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a a a AVRA EAS ere STA 2 2 f ) LLIe Z Ph Pedro Duarte | E z o 5 6 ° sc z S £ 3 ° a S C) CasadaPatava C) ABERTURA: O MODERNISMO NA HISTORIA Jatas so simbolos. Nao ¢ diferente com 1922 para a cultura do Brasil. O ano em que se realizou a oélebre | Semana de Arte Modema, evidentemente, no inaugurou Ja entrada do pais no horizonte estético ocidental da epoca. Muito jé se fazia de arte modema antes @ muito 86 ‘seta feito depois. O caréte simbdico da Semana de 22 reside ‘menos nas obras apresentadas naqueles trés afamados dias de fevareiro no Teatro Municipal de Sao Paulo ~ embora elas também contem — e mais em ser ela a primeira expresséo Coletva de vanguard da cultura brasil. Por isso, o8 textos chamados de manifestos protileraram desde entao, Foia partir ‘Ga Sorrana de 22 que se sistematizou um desejo programatco, ‘autoconsciente e grupal de atualzacto estética diante do que ‘contecia na Europa, coorentemente desdbrado num projeto de nago - 0 Modernismo. “Epoca nenhuma da histeria fi ‘mais propicia & nossa entrada no concerto das nagées, pois moo ERn smo 0 we que estamas na época do desconcerto'? escrevia Oswald de Andrade. Revelava, assim, ndo 86 0 anselo de tomar parte no projeto cviizacional modemo através da ate, mas um diag- néstico creo deste projeto. O “concerto” acidentalestria esconcertado, e da interese de se destacar uma cont buigdo que, sem se situariteramente fora dele, tampouco cencaixava-se completamente dentvo dee: o asi Nesse sentido, © que podera parecer somente defeito « aberragéo quando comparamos © Moderiamo brasieico ‘com seus parentes no mundo torna-se, em vez disso, sua pottncia mais inima, porque original dante do modelo previo. Eo que a “modernidade periférica" da arte laino-americana ~ como chama a crc argentina Beatriz Salo - tom aofe- recer em um mundo cuja globalizacdo torou-se, acada dia, mais desconcertada, Se a dversidade cultural pode ser uma “ideiatranquilzadora’? conforme penea Fredric Jameson, que somente particulariza a Modernidade em tipos loceis, fora do estilo europeu e anglo-saxdo mas acata intacto 0 ppadrio universal do meroado capitalist, cabo pergunta soa perferia ainda pode se apresentar crticamente nesse sistema através de sua singularidade, com apeler para exotismos bana Pensar a arte ¢ o Brasil - de uma tacada 66 - era. compromisso do Modernism, determinante no século XX. Se e58a articulagio faz sentido no eéculo XXI, s6 podemos avalar conhecendo sua historia, Meu objetivo neste lio & contétla, dando énfase a ideias defendidas em manifestos_ obras, a fim da eacular a palavra modernista._ Reatualizando o discurso acerca da nacdo que pros- perara no Romantismo alemao desde o século XVIll, 0 Modernism brasileiro considerava que o espitito do pals, encontrava'se nas fontes culturais do povo, e procurou entlo associvlas a uma arte vanguardiste. “Conhecendo na formagdo priitiva das nacionaldades, o quanto importa 1 Omals de Ande, Mendis sntinentie de of Minar p10. | 2 avi Swe, Modded pita Buns Aes 192001080. | Freie arn, oder sigur anise pres,» 2 a temética lendéia nacional, porque pBe & mostra caracteres psicolégicos, e sabendo mais do que tinham feito nos leder Goethe, Heine, Lenau, etc’, reconheceu Mario de Andrade, “tive intengdo de seguir, abrasilerando-o, 0 processo can- tador desses alemes"* E assim fo. 0 exemplo alamo era sequido, mesmo que nem sempre de forma consciente, E ‘que, assim como os alemdes no avorecer da epoca moderna, _08 brlleros no comaco do século XX consitlam uma ‘periferia da cultura ocidental, e precisavam procurar sua ‘dentidade entre o [4 inevitvel pertencimento a este todo € 1 descoberta de sua diferenca enquanto uma parte dele. Por isso, 0 Modemismo, embora