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discussa0 com familias (pais . consumo no cotidiano de seus filhos. A partir da Jevidenciar o surgimento de uma infancia «jnfancia produto”. 0 trabalho szacao de grupos de sudo contemplou a reall#seat eee Pp relacdo com 0 con sive e material, foi possiv' i este estudo, como contemporanea intitulada, peste oat cbes hee (1989/2008) ore fe edrico as C : ; tem como referencial te ; andoa cultura do consumo, Sarlo (2000) e Lipovetsky (2007), Beane dersimes . multiplicidade de merece destaque na estrutura eSco i eee Ore ascociadas a Oltras pati sujeitos que estdo emergindo nas sa'as « Partindo-se, entao, do pressuposto gias, em especial, 4 pedagosia dG ee uma referéncia que assegura, a de que 0 consumo de artigos °° eerie tae da escola, o estudo Busca crian¢as, mariana ao a1) op se dom contribuldd cdi Copeen ue forma as ei das identidades infantis contemporaneas. m realizados encontros de discussao com grupos de pais,” tentando apontar conexdes nia relagao cotidiana entre familias, criangas e consumo dosartefatos escolares divulgados pela io Inicialmen- te, os depoimentos foram organizados em duas dimensoes: infancia rebelde e infiincia descartdvel. No primeiro grupo, infancia Se foi agrupado o conjunto de depoimentos de pais que remetiam para uma infancia que est4 pouco satisfeita, que interfere na rotina didria — tal como ir ao supermercado ~e que exige negocia¢4o a todo o instante. Jana dimens4o infancia descartavel foram agrupados os depoimentos que evidenciam uma infancia que deseja brinquedos em excesso, os quais descarta com muita facilidade, e sempre quer algo novo que o colega de escola tem ou que aparece na propaganda. Apés essa etapa, emergiu uma discuss4o norteadora para este estudo, intitulada “infancia produto”. mies) sob! anilise de: Numa primeira etapa, fora Pode-se dizer que a pedagogia, nestes novos tempos, assume diferen- tes contornos e que, assim como as infancias, sofreu transformagoes com 0 passar dos tempos. O mesmo ocorreu com 0 entendi to daquilo que se compreendia como conhecimento; mais do que isso,{a escola)- que era con- -Alderada como o espaco privilegiado de aprendizagem — passa a ser povoad. é a considerar - ae ecg ae ee ae 0 consumo tornaram-se t4o fale ee eee ne ue saa aoa oe < pensar na infancia que vai a eae a es bicicee Gat : = es implica pensar nas praticas de consume postas em circulacai ae culagao pela midiae que acabam por acompanhar as criancasN@ *Grupo constituido de famili le fe ; familias de criancas da rede publica da Educagao Infantil e Ensino Fundamental sala de aula, Nesse sentido, 0 que conduseste os de uma “infincia produto’, que surg participantes da pesquisa, tudo 6 a andlise da emergéncia partir dos depoimentos das familias Educagao para o consumo ‘0 contexto no qual vivema 1 NAO ha mais como ignorar que @spacos diferentes e fora da escola ~ tais como a televisio, a internet, o cinema, o shopping, entre outros = também proporcion: nhecimentos, contribuindo significativamente para a constituigao das iden- \tidades infantis}Nao que a escola nao continue tentando desempenhar o Seu papel na constru¢ao do conhecimento, mas, no cendrio atual, professores e professoras tém dividido o espago escolar com outras pedagogias/Atribui-se, 4 pedagogia do consumo, o mesmo sentido que Kellner (2011, p.108) aponta para a publicidade, ou seja, como sendo uma pedagogia “[...] que ensina os individuos 0 q 5 precisam e devem desejar pensar e faze eli- * do, valores e quais com) S Sai i endoaceitaveis”. Nesse