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Grátis Pelo Sistema de Ensino a Distancia – SED
CNPJ º 21.221.528/0001-60
Registro Civil das Pessoas Jurídicas nº 333 do Livro A-l das Fls.
173/173 vº, Fundada em 01 de Janeiro de 1980, Registrada em
27 de Outubro de 1984
Presidente Nacional Reverendo Pr. Gilson Aristeu de Oliveira
Coordenador Geral Pr. Antony Steff Gilson de Oliveira
Apostila 17
Estudo Teológico Sobre a Graça
Parte I
"PORTANTO...”
"Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto,
meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do
Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão" (1Co 15.57,58).
UM ACONTECIMENTO AGENDADO
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
inaugurar Seu reino (Mc 1.15), e virá pela vez segunda para consumá-lo (Hb
9.28).
Mas a expressão "últimos dias" não é compreendida do mesmo modo por todos:
· Há quem entenda que os "últimos dias" começaram com o estabelecimento do
Estado de Israel em 1948.
· Há quem compreenda que são os anos finais de 2000 e começo de 2001.
· Há quem ache que não é uma coisa nem outra, mas que os sinais estão aí, e
que os "últimos dias" estão se aproximando.
Eu prefiro ficar com a Bíblia: desde que Jesus, após a ressurreição, voltou aos
céus, nós estamos nos "últimos dias". Afinal, na Festa de Pentecostes, deu-se o
derramamento do Espírito Santo sobre a nascente Igreja, e isso fora predito pelos
antigos profetas como Joel 2.28 ("E depois derramarei o meu Espírito sobre toda a
carne, e os vossos filhos e as vossas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos,
os vossos jovens terão visões") e Ezequiel 36. 25-27 (cf. Is 44.3; 32.15). E Pedro,
apóstolo, o afirmou no seu discurso/sermão registrado em Atos 2.16-18.
Claus Epp Jr, na Alemanha, marcou o mesmo evento para 1889. Nada aconteceu.
O Rev. Scofield, autor das notas da Bíblia Scofield, marcou a batalha do
Armagedon nos dias da I Guerra Mundial. Sem novidades.
Leonard Sale-Harrison marcou para 1940 ou 1941. Nada. E outros tantos.
Mas que Jesus vem, vem! Pedro diz que esse é um assunto para o qual devemos
dar atenção e buscar compreender (2Pe 1.19), pois os fins dos tempos , os
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
"últimos dias", chegaram: "Tudo isto lhes aconteceu como exemplos, e estas
coisas estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos
séculos" (1Co 10.11). Essa é a razão porque Jesus nos advertiu acerca de
acontecimentos e coisas outras que viriam para perturbar.
Vamos a Mateus 24, onde estão os sinais do retorno de Cristo. Ele falou em
sedução, em guerras e boatos acerca de guerras, em terremotos, fomes, em
perseguições e em prodígios.
Realmente, os sinais sempre existiram (não são coisa de hoje como se procura
enfatizar). Eles caracterizam o período entre a Primeira e a Segunda Vindas, e
cada década destes últimos dois mil anos tem testemunhado isso. Jesus nos
informa sobre os sinais, não para marquemos os tempos, mas para sermos
vigilantes. Jesus nos informa sobre os sinais não para que os consideremos
anormais ou espetaculares, pois sinais espetaculares e anormais são os
realizados por Satanás (cf. Ap 13.13,14; 2Ts 2.7-9).
TRANSFORMADOS E GLORIFICADOS
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A Segunda Vinda será gloriosa nos termos de 1Tessalonicenses 1.7, 10: "... e a
vós, que sois atribulados, alivio conosco, quando do céu se manifestar o Senhor
Jesus com os anjos do seu poder, ... quando vier para ser glorificado nos seus
santos, e ser admirado em todos os que creram, naquele dia" (cf. Cl 3.4; 1Ts
4.16). Voltará acompanhado pelos Seus anjos, e pelos Seus fiéis (1Ts 4.14).
Glorioso cortejo!
O ARREBATAMENTO
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
(2Ts 2.8-11).
Há quem vá, e há quem fique! O joio é queimado, mas o trigo é recolhido, diz a
parábola (Mt 13.24-30); os peixes que não servem são jogados fora, os bons são
separados (Mt 13.47, 48). Os justos e os maus têm destino separado (cf. Mt 13.49,
50). E você, vai ou fica? Muito membro de igreja não vai ser arrebatado porque é
só isso mesmo: membro de igreja. É batizado, é verdade, mas não é nascido de
novo. Muito filho de crente fica; muito marido de mulher salva fica. E você? Não
deixe de observar a palavra de Jesus: "será levado um e deixado o outro" (Mt
24.40, 41).
O JUÍZO FINAL
Pense direitinho: o julgamento de Deus já começou, pois "Quem nele crê não é
condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não crê no nome do
unigênito Filho de Deus" (Jo 3.18; 5.24). Mas na Segunda Vinda, o juízo vai
esclarecer o que está oculto (1Co 4.5; Mt 10.26).
Quem será julgado? Nações, anjos caídos (1Co6.2,3; 2Pe 2.4; Jd 6), os seres
humanos Mt 25.32; Rm 2.5,6; 3.6;Ap 20.12,13). Agora, diante do Juiz, já não há
reis e súditos, políticos e seus eleitores, patrões e empregados: só salvos e
perdidos, a fé e a incredulidade (aliás, nesse dia acaba o ateísmo). No Juízo,
palavra de alegria ("Vinde, benditos...", Mt 25.34), e palavra de terror ("Apartai-vos
de mim, malditos...", Mt 25.41). A palavra de Deus ensina que nosso destino já é
conhecido por Ele: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz;eu as conheço, e elas
me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; ninguém poderá
arrebatá-las da minha mão" (Jo 10.27,28) e "Pois nos elegeu nele antes da
fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele" (Ef 1.4). Aí
vale a lei espiritual da Perseverança dos Santos!
Estamos falando de vitória! Vitória plena! Plena vitória! E a glória das glórias, a
vitória das vitórias é, como diz Paulo, que "estaremos para sempre com o Senhor"!
(1Ts 4.17b).
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
Parte II
O PÃO, O VINHO E O CORPO DE JESUS
Jesus é a nossa Páscoa. O termo "páscoa" deriva da palavra hebraica "pesah",
que significa passar por cima, pular além da marca ou passar sobre. Quando Deus
ordenou ao anjo destruidor que eliminasse todo primogênito na terra do Egito, a
casa que tivesse o sinal do sangue do cordeiro não seria visitada pela morte
(Êxodo 12.1-36). Os judeus passaram então a celebrar a Páscoa comemorando a
saída do Egito, a passagem para a liberdade. A partir de Jesus, essa celebração
foi substituída pela Ceia do Senhor, com o pão e o vinho, em Sua memória. Não
mais para relembrarmos a saída do Egito, mas para estarmos sempre nos
lembrando da liberdade que nEle há, da Sua morte e ressurreição.
"Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo", assim descreve como
Jesus instituiu a Ceia do Senhor, por ocasião da Páscoa:
"Pois eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na
noite em que foi traído, tomou o pão, e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é
o meu corpo que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim.
Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a Nova
Aliança no meu sangue; fazei isto todas as vezes que beberdes, em memória de
mim. Pois todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice,
anunciais a morte do Senhor, até que ele venha" (1 Coríntios 11.23-26).
Jesus também comeu do pão e bebeu do vinho: "Ide, preparai-nos a páscoa, para
que a comamos" (Lucas 22.8); "Onde está o aposento em que comerei a páscoa
com os meus discípulos?" (v.11); "Desejei muito comer convosco esta páscoa,
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antes do meu sofrimento"(v.15). O contexto nos leva ao entendimento de que
antes e depois de elevar o pão e o vinho, e de haver dado graças, Jesus
participou da ceia com seus discípulos, comendo do pão e bebendo do vinho. A
dificuldade está em que Jesus teria engolido a si próprio. Outro embaraço é
quanto à presença dupla do corpo de Cristo, se admitida a interpretação literal:
Jesus estava presente, presidindo a mesa, e estaria segurando o seu próprio
corpo em suas mãos, quando disse "Isto é o meu corpo".
Nos milagres operados pelo Senhor Jesus sempre houve mudança real dos
elementos envolvidos. Exemplo da água que realmente se transformou em vinho
(João 2.9); da multiplicação dos pães (Mateus 14.15-20); dos leprosos que
realmente ficaram limpos (Lucas 17.11-14); da figueira que realmente secou
(Mateus 21.19), e de tantos outros casos. No caso do pão e do vinho não
aconteceu a mesma coisa. Os apóstolos não contemplaram dois corpos de Jesus.
Da mesma forma não há transformação visível quando o sacerdote ministra a
Ceia, eis que o pão e o vinho continuam sendo pão e vinho, com sabor, cheiro,
cor, forma e peso característicos.
Deus não entra em nós pela ingestão do pão. A Bíblia diz que aqueles que crêem
em Jesus possuem o Espírito: "Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que
o Espírito de Deus habita em vós?" (1 Coríntios 3.16). A Ceia do Senhor -
Comunhão ou Eucaristia - não é meio de salvação. Dela participam os salvos, os
santos, os convertidos, ou seja, os que crêem em Jesus Cristo, confessaram o
Seu nome, e O aceitaram como Senhor e Salvador. Estes já possuem o Espírito.
(João 1.12; 3.16,18; Romanos 10.9; Atos 3.19; 16.31).
Vamos ler essa "repetição impressionante": "Isto é o meu corpo que é entregue
por vós; fazei isto em memória de mim. Este cálice é a Nova Aliança no meu
sangue; fazei isto todas as vezes que beberdes, em memória de mim" (1 Co
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11.24-25). Jesus por duas vezes estabelece a finalidade da Ceia, ou seja, para
que nos lembremos dEle, de Sua vida, palavras, morte, ressurreição.
"Isto é o meu corpo" é uma linguagem figurativa. Jesus usou esse estilo em outras
ocasiões. Ele disse: "Eu sou a porta. Todo aquele que entrar por mim, salvar-se-á.
Entrará e sairá, e achará pastagens" (João 10.9). Ninguém de sã consciência fica
a imaginar que Jesus é realmente uma porta de madeira ou de ferro, e que nós,
ao passarmos por ela, iremos nos fartar comendo capim.
Disse também: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai agricultor... vós sois os
ramos" (João 15.1,5). Não é preciso muita lucidez para compreendermos que
Jesus estava apenas ilustrando sua mensagem com um elemento figurativo.
Longe de nós imaginar seja Ele uma árvore com raízes, tronco, folhas e galhos, e
que o Pai esteja no campo plantando arroz. Disse mais: "Eu sou o pão vivo que
desceu do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para sempre. Este pão é a
minha carne, que eu darei pela vida do mundo" (João 6.51). Outra linguagem
figurada. Revela que em Cristo encontraremos alimento espiritual. Do céu não
veio um pedaço de pão, nem somos antropófagos para saborear a carne do Seu
corpo. Ainda nesse passo, Jesus declara: "Se alguém tem sede, venha a mim e
beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água
viva" (João 7.37-38). Ninguém cogita de interpretar literalmente essas palavras:
não bebemos Jesus, e do nosso interior não jorra água abundante.
Jesus não ordena RENOVAR o Seu sacrifício. Ele diz que o partir pão tem a
finalidade de recordar e não de renovar. O Seu sacrifício não pode ser repetido.
Vejam: "Isto [sacrifício] fez Ele, uma vez por todas, quando a si mesmo se
ofereceu" (Hebreus 7.27). "Mas este [Jesus], havendo oferecido, para sempre, um
único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus" (Hebreus 10.12).
"Pois Cristo padeceu uma única vez pelos pecados..." (1 Pedro 3.18). "Pois
sabemos que, havendo Cristo ressurgido dentre os mortos, já não morre. A morte
não mais tem domínio sobre Ele" (Romanos 6.9). Levar Cristo todos dias à cruz, e
todos os dias ressuscitá-lo, é uma prática sem apoio na Bíblia Sagrada.
Quando Jesus afirmou que estaria conosco todos os dias até a consumação dos
séculos (Mateus 28.20), não estava afirmando que Sua presença se daria pelo
milagre da transubstanciação, ou seja, mediante a transformação de pão e vinho
no Seu corpo. A Sua presença em nós é espiritual.
Depois de haver dado graças e ordenado a todos que tomassem do cálice, o vinho
não se transformou em sangue. Vejam: "Pois não mais beberei do fruto da vide,
até que venha o reino de Deus" (Lucas 22.18; Mateus 26.29). Ou seja: Jesus não
deu o nome de sangue ao vinho. Este continuou sendo o fruto da vide depois da
consagração. Do contrário, teria Ele bebido seu próprio sangue.
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estaríamos bebendo a Nova Aliança. Vejam que o vinho aqui representa o Novo
Concerto, o Novo Pacto, a Nova Aliança em Cristo. Mais uma vez se confirma a
tese do sentido figurativo.
Jesus não entra em nós pelos elementos da Ceia. Quem participa da Santa Ceia
são os filhos de Deus, já justificados, já remidos, já convertidos. São cristãos que
já possuem Jesus no coração. Assim deve ser. Por isso, Jesus prometeu que
voltaria a beber do fruto da vide no reino de Deus, com a sua Igreja (Mateus
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26.29). Não há como admitir que um pecador não arrependido, não merecedor
portanto de ser habitação do Espírito Santo, possa introduzir Jesus dentro de si,
pela ingestão do pão.
Parte III
A GRAÇA COMUM DE DEUS
Refreamento da pecaminosidade humana
Introdução:
Como vimos, a queda perverteu a imagem de Deus segundo a qual o homem foi
criado e que, em conseqüência disso, a pessoa humana age pecaminosamente
em sua relação com Deus, com o próximo e com a natureza. Por causa da queda
cada ser humano é fundamentalmente egocêntrico e sem amor, odiando a Deus,
odiando os outros e devastando a natureza.
Que explicação podemos dar para a bondade que, em certa medida, constatamos
nos incrédulos?
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A Bíblia ensina a existência de uma graça de Deus que restringe (freia) o pecado
na vida daqueles que não são o Seu povo.