soja umn movimento artistic, fo também um movimento dé pensamento. O lugar dos ivros {e Mario de Andrade e Oswald de Andrade nas prateleras, da estante pode ser tanto proximo de obras iterdrias quanto do cléssiccs sobre a formacto do Brasil, como aqueles de Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre e Caio Prado J. Todos perguntavam: quam somos née, brasileros? No caso_ modernista, a resposta passava pela arte, pois a brasiidade, ‘stews, wer tanto descoboria quanto crada. —Socialmente, © Modemismo brasileiro fl feito por uma elite, Como nunca antes, contudo, buscou contaio com a ultra popular do pais. Othava-se o futuro com otimismo, pois @ erica presente alteara as rlacdes com o passado. 0 powo até outrora consttuido de escravos e ainda basica- mente anafabeto converteu-se em inoluntirio educador dos atisas aienados do pals, s “despaisados"? para usar a ‘expresso de Métio ~ que por sso empreendeu viagens etno- _buscavam romanticamente uma respsta pla revitalzacdo do, papel quo aa tera na socedade,absorvendo o elemento ‘cotdiano, pois *do cotidiano que vai até o vulgar esto 0 popular 0 revolucionério"* pensava Oswald. \Vincular arte @ vida, individuo e sociedade, nomena: <— 10, 0 042.0 68 ~ cis a tarefa posta Realzr a tarefa, entretanto, ncerrava‘o paigo de enigendrar um novo dog tratismo, noo tradicional que imitava modelos etrangeitos, tnas 0 do nacionalismo. Em 1922, o *Prfacio interessan tissimo" & Paulicela desvairada, de Mario de Andrade, rehindicara a iberdade contra convencées passadistas na arte.” 0 direio aos experimentalismos estticos. Obrigélos ‘andar no corredor nacionalata, porém, podera estretar a liberdade. 0 comeco da correspondéncia de Mério com Carlos Drummond de Andrade ocupa-se desse assunto Se 0 poeta mineicoaplaude afeictonacionalista do Moder rismo tonificada a patr de 1924, pondera a sua amoaga 1 iberdade erativa ainda recentemente conquistada pelo movimento, pois poderia constranger os artistas em uma ‘nica dire. nfm, Kberdade! Ea uma conquista de voose, modemistas de Sto Pauio Ro. Nao a ponham a perder. Vala a pona zor ‘uma revoluedo itera para chegar a semenant resultado? Vencer a roina, a precancot,a ita, o ugarcoman, 38 academia de lotvas quo foreacem dentro o fra de nés~ para depois acabar com as mesmas ideias de um Joto do Norte, por exempla* ‘Sem abrir mio dessa racial iberdade ciativa doartita, cs modernists queriam dar a suas obrasimportanca sci, 6 que ndo impicavaemiutirnelas qualquer carter pane trio, O meio para fazo era fundement-as em um solo Comum entre autor ele, produtreespectador. Esse 8010 21 Caton Damen cade, Cars © i,» 80. Mm +d ala seria a brasilidade. Nesse sentido, embora o nacionalismo ‘Seja uma nota tipica da vanguarda feita no Brasil e quase ausente na Europa ocidental, ele atendia a uma exigéncia ue perpassava os movimentos atistcos de entlo: apreximar arte e vida. Se exageros podem ter feito a arte da época ‘descambar para simbolos nacionais simplérios, perdendo 0 vigor da nova linquagem, a preocupacso moderrsta tocava, pporém, no problema fulcral da diminuta relevdncia politica da atvidade estética no mundo. Conforme afmou Joan Dassin, “através do nacionalismo, Mario procurou, pois, socializar 0 artista brasileiro'* Por isso, a radicalidade inovadora era contrabalangada pelo compromisso com a arte enquanto ‘base coletiva da sociedade. Quando discute a sua estetica 1a correspondéncia com o amigo Manuel Bandeira, Mario enfatiza a relevancia da recepeao da arte para que esta cexista. Uma obra realizada, mas que nao aparece, deixaria de exist. Seu fundamento 6 a *mensagem-do-amigo”, pois © amor ao outro 6 que a move, ela 6 sempre “conetruida, para intorassar’® Nesse contexto, a misica pareceu, a Mario