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Resumo
Este trabalho pretende verificar se empresas de uma amostra das grandes corporações que
atuam no Brasil adotam algum modelo de Inteligência Competitiva e identificar pontos comuns
nos modelos adotados por essas empresas. Foram pesquisadas 46 empresas que atuam no Brasil,
de origem nacional ou internacional, listadas entre as 500 maiores da revista Exame edição 2004.
Os resultados obtidos mostram que há grande interesse e preocupação das empresas entrevistadas
na adoção de práticas de inteligência competitiva, estando alinhadas à definição de consenso de
Inteligência Competitiva.
Palavras-chave
Inteligência Competitiva, Vantagem Competitiva, Informação e Conhecimento.
1. Introdução
Para uma empresa manter sua capacidade de competir no mercado, ela necessita se
sobressair com vantagens competitivas, atributos que decorrem da capacidade da organização em
agregar valor ao seu produto de forma a aumentar a sua atratividade. O desafio é lidar com a
incerteza, a turbulência e a instabilidade de um mundo em transformação. Diante desse quadro as
organizações têm buscado alternativas de sobrevivência nos negócios. Uma destas alternativas
aponta no sentido de uma permanente avaliação por parte das organizações, no que diz respeito
ao ambiente competitivo e as informações daí originadas para, por meio de uma postura ética,
estar aptas a obter um melhor aproveitamento das oportunidades e contornar ameaças
identificadas.
O aumento exponencial do volume de informações disponíveis nas mais diferentes fontes
e nas mais variadas formas tem trazido uma grande dificuldade para seu tratamento adequado e
utilização no apoio a decisão. Segundo Fuld (1995) a dificuldade atualmente não é o encontro de
dados de uma forma geral, e sim localizar o tipo correto de informação. Segundo o autor, as
organizações devem ter a habilidade para controlar o volume de informação que recebem,
estabelecendo critérios e limites para seu fluxo, pois, caso contrário, nunca se produzirá
conhecimento, apenas confusão de informação. Da mesma forma, Davenport (1999) destaca que
colocamos muito esforço no ato de dominar a transação de dados e nos dedicamos pouco em
transformá-los em informação e conhecimento.
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Dentro deste contexto vem se consolidando nos últimos anos uma nova metodologia que
pode contribuir consideravelmente com a manutenção do diferencial competitivo das
organizações, voltado ao entendimento da sua necessidade de conhecer o meio onde se
encontram inseridas. Trata-se da Inteligência Competitiva (IC), com seus conceitos, técnicas,
métodos e ferramentas para a localização e a análise de informações sobre o ambiente
competitivo e sua transformação em conhecimento para auxiliar na estratégia da organização.
Sinteticamente, as origens da Inteligência Competitiva (IC) remetem à necessidade militar
de conhecer o inimigo, identificar seus pontos fortes e fracos, intuir o pensamento dos
comandantes dos seus exércitos, de forma a posicionar-se vantajosamente nas batalhas. Ao
incorporar o conceito de estratégia, os teóricos da administração trouxeram também o conceito de
inteligência, como sendo elemento essencial para a administração estratégica.
Prescott (2002) afirma que a criação e o uso de inteligência é um processo social.
Segundo ele, uma cultura impulsionada pela inteligência é construída passo a passo nas
organizações, uma pessoa de cada vez, com o aprimoramento das qualificações relativas ao trato
das informações, a formação de redes de contatos pessoais e os mecanismos que facilitam o fluxo
de informações. Segundo o autor, é necessário integrar as atividades de inteligência às tarefas
diárias de todos na empresa, não significando isso que uma cultura embutida nas demais
atividades reduza a necessidade formal de uma unidade de IC. Uma organização na qual a
inteligência se torna mais difundida exige uma unidade de IC bem coordenada para alimentar
essa cultura.
Contextualizando esta abordagem no ambiente corporativo brasileiro observa-se que as
grandes companhias que atuam no país, independente da área de atuação, estão absolutamente
envolvidas nos processos de transformações econômicas, políticas e tecnológicas deste novo
século e precisam, portanto, estar alinhadas com as melhores práticas competitivas.
O objetivo principal deste trabalho é verificar se uma amostra das grandes corporações
que atuam no Brasil adota algum modelo de IC e, caso positivo, identificar se existe algo em
comum nos modelos de IC adotados por essas empresas. Colocado de outra forma, o objetivo é a
busca da resposta a duas questões básicas:
- As grandes companhias que atuam no Brasil, sejam de origem nacional ou internacional,
possuem sistemas formais de inteligência competitiva?