Gênesis 20:6 "Respondeu-lhe Deus em sonho: Bem sei que com sinceridade de
coração fizeste isso; daí o ter impedido eu de pecares contra mim e não te permiti
que a tocasses." – Abimeleque não era, obviamente, um crente. Todavia, Deus o
impediu de pecar.
Romanos 1:24-28 "Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas
concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si;
Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres
mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza;
Este texto mostra que houve épocas em que Deus não restringiu a manifestação
do pecado. Deus "os entregou", "os abandonou" aos seus próprios pecados.
Romanos 13:3-4 "Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o
bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e
terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem.
Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a
espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal". –
A diferença entre elas deve ser vista no resultado que elas realizam naqueles que
são totalmente depravados.
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apenas um freio.
Gn 39:5 "E, desde que o fizera mordomo de sua casa e sobre tudo o que tinha, o
SENHOR abençoou a casa do egípcio por amor de José; a bênção do SENHOR
estava sobre tudo o que tinha, tanto em casa como no campo."
At 14:16-17 "o qual, nas gerações passadas, permitiu que todos os povos
andassem nos seus próprios caminhos;
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contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem,
dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de
fartura e de alegria."
Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados;
perdoai e sereis perdoados;"
Lc 16:25 "Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens
em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está
consolado; tu, em tormentos."
A incredulidade dos homens não é motivo para eles não receberem bênçãos de
Deus.
O homem é incapaz de por ele mesmo fazer coisas boas. Se as faz é pela graça
de Deus (Mt 5:46; Lc 6:34).
Calvino diz que os incrédulos podem ser revestidos dos dons excelentes de Deus
(música, poesia, pintura, artes, ciência, etc.).
Somos casados, temos uma família, vizinho, colegas, zelamos por nossa
reputação...
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O grande propósito da graça comum de Deus, como podemos deduzir, é o bem-
estar do povo eleito de Deus. Mt 24:21-22.
CONCLUSÃO:
Parte IV
A GRAÇA DE DEUS
Na Criação, na Cultura, na Sociedade e na Econômia
O terrível, num tema como esse, é escolher a abordagem: ou começar pela
análise da criação, da cultura, da sociedade e da economia, num dado contexto, e
delinear o que seria, nestes, ação da graça; ou optar por uma definição do que é
graça, em cada tema, estabelecendo, assim uma possibilidade de detecção desta
em cada qual, como um princípio de conduta.
Escolhi a Segunda.
Certa feita, ouvi Noé Stanley dizer, com muito bom humor , que teólogo latino
americano não tem teses, tem "apuntes".
E eu, que nem teólogo sou, tenho apenas rabiscos, e é isso que ofereço aos
irmãos, meros rabiscos, frutos de reflexão simples.
Que o Deus triúno possa fazer deles uso. Amém! A graça de Deus na criação
Desprezando o conteúdo utilitário da questão – só criar o que me vai ser útil; o que
não dará dor de cabeça – ela tem pertinência em si, principalmente quando nos
deparamos com um mundo mal.
Se pudesse ser dito que Deus não sabia, e que está correndo atrás do
prejuízo...mas. a onisciência lhe é inerente.
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O problema, penso, não está apenas na criação, mas , também, na manutenção
da mesma: como pode um Deus santo manter um mundo mal?
(Cl 1.15-17)
Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele,
foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis,
sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi
criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo
subsiste.
Paulo parece remeter tudo para Jesus Cristo, o Deus filho encarnado.
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para organizá-la e conduzí-la a seu destino.
José Comblin4a
"Primogênito, longe de declarar que Cristo foi criado, salienta que Ele é o alvo de
toda a criação com direito de primogenitura, i.e. 'herdeiro de todas as coisas'."
Russell P. Shedd
Por que toda a criação seria creditada ao Deus filho a partir do mistério da sua
encarnação?
(1Pe 1:18-20) - sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou
ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos
legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula,
o sangue de Cristo,
conhecido, com efeito, pré-estabelecido de fato – Henry Alford antes da fundação
do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós.
(Ap 13:8) - e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes
não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação
do mundo. "'Desde a fundação do mundo'. Em harmonia com 1 Pe 1.18-21,
ensina-se que o Sacrifício de Cristo fez parte do propósito divino antes da
fundação do mundo. Os decretos e propósitos de Deus são tão concretos e reais
como o próprio acontecimento (At2.23; Ef 1.4)." Russell P. Shedd
De fato, tal decreto justificaria o ato onisciente, pois, denunciaria que o Deus triúno
se responsabilizou pela redenção da criação, daí poder criar um ser livre, mesmo
sabendo que a tal liberdade se voltaria contra o seu doador.
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Só valeu a pena criar porque antes que a criatura se voltasse contra o criador,
este sacrificou-se por ela, para a resgatar.
Se assim for:
2-há uma verdade sobremodo assombrosa no verso todas as coisas foram feitas
por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. (Jo 1:3).
A Graça
Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por
meio de Jesus Cristo. - (Jo 1:17)
Estaria João informando que, assim como a lei foi comunicada por Moisés, a
graça e a verdade foram comunicadas por Jesus Cristo?
para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no
Amado, - (Ef 1:6)
Paulo parece completar: a graça não apenas foi comunicada por meio de Cristo, a
graça estava em Cristo. Por que em Cristo? Porque nele temos a redenção, pelo
seu sangue, a remissão dos pecados...(Ef 1.7) A graça estaria, portanto,
vinculada ao sacrifício do cordeiro.
Poderíamos, então, dizer, que graça é o favor que o sacrifício de Cristo, instituído
na eternidade e manifesto na história, tornou possível; por justificar o ato
onisciente da criação e a manutenção de um mundo que se tornou mal, assim
como o seu resgate.
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1-gratidão: fazei -o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.
(Col 3:17)
Se o prof. Rubem Alves está certo, para falar da graça de Deus teríamos de
responder a antiga pergunta do salmista:
Voltemos ao início.
Gn 1:26, 27- Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme
a nossa semelhança; (...) Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de
Deus o criou;
Esse texto marca uma mudança de ritmo e de forma na criação: até então Deus
falava e tudo vinha à existência, na criação do homem temos, antecedendo-a,
uma declaração de intenção e uma descrição.
Façamos o homem...
A teologia cristã entende que essa afirmação nos apresenta a Trindade, doutrina
que afirma haver um só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, como
declara G. W. Bromiley
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
Gosto de pensar nesse texto como uma declaração de intenção, é como se fosse
o resultado de uma conferência entre as três Pessoas.
Como os anjos poderiam pecar se não fossem moralmente livres; uma vez que
pecar (pelo menos no ato primeiro) exige capacidade de escolha?
Como qualquer ser pode ser julgado, se não for moralmente responsável? Além
do que, parece não haver dúvidas de que os anjos, também, são racionais, senão
estariam impossibilitados de comunicar-se e de arrazoar conosco, como fizeram,
por exemplo, com Ló (Gn 19:10-22).
Gosto de pensar que esta imagem-semelhança inclui, além do já citado, algo que
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só é comum a Deus e a nós: a unidade.