de Andra uma forma de arte privilegiada, por sua capacidade comu- ritcativa mais direta. Ja fildsofos do século XIX, como ‘Schopenhauer e Nietzsche, atribuiram & musica essa con- digdo especial por ser uma “linguagem imeciata’* capa de atingir as pessoas universalmente. Isso servia como uma luva as pretensdes de um projeto de formagao, como Mrio © concebia. Ele pode tomé-la, entre todas as artes, como ‘a “que mais unanimiza, mais socializa o povo' afastando © individualismo burgués. Isso elucida porque Macunaima, de 1928, busca a sua estrutura narrativa em processos musicais de suites de variag6es, conforme identificou Gilda e 23 Mio de Andrade, Conespondinca Mio de Anda e Mane! Bandi, paz, 2 Fadich Neate, Orascnant tg Hine pain. 25 ti de Acid“ adr msi’. 20% de Mello © Souza.* Paralelamente, o Ensaio sobre misica brasileira, também de 1928, prescreve a nacionaizagto nos ‘modes feitos pelo romance: inepiragao no folelre para criar Ccomposigdes eruditas.” O exemplo maximo seria Heitor Villa -Lobos, 0 autor das Bachianas brasileiras. Com a pujanca inconsciente oriunda do material popular, a arte madernista ‘esperava recuperar a antiga forca social perdida e recolher a diversidade do pais pela sua sonoridade, combinando a portuguesa, a amerindia, a africana, a eepanhola e até 0 tango argentino e o jazz americano. Desse modo, conforme Mario defendeu em seu famoso discurso de pereninfo para a turma de formandos do Conservatério de Misiea no qual ra professor, a arte poderia superar a “exaltaoio egoistica 4o individuo"™ em que se transformara na época burguesa. (O ano era 1935, e Mario engajava-se na chetia do Departa- ‘mento de Cultura da Prefetura de So Paulo, de onde tentava cconcretizar suas ideias sobre formacao e educacso pela art, Esse projeto, em principio generoso, foi prejudicado, centretanto, por dois preconceitos do proprio Mario de ‘Andrade. Primeiro, ele permaneceu agarrado & valorizagio do estilo musical grandiloquente, aquilo que Santuza Naves ‘chamou de “estética da monumentalidade"” Segundo, ele lequacionou 0 popular ao rural, distinguindo o bom material folclrico tradicional do mau material popularesco, que seria > Isso explica a pouca atencao dada pelo Moderismo pau: lista & masica urbana, como 0 samba carioca {mesmo que 20 Ghia eM Suz, O po ani une nae de Macunaina 27 sido Ande, Ene ste mice basin 28 i de Arad Aspector da mcs bala, 196 29 Sana Cant Medrano p96 {0 Tea W Adon «Mac Horie, iis do econ fagmenie oxtieos 9119186 m -55) #18 contradizendo a sua produce pottica, ligada a cidade) Combinados, os dois preconceitos ameagaram fazer da musica menos o elo da arte com a vida do que com a politica de Estado, como ocorreu entre os anos 1930 e 1940, cam ‘o-governo de Getto Vargas. Regendo obras nacionalistas sublimes, Vila-Lobos virou signo estatal Recuando até a Semana de 22 propriamente, a musica tampouco acharia uma resposta satisfatéra para o impasse ‘entre a independéncia experimental e 0 compromisso comu- nicativo. Eiadeflagra, antes, a hesitacdo tipica do evento, pois “as manifestagdes musicais da Semana (como, de resto, as das ovtras artes) néo compartlham de nenhuma solugao radical’, cbservou José Miguel Wisnik, ‘nem se pensamos no ‘modelo formal das vanguardas europeias, nem se pensamos ‘na compacta preocupagao de nacionalismo que marca a ‘musica brasileira depois de 1924"* Nesse momento, por- tanto, ndo se rompeu drasticamente com o sistema tonal © ‘nem se apelou para ofolclore popular nas novas composicoes, Descontados o8 preconceitos, porém, 0 compromisso 6tico modemnista de socializar a arte ganhou express6es tartias ja desatreladas de todos os excessos doutrinérios. ‘Tom Jobim ¢ Chico Buarque, s6 para citar dois nomes indis- cutive, alcangaram