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O TRIBUTO DO TEMPLO

– Para sermos bons cristãos, temos de ser cidadãos exemplares.

– Os primeiros cristãos, exemplo para a nossa vida no meio do mundo.

– Estar presentes nos lugares em que se decide a vida da sociedade.

I. JESUS E OS SEUS DISCÍPULOS acabavam de chegar novamente a


Cafarnaum – lemos no Evangelho da Missa1 –, quando os cobradores do
tributo do Templo se aproximaram de Pedro e lhe perguntaram: O vosso
Mestre não paga a didracma? Tratava-se da contribuição anual de duas
dracmas para a sustentação do culto, que todo o judeu que tivesse completado
vinte anos tinha de pagar, mesmo que vivesse fora da Palestina. A resposta
afirmativa de Pedro aos cobradores, sem antes ter falado com Jesus,
mostra-nos que, efectivamente, o Senhor costumava pagar o imposto. O
episódio deve ter-se passado fora da casa porque, quando Pedro foi ter com
Jesus, que se encontrava dentro, antecipou-se ao Apóstolo com esta
pergunta: Que te parece, Simão? De quem recebem os reis da terra o tributo
ou o censo? Dos filhos ou dos estranhos?

Nas antigas monarquias, o tributo do censo era considerado uma


contribuição especial em benefício da família real. Entende-se assim a
pergunta de Jesus a Pedro: De quem recebem os reis da terra o tributo ou o
censo? A resposta era bem fácil: dos estranhos, isto é, dos súbditos,
respondeu Pedro. Portanto – concluiu Jesus –, os filhos estão isentos. Perante
essa obrigação, Jesus está na mesma posição dos filhos dos reis, e ao
declarar-se isento ensina que Ele é o próprio Filho de Deus e que habita na
casa do Pai2, na sua própria casa. É o Filho do Rei, e não está obrigado a
pagar o tributo.

Mas o Senhor quis cumprir à risca os seus deveres de cidadão, embora


tenha revelado a sua condição divina ao indicar a Pedro como devia obter a
quantia que lhe pediam. Esta passagem do Evangelho, relatada unicamente
por São Mateus, mostra-nos também a pobreza de Jesus, que não possuía
uma quantia tão pequena como as duas dracmas; e mostra-nos ainda o apreço
que Jesus tem por Pedro ao mandá-lo pagar pelos dois: Para que não os
escandalizemos – diz Jesus a Simão –, vai ao mar e lança o anzol, e o primeiro
peixe que pegares, abre- lhe a boca e acharás dentro um estáter; tira- o e dá- o
por mim e por ti. O estáter equivalia a quatro dracmas3.

Santo Ambrósio comenta a este propósito que se trata de uma grande lição,
“que ensina aos cristãos a submissão ao poder soberano, a fim de que
ninguém se permita desobedecer aos éditos de um rei da terra. Se o Filho de
Deus pagou o tributo, achas que és maior do que Ele para deixar de pagá-lo?
Se o Senhor, que nada possuía, pagou o tributo, tu, que andas à procura dos
bens deste mundo, por que não reconheces as cargas do mesmo?, por que te
consideras por cima do mundo...?”4

Desta e de outras passagens do Evangelho, podemos concluir que, se


queremos imitar o Mestre, temos de ser bons cidadãos, que cumprem os seus
deveres no trabalho e na sociedade: “Ama e respeita as normas de uma
convivência honrada e não duvides de que a tua submissão leal ao dever será
também veículo para que todos descubram a honradez cristã, fruto do amor
divino, e encontrem a Deus”5.

II. DEPOIS DA VINDA do Espírito Santo no dia de Pentecostes, os


Apóstolos tiveram uma consciência mais clara de terem sido enviados pelo
Senhor para estarem presentes no âmago da própria sociedade. Como o
Mestre, eles não eram do mundo6, e em muitas ocasiões o mundo os rejeitaria
e não teria com eles o sorriso de benevolência que se reserva para o que é
próprio. Sem serem do mundo, sem serem mundanos, os primeiros cristãos
rejeitaram costumes e modos de conduta incompatíveis com a fé que tinham
recebido, mas nunca se sentiram como um corpo estranho na sociedade a que
pertenciam por direito próprio. Os Apóstolos não deixaram de recordar-lhes
com especial firmeza as palavras do Senhor que os vinculavam ao próprio
coração da sociedade humana, porque só ali essas palavras podiam alcançar o
seu pleno cumprimento: eles deveriam ser o sal que dá sabor e preserva da
corrupção a vida dos homens; o fermento que se mistura e se confunde com a
farinha para fermentar toda a massa; a luz que tem de brilhar diante dos povos,
para que, convencidos pelas obras, glorifiquem o Pai que está nos céus.

Os primeiros cristãos não procuraram o isolamento, nem levantaram


barreiras defensivas que lhes garantissem a sobrevivência nos momentos de
feroz incompreensão. A atitude que adoptaram, mesmo nas épocas de
perseguição, não foi nem agressiva nem medrosa, mas de serena presença; o
fermento operava confundido com a massa. A presença cristã no mundo foi
radicalmente afirmativa, e toda a injustiça dos perseguidores revelou-se
incapaz de alterar a atitude serena e construtiva daqueles primeiros fiéis, que
sempre se mostraram cidadãos exemplares. A violência das perseguições não
fez deles pessoas inadaptadas ou anti-sociais, nem conseguiu desfazer a sua
solidariedade essencial com o resto dos homens, seus semelhantes.
“Acusam-nos de que nos separamos da massa popular do Estado” –
argumenta Tertuliano –, e isso é falso, porque o cristão sabe-se embarcado na
mesma nave que os outros cidadãos e participa com eles de um comum
destino terreno, “porque se o Império é sacudido com violência, o mal alcança
também os súbditos e consequentemente atinge-nos a nós”7. Caluniados e
incompreendidos, os cristãos mantiveram-se fiéis à sua vocação divina e à sua
vocação humana, ocupando no mundo o lugar que lhes correspondia,
exercendo os seus direitos e cumprindo cabalmente os seus deveres8.