"A última palavra hebraica da Shema (Dt 6.4,5) é echad, um substantivo coletivo,
em outras palavras, um substantivo que demonstra unidade, ao mesmo tempo que
se trata de uma unidade que contém várias entidades. Poderíamos citar um bom
número de exemplos.(...) Em Nm 13.23 os espias pararam em Escol, onde
'cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas'. A palavra que aqui aparece
com 'um', em 'um cacho', novamente é echad, no hebraico. Mas, como é evidente,
esse único cacho de uvas consistia em muitas uvas."
Stanley Rosenthal
Macho e fêmea parecem ser uma criação só, pois, o barro e o sopro (que dá vida
ao ser humano) só aparecem uma vez. O segundo ser não é uma segunda
criação, é uma duplicação. Sendo que, no segundo ser, Deus fez desabrochar
características que não fizera desabrochar no primeiro.
"Em Gn 2.24, Deus (...) instruiu marido e mulher a tornarem-se 'os dois uma só
carne', indicando que aquelas duas pessoas unir-se iam, formando perfeita e
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harmônica unidade. Em tal caso, novamente a palavra hebraica é echad."
Stanley Rosenthal
Me parece que o projeto divino passava estritamente pela unidade: criou um casal
apenas, logo, uma só família; criou-os tendo a si como modelo: o que caracteriza
a trindade é o amor, vínculo da perfeição, isto é, que une perfeitamente; logo,
criou-os para, a exemplo da trindade, amarem-se com esse amor que unifica.
Criou-os para viverem em unidade. Criou-os como unidade. Se não tivéssemos
caído, seríamos bilhões, talvez, entretanto, à semelhança da trindade, nos
amaríamos tanto que, apesar de muitos, seríamos um só homem: o homem à
imagem e semelhança de Deus.
Se é fato que o homem que Deus criou é comunitário, então, em todo o elemento
cultural que leve o ser humano à consciência do outro; ao senso de
pertencimento; à celebração comunitária; à solidadriedade; à justiça deverá, em
alguma medida, ser fruto da graça de Deus – a graça que mantêm todas as
coisas.
Não é curioso que após ter comunicado à sua criatura a relação de domínio que
teria sobre o planeta, Deus o coloque num jardim?
Parece-me que, ao fazer isto, Deus propõe um modelo. O domínio dar-se-ía não
pela subjugação mas pela interação.
Uma vez que jardim manifesta harmonia e superação, pois a beleza é resultado de
interação tal, que a beleza do todo é maior que a soma da beleza das unidades.
Seria, portanto, em algum nível, ato da graça, quando, numa dada cultura, se
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
privilegia a interação homem/natureza.
Sinais de Deus
"E, na verdade, cuidei que vós outros, Senhores, com todos os teólogos, não
somente assegurais que a existência de Deus pode ser provada pela razão
natural, mas também se infere da Santa Escritura que o seu conhecimento é muito
mais claro o que se tem de muitas coisas criadas e que, com efeito, esse
conhecimento é tão fácil que os que não o possuem são culpados. Como é
patente nestas palavras da Sabedoria, capítulo 13, onde é dito que 'a ignorância
deles não é perdoável: pois se seu espírito penetrou tão a fundo no conhecimento
das coisas do mundo, como é possível que não tenham encontrado mais
facilmente o Soberano Senhor dessas coisas?' E aos Romanos, capítulo primeiro,
é dito que são indesculpáveis. E ainda no mesmo lugar, por estas palavras: 'o que
é conhecido de Deus é manifesto neles', parece que somos advertidos de que
tudo quanto se pode saber de Deus pode ser demonstrado por razões, as quais
não é necessário buscar alhures que em nós mesmos, e as quais nosso espírito é
capaz de nos fornecer." René Descartes Descartes afirmava, julgando interpretar
as escrituras, que Deus se deu a conhecer na natureza, bastando uma inspeção
do espírito para captá-lo. Assim ele justificou suas "meditações".
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
3- Ao invés do juízo, entra em ação a compreensão da cultura em sua
complexidade.
Falar, penso, nesse tema é falar do reino de Deus. O reino como utopia é a graça
nos dando direção.
Parece-me que há três perguntas que humanidade faz: quem somos? Como
administrar a riqueza? Como viver juntos?
Tais respostas colidem com o sistema que, para respondê-las gerou um sem
número de filosofias e religiões; um sem número de teses econômicas; um sem
número de propostas de organização da sociedade.
"Assim sendo, o peso histórico do reino de Deus, que vem a ser a realidade mais
inclusiva, elimina o papel platonizante que tinha a escatologia tradicional que
podia dar-se ao luxo de condenar a história e a matéria como realidade inferior.
Doravante, a escatologia, que era entendida antes como doutrina sobre o final dos
tempos, terá uma relação necessária com a história.
A recuperação do sentido histórico do reino de Deus resgata o caráter necessário
da ação humana na construção desse reino."
Samuel Silva Gotay
Daniel 2. 31-45, apresenta o reino como uma pedra solta por mãos não humanas
que se choca com a estátua, destruindo-a de forma cabal.
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
Penso que estátua representa não só a sequência escatológica dos reinos, como,
também, toda a tentativa humana de resolver o dilema da humanidade sem levar
em conta a vontade e a realidade de Deus, e que o fato de aparecer como uma
estátua revela o seu caráter idolátrico. O reino é a resposta de Deus ao citado
dilema, que confronta e destrói a solução idólatra. Tal confronto, quero crer,
concede necessária historicidade ao reino.
Na sociedade do Cristo, o poder deveria ser exercido dessa forma para que a
sociedade pudesse cumprir a sua vocação, qual seja:
uma sociedade onde o uso da terra fosse regulamentado, tendo em vista o bem
de todos, pois, como disse o profeta Isaías: Deus não admite que alguém possa
comprar casa sobre casa e terra sobre terra até ser o único morador do lugar. Na
sociedade do Cristo a terra teria de ser repartida entre todos, pois é para todos.
Este tipo de coisa só acontece quando o governo está a serviço de todos.
uma sociedade onde a riqueza fosse distribuída com eqüidade, pois, como disse o
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
apóstolo Paulo: Deus quer quem colheu demais não tenha sobrando, e o que
colheu de menos não tenha faltando. Uma sociedade com consciência de
coletividade. O que só acontece quando o governo está a serviço de todos.
uma sociedade onde o trabalhador usufruísse da riqueza que produz, pois, como
está escrito: o trabalhador é digno de seu salário e mais, não se pode amordaçar o
boi que debulha o milho, isto é, aquele que produz deve ser o primeiro a usufruir
do que produziu. Uma sociedade de trabalhadores para trabalhadores. O que só
acontece quando o governo está a serviço de todos.
uma sociedade onde a criança fosse prioridade, pois, Deus não quer que nenhum
dos pequeninos se perca, e ameaça com duras penas a sociedade que desviar as
crianças de sua vocação divina: vocação à saúde; à educação; à segurança; à
longevidade; ao emprego – enfim uma vida que possa ser celebrada. O que só
acontece quando o governo está a serviço de todos.
uma sociedade onde os orfãos e as viúvas, isto é, os que tudo perderam, não
ficasssem desamparados, pelo contrário, parte da produção seria destinada
exclusivamente para estes, para que não houvesse miséria na sociedade. Uma
sociedade onde todos desfrutassem do direito à dignidade. Uma sociedade de
cidadãos, pois, só onde há dignidade há cidadania.
uma sociedade onde o idoso fosse referencial de sabedoria, nunca um fardo, pois,
na bíblia, o idoso é o conselheiro que ajuda o jovem na sua caminhada e, por este
é visto como um mentor, como alguém que é guardião dos valores que devem
nortear a sociedade. Alguém que deve ser honrado, o cidadão por excelência, pois
construiu e legou para as gerações que o sucedem.