tal feito nos anos 1960, cumprindo, a seu proprio modo, a promessa modernista dos anos 1920, ‘com misicas esteticamente sofisticadas e cujo poder de ‘comunicagao ultrapassou as barreiras de classe econémica. [Na mesma época, Joaquim Pedro de Andrade adaptou Macu- ‘naima para o cinema e alcancou grande sucesso popular, pois fugiu do hermetismo, “adotou uma estrutura mais sin piles, empregando uma dic¢éo maie comunicativa, até para atingir um publico maior’, como notou Renato Cordeiro Gomes. uma vez que o fie fitrara experiéncias radicais — 8 81 Jot Miguel Wank, O cove ce conn mica am oo sama de 225.11 82 Ranato Coréoke Gomes, Cute» lamar: Medemisma artopolgs © oan’ 7478, do Modemismo literério mas as combinara com a chanchada Popular. O biscoito fino chegava as massas segundo um projeto de formago do pais. 'Nesse sentido, o Modernismo foi um movimento criativo de arte e, unio, formativo do pals, tentando entrar em sintonia ‘com as vanguardas europeias, de um lado, e com a cultura brasileira, de outro lado. Romanticamente, vivia-se sob a -crenga de que a poesia seria a experiéncia fundante da nacio- nalidade, de que a arte feria um papel decisivo na historia. (Oswald de Andrade cita nominaimente 0 famoso verso do poeta romantico alemao Friedrich Hélderiin, sequndo o qual “o homem vive poeticamente sobre a terra’? Como essa terra era 0 Brasil, no caso moderista, a poesia precisava ‘estar em afinidade com a nacionalidade, fazendo a cultura ‘mais do que apandgio instrutivo, dando a ela sentido ativo. Procurava'se 0 que Friedrich Nietzsche chamara, antes, de “unidade de estilo" de um povo, como se 0 programa do Modernismo brasileiro fosse admiravelmente antecipado em ‘meio século pelas teses do fildsofo aleméo. (© pow ao qual se atibui uma cultura 36 dove ser em toda ‘realitade una nice untae ona eno exacolare mise ‘aveiment em um intror 9 un exterior, em contaddoe forma. (Quem spa quer promover a cute de um pow dove asia ' promover esta unidade svproma erabalh conjntamants 8 ‘2nigiacdo deste modo medame de formagto em favor do ‘una veda foro, arevendo-c a reli sobre 0 modo como a saide de um povo, perturbed pela histra, pode eer restableida, come ele podria reencontrar sous nstinoe 6, comisto, sua honestdace* No caso do Brasil, a perturbagdo da historia referiase 20, assado colonial e escravocrata do pais, que interdtava a ‘oncepeao de nara, a0 excl indios @ negros. "O poeta e {38 Onmld de Anda, Nowe dense posi 119, ‘4 Feaioh Net, Sepnd cones imps a ade deer "agence Nat pu aid, 9. 95:98, Cane pees. mes ‘ABERTURR: 0 mOBEANIS rt ‘ong opsntho «ooo ido no 6 tanbémo poo tree Oovald de Andrade Pisa eta foto pope aRTeREe Te soRaaerone ja ae paid re high arena Soma omarde drag em ou ade dota, Orosoo Seen eee asa emma de conecdoeedooda pats deter de etn nates Sas cares CoC aoe ae er aS populres esquecidos Os maderstasericavar a Moder Ade Gus et‘ ura um projeto_| | estetico de inovaco da linquagem e 0 projeto ideotégica de | Mm +g Abo Sn weston "Nos termos de Davi Arrigucci J, “o achado estetico era também um achado de pais!” Repare-se que o ache estético vinha importado das vanguardas, mas iberava a abordagem do nacional, ¢ o pals al encontrado dava origina: lidade singular para esse achado estético. So exemplares, sepetoere corn ta ponderde Parinatos. | manifesto homénimo, de Oswald de Andrade, em 1924; 0 Manifesto antropatago, também de Oswald, e o romance Macunaima, de Maro de Andrade, em 1928, CCronologicamente, tomou-se comm divi o Moder- nism brasileiro em uma primeira fase mais devotada a0 Projet esttico outa fase que priorzou 0 projeto ideal ico. Lafeta considerou os anos 1920 mais estticos e os anos {930 mais deoldgioos, marcados pela poltizario do" Basi e do mundo. Os problemas