining activities on the environment has caused
studies aiming at the rational use of water sources
as well as the handling of discharged waters pro-
duced during mineral processing. The present
work presents some aspects related to the poli-
tics and the management of the water resources,
also approaching some basic concepts of
hydrogeology. Traditional and potential processes
for mining wastewater treatment are discussed.
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Ana Paula Almeida de Oliveira e Adão Benvindo da Luz
1. Introdução
A Conferência de Águas das Nações Unidas, em 1977, pode ser
considerada como o marco inicial das discussões em esfera mundial sobre
os problemas relacionados à água potável e condições sanitárias
adequadas (NETO & TROPP, 2000). Em janeiro de 1992, na Conferência
Internacional de Água e Meio Ambiente, realizada em Dublin, Irlanda, já
se alertava sobre a escassez e o mau uso da água como fatores de grande
e crescente risco ao desenvolvimento sustentável e à proteção do meio
ambiente. Desse debate, resultou um documento, a Declaração de Dublin
(MMA, 2000), onde claramente se destaca que os problemas relacionados
à gestão de recursos hídricos não são de natureza especulativa e
necessitam de uma ação imediata e definitiva em diversos níveis. A
orientação para ações locais, nacionais e internacionais podem ser
resumidos em quatro princípios básicos:
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Recursos Hídricos e Tratamento de Águas na Mineração
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Ana Paula Almeida de Oliveira e Adão Benvindo da Luz
2. Gerenciamento de Recursos
Hídricos
O processo de gerenciamento de recursos hídricos envolve
componentes multidisciplinares visto que precisa atender a diferentes
objetivos, sejam econômicos, ambientais ou sociais. Dentre esses
componentes, a engenharia de recursos hídricos busca adequar a
disponibilidade e a necessidade de água em termos de espaço, tempo,
quantidade e qualidade. Seu trabalho está relacionado aos diversos usos
da água, onde pode-se destacar infra-estrutura social, agricultura,
florestamento, aquacultura, indústria, mineração, conservação e
preservação. Esses usos da água podem ser consuntivos, não-
consuntivos e locais. O emprego consuntivo da água provoca a sua
retirada da fonte natural, diminuindo sua disponibilidade espacial e
temporal (ex: agricultura, processamento industrial e uso doméstico). Por
sua vez, no uso não-consuntivo, praticamente toda água utilizada retorna
à fonte de suprimento, podendo haver modificação na sua disponibilidade
e características ao longo do tempo (ex: recreação, piscicultura e
mineração). O uso local não provoca modificações relevantes na
disponibilidade da água (LANNA, 1995).
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Recursos Hídricos e Tratamento de Águas na Mineração
FO N TE S FO N TE S/U S O USOS
D O M É S TIC O /C O M ER C IA L
Á G U A SU PE R FIC IA L
4 ,8 % 1 5 7 ,4 7
0 ,8 %
8 4 ,9 % M m 3 /dia
6 ,9 %
1 0 ,3 % 1 2 ,2 %
1 0 0 0 ,86 4 9 ,6 % A BA S TE C IM E N TO P Ú B L IC O IN D U S TR IA L /M IN E R A Ç Ã O
3
M m /dia
6 4 ,7 % 1 0 5 ,9 9
7 7 ,6 % 6 2 ,5 % 8 7 ,9 % 1 6 ,9 % M m 3 /dia
1 5 2 ,1 7
3 3 ,2 % 3 1 8 ,4 % 8 ,2 %
M m /dia
11 ,8 %
3 7 ,5 %
9 ,5 % 0 ,3 % TE R M O E L É TR IC O
9 9 ,5 % 4 9 8 ,9 2
M m 3 /dia
0 ,1 %
Á G U A SU BTE R R Â N E A 3 8 ,7 %
0 ,4 %
1 9 ,7 %
5 ,6 % IR R IG A Ç Ã O / R U R A L
2 8 9 ,2 0
3
6 ,7 %
M m /dia 6 3 ,2 % 5 2 6 ,9 3
0 ,7 %
3
2 2 ,4 % M m /dia
6 7 ,3 % 3 7 ,6 % 4 0 ,9 %
Figura 1 – Representação esquemática das fontes e usos de água doce nos Estados Unidos
em 1995 (USGS, 2000)
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3. Hidrologia e Hidrogeologia
As fontes de água que atendem as necessidades do ser humano
podem ser classificadas em águas superficiais (lagos, rios e represas) e
águas subterrâneas (aqüíferos). Ao contrário do que se possa supor
inicialmente, cerca de 97% da água doce disponível na Terra encontra-
se no subsolo (MANOEL FILHO, 1997a).