Os cidadãos são os que detêm o poder econômico, são os que financiam a classe
política, eles é que são representados, é a quem o governo serve. Para tais não
há problema de previdência ou de respeito aos direitos humanos, pois, todos os
seus direitos são respeitados.
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
também, são cidadãos, porém, é uma inverdade, pois, o povo não tem direito ao
voto, tem a obrigação do voto, e vota só para legitimar o que os poucos cidadãos
já decidiram. O povo vota, mas, não veta, e quem não tem o poder de veto, de fato
não exerceu o direito do voto, porque não tem como obrigar os eleitos a serem os
representantes que deveriam ser, consequentemente nunca terá seus direitos
respeitados. Quem respeita gente que só serve de massa de manobra? E mais, o
voto do povo tem sido fruto de grandes campanhas de marketing, que o leva a
sufragar alguém com quem não tem a mínima identificação, de quem nunca mais
saberá nada, até que, através de outra campanha de marketing, seja chamado a
legitimar os desejos da classe dominante.
Que fazer diante disso? É preciso um milagre. Não o milagre sobrenatural, mas o
milagre da conscientização, o milagre que abre os olhos. Cada trabalhador, cada
marginalizado tem de se conscientizar de que povo é uma categoria que não
existe, ou se é cidadão ou não se é nada. Cada um destes tem de se
conscientizar de que para que os seus direitos sejam respeitados, para que o
governo não lhe engane com falácias, ele tem de fazer-se cidadão, ou seja , tem
de se ver como alguém a quem o governo tem de servir, tem de transformar a
obrigação do voto no exercício do direito de votar, votar só naqueles sobre quem
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
tem o poder de veto, e transformar isso em lei. A categoria povo tem de ser
substituída pela categoria sociedade – sociedade de cidadãos. Sociedade onde a
lei é para todos; que tem um projeto de estado – estado previdenciário. A
recentíssima história tem nos feito ver, que onde a consciência de cidadania
triunfa, as forças progressistas são sufragadas e, consequentemente, desaparece
o povo e surge o cidadão e a sociedade. Que assim seja em Nome do Senhor
Jesus Cristo.
Creio que a Igreja Brasileira precisa deixar de apenas usufruir a graça para tornar-
se propagadora da graça. Em cada um dos quesitos levantados há o que fazer se
a igreja brasileira quiser, de fato, ser agente da graça em nosso território.
Parte V
A GRAÇA E O CONHECIMENTO
"Antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo. A Ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade". (2Pe
3.18) O cristão é um ser humano em desenvolvimento. Alguém usava uma
camiseta onde estava escrito: "Tenha paciência porque ainda estou em
construção".
A GRAÇA
A graça de Deus, Seu amor que não merecemos, faz-nos o que somos. Ela é
Deus em operação no nosso ser. É impressionante que todas as religiões
começam com o ser humano buscando seu(s) deus(es). Assim no animismo, no
candomblé, no hinduismo, etc. Mas o evangelho de Cristo começa com Deus
buscando a pessoa humana. Só temos que examinar o testemunho da Sua
Palavra:
"Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: em que Deus enviou seu Filho
unigênito ao mundo, par que por meio dele vivamos. Nisto está o amor: não em
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou a nós, e enviou seu
Filho como propiciação pelos nossos pecados. Nós amamos, porque Ele nos
amou primeiro".
O CONHECIMENTO
O "conhecimento de Cristo" pode ser uma de duas coisas, ou as duas; um
conhecimento acerca de Jesus Cristo (cf. 2Pe 1.5,6), ou/e um conhecimento
pessoal de Cristo, um encontro com Ele como Salvador pessoal, um contato
constante com Ele.
Então, qual o Cristo que você conhece? O Cristo morto da teologia popular
brasileira? Mostrando a uns amigos americanos um templo antigo da Igreja
Majoritária, ao lado do espanto, misto de admiração pelos painéis folheados a
ouro, altares rebuscados, tive um repentino susto ao ver debaixo de um dos
altares um cadáver num caixão. Olhando melhor, observei que era uma imagem
em tamanho natural representando o Cristo defunto tão ao gosto de certa forma
de religiosidade. São expressões de um folheto de cordel:
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
5.000 e 5 chagas
Encontrou no corpo dele.
5.000 e doze espinhos
A Virgem retirou dele.
5.000 gramas de sangue
Fazem cortina pra ele.
Qual o Cristo que você conhece? O Cristo distante? O Cristo do Corcovado, dos
Altos do Cruzeiro (praticamente toda cidade do interior, e algumas capitais como
Salvador, Rio de Janeiro, Recife têm um morro para onde se vai em romaria,
subindo, por vezes, de joelho a escadaria numa autêntica demonstração de
"salvação pelas obras"). O Cristo metafísico, longe de nós?
Qual o Cristo que você conhece? O Cristo-que-não-inspira-respeito? Das músicas
profanas e piadas pretensamente jocosas?
Qual o Cristo que você conhece? O Cristo docético, pálido, ausente da vida diária;
cuja natureza humana e deformada, ou substituido por um orixá?
Qual o Cristo que você conhece? O Cristo-Oxalá, filho unigênito do Pai Olorum?
O Cristo Senhor de Maitreya do movimento "Nova Era"?
O Cristo-só-homem? Grande filósofo? Grande mestre?
O irmão está pensando, "Pastor, eu sou crente, sou salvo!" Volto a lhe perguntar,
meu irmão, qual o Cristo que você conhece? O Cristo sem poder, inerte, que nega
a palavra profética de que o Espírito do Senhor está sobre Ele, e O ungiu para
anunciar boas novas, proclamar libertação, restauração, por um fim à opressão, e
proclamar o ano das bênçãos, da graça, o ano aceitável do Senhor (cf. Lc 4.17-21;
Is 61.1ss)?
Qual o Cristo que você conhece? O Cristo existencialista de Bultmann? O Cristo
revolucionário, parazelote, de Cullmann, dos teólogos da libertação, das
categorias políticas? Ou o Cristo servo-sofredor dos profetas, o Cristo da
esperança de todo o Novo Testamento?