coneretos do pais foram ‘exprimidos nos romances seciais realistas de Graciiano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado e Rachel de Que ‘02. Ganharam félgo os enesos de intrpretagao do Bras Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda ¢ Caio Prado Primo experimentalomo de inguagem dis venguardas perdeu sua intensicace, pois 8 expressao premente dos Conteidos ideoldgicos reduziu 0 especto das invengdes estetcas, xigindo formas mais faces do comunicapto. Essa cronologa poderia ser ainda detahada com mais uma dvisdo dentro da prépria década de 1920. Eduardo Jarcim de Moraes percebeu que, mesmo no seu comeso, ‘o'Modemismo apresentaria dois momentos com énfases distntas: 0 primeiro seria o da renovacdo estética radical, iniciado em 1917 quando Oswald de Andrade © Maro de ‘Andrade comecam as batalhas cricas em nome de uma modemnizagéo da arte no Brasil; © 0 segundo seria 0 do nacionalsminiciado em 1924, quando se busca entéo interpretar o préprio pais @ seu er.” Se somamos essa 177 Daw Ariguci ry Hic, cic mot: soni de Manel Ganda, 78 Edad ain, brane modem: sn reat losin, ‘ronologia & de Lafeté,temos entiotrés etapas encadesdas ‘do Modemismo no Brasil: a renovagio estética, a nacional {lo da renovacio e a pollizagdo da nacionazagso. sso ‘ude est preciso enquanto perodizagdo do movimento Divo Moderismo em etapas, contudo,néo deve el sar sua unidade conceitual Em 1915, Oswald de Andrade escrevera “em prol de ura pitura nacional’ Em 1916, ‘rita Matfatpintava.Topical®” O nacionalismo estava desde o inicio, oiundo do Romanismo, als, mas alado a0 ‘pojeta de renovaglo estética. Eam dois lados da mesrna reds, anda que as vezes uma face dea fcasse mostra. Em summa, a divisdo cronolégica esmiiga as variagdes de tiie ent ate declogia no Madero, mas ee fifo da alanga das dua, Maro de Andrade chamara ja atone, em 1942, para a particuardade do movimento: associa peoauisa exit ntrnacional 6 Coneckncia nacional leo & ‘ve define a primoravanguarda basic, dierent, como dbserou Aracy Aaa das experincias mexicana eargen- ta aquela mas nacionalsta esta mais intoracionlta™ (© movimento ere, assim, coerente com a historia do Desi na medida em que, come cevnalou 9 erica Mario Pedrosa, 0 pais foi "condenado ao moderno, desde seu fascimento"*? Seu argumento era que, ao contrario dos ‘ate pales ltine-arericanos, enter ote ne indie "seulitoralviegem os primeiros navegadores” Nossa cult 20 travar contato com a arte ocidental, era desprovida da solidez de outras, cujo passado tinka sido edificado antes ‘ue europeus atracassem por estas terras. Pedrosa comenta (qu “a primeira arte que tivemos no Brasil foi a barroca, ou 1 Cowal de odd“ pode ura pita ncenal p14 {Tad Chil “pis. Ant Malate te suet: 1 encyA Aarts pia na Sonara de 2,021 Miro Poess racdto & aqua bahia =I. 2%. m +8 ‘ABERTUaR: 0 moNEAnISM oe HISTOR sejaa arte de ‘vanguarda’ na Europa de entéio:® Na linea: tidade histrica ocidental, pulamos o Classicism e fomos direto ao Barroco, que surgira, porém, como oposigao a ele. ‘Nascemos jna.aposicdo, sem conhecer a posicdo primeira, Pegamas o bonde andando. ‘Nosse sentido, a unido entre a arte de vanguarda a pesquisa do pais no Modemismo era pertinent diante da formagao historca do Brasil, como so j estvesse inscrta ‘em nossa origem e determinasse nosso destino, O futuro bbuscado pela vanguarda era, também, a volta am passado que fi mascarado.O século XX modemistavotava-se contra, ‘© século XIX parnasiano para recuperar 0 século XVI ba 10c0, Dai seu interosse por Minas Gerais, pelo Alejadinho € pels igrejas “do beleza dramatica, ja omamentades com flores e frutos locas", como notou Pedrosa. No anelo do tempo pestico, 08 medemistas sabiam que, “ungido pelos mesmos poderes polémices