sentido, Sarlo (2000, p.118) lembra que “a escola, sem dtivida, nao ensinava a combater a dominagiio simbélica, mas proporcionava as ferramentas necessarias a afirmagao da cultura popular sobre bases dis- tintas, mais variadas e mais modernas que as da experiéncia cotidiana e os saberes tradicionais”. Entretanto, ao longo da segunda metade do século XX, a sociedade vai passar por grandes transformacées, sobretudo no campo da comunicagao e das tecnologias, e isso acaba por mudar toda uma légica que estava fixa, s6lida e estabelecidaJA sociedade, até entao considerada como de pre ss, comeca a reestruturar-se e ingressa num estagio embrionario de consumo, buscando encontrar um novo engendramento para o seu funciona- mento. Nesse momento, segundo Lipovetsky (2007, p.11), surgea “civilizacio do desejo”, ou seja, am informagao e miltiplos co- A vida no presente tomou o lugar das expectativas do futuro histérico e do hedonismo, o das militancias polfticas; a febre do conforto substituiu as pai- x6es nacionalistas e os lazeres, a revolugao, Sustentado pela nova religio do melhoramento continuo das condi¢gées de vida, o maior bem-estar tornou-se uma paixdo de massa, 0 objetivo supremo das sociedades democraticas, um ideal exaltado em todas as esquinas. Raros sao os fendmenos que conseguiram YW 117 modos de vida € 0S £9St0S, a5 aspir mmintervalo de tempo to curto, ja wo das sociedades liberais “deve” (LIPOVETSKY, 2007, p.11-12) modificar tdio profundamente 0s P comportamentos da maioria em ¥ conhecerd tudo 0 que 0 homem no) da sociedade de consumo de massa. a divdiras salas de aula com outras pedagoSasaPro™ oa tsCile fambémesiamos enrentando questonamentie Boe PETES Nan jamento didrio e, ainda, no que se refere a0 olhar para as vent ‘aS que chegay ento deuma sociedade baseada gy ¥s classes escolares, isso se deve a0 surgim p e desejos, a “sociedade do hiperconsumo’,” assinalada por Lipovetsky (2097; a qual nao s6 mobilizou a escola, mas tambem mudou toda a estruturacy que havia na sociedade. Na discussao realizada com os pals sobre o cons diario, observa-se que essas mudang¢as perpassadas mo decorrer do século sao percebidas atualmente nas relagdes entre os pals ie seus filhos, confo; manifestam um pai e uma mie participantes da pesquisa: nas familias, na maioria das vezes, o pai trabalha agente vé que os dois trabalham fora. A mulher a televisao se tornou entretenimento [.] £ que hé 20 anos, mae ficava em casa. Hoje, jAndo é mais dona de casa, entao, crianga (mae de menina). ‘Agente seguido vaiao mercado, nao émais aquela coisa de uma vez por més; antigamente. Hoje, nao, tu vais trés, quatro vezes por semana ao mercado. 0G vai, mas quando...Se ele faz umas birras dele la no meio, pronto, ele nao vail pode ir? Vou me comportar”, Se a gente sente que ele nao vai se compo! no carro comigo. A Daniela [esposa] vai, faz as compras, e ele sabe que el porque nao se comporta e, realmente, comprar, assim, consumismo, nao nem..Mas éum mecanismo, nao 6? £ que ele quer: “tem uma surpresa| hoje, pai?” “Nao, filho, nado, Nao é teu aniversario, nao é Natal”. Daqui a pol anossa data festiva vai ser um dia de comércio [pai de menino]. : De acordo com Bauman (2008), 0 que triunfa nessa sociedade e: ae de todas as outras é a promessa de satisfazer-se individualmer 0 0s sujeitos na busca incansavel pela satisfacao de seus desejos ea — * Segundo Gilles Lipovetsky, a f a Soci é Ciel wee = dere do hiperconsumo é aquela “[.] na qual 0 consumo pratica; do o y is eixos antagonistas: de um lado, a compra corveia i Teer hednica ou compra