- Os modelos de inteligência adotados possuem alguma similaridade, ou seja, pontos em
comum?
A metodologia da pesquisa foi um levantamento (survey) aplicado sobre uma amostra da
população alvo que foi definida como sendo as empresas listadas entre as 500 maiores da revista
Exame edição 2004. A amostra foi constituída das empresas que aceitaram o convite formulado
por uma carta apresentação do estudo, motivo pelo qual não foram conduzidos testes estatísticos
e não se deve generalizar a partir dos resultados.
Inicialmente faremos uma revisão da literatura sobre o assunto, a seguir apresentaremos
como foi conduzida a pesquisa junto às empresas, e na seqüência apresentaremos os resultados
obtidos e discussões.
2. Revisão Bibliográfica
Buscando uma definição de consenso de Inteligência Competitiva, podemos entendê-la
como um processo que envolve coleta, análise e distribuição legal e ética de informações
relativas ao ambiente competitivo, considerando peças de informação sobre todas as entidades e
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eventos que podem exercer impacto na organização. O processo analítico de inteligência
transforma essas peças desagregadas de informação em conhecimento estratégico, usável, e
relevante sobre a posição competitiva atual e intenções futuras dos concorrentes. É o
conhecimento das forças que dirigem os mercados, sobre produtos e tecnologias. São também
informações externas ao mercado, tais como as interferências econômicas, regulatórias, políticas
e demográficas que ofereçam impacto ao mercado (TYSON, 1998; FULD, 1995; MORAIS,
1999).
Os fins, por mais atrativos que possam parecer, não são capazes de justificar meios
inadequados, por isso, a IC está orientada a usar fontes públicas para localizar e desenvolver
informação sobre o mercado e competidores, pois a maioria das informações necessárias para um
projeto está disponível em canais públicos, fornecedores ou clientes comuns, conforme observado
por McGonagle & Vella (1990).
A Inteligência Competitiva tem como objetivo o desenvolvimento ou manutenção de
vantagens competitivas. Porter (1980) considera como fatores primordiais na elaboração da
estratégia a análise do mercado no qual a empresa está inserida, sua posição relativa nesse
mercado, e análise da concorrência. Porter (1985) ampliou mais tarde sua visão, adicionando as
atividades da empresa como uma das bases da vantagem competitiva.
Após vinte anos pesquisando o tema de IC, a contribuição de Fuld (1995) vai além da
definição. Para garantir entendimento sobre IC o autor disponibiliza um quadro, onde apresenta o
que é e o que não é Inteligência Competitiva (Quadro 1).
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isenção. processo de IC.
10- Atuar no curto e no longo prazo. IC pode ser 10- Uma planilha. A apresentação de dados
utilizada para uma decisão imediata, como ajuste de quantificáveis pode ser uma forma, mas deve ser
preço de um produto e com o mesmo conjunto de aliada de outras formas subjetivas na composição de
dados decidir sobre o desenvolvimento de novos análises.
produtos.
Quadro 1: Inteligência Competitiva
Fonte: Traduzido e adaptado de Fuld (1995)
Planejamento
e Direção Coleta
Difusão
Análise
As pessoas chave envolvidas neste processo são os demandantes e a equipe de IC. Para
Costa (2002, p. 14), demandantes “são as pessoas na organização que necessitam e utilizam o
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conhecimento para gerar novos conhecimentos para otimizar o processo de decisão”, e a equipe
de IC é a estrutura específica desenvolvida “para gerenciar o processo de IC atender as
necessidades de conhecimento da organização”.
DA INFORMAÇÃO À INTELIGÊNCIA
6. AVALIAÇAO DO PROGRAMA
N C
P O
E L
C A N
A D H
E N D
N I E
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E SELEÇAO F C
S L C Ç
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S 4 O
O 3
1 2
7. ADAPTAÇÂO E MELHORIA
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3. Metodologia de Pesquisa
O método de pesquisa utilizado é o levantamento amostral (survey), que segundo
Pinsonneault e Kraemer (1993), deve apresentar as seguintes características:
a) coleta de dados realizada a partir de questionários estruturados
b) informações coletadas junto a uma amostra da população alvo (instrumento utilizado
por este estudo)
c) a análise pode permitir a realização de projeções sobre a população.