do novo, 0 antiquissiio nao ‘um pasado: é um comeco"™ conforme escreveu 0 poeta mexicano Octavio Paz, Na veriente desse Modernismo que, apesar das diferen- {28, alinna-se com Maio de Andrade e Oswald de Andrade, © Brasi_percuntou pelo seu proprio ser em relacgo com 0 ‘mundo estrangeio, sem copi-o de modo subservient, mas Sem 36 ieolar dle, Tratava-se no 86 produzr arte e vida ‘modernas no Brasil, mas de compor arte e vida modemas brasilsras. Nao bastava ser feito no Brasil era preciso ser do Brasil ~ "o que no se deu sem alguma patriotice"s* segundo Matio. Por isso, Oswald exigia que o nacionalismo tivesse contato internacional: “Querer que a nossa evolugio 88 processe sem & latitude dos paises que avangam 6 a triste xenofobia que acabou numa macumba para turstas"* 53 id. 9 920, Logo, 0 pensamento de Maio © Oswald exclu dervagde: ‘como a Escola da Anta, ou 0 Vorde-Amarelo, de Cassiano Ricardo e Plinio Salgado, ufanstas com o pas e dluidores da ‘ola inovadora na estétca. Encakanse estes, segundo Haroldo de Campos, no fendmeno do kitsch, isto ¢, tormam ‘aguada, Conservadora e superficial a forga da vanguarda, modernista de que descendem:” Inclusive por isso, impor tant frisar que, conceitualmente, toda a investigagao sobre © Brasil de Mario @ Oswald era atrelada a renovacdin astética _cosmopolita, O “desrecalque localsta’e a“assimilaéo da vanguarda europeia’ como sintetizaria Antonio Candido posteriorments, foram as conquistas moderristas Nese contexto,tentava-se atualzar o Brasil para que ele 28 encaixasse no projeto ciiizacional moderno, contudo, também 9° cogitou, em oportunidades mais ousadas, que sua contibuito alterasse tal projeto em um novo ~ e melhor ~ sentido. O Modernismo brasileiro foi uma espécie parti cular dentro do género mundial das vanguardas, entretanto, a pergunta que interessa fazer é se, além da participagao ‘nessa categoria goral, sua singulridade a coloca em ques- to, Lndo 0 que Oswald de Andrade dzia apés a Segunda Guerra Mundial, 28 suas opinides revelam que si Brasil podie oferecer uma eiferenga Femte & E Perguntavarnme (} que se devi ar com a Alsmanha depois 4a guerra? Esler inti? Comnizar? Entragatodina 20s rowegueses 20s gregos #08 russ08? Acs lho dos uzlads, ds enfrcatis «dos bomibardeads do mundo ints? Disa 08 judous? — Nao preciso allebeizar esse monatrenge. (.) ‘A Alemanha racist, puritae ecorita precza sr edveada elo nosso mult, plo chinks, pl nda mais atresado do Pers ude México, pelo arcane do Suc. € pres de uma vez para sempre. Preiea ser desta no melting pot. Preiea muatizarae, risturada 7 Hl de Campos “Yanga hse. 198. Be tro Cand, Ura etra~ ae 19000 1045p. 12. 89 Owl do node “Sl inn’ p62 Re Serale tea E m a e18 misma ws Curiosamente, a singularidade que o Brasil tera a ofe- recer para 0 mundo, portanto, nao era um dado essencial ‘especifico, mas sim a prtica de misturar os supestos dados cessenciais especificos. O mulato ¢ 0 atestado da mistura étnica eo signo da mistura cultural. O purismo pelo qual flo- sofia tradicional ocidental defini a identidade de tudo aquilo que ¢ ~ inclusive das nagées ~ era crticado pelo Moder- nismo brasileiro. Oswald entendia a cultura nacional, em 1926, pela metéfora da antropofagia: assim como os indios do Brasil canibalizavam outTos homens para absorver seus “predicados, a Sociedade bras para adquirr suas virtudes. “S6 a antropotagia not cizia Oswald, Ou seja, a unidade do Brasil seria con ‘no por uma pureza intrinseca de si, mas pela ass _impura do outro. Nao por acaso, a vanguarda estética do” Pais, nos anos 1920, foi chamada de Modernismo, nome ‘que, no resto do mundo, designou o conjunto das varias vanguardas. E que, no Brasil, a vanguarda néo era nova, PPor excluir outras, @ sim por misturé-las, 