festa, que diz respeito tanto aos produtos cultu carro, moda, mobiliario, decoracaio etc.)” (LIPOVETSKY, 2007, p.66). ainda nao realizados, a do recomeso, colocando-nos em um Serre es ios sentirmos pertencentes a essa outra estrutura & sca permanente para tal forma com esse modo de Vida, que jd nao basta pea arquitetados de oe Beans sim] que ainda nao tem a ronswmun ta apenas (LIPOVETSKY, 2007, p.91). Isso significa dizer i ip ta taatertal® ao sonhar e desejar algo consigo mesmo ou em » mesmo em pensamento, osonho de consumo do outro ainda nao eee ao partilhar 0 desejo, aa ado, ao estar “experimen- wa fe : Hse mee do outro, ainda assim, 0 consumo oe a for tizada: 0 consumo pode ser entendido tanto como oe aH ie ‘yiagem” pratica pgnto como uma “viagem’ nao concretizada, uma “viagem” que se revela por meio do desejo do outro : a Pedagogia do consumo 2 Diante desse cendrio, onde se busca encontrar a felicidade através dos objetos que possam satisfazer os sonhos e desejos, a escola recebe as crianc¢as e procura desdobrar-se diariamente para dar conta desse sujeito que esta chegando as classes escolares - alfabetiza: ela peda; do consumo) e outros estimulos externos. Diante disso, torna-se evidente que as criangas chegam ao ambiente escolar alfabetizadas, ensinadas ou disciplinadas pela pedagogia do consumo. Portanto, os comportamentos, condutas, modos de pensar e agir ja estao alinhados para que os sujeitos sejam “hiperconsumido- res”, pois assim foi ensinado por meio das marcas e dos logos divulgados nas midias. Sendo assim, a educacao para o consumo comega antes de as crian¢as frequentarem as classes escolares. Blas ja estao sendo ensinadas desde muito cedo através da midia, que divulga marcas e logos, quitas de suas primeiras palavras, necessidades e desejos surgem desse universo midiatico, Bauman (2005) afirma que wndénciadas compras” se estabe- stintas parameninos emeninas tem especificidade de Jer, ou talvez bem antes, a“depe! hdAestratégias de treinamento dis diferentemente do de produtor, n40 ‘Tao logoaprendemal Jece nas criangas. N4o ~o papel de consumidor, ' ero. Numa sociedade de consumidores, todo mundo precisa ser, deve ser e tem. gén 1 vocagao. (BAUMAN, 2005, p.73) que ser um consumidor po! 119 tor, numa sociedade de consumidores, todos preg, Conforme o aul a légica do consumo. Porisso,a pedagogia do consumidores e estar’ dugao de sujeitos, ensinando e reforgando C la na prot est4 imbricad: habitos de vida, buscando reafirmar que os des, mentos, atitudes eh am ser concretizados para que se fenha reali no satisfeitos precis da assim, as insatisfa¢des, a todo o instante, vidual e felicidade. tet apenas duasescolhas, das posigdes bina. sa lembraro eee aceitdvel, ou nao aceitavel, pois ™ ocupadas: ou se & Sam sep, CONsumg ‘Ony Ita, 88 ainda Zacao tantemente ensinados, seguindo os moldes da melhor Bric, 4 formate nossas agoes Tigorosamente Oe que fomentam a realizacdo dos desfgnios dessa soe Bese ier Shlisntduiciiclraconsmnistae crescem mo, oan mas caro e suas normas. (COSTA, 2009, p.35) Pedagogig dentro ge ‘ledade, As delando.sa Portanto, o ensino da pedagogia do consumo passou : dominar a Vida) cotidiana das criangas dentro e fora da ace colacando a disposicao dog pequenos uma série de modelos a serem fe anes: adquiridos €, em segui- da, descartados. Assim, as criangas crescem seguindo determinados padrée. e normas de acordo com a escolha realizada de viver a infancia, e um do. modelos a seguir é o da “infancia produto’, ou seja, um modelo de viver um: infancia que nunca esta satisfeita, que