Neste estudo, o objetivo foi captar informações sobre uma amostra da população das
grandes companhias que atuam no Brasil, listadas entre as 500 maiores segundo a revista Exame.
A pesquisa é do tipo exploratória, a qual segundo Mattar (2005, p. 85), “visa prover o
pesquisador de um maior conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa em perspectiva”.
Inicialmente foi enviada uma carta de apresentação para todas as empresas, explicando o
objetivo do estudo e como seria conduzido. Em um segundo momento foi enviado um
questionário objeto do estudo para as empresas que aceitaram o convite
Coleta de dados
Como a pesquisa busca confirmar se empresas de uma amostra das grandes companhias
que atuam no Brasil, possui algum modelo formal de inteligência competitiva e busca identificar
pontos comuns entre os modelos, a população alvo foi composta por empresas que atuam no
Brasil, seja de origem nacional ou internacional, listadas entre as 500 maiores da revista Exame
edição 2004.
Foi convidada quase que a totalidade das empresas que compõem o universo de
amostragem, sendo a amostra final definida em função dos aceites aos convites enviados.
Para responder ao questionário foi escolhido a área ou profissional responsável pelas
atividades de inteligência competitiva nas empresas. As informações foram obtidas através de
questionário fechado padronizado aplicado no período compreendido entre dezembro de 2005 e
fevereiro de 2006.
4. Análise e Resultados
Para este estudo foram pesquisadas 46 empresas, sendo 28 delas do segmento industrial, 6
de telecomunicações, 4 empresas varejistas, 3 empresas de serviços, 1 da área de saúde e 4 de
outros segmentos não identificados no questionário. Das empresas pesquisadas, 28 delas possuem
operações em âmbito internacional, 17 realizam operações em âmbito nacional e apenas 1
desenvolve atividades locais.
Uma curiosidade revelada pelo estudo é que mesmo entre as empresas listadas como as
maiores pela classificação da revista Exame, algumas delas ainda não desenvolvem atividades de
inteligência competitiva. Neste estudo o percentual ultrapassou 15%, ou 7 empresas. A Tabela 1
apresenta a caracterização das empresas pesquisadas.
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Empresas pesquisadas 46
Ramo de atividade
Empresa Industrial 28
Varejo 4
Saúde 1
Serviços 3
Telecomunicações 6
Outro 4
Empresas com operações:
Locais 1
Nacionais 17
Internacionais 28
Desenvolvem atividade de IC 39
Não desenvolvem atividades de IC 7
Tabela 1: Caracterização das empresas pesquisadas
Fonte: os autores
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permitiu identificar que não existe uma idéia comum entre as empresas. O objetivo mais citado
como sendo o mais importante foi “Auxiliar a tomada de decisões táticas”, ainda que, não de
forma expressiva, 39%.
Como o questionário solicitava que as empresas escolhessem os cinco objetivos principais
da IC, este estudo considerou essa visão na elaboração da Tabela 3, que apresenta o número de
vezes que cada objetivo foi citado pelas empresas entre os cinco mais importantes, sem
considerar a ordem de importância. Naturalmente, um objetivo pode ter sido muito citado em
algum grau de importância (de 1 a 5), mas não lembrado em outra posição. Foi o que aconteceu
com o objetivo mais citado como sendo o mais importante (“Auxiliar a tomada de decisões
táticas”), que apareceu na quarta posição quando consideramos a visão dos cinco mais
importantes.
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Internet 15,69%
Fornecedores 12,25%
Clientes diretos da empresa 16,18%
Entrevista com pessoas externas à empresa 4,90%
Força de vendas (vendedores) da empresa 15,20%
Jornais, revistas, boletins da concorrência 12,25%
Anúncios (propaganda) da concorrência 3,92%
Feiras e eventos 3,92%
Periódicos especializados 14,22%
Outros 1,47%
Tabela 4: Principais origens das informações (em %)
Fonte: os autores
Outro ponto verificado pelo questionário foi quais atividades são realizadas pela IC e qual
a sua respectiva prioridade sobre as demais. Todas as atividades disponibilizadas no questionário
foram identificadas como realizadas e com algum grau de importância pelas empresas deste
estudo, com destaque para as atividades “Análise da Informação”, “Pesquisa de Informações”, e
“Distribuição da Informação”. A Tabela 5 resume a prioridade das atividades realizadas pela IC
como a 1ª, 2ª ou 3ª mais prioritária, e as mais citadas com algum grau de prioridade..