0 que ja era fruto {da “antropofagia como visao de mundo" na expressdo de Joao Cezar de Castro Rocha. ‘Também a aproximacdo coletiva entre as diferentes for. ‘mas de arte seguia essa tendéncia, Nesse sentido, a Semana, do 22.6 exemplar, pois queria atuaizar o cen estetico bra sil através de pinturas, esculturas, concertos, maquetes, Fecitais, poemas, palestras e tudo 0 mais, como se houvesse antropotagia entre as formas de arte, Embora a literatura tenha se tomado historicamente dominante, "0 impulso ini Cial do movimento modernista veio das artes plasticas’”* ‘segundo notou Manuel Bandeira. Primeiro, com a exposi ‘980 das telas modeinas de Anita Malfatt, em 1917, motivo das fortes polémicas que aproximaram os mentores do 80 Oswald de Anode, "Mantes anbopags’ 9 Joso Carr de Casto Rocha, “Ua ler dh export? Ov anepoaia {52 Marl Banda, "Apresertapto da postin ais’. 654 movimento. Segundo, com Victor Bracheret e sua escul- tura da cabeca de Cristo cujo cabelo tinha trancinhas, pois ‘horror que ela causou na familia de Mio de Andrade & que o levou a, enfurecido, escrever sua Peuliceia desvairede. Terceiro, com o quadro Abaporu, de Tarila do Amaral, pois le foi 0 pontapé inicial para o "Manifesto antropofago", de (Oswald de Andrade. Portanto, sobretudo a literatura ¢ as artes plasticas, mas ndo 86 ela, “funcionaram como vasos comunicantes™® no Modernism, observ Jorge Schwartz Se a pureza dos meios era investigada, 66 0 era na mesma ‘medida em que todos o8 meios faziam acordos na cultura para que a liberdade de cragtotivasse vida, Ou seja, a autonomia de cada suporte de arte nao exchia 0 movimento de uido dos artistas e dos seus meios. (© sentido coletivo das vanguardas negadas © negadoras, bam como a sua pretensdo de constr um movimento que envolesse formas de are dierent entre si, permaneceram 1a tistria do Brasil apés © Modernism dos anos 1920 ter chegado ao fim. Como profetizou Graciiano Ramos, 0 Modernismo preparou 0 terreno para geragdes vindouras. Mais que este ou aquele esti, fxou um pacto entre liber dade de inovagdo esttica e conhecimento do pais. Basta saltarmos até 0s anos 1960, que o confiemamos. Se Mario ascumira protagonismo na meméria do movimento, agora Oswald era trazido ao primeiro plano. Seus agentes foram os poetas Harokdo de Campos e Augusto de Campos; Jose Celso Martinez Corea, que fizera a histérca montagem da pega O re da vela,em 1967; Ho Oiticicae Lygia Clark na aro, ele propondo uma “super” antropofagiae ela crando a Baba antropotégca; Joaquim Pedro de Ancrade, que adapta Macunaima de Mério para o cinema com o esplito antrope- figico de Oswald; Caetano Veloso, Gilberto Gil ¢ outros na Iisica,mpressiona que a eneria moderista, ands mals de 40 ano: 3 ‘ge Swat, oer de vargur: a nur ra Andre Ltr 10 “55 418 ‘weuTune: 0 mouesnisma ne wisrtn tropical, escrito ja em 1997, Castano lembra que Oswald {era 0 denominador comum pelo qual as diferentes formas de arte, Aquela altura, aproximavarm-se em um movimento gral da cultura no Brasil (Os protagonistas do Modernismo jé estavam mortos no final da década de 1960, mas ele continuava evidente- ‘mente vivo, tal como em sua origem: através da exigéncia de Cconexzio entre renovacao estética e preocupagao nacional 'Nésse sentido, desde o fim da década de 1910 até a década de 1970, o Modernismo foi fornecendo as referencias de Pensamento mais importantes para a arte no Brasil além de romover efeitos na politica ¢ na vida intelectual de modo _amplo, como 68 houvesse, a despeito de todos os desdobra- ‘mentos e diferenciacbes, uma certa continuidade historica ‘nese trajeto, pouco perturbada e pouco questionada. O ‘Modernismo triunfava, com frutos jé cronologicamente

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