Num dos seus iluminados livros, o Pr. A. W. Tozer ensina que há graus de
conhecimento das realidades divinas. E, fazendo um paralelo com o templo de
Jerusalém, explica dizendo que o primeiro deles é o grau da razão que se refere
ao pátio do templo, ao ar livre e recebendo a luz natural. Verdade é que tudo era
divino, mas a qualidade do conhecimento se tornava mais sublime à medida que o
adorador deixava o átrio, a parte de fora do templo, e ia se aproximando do Santo
dos Santos onde estava a arca. O segundo grau é o da fé correspondendo ao
lugar Santo. É aquele que penetra na fé da criação divina do Universo, crê na
Trindade Divina, crê que Deus é amor, e que Jesus Cristo morreu por nós,
ressuscitou, e está ao lado do Pai. O mais elevado é o da experiência espiritual: é
o Santo dos Santos, o conhecimento mais puro. Em João 14.21, Jesus disse,
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
"Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e
aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a
ele."
Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo lugar , pelo sangue de
Jesus, pelo caminho que Ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu,
isto é, da sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus,
cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração
purificado de má consciência, e o corpo lavado com água limpa, retenhamos
inabalável a confissão da nossa esperança, porque fiel é aquele que fez a
promessa." (Hb 10.19-23).
O CRESCIMENTO
O alvo do crente em Jesus Cristo é crescer. Crescer na graça (2Pe 3.18), crescer
no conhecimento (Cl 1.10), crescer na fé (1Ts 1.3), crescer na sabedoria (Pv 1.5),
crescer em tudo (Ef 4.15).
Em Êxodo 33.13. Moisés faz um pedido ousado a Deus: "rogo-te que agora me
mostres os teus caminhos, para que eu te conheça". O Senhor, então, assegura
que irá com ele (cf. V. 14). No verso 18, ele faz um pedido ainda mais ousado
"Rogo-te que me mostres a tua glória". E, com isso, Moisés nos ensina que não
podemos ficar com menos.
Crescer como cristão, na fé, na graça e no conhecimento é uma construção do
Espírito de Deus. É o Espírito Santo o grande operário de Deus em nosso próprio
espírito.
Ora, as pessoas sensíveis à vida espiritual desejam ser mudadas para melhor.
Pois o evangelho tem uma proposta radical: é preciso morrer! Morrer para o
passado e nascer para uma nova vida:
"Porque morreste, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus": (Cl 3.3; cf.
Rm 6.2,7ss; Cl 2.13; 1Co 15.31,36; Ef 4.24).
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
Por que crescer espiritualmente? Porque nosso Deus o espera. Pelo Espírito,
entramos na nova vida em Cristo; pelo Espírito, vemos em Jesus a revelação de
Deus, e então nos entregamos a Ele, e Seu Espírito toma conta de nós e faz a
obra, "porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo
Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5.5). É preciso crescer espiritualmente
porque nossa utilidade no reino de Deus o exige, decorrendo daí um interesse
profundo na Causa de Cristo, e a participação ativa no reino. É preciso crescer
espiritualmente para evitar a advertência de Paulo em 1Tm 1.5-7.
No entanto, se alguma dificuldade há, ponha-a diante de Deus em oração, e faça
certas perguntas: quem ordena crescer? Não é o pastor, mas o próprio Deus. Em
quem devo crer? Em Jesus Cristo. Mas não pergunte, "como posso crer?" Pois
diante de tantas graças, bênçãos e maravilhas, pergunte "Como poderia deixar de
crer?" E, então, submeta-se!
Pedro termina a carta como a começara (cf. 1.2), e como a vida cristã é vida de
desenvolvimento, crescimento e rumo à maturidade, ao lado da ordem de Pedro
está o encorajamento de Paulo,
"... esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão
adiante, prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo
Jesus" não esquecendo o profeta Oséias: "Conheçamos e prossigamos em
conhecer ao Senhor..." (6. 3). Amém.
Parte VI
A GRAÇA RESISTÍVEL
O título deste estudo poderia ser: Uma vez salvo, salvo para sempre? Ou: Se o
crente cometer apostasia perderá a salvação? Sei tratar-se de um assunto
controvertido. De um lado, os que seguindo a doutrina do Calvinismo consideram
a salvação imperdível. Do outro, os que alinhados ao ensino do Arminianismo
consideram plenamente possível o cair da graça. Para melhor compreensão,
vejamos um resumo dessas doutrinas.
(1) Depravação total: Os homens nascem depravados, não lhes sendo possível,
nesse estado, escolher o caminho da salvação.
(2) Eleição incondicional - Somos escolhidos por Deus para salvação,
independente de qualquer mérito de nossa parte.
(3) Graça irresistível - Os escolhidos não resistirão à graça salvadora do Criador,
em razão da atuação do Espírito Santo, convencendo-os do pecado.
(4) Expiação limitada aos eleitos - O alto preço do resgate, pago por Jesus na
cruz, alcançou apenas os eleitos.
(5) Perseverança dos crentes - Nenhum dos eleitos perderá a salvação; irão
perseverar até o fim, pois estão predestinados ao céu desde a fundação do
mundo. Em resumo, o movimento teológico calvinista defende a absoluta
soberania de Deus, e a exclusão do livre-arbítrio. Deus concede aos eleitos graça
eficaz e irresistível, que permite ao homem continuar perseverante por toda a vida.
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
ARMINIANISMO - Sistema teológico formulado pelo teólogo holandês Jacobus
Arminius (1560-1609), em oposição à doutrina Calvinista da predestinação, assim
exposto:
"Eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; ninguém poderá arrebatá-las da
minha mão" (Jo 10.28).
"E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da
redenção" (Ef 4.30)
"Pois [Jesus Cristo] nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos
santos e irrepreensíveis diante dele. Em amor nos predestinou para sermos filhos
de adoção por Jesus Cristo..." (Ef 1.4-5).
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
"Se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido o pleno
conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas certa
expectação horrível de juízo e ardor de fogo que há de devorar os adversários"
(Hb 10.26-27).
"Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, como o ramo, e secará;
tais ramos são apanhados, lançados no fogo e se queimam" (Jo 15.6).
"Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos alguns apostatarão da
fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios" (1 Tm 4.1).
"Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? ..." (Hb 2.1-3).
LIVRE-ARBÍTRIO
Deus criou o homem com liberdade para tomar decisões, com liberdade para
rejeitar ou aceitar Seu plano de salvação, para crer ou não crer nEle. Essa
liberdade faz parte da condição humana. Caso contrário, seríamos como
marionetes, ou robôs programados pelo Criador. Não seríamos culpados por
nossos atos.
Adão e Eva tiveram a liberdade de decidir; influenciados pelo diabo, optaram pela
desobediência ao Criador. Antes disso, Lúcifer, um anjo de grande prestígio no
céu, também usou de seu livre-arbítrio, desejou ser igual ao Altíssimo e caiu em
rebelião.
Em Deuteronômio 28, Deus coloca diante do seu povo dois caminhos: (a) "Se
obedeceres à voz do Senhor teu Deus...todas as bênçãos virão sobre ti..." (b)
"Mas se não deres ouvidos à voz do Senhor teu Deus...virão sobre ti todas estas
maldições...". Noutras palavras, Deus concede ao seu povo a liberdade de
escolha.
Jesus nos deixou outro exemplo dessa liberdade. Em Mateus 7, Ele afirma que
diante dos pecadores existem dois caminhos: um deles é espaçoso e conduz à
perdição; o outro, estreito, conduz à vida eterna. Disse mais que são poucos os
que percorrem o caminho apertado. Ora, se não prevalecesse a vontade humana,
todos os homens seguiriam o caminho estreito, porque é da vontade de Deus que
todos se salvem.