compra e descarta com muita facilidad que desestabiliza uma ida ao supermercado em familia e assim por diante, Considerando que as crian¢as passam boa parte do seu dia assistindo, televisdo e acessando a internet e que 0 controle remoto est4 sempre a ma Para que se possa migrar de uma atracao para outra, elas nao tem como, aprender com a grande gama de imagens encantadas que aparecem raj damente nos intervalos entre uma midia televisiva, sobretudo as Prop. © consumo. Nao se est4 querendo di: joe pela mudanga de hab; i ; tis ah : mine Se pode negar que, pela quantidade de horas qi ae ha, esta tem contribuido fortemente para impulsio Perconsumo na infancia, Vejamos alguns depoimentos dos [.-] principalmente no Discovery Kids! Nao, toda hora: le, compra isso’, “mae, olhaa boneca tal’, “olha o brinquedo tal’, é toda horal D: tem que abrir uma loja de brinquedo porque [risos] é toda hora. £ falo “nao, eu compro, compro”. Tudo eu “compro’, mas assim, eu nem olho, porque é toda hora! [mae de meninal [..] tem mais propaganda que desenho.. [mae de menina]. [.J 0 incentivo maior [para compras] é a televisio; o incentivo ao consumo, ao consumismo, é da televisio, porque é “compra, mae, compra, mée!”. E, se tu vais na onda deles [filhos], tu ests falida, porque tu passas 0 tempo inteiro consumindo [mae de menino e menina]. Eunoto que, no dia em que ela [filha] brinca bastante no patio e nao vé televisao, cla nao pede tanto. Mas, quando ela vé mais televisao, ela pede mais. Isso eu noto direitinho [pai de menina]. [..] nés somos bombardeados por ela [publicidade na televisao] também, porque ela nao desperta s6 desejos infantis, mas sim de nés também, é demais. Mas a gente tem que saber medir isso, eaf que é o ponto crucial. Onde que a balan¢a vai fazer o contrapeso? Lembro quando era crianga, em casa, nossos presentes eram pasta de dente, sabonete, coisas de uso coletivo, comum dentro de casa, e nunca agente sentiu falta disso porque nao tinha propaganda. Gostava do Kichute na 6poca, mas nao tinha dinheiro para comprar o Kichute, entao, comprava conga, era o mais barato, o que dava para comprar [pai de menino]. Os depoimentos dos pais apontam que ha uma mudanga de compor- tamento das criangas quando assistem mais 4 televisdo durante o dia, em compara¢ao com outras brincadeiras. Quando se passa 0 dia, ou quase “todo odia’ sob os cuidados desse meio de comunicagao, os desejos e as solicitagoes tendem a aumentar, pois se renovam a cada mudanga de canal, a cada novo programa. Ainda assim, conforme relato do pai anteriormente descrito, os adultos também sao seduzidos pela midia televisiva, que desperta emo¢ées e desejos, evocando sentimentos e lembrangas de quando eram criangas. Desse modo, a midia televisiva contribui fortemente com a constitui¢ao da “infancia produto’, que deseja consumir a todo instante. De acordo com dos depoimentos anteriores, é possivel observar que ha uma sucessao de solicitagdes aos pais Para que se movimentem na mesma intensidade que as criangas; as criangas Solicitam, pedem, negociam, procuram cansar os pais. Aoassistir a televisao, entre um programa e outro, de acordo com Lipo- ‘elsky, “... os telespectadores zapeiam para evitara publicidade, mas o fazem Ambém para procurar ‘outra coisa’ [...] que os cative mais” (LIPOVETSKY, a P.168). Os telespectadores procuram encontrar, na telinha, sempre algo i. algo que os remeta amomentos de felicidag, tantes. Segundo © mesmo autop «1 soja apenas por alBtit stancia magica e generosa, uma ¢ on presentes e viagens, te 1 za encontros excepcionais: nada mais que Z e fe eos seduza, alguns ins' "0 gy novo qu ean Atay presenta-se ors ad : os deserdados, organi (LIPOVETSKY, 2007, p.314)- : ‘edade do hiperconsumo, as criancas nto deaprender como e onde devemn gastar, que q tante movin ara viver essa forma de vida e, ainda, 0 que mete. le sees escolar e serem usage A turma dos ae da turma que faz escolhas felizes, que realiza seus esejos, ouseja, gue i“ da “infancia produto’. Assim, pertencer e diferenciar-se (competiy - sao duas metasa serem alcancadas! As criangas buscam diferenciar-se cay 0) mais umas das outras - através de seus Beyblades, dos seus cadernos est pados com as personagens do momento, das pastas carregadas de fica de princesas; ao mesmo tempo em que se diferenciam, buscam identificar-« com os grupos, aproximando-se de determinadas Particularidades j enti. rias para obter um sentimento de pertenga. Muitos dos desejos e dos aie - feitos pelas criangas também sao oriundos dos ambientes sociais em que = transitam, os quais lhes criam a necessidade de se sentirem pertencentes ainda, competidoras no grupo. Diante da questao “de onde vém os pe ie realizados pelas crian¢as?’, maes e pais responderam: ‘ug lida Nessa logica da soci ores Dare mn [1] 45 vezes, os coleguinhas tém alguma coisa, nao €? E, dai, ela quer brincar junto, e as vezes os coleguinhas nao querem que ela brinque junto, dai ela fica com o desejo de teraquele brinquedo, e é complicado [pai de menina} {-] quando ele [filho] vé algum coleguinha brincando, ele também quer qui [mae de menino]. [-]“ah,a amiguinha tem, eu também quero” e “ah, me dé isso” [mae de menina}, Asn i aescolao coh. - aon acada contato com um artefato novo, Sendo 8uinhas, ter um ou outro ve Procuram estabelecer lacos com seus cole: 0 sentido de “ser” do mes; 7s igual ou ainda melhor que o do colega denota mo grupo, de pertencer Aquele grupo, dando até melhor do grupo. Consumir os mesmos nasociedade de oe €m movimento, significa ser um" g umidores. Ser um cidadao na socie" nsumo compreende, sobretudc e modo, é de g io hiperconsume CO gate lm de pertencet I gif rem busca de realizar a nde importancia na sociedade de consumidores, as quais jé existe umademanda sformando-as em mercadorias para ir sendo criada. (BAUMAN, 2008, p.75) esse contexto, movimentar-se na sociedade para desenvolver ahabili- Meer um consumidor fidedigno torna-se indispensdvel para sobreviver ode vciedade do hiperconsumo”. O que antes era considerado como " si ; ni jum na jiégio e uma conquista, nao é mais, portanto, uma questio de escolha: vil o ee fornou uum must. Manter-se em alta velocidade, antes uma divertida 6 tras transforma-se em uma tarefa exaustiva” (BAUMAN, 2005, p.38, jos do autor). © esse modo, 0 consumo vai assumir destaque nessa sociedade, e nao «como pensar nas criangas da atualidade sem considerar que, ao longo do & jo XX, ele se tornou uma marca determinante na produgao de infancias pe culo XXIe que, a partir dai, come¢a a reconfigurar-se para disciplinar as oe Com isso, pais e maes veem-se diante de enigmas cujas respostas aeonece; afinal, as criangas ja foram disciplinadas pelo consumo, e as wnancias também se tornaram um produto. Sob essa perspectiva, o consumo a operar diretamente na rrodug¢ao de signi: i i ‘a leciona’ inamos significados, possibilitando ue identidades e cédigos sejam produzidos” (MOMO, 2007, p73). 