prioridade
Atividade 1ª 2ª 3ª mais citada
Definição de necessidades e planejamento de projetos 8,33% 11,11% 5,56% 9,34%
Pesquisa de informações 36,11% 2,78% 27,78% 18,68%
Classificação e catalogação da informação 5,56% 27,78% 5,56% 13,74%
Análise da informação 5,56% 36,11% 38,89% 19,23%
Distribuição da informação 8,33% 5,56% 19,44% 17,58%
Proteção da Informação e Contra-inteligência 5,56% 2,78% 0,00% 2,75%
Estudo e melhora dos serviços (funções) dos departamentos da
0,00% 11,11% 2,78% 4,40%
organização
Execução de Processo sistemático de vigilância do entorno, de
30,56% 2,78% 0,00% 13,19%
competidores, do mercado, do setor
Outro 0,00% 0,00% 0,00% 1,10%
Tabela 5: Prioridade das atividades realizadas pela IC na organização (neste estudo)
Fonte: os autores
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A Tabela 6 apresenta todos os tipos de informações disponibilizados na pesquisa e o
percentual de freqüência de acesso às respectivas informações.
Muito Com
Tipos de Informação raramente Raramente frequência Bastante Muito
Estatistica 2,33% 23,26% 11,63% 30,23% 32,56%
Situação do Entorno 10,26% 10,26% 35,90% 33,33% 10,26%
Informações legais 26,19% 28,57% 26,19% 11,90% 7,14%
Informações setoriais do mercado 0,00% 13,95% 11,63% 25,58% 48,84%
Informações de competidores 0,00% 4,65% 18,60% 39,53% 37,21%
Benchmarking 2,38% 9,52% 42,86% 35,71% 9,52%
Informações financeiras 14,29% 33,33% 21,43% 14,29% 16,67%
Informações sobre produtos 4,76% 7,14% 26,19% 40,48% 21,43%
Informações Científicas 19,51% 43,90% 12,20% 21,95% 2,44%
Informações sobre consumidores ou clientes 0,00% 9,52% 33,33% 30,95% 26,19%
Informações Tecnológicas 29,27% 17,07% 19,51% 26,83% 7,32%
Economia do país 7,14% 33,33% 23,81% 14,29% 21,43%
Informações sobre importação e exportação 19,05% 33,33% 21,43% 16,67% 9,52%
Tabela 6: Freqüência de busca aos diversos tipos de informação realizada pela IC da organização
Fonte: os autores
O estudo revelou que o tipo de análise mais comumente utilizado pela Inteligência
Competitiva das organizações estudadas é o “Estudo de Cenários e Previsões”, citado por 17
empresas como o mais utilizado. “Estudos do entorno competitivo (setorial)” também foi citado,
porém por 10 empresas. Apenas um tipo de análise não foi citado por nenhuma das empresas
como sendo o mais realizado: “Jogo de empresas”.
A existência de consultores ou agentes externos que trabalham adicionalmente em algum
projeto de inteligência (investigação) pontual, no conjunto das atividades do departamento,
parece não ser comum nas empresas. Pouco mais da metade, aproximadamente 58% das
empresas declarou não utilizar consultores ou agentes externos, enquanto os demais 42%
afirmaram existir agentes externos atuando pontualmente em algum projeto ou atividade..
Em função da importância da necessidade da atividade de Distribuição da Informação,
comprovada inclusive por este estudo que indicou esta atividade como a segunda atividade mais
importante realizada pela IC das empresas pesquisadas, o estudo tinha intenção de verificar com
qual freqüência a IC distribui as informações pelas diversas áreas da empresa. Apenas três áreas
das empresas apresentaram uma freqüência maior que 55% no recebimento das informações de
forma bastante ou muito freqüente, o que evidencia a importância destas informações para estas
áreas:
• mais de 65% das empresas distribuem as informações com bastante ou muita
freqüência para o Conselho de Administração
• mais de 65% das empresas distribuem as informações com bastante ou muita
freqüência para o Planejamento Estratégico
• mais de 62% das empresas distribuem as informações com bastante ou muita
freqüência para o Diretor de Marketing
• mais de 58% das empresas distribuem as informações com bastante ou muita
freqüência para a Gerência de Produto
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• mais de 60% das empresas distribuem as informações com bastante ou muita
freqüência para a Gerência de Vendas
A Tabela 7 apresenta todas as áreas disponibilizadas na pesquisa e o percentual de
freqüência de distribuição das informações para essas áreas.
