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Os textos “A fábrica de automóveis de Henry Ford” e “A corrosão do caráter”

apontam características de momentos distintos, porém, apesar desta distinção


algumas semelhanças podem ser apontadas, demonstrando que as maneiras de se
comandar uma empresa mudaram ao longo dos tempos e que – um dos motivos que
ocasionou estas mudanças foi a reflexão sobre as maneiras de se administrar sobre
o processo de produção – no entanto, apesar das mudanças nos modos de pensar,
agir e de se compreender o trabalhador e os processos de trabalho, alguns preceitos
ainda persistem.
Um dos preceitos que marcou os processos de produção foi o fordismo que
se caracteriza, por exemplo, por aspectos como produção em massa e aceleração
do trabalho, os quais, ainda que proporcionassem altos índices de produção e de
lucratividade, receberam muitas críticas – que precederam os elogios iniciais - pois
isto era conseguido à custa de condições desumanas de trabalho, sendo este um
dos motivos que levou os trabalhadores das indústrias Ford a buscarem melhores
condições de trabalho.
Outra questão que marcou o fordismo foi a relação estabelecida entre
preceitos morais e trabalho; assim, ao trabalhador que não jogasse, não fumasse ou
bebesse, enfim, que não levasse uma vida adequada - se enquadrando no que era
previsto pela empresa - não receberia um salário de maior valor ou tinham o
benefício cancelado. Era o controle familiar e social, era a empresa interferindo de
maneira direta nas vidas de seus funcionários. Assim, casa e trabalho se
misturavam. Desta maneira, Ford estipulava qual o tipo de vida que seus
funcionários deveriam levar, visando as conseqüências que isto poderia ocasionar
no desempenho das funções do trabalhador, ou seja, visando o lucro da empresa.
Outra característica das indústrias Ford era a rotina das atividades. Um
trabalhador, na medida em que o trabalho era fragmentado, estava fadado a repetir
seu serviço, a desempenhar uma única atividade diariamente, esta rotina interferia
em sua motivação. Além disto, as relações trabalhistas eram caracterizadas pela
verticalização dos meios de produção, pois as ordens vinham sempre de cima para
baixo.
Nas indústrias Ford os trabalhadores se comportavam de maneira retraída e
havia falta de comunicação entre eles. Tais fatos deviam-se, principalmente, à
fiscalização de seus trabalhos através de espiões da empresa. Todas estas medidas
foram tomadas pela Ford com objetivo de aumentar a produção a qualquer custo,
ainda que fosse preciso invadir e comandar a vida de seus funcionários; assim os
mesmos eram exigidos cada vez mais. Apesar das gratificações recebidas, como a
participação nos lucros da empresa, a meta de produção, comumente, era
aumentada, o que lhes obrigava a trabalhar incessantemente, pois qualquer pausa
era percebida como um atraso na produção. As condições de trabalho impostas por
Ford levaram a protestos que ocasionaram em greve, pois esta foi a única maneira
de negociar com o dono da empresa, já que greve pressupõe paralisar os serviços,
e, consequentemente, os lucros. Os trabalhadores exigiam certos direitos que não
eram percebidos como justos ou necessários por Ford, mas que se tornaram
imprescindíveis aos seus funcionários. Assim, através da greve, eles ainda reagiam
a disciplina imposta e se queixavam da autoridade administrativa.
Após esta breve explanação sobre o fordismo pode-se estabelecer
convergências e divergências em relação ao texto “A corrosão do caráter”. O texto
trata de uma época em que o sindicato, tão temido por Ford, já se consolidou e
busca proteger seus associados. Ele aborda ainda outro tipo de trabalho, que vai
além do “assujeitamento”; assim a pessoa não vive em função de seu trabalho, mas
busca também o lazer, compreendendo que tem direito a isto. O texto aborda ainda
a disciplina dos trabalhadores - em semelhança com o fordismo - disciplina imposta
pela esposa de Rico aos seus funcionários. Mudam os tempos, mudam-se as
maneiras de disciplinar.
A respeito das convergências, outra que pode ser apontada diz respeito ao
trabalho rotineiro, repetitivo. Esta repetição também está presente no fordismo, no
entanto, a rotina agora não é vista, obrigatoriamente, como um mal, pois acredita-se
que pode haver aprendizagem na repetição. Rotina ainda existe, porém esta não
deve ser alienadora e nem deve levar a mecanização do trabalho.
Uma das diferenças apresentadas nos textos diz respeito a separação entre
trabalho e caráter. Ford não conseguia fazer esta distinção, assim, ao contrário do
que era proposto no fordismo, no texto “A formação do caráter” não há a crença de
que um bom caráter seja equivalente a um bom trabalho desempenhado. Aqui é
possível separar casa e trabalho, o que não ocorria no fordismo.
Falam-se ainda nos textos sobre as maneiras de organizar tempo e trabalho.
Para Ford, devia-se produzir sempre, quase que incessantemente, no horário de
funcionamento da empresa. O outro texto, porém, refere novas maneiras de
organizar o tempo de trabalho; assim seria possível otimizá-lo sem que fosse
necessário trabalhar por todo o tempo, incessantemente, embora que bastante
cansado – o que certamente compromete a produção.
“A formação de caráter” traz outra distinção em relação ao fordismo. Aqui fala-
se em trabalho em rede, em detrimento da verticalização das relações de trabalho e
de poder impostas por Ford. Tal rede se definiria constantemente, não sendo algo
rígido, inflexível e imutável, como o fordismo se propunha a ser. Assim o comando
de cima para baixo é substituído pelas redes que pressupõem horizontalidade e não
verticalidade nas relações.

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