1880 também pode ser observado na anilise da discuSsao com os pais cascriangas sobre a relagao dos filhos com o consumo no cotidiano. Aqui cabe compartilhar 0 depoimento do pai de um menino: No mercado, eu tento fazer com que ele [o menino] fique na avé para nao entrar no “corredor da morte”; as vezes, tu entras no corredor do supermercado e tu ficas! Ou, entéo, em qualquer outro mercado, tu trancas ali e diz: “Vamos, filho?’, eacrianca responde: “Nao! Sé mais um minutinho”. Rotinas didrias, como ir ao supermercado, por exemplo, tornaram-se ‘ma tortura para muitos pais, que j4nao sabem mais como conduzir a situacao. v 123 menfrentando 0 "corredor da morte’ sa. Nese depoimento, fica manifesy.. > sinfancia produto” alicergada no consumo desenfreado, tem eae pabitos ea vida das familias, o's as crianas desejam 0 novo a todo , to. Os pais ja nado sabem mais como conduzir as s ituagSes rotineiras , Jeva a negociar com oS filhos para poder cumprir com uma pritica eg. para a sobrevivéncia - 4 compra de alimentos. Assim, nao ha come. au i de perceber a contribuigdo do consumo para a transformacao nao go Shap das identidades infantis na sala de aula, mas também em todo o re. sociedade. Bauman lem! e oferecidas as criangas a0 fcomo se 0S pais estivesse do participante da pesqui adc 9 Ds omen. que g Mente De casei ante da bra que as posi¢des de sujeito produzidas pela mi dig sménicas em seus efeitos. Entretanto, nao se pode negar que si of recidos modelos de uma infancia contemporanea que nao esto em nosso classicos manuais pedagégicos, que tais representagées borram as fronteirag tradicionalmente existentes entre mundo adulto e mundo infantil e, mais do, que tudg, sao produzid ices de sujeito (identidades) especificas paraa infancia, modelos com os quais as nossas criangas podem se identificar, Estas [.] heget Neste tempo, que Bauman (1999) caracteriza como de “fluidez, tempo Iquido’, as identidades estao sendo descentradas, isto é, os “fluidos” nao con- seguem manter a forma por muito tempo e, mais cedo do que se possa esperat,, as identidades estarao encharcadas, deformadas e decompostas. Ou ainda, conforme Hall, “[...] as identidades estao sendo deslocadas ou fragmentadas” (HALL, 2002, p.8). No contexto da pesquisa, podemos compreender que @ fragmentagao da constituicao da identidade infantil est relacionada com ess pedagogia do consumo. Buscamos construir e manter referéncias identitari que sejam comuns nos grupos, que estao igualmente se movimentando. Mais importante do que sonhar, desejar, satisfazer necessidades e vontades, ¢ pre ciso transformar-se. Ou seja, tipo faga-vocé- pve apa lum dever individual, Observemos: fazer de si mest®s » € 0 desafio ea tarefa a ser cumprida. (BAUMAN, 2008, p.76) 124 novos surgem, apelando para que sejam consumidos. Essa desy, qual os objetos passam, com 0 descarte por algo mais novo, ¢ io gy intenges de compra didrias das criangas. Isso pode ser evidena do relato de maes participantes da pesquisa, especialmente a ek a tionadas quanto a aquisi¢ao e/ou solicitagao de compra de fringes filhos, As maes dizem o seguinte: edos Na verdade, a questao de comprar brinquedo mais caro, eu nig porque, na verdade, pega, brinca e, de repente, dois, trés dias, jan, isso, eu costumo pegar brinquedos mais simples, porque, na hora en 2 tém o desejo, tu entras numa lojinha que tem esses brinquedinhos inate eles de R$ 1,99 ou um pouguinho mas caro, eles se divertem, néo &, con baratinhas também [mde de menino e menina]. sas {.)] que nem assim, na semana da crianga, aparece tanta propaganda da may, ninha de sorvete, Bla [a filha] ficou duas semanas, assim, juntando moedas pag comprar a tal méquina de sorvete. Agora, ela esqueceu [2 maquina de sore porque parou de dar Bla se