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
O cerne da questão está na condição do homem após aceitar Jesus como seu
Senhor e único Salvador. O crente, usando o seu livre-arbítrio, pode voltar-se para
o pecado, perder a fé, perder a graça de Deus e, assim, perder a salvação? Mais
uma pergunta cabe formular: o crente possui livre-arbítrio? Se a resposta for
afirmativa, é evidente que ele poderá usá-lo, e usá-lo para abandonar a sua fé
original e fazer morrer a chama do primeiro amor; se negativa, teríamos que
solicitar respaldo bíblico para tal opinião.
ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO
São eleitos os que estiverem unidos a Cristo: "Quem nEle crê, não é condenado,
mas quem não crê já está condenado, porque não crê no nome do unigênito Filho
de Deus" (Jo 3.18). Portanto, o entendimento de uma eleição por meio de um ato
unilateral da parte de Deus fica prejudicado. É da vontade de Deus que nenhum
homem se perca (Jo 6.39) ou caia da graça (Gl 5.4; 2 Pe 3.9). A expressão "cair
da graça" nos diz da possibilidade de alguém perder a salvação.
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
O ensino calvinista leva ao entendimento de que Deus, ao eleger seus preferidos,
selou por um ato divino o destino dos não eleitos, ou seja, a morte eterna. Os não
escolhidos estariam proibidos de crer em Jesus para serem salvos. Não consigo
entender - ainda que me esforce - a idéia de que Cristo morreu somente por
alguns pecadores. Vejamos: Cristo morreu pelos pecadores (Rm 5.8); Cristo
morreu pelos ímpios (Rm 5.6); Cristo morreu para dar salvação aos que nEle
crerem (Jo 3.16, 11.26); Cristo veio para dar vida às ovelhas perdidas (Mt 15.24;
18.11).
Como vimos, a eleição para a salvação em Cristo é oferecida a todos (Jo 3.16-17),
porque Deus "deseja que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento
da verdade" (1 Tm 2.4), "pois a graça de deus se manifestou, trazendo salvação a
todos os homens" (Tt 2.11). Deus não deseja salvar apenas uma parte dos
homens, mas TODOS os homens.
A GRAÇA CONDICIONAL
"Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em mim, e eu nele,
esse dá muito fruto...Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora..." (Jo
15.5-6).
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
Comentário: Nessa alegoria Jesus diz da possibilidade de um crente abandonar a
fé, deixá-LO, e perder a salvação.
"Mas o meu justo viverá pela fé. E se ele recuar, a minha alma não tem prazer
nele. Nós, porém, não somos daqueles que retrocedem para a perdição, mas
daqueles que crêem para a conservação da alma" (Hb 10.38-39)
Comentário: Em outras palavras: Se o crente ("meu justo") me abandonar, estará
perdido. A possibilidade de recuo, de deixar, de abandonar a fé é uma realidade
possível. "Daqueles que retrocedem" é uma palavra de exortação, uma injeção de
ânimo para que continuem firmes na fé, mas fala também da possibilidade de o
crente volta ao primitivo estado.
"E odiados de todos sereis por causa do meu nome. Mas aquele que perseverar
até o fim será salvo" (Mt 10.22).
Comentário: A segunda parte poderia ser assim: "Aquele que não perseverar até o
fim NÃO será salvo".
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
CONCLUSÃO
A salvação em Cristo é oferecida a todos os homens porque Ele morreu por todos
os pecadores, pelo mundo inteiro, e não apenas pelos eleitos
(2 Co 5.14-15; Hb 2.9; 1 Jo 2.2). A salvação está disponível a todos, mas os
interessados deverão buscá-la na cruz, pois é dada somente aos que crêem.
Não existe eleição sem Cristo. A condição para sermos eleitos é a fé obediente
em Cristo Jesus. Vejam:
"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com
todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, como também NOS
ELEGEU NELE [em Cristo] antes da fundação do mundo, para que fôssemos
santos e irrepreensíveis diante dele em caridade, e nos PREDESTINOU para
filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua
vontade" (Ef 1.3-5)
Parte VII
DINHEIRO E BENS MATERIAIS SINAIS DA GRAÇA DE DEUS
( A VISÃO REFORMADA )
"É pela atitude do Cristão em relação aos bens materiais, que se julga da sua vida
espiritual. O comportamento do homem para com o dinheiro é a expressão
tangível de sua verdadeira fé" João Calvino
Muita gente pensa que a Bíblia deve ser consultada apenas para coisas
espirituais, mas, segundo o conceito reformado, ela é a nossa "regra de fé e
prática". Seus ensinamentos dizem respeito a todas as áreas da vida do crente,
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
como já vimos na área da sexualidade. Seus ensinos são ricos e profundos. Visam
apenas o nosso bem.
Para Calvino, o dinheiro é um sinal de duplo sentido: sinal de graça para aquele
que, pela fé, reconhece que tudo lhe vem de Deus, e sinal de condenação para
aquele que recebe os bens dos quais vive sem discernir que são dádiva de Deus.
Por esta razão o dinheiro sempre põe o homem á prova.
"Quando pois, temos refeições a tomar, o que beber e o que comer, aprendamos
a levantar os olhos para o Alto e de tal maneira aproveitarmos e servir-nos destes
meios ordinários, que saibamos que é Deus Quem nos alimenta" João Calvino
Orgulho: É a terceira atitude negativa que pode determinar a maneira como vemos
o dinheiro vem diretamente do poder e status que a nosso cultura confere aos
bens de consumo. Tiago 2:2-4.
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
Embora as três teologias usem versículos bíblicos para sustentá-las, duas delas
são baseadas numa visão parcial do ensino bíblico, e portanto ficam distorcidas.
Para evitar isso, vamos olhar o quadro total, examinando quatro tópicos
importantes:
I. O PODER DO DINHEIRO
II. ADOTE UM SISTEMA ADEQUADO DE VALORES
III. COMO GASTAR O DINHEIRO
IV. CONSELHOS PRÁTICOS EM COMO USAR O DINHEIRO
I. O PODER DO DINHEIRO
Por que a Bíblia fala tanto sobre o dinheiro? Mateus 6:24 - Neste versículo e em
outros, Jesus o coloca em oposição direta a Deus. Servir a Deus e a Mamom, ou
seja, às riquezas, é pura impossibilidade. ( Lucas 6:24, Lucas 16:13, Mateus 6:19,
Mateus 19:24-25, Lucas 12:15, Lucas 12:33, Lucas 6:30.).
O dinheiro, como um rival de Deus pela nossa afeição, pela nossa devoção, pela
supremacia em nossa vida, precisa ser avaliado e subjugado. Não subestimemos
o seu poder. (1 Timóteo 6:10, que diz: "o amor do dinheiro é raiz de todos os
males" ). O dinheiro quer ocupar o lugar de Deus nas nossas vidas. Como
podemos subjugá-lo e colocá-lo a nosso serviço e a serviço do reino de Deus
através da nossa mediação? "Como consagração das riquezas é o sinal infalível
da fé autêntica ,é para examiná-la que Deus concede ao homem, ou lhe retira, a
prosperidade. A dádiva dos bens materiais tem sempre, e em todo tempo, o valor
de uma prova de Fé, qualquer que seja a abundância destes bens" ( grifo nosso )
Assim, vamos analisar os princípios bíblicos que nos ensinam a forma adequada
de usar o dinheiro de que precisamos para viver e para ajudar aos outros. Efésios
4:28.