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NUVENS M O V IM EN TO D A S M A SS A S D E A R Ú M ID O
P R EC IP ITAÇ Ã O
NUVENS
S U BL IM A Ç Ã O
N E VE E G E L O
ÁGUA
R P R EC IP ITAÇ Ã O
S U SP E N S A
FO N TE (N A SC EN T E)
R TR A N S PIR A Ç Ã O
FL U X O E M M EIO N ÃO S AT U R AD O ET
E ET
R
N ÍV EL D A Á G U A LAGO
S U BT ER R ÂN E A R IO
R E VAP O R A Ç Ã O
FL U X O D E
E FL U E N TE S
D E FO SS A S MAR
FL U X O D E Á G U A S U BT ER R Â N E A S ÉP TIC A S
(F LU X O EM M E IO S AT U R A D O ) ÁGUA DO MAR
IN TE R FA C E Á G U A D O C E
Á G U A S AL G AD A
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Á R EA D E
R E AB A ST EC IM E N TO
S U PE R FÍC IE P IEZ O M É TR IC A
P O Ç O FR E ÁT IC O
N ÍV EL P O Ç O SU R G E N TE
S U PE R FÍC IE P O Ç O AR TE SIA N O
D ’ÁG U A
D O T ER R EN O
N ÍV EL D ’Á G U A
A Q Ü ÍFE R O N ÃO
C O N FIN A D O E ST R ATO
C O N FIN A N TE
E ST R ATO
IM PE R M E ÁV E L
A Q Ü ÍFE R O
C O N FIN A D O
9 10
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11 12
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ÄGUA DOCE
C A RV Ã O
R E G E N E R AD O E XA U S TÃ O
ÁGUA U N ID A D E D E
R E FR IG E R A Ç Ã O A D SO RV E D O R
O X ID A Ç Ã O
A AR Ú M ID O
V VV
ÁGUA
CARGA P R O D U Z ID A
(Ä G U A P R O D U Z ID A) C A RV Ã O TR ATAD A
C O N TA M IN A D O AR
Figura 4 – Esquema simplificado do processo de adsorção por carvão ativado (HANSEN &
DAVIES, 1994).
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R E G E N E R AD O
CARGA
(Á G U A P R O D U Z ID A)
L E ITO D E
FILT R O S TR O C A
IÔ N IC A
Á C ID O
ÁGUA
ÁGUA DE P R O D U Z ID A
R E TR O L AVA G E M TR ATAD A
Figura 5 – Esquema simplificado do processo de troca iônica (HANSEN & DAVIES, 1994).
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à água antes ou durante uma forte agitação. Por sua vez, a floculação
ocorre em um ambiente menos turbulento e, normalmente, o floculante é
adicionado posteriormente ao coagulante. Em alguns casos, o floculante
pode ser utilizado isoladamente como auxiliador na filtração ou
condicionador da lama. Diferentes mecanismos são atribuídos aos dois
processos, ocorrendo na coagulação a neutralização da carga, enquanto
que na floculação há a formação de pontes entre as partículas.
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E XT R AÇ Ã O L AVAG EM R E -E XT R AÇ Ã O
S O LV E N TE S O LV E N TE S O LV E N TE
S O LV E N TE CARREGADO IM PU R EZ AS L AVAD O S O L U TO E XT R AÍD O
A Q U O SO S O L U TO A Q U O SO A Q U O SO
ÁGUA L IC O R D A SOLUÇÃO
TR ATAD A A L IM E N TAÇ Ã O Á G U A PAR A SOLUÇÃO D E R E -E XT R AÇ Ã O
D E ÁG U A R E PR O C E S S A M EN TO PAR A
L AVAG EM PAR A R E -E XT R AÇ Ã O
O U D ES C A R TE R E C U P ER A Ç Ã O
D O M E TA L
S O LV E N TE REGENERAÇÃO
D E SO LV EN T E
Figura 6 - Fluxograma geral do processo de extração por solvente (HANSEN & DAVIES,
1994).
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4.1.4 Biotecnologia
Os processos biológicos aplicados para o controle ambiental
encontram-se em diversos estágios de desenvolvimento, que vão desde
a concepção fundamental até a aplicação comercial. Esses processos
podem ser divididos em dois grandes grupos: tratamento ativo e tratamento
passivo. O tratamento ativo procura maximizar a taxa de remoção do
poluente pela otimização da atividade metabólica das espécies biológicas
envolvidas, enquanto que o tratamento passivo se utiliza da atividade
das espécies biológicas em condições naturais. Cabe ressaltar que o
tratamento ativo requer infraestrutura, pessoal, controle de processo e
manutenção da mesma forma que uma unidade de tratamento
convencional e o tratamento passivo necessita somente de controles
básicos, manutenção e monitoramento periódicos. No caso do tratamento
passivo para remoções de contaminantes, incluem-se processos de
precipitação de hidróxidos em condições aeróbicas, precipitação de
carbonatos e sulfetos em condições anaeróbicas, filtração de material
suspenso, remoção de metal em biomassas, precipitação e neutralização
de amônia gerada e adsorção e troca com plantas ou outros materiais
biológicos (GUSEK, 1995). A Tabela II apresenta a classificação da
biotecnologia segundo seu estágio de desenvolvimento e seus respectivos
processos de acordo com LAWRENCE & POULIN (1995).
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CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS
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M IST U R A D O R E S FL O C U L AD O R E S B AR R EIR A
E ST ÁT IC O S (T ÍPIC O ) A JU S TÁ V EL
G R AD E S EIS FILT R O S
(V Á R IO S M EIO S)
TA N Q U E D E
FA D
TU B O C O L E TO R
A N TE PAR O S D IS PE R S Ã O D E
(T ÍPIC O ) A R D ISS O LVID O
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5. Considerações Finais
As atividades de mineração são dinâmicas considerando as
variações no teor do minério e no preço das commodities, o que pode
resultar em mudanças significativas nas características físicas da mina
ao longo do tempo. Portanto, o sistema de gerenciamento águas deve
ser flexível para ser capaz de responder rapidamente às influências
externas. Os dois principais objetivos do sistema de gerenciamento de
águas na mineração são garantir um suprimento de água confiável para
atender as necessidades de operação da lavra e do processamento
mineral, tanto em termos quantitativos como qualitativos, e cumprir as
regulamentações impostas pela legislação ambiental.
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