Os primeiros cristãos não só foram bons cristãos, como cidadãos


exemplares, pois esses deveres eram para eles obrigações de uma
consciência rectamente formada, através das quais se santificavam.
Obedeciam às leis civis justas não só por temor ao castigo, mas também por
um dever de consciência9, escrevia São Paulo aos primeiros cristãos de Roma.
E acrescenta: É por esta razão que pagais os tributos10. “Como aprendemos
dEle (de Cristo) – escreve São Justino Mártir em meados do século II –, nós
procuramos pagar os tributos e contribuições, íntegros e com rapidez, aos
vossos encarregados [...]. Adoramos somente a Deus, mas vos obedecemos
gozosamente a vós nas demais coisas, reconhecendo abertamente que sois os
reis e os governantes dos homens, e pedindo na oração que, juntamente com o
poder imperial, tenhais também uma arte de governar cheia de sabedoria”11.

III. A IGREJA SEMPRE EXORTOU os cristãos, “cidadãos da cidade


temporal e da cidade eterna, a procurarem desempenhar fielmente as suas
tarefas terrenas, guiados pelo espírito do Evangelho”12. Os outros devem ver
em nós essa luz de Cristo reflectida num trabalho honesto, em que se
cumprem fielmente as obrigações de justiça com a empresa, com os que
trabalham sob a nossa responsabilidade, com a sociedade, pelo pagamento
dos impostos que sejam justos; no caso dos estudantes, mediante um estudo
responsável; no dos professores, pela preparação diária das aulas, que leva a
melhorá-las de ano para ano, sem cair na rotina e na mediocridade; no das
mães de família, pelo cuidado do lar, dos filhos, do marido, pela retribuição
justa a quem as ajuda nas tarefas da casa...

Não podem ser bons cristãos os que não são bons cidadãos; enganam-se
os que, “sob pretexto de que não temos aqui cidade permanente, pois
buscamos a futura (cfr. Heb 13, 14), consideram que podem descurar as
tarefas temporais, sem perceberem que a própria fé é um motivo que os obriga
ao cumprimento mais perfeito de todas elas, conforme a vocação profissional
de cada um”13.

O cristão não pode dar-se por satisfeito se se limita a cumprir os seus


deveres familiares e religiosos; tem de estar presente, de acordo com as suas
possibilidades, onde quer que se decida a vida do bairro, do povo ou da
sociedade; a sua vida tem uma dimensão social e até política que nasce da fé
e que diz respeito ao exercício das virtudes e à essência da vida cristã. “A partir
desta perspectiva, a dimensão social e política da caridade adquire toda a sua
beleza. Trata-se de um amor eficaz às pessoas, que se atualiza na
prossecução do bem comum da sociedade”14.

Como cristãos que têm de santificar-se no meio do mundo, devemos ter


sempre em conta “a nobreza e dignidade moral do compromisso social e
político e as grandes possibilidades que este oferece para crescer na fé e na
caridade, na esperança e na fortaleza, no desprendimento e na generosidade”.
E “quando o compromisso social e político é vivido com verdadeiro espírito
cristão, converte-se numa dura escola de perfeição e num exigente exercício
das virtudes”15.

Se formos cidadãos que cumprem exemplarmente todos os seus deveres,


poderemos iluminar a muitos o caminho que leva a seguir o Senhor. Nos
nossos dias, “uma massa nova e ainda por modelar surgiu nas velhas terras
cristãs, ao mesmo tempo que o mundo, em toda a sua extensão, se
transformou no campo de uma acção apostólica que deve chegar a todos os
homens e na qual todos os cristãos estão comprometidos. Hoje a Igreja e cada
um dos seus filhos encontram-se novamente em estado de missão, e o que se
pede ao fermento é que ponha em acção toda a plenitude da sua força
renovadora”16. Isto é possível quando nos sentimos – porque o somos! –
cidadãos de pleno direito, que cumprem os seus deveres e exercem os seus
direitos, e não se escondem diante das obrigações e vicissitudes da vida
pública.

(1) Mt 17, 23-26; (2) cfr. Jo 16, 15; (3) cfr. F. Spadafora, Diccionario biblico, E.L.E., Barcelona,
1968, pág. 160; (4) Santo Ambrósio, Comentário ao Evangelho de São Lucas, IV, 73; (5)
Josemaría Escrivá, Sulco, n. 322; (6) cfr. Jo 17, 16; (7) Tertuliano, Apologeticum, 28; (8) cfr. D.
Ramos, El testimonio de los primeros cristianos, Rialp, Madrid, 1969, pág. 170; (9) Rom 13, 5;
(10) Rom 13, 6; (11) São Justino, Apologia, I, 17; (12) Conc. Vat II. Const. Gaudium et spes,
42; (13) ib.; (14) Conferência Episcopal Espanhola, Instr. Past. Los católicos en la vida pública,
22-IV-1986, 60 e 63; (15) ib.; (16) J. Orlandis, La vocación cristiana del hombre de hoy, 3ª ed.,
Rialp, Madrid, 1973, págs. 74-75.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

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