esqueceu de falar [do brinquedo}! {me de menina [..] tudo o que vé, énormal pedir, mas aia gente tem que explicar:“olha, entioa cada data, talvez tu ganhes um” oualguma coisaassim... Ou, ainda:"tu no vais dap conta de brincar com todos os [brinquedos] que tu tens” [mae de menino}, Os objetos estao em exposi¢ao para 0 consumo e para seu imediato descarte, tudo para que seja possivel a aquisigao de um produto mais atual, ou melhor, para que uma nova necessidade seja criada para, entao, ser satisfeita, Ouseja, “tudo esta ali para ser consumido e descartado, nada deve permanecer, apenas 0 novo desejo pelo novo, pois a cultura da sociedade de consumo en=) volve, sobretudo, o esquecimento, nao o aprendizado” (BAUMAN, 1999, p.90), Assim sendo, a “infancia produto” consome e acumula a sensagao de felicida de que acontece em pequenos momentos, no gozo imediato realizado através da satisfacOes instantaneas; a “infancia produto” é “[...] acometida pela imposiga de desejar incessantemente 0 novo e, ao mesmo tempo, [tem] neste dese} sensa¢ao de que, na escolha e na op¢ao sumariamente individual, reside forma de viver a liberdade plena” (SOMMER; SCHMIDT, 2010, p.220). Nas discuss6es com os pais, uma mae participante da pesquisa comel nt que questionou sua filha quando esta lhe pediu algo para identificar-se col uma amiga: " 126 icdes que Surgem em virtude do cor SUMO dog s e competi¢oe: s kits escolares das criangas. {3 po, ive} an tts diferens@ jariamente 0: pee afitmna, ompoem diari identidades infantis contempordneas est: que ¢ 40 das ide + Ntimamer tt fatos escolares divulgados ».1"™nte ae artefatos escolares t 5e que a construg: consumo dos artefatos escol gados oO jonada com relacion ATtep a igi Borde mos a, do infancia e consumo estao de maos dadas dentrg da lo Son A Desse modo, sis nbrar que outras configuragdes de infancias ¢ St&0 sup islum ode-se vi escola, p' que os saberes docentes e as Praticas Pedagspicag gindo e colocando el constante movimento de aprendizagem : aptadas Pelg ‘Ascriancas estao em Jher uma forma de vida. Diante de tantas possibilidadeg desejo efémero de sco consumidas, a tinica alternativa que nao permitids para serem escolhidas f wer escolhas. Nesse contexto, 0 ensino realizacio poy feeds pee, as criangas na dificil situagao de decidir qual pedagogia do consu i infancia. ser o seu kit para viver a infanc’ ss iscuss6es deste trabalho, podemos. afirmar que 0 const. aS ae artefatos escolares divulgados na mucie, associado oe asco ao descarte realizado com facilidade, a busca Por oh an eee estar 4 frente, mas que esta calculadamente fora. ae eatita significativamente para a constituigao ct Para o een ane : fancia produto”. As criangas que vivem essa Infancia see a 5 ee em que consomem, consomem-se, ou seja, con- psi Bana Nessa engrenagem de praticas de ees que aati aber e em alta velocidade, em que as pues) Se ae odificando nao sé sua infancia particul an mi ao ee a, sabe como agir diante dessas novas configuragée: de escola, pedagogia, cultura e infancia. BAUMAN, Zygmunt, Vida para consumo. A transformagao das pessoas em mercadorit Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005, - Modernidade e ambivaléncia. Rio de Janeiro; Jorge Zahar, COSTA, Marisa Vorraber. 0 Consumismo na soci dade d Marisa Vorraber org.). A Educaga eens lampariee Sone ee “eaedo na cultura a midia e do co 1999, umidores. In: COS’ nsumo. Rio de Janell ——-Aescola rouba a In: Janeiro: DPaa, 2gg * Cena! In: COSTA, Marisa Vorraber. A escola tem futuro? Rio

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