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5. Conclusões
Os resultados obtidos na presente pesquisa levam a concluir que há grande interesse e
preocupação por parte das empresas entrevistadas a respeito da adoção de práticas pertinentes à
inteligência competitiva. Apesar deste interesse, 7 empresas das 46 pesquisadas afirmaram não
desenvolver atividades de Inteligência Competitiva. Entre as empresas que desenvolvem
atividade de IC, apenas 7 delas possuem de fato um departamento independente para as questões
de IC. Em apenas 4 empresas na visão totalizada, o departamento responsável pela coleta e
processamento da informação de interesse competitivo recebe o nome de (Centro) de Inteligência
Competitiva.
Segundo Fuld (1995), o maior problema é achar o tipo certo de informação e ter a
habilidade para controlar o volume de informação que se recebe, estabelecendo critérios e limites
para seu fluxo de forma a não gerar uma confusão de informação. Neste sentido, o estudo revelou
uma baixa preocupação das empresas em classificação e catalogação das informações. Apenas
pouco mais de 13% das vezes essa atividade foi citada como uma das prioridades entre as
atividades realizadas pela IC na organização.
O estudo mostrou que as empresas estão alinhadas à definição de consenso de Inteligência
Competitiva, vista na revisão bibliográfica, pelo qual podemos entender IC como um processo
que envolve coleta, análise e distribuição legal e ética de informações relativas ao ambiente
competitivo, que envolve peças de informação sobre todas as entidades e eventos que podem
exercer impacto na organização. A pesquisa mostrou que as atividades de coleta, análise e
distribuição foram as três mais citadas no estudo como de maior prioridade, e as informações são
coletadas em diversas origens, visando cobrir todo o impacto que cada entidade exerce sobre a
organização, sem supremacia de nenhuma fonte de informação em detrimento de outra.
A busca de informações nas diversas origens, conforme identificado no estudo, também se
alinha ao encontrado na literatura. Segundo McGonagle & Vella (1990), a IC está orientada a
usar fontes públicas para localizar e desenvolver informação sobre o mercado e competidores,
pois a maioria das informações necessárias para um projeto está disponível em canais públicos,
fornecedores ou clientes comuns.
A atividade de monitoramento do ambiente externo, ou seja, dos clientes, concorrentes,
novas tecnologias e produtos e por fim, os fornecedores, devem fazer parte do mecanismo
estratégico das organizações. É nessa condição que a empresa terá condições de manter um
contínuo processo de aprimoramento para se manter competitiva num mercado que pede
respostas rápidas às freqüentes mudanças do ambiente. Assim, podemos observar no propósito
deste estudo, que as grandes companhias da amostra estudada utilizam-se de sistemas formais de
inteligência competitiva..
Apesar de identificar alguma similaridade nos modelos de inteligência competitiva
adotados pelas companhias estudas, é prudente ressaltar que a maior dessas similaridades está no
fato de que, para estas companhias as atividades de inteligência competitiva não são consideradas
novidade e sim algo que já há tempos ocorre na organização e que esta atividade, ao menos na
percepção originada deste estudo, necessita estar adequadamente estruturada para que se
mantenham competitivas e adequadamente bem posicionadas no mercado em que atuam. Por
outro lado, embora com modelos similares, concluiu-se que, o que se pode extrair da análise
desse material é a inexistência de um modelo que possa ser “copiado” e facilmente adotado por
outras companhias.
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O estudo revelou uma oposição à importância da segurança da informação e das
atividades de contra-inteligência, adicionadas por Nolan (2001) ao modelo de Kahaner (1996). A
atividade “Proteção da informação e contra-inteligência” foi a última atividade citada como
prioritária entre as 13 empresas deste estudo.
É importante mencionar também, que a inteligência competitiva, em breve não será um
diferencial, mas sim uma premissa básica para a sobrevivência das organizações no futuro, pois
se percebe que já se trata de um valioso ativo de uma organização. Por fim, há otimistamente,
uma tendência positiva de amadurecimento e consolidação da IC no Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TYSON, K.W.M. The complete guide to competitive intelligence. Chicago: Kirk Tyson
International, 1998.
ZANELA, A. A influência da cultura e da experiência decisória sobre a percepção do
processo decisório individual: um estudo comparativo entre Brasil, França e USA. 1999.
Dissertação (Mestrado em Administração) - EA/UFRS, Rio Grande do Sul, 1999.
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