1. Tudo o que existe sobre a terra pertence a Deus, inclusive os bens que me
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
foram confiados. Salmo 24:1; 1 Crônicas 29:11-14; Jó 41:11; Êxodo 19:5; Levítico
25:23. A consciência desse fato nos liberta do espírito de posse e destrói a
separação entre as minhas coisas e as coisas de Deus.
3. Deus espera que usemos plenamente a força e a capacidade dadas por ele em
trabalho sério e honesto. Esta é a maneira criada por Deus para suprir as nossas
necessidades. Êxodo 20:9; Salmo 37:25; Provérbios 13:11; 10:4; 28:20; 22:29;
28:22; Colossenses 3:23,24; 1 Tessalonicenses 4:10b,11,12.
4. Há muita coisa que vale mais do que o ouro. O nosso sistema de valores vai
determinar as nossas prioridades. Provérbios 15:16; 16:8; 22:1; 31:10; Salmo
127:3,5; Mateus 6:33; Jeremias 9:23,24; Lucas 10:20,21; Mateus 6:19-20; 1
Timóteo 6:17-19; Efésios 3:8.
Lc. 12:15 - ". porque a vida de um homem não consiste na abundância de bens
que ele possui "
I Tm 6:10 - " Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males . . ."
Mt 6:19, 21 - "Não acumuleis para vós outros Tesouros sobre a Terra, onde a
traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam ; Porque onde está
o teu Tesouro, aí estará o teu coração".
`7. Não Estabeleça seu Padrão de Vida Tomando Como Base o de Terceiros: A
tendência do ser humano é cobiçar os bens do próximo. Se, por exemplo, o
vizinho comprou um "Astra GLS", eu sinto imediatamente uma compulsão para
adquirir algo semelhante.
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
8. Conscientize-se de que a Fidelidade a Deus Vai Desencadear um Ciclo de
Benção em sua Vida : Nosso sucesso na vida financeira, familiar, social,
profissional e espiritual, está intimamente ligado à nossa fidelidade a Deus com
relação aos dízimos.
Ml. 3:10 " Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro ( . . . ) e provai-me nisto, se
eu não vos abrir janelas do céu e não derramar bênçãos sem medida sobre vós".
Lc. 6:37 " Dai, e dar-se-vos-á, boa medida, recalcada, sacudida, transbordante,
generosamente vos darão, . "
Pv. 11:24,25 " A quem dá liberalmente ainda se lhe acrescenta mais e mais ao
que retém mais do que é justo, ser-lhe-á em pura perda".
Pv. 3:9,10 - "Honra ao Senhor com os teus bens . . . e se encherão fartamente os
teus celeiros . . ."
"A indiferênça dos fiéis em relação ás exigências financeiras de sua igreja traduz,
explicitamente, a vitória do mal alcançada contra o Evangelho nesa igreja"
Passemos agora a estudar o que a Bíblia nos ensina a respeito de como gastar o
dinheiro que Deus nos confiou.
1. Devemos planejar como ganhar e gastar dinheiro. Prov. 27:23-24, 24:27, Mat.
25:14-30, Lucas 19:11-27
"Os cúmplices de Satanás, na igreja, são aqueles que lhe retiram seu recurso
financeiro, porque a fiel pregação do Evangelho vai contra seus interesses, e os
que ignoram o real labor que o ministério reclama"
5. Devemos viver dentro dos nossos meios, evitando as dívidas. Romanos 13:7-8;
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Prov. 6:1-3; 22:26-27
2. Não Caia na Tentação de Querer Enriquecer Depressa : I Tm 6:9 - " Ora, os que
querem ficar ricos caem em tentação e cilada . . ." ( Leia Pv. 13:11; 20:17 )
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9. Procure Descobrir a Razão Por Que Deus Está Permitindo que os Meios Sejam
Insuficientes: Ele está testando sua fé ? - Há pecado ? O dinheiro foi
providenciado, mas foi mal gasto ?
AVALIAÇÃO
4.Quais as despesas referentes ao cuidado da família que ainda não fazem parte
do seu orçamento normal?
Parte XIII
LEI E GRAÇA UMA VISÃO REFORMADA
É quase um paradigma para os cristãos modernos associar o Antigo Testamento
à Lei e o Novo Testamento à Graça. Em várias oportunidades propus a estudantes
de seminário e na escola dominical estabelecer o relacionamento entre os termos
e, invariavelmente, a resposta tem sido a seguinte relação:
...sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que
fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da
lei, ninguém será justificado (Gálatas 2.16).
Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim
da graça (Romanos 6.14).
E, de fato, uma leitura isolada dos textos acima pode levar o leitor a entender lei e
graça como um binômio de oposição. Lei e graça parecem opostos, sem
reconciliação — o cristão está debaixo da graça e conseqüentemente não tem
qualquer relação com a lei. No entanto, essa leitura é falaciosa. O entendimento
isolado desses versos leva a uma antiga heresia chamada antinomismo, a
negação da lei em função da graça. Nessa visão, a lei não tem qualquer papel a
exercer sobre a vida do cristão. O coração do cristão torna-se o seu guia e a lei se
torna dispensável.1 O oposto dessa posição é o legalismo ou moralismo, que é a
tendência de enfatizar a lei em detrimento da graça (neonomismo). Nesse caso, a
obediência não é um fruto da graça de Deus, uma evidência da fé, mas uma
tentativa de agradar a Deus e de se adquirir mérito diante dele. Exatamente contra
essa idéia é que a Reforma Protestante lutou, apresentando como uma de suas
principais ênfases a sola gratia.
Em uma direção oposta, outro grande movimento foi iniciado por Karl Barth, em
seu livro God, Grace and Gospel, onde argüi por uma unidade básica entre lei e
graça, direcionando seu pensamento para um novo moralismo.2 Para termos uma
boa idéia de como o debate ainda é atual, em 1993 foi publicado o livro Five Views
on Law and Gospel, da coleção Counterpoints, no qual cinco escritores
evangélicos contemporâneos expressam diferentes pontos de vista sobre a
relação entre a lei e o evangelho (graça).3 Sem sombra de dúvida, o assunto
ainda está muito longe de apresentar um consenso entre os evangélicos.
As implicações da forma como entendemos a relação entre lei e graça vão muito
além do aspecto puramente intelectual. Esse entendimento vai, na verdade,
determinar toda a forma como alguém enxerga a vida cristã e que tipo de ética
esse cristão irá assumir em sua caminhada. John Hesselink, um estudioso sobre a
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
relação entre lei e graça, exemplifica que, na década de 1960, os cristãos
proponentes da ética situacionista se levantaram contra leis, regras e princípios
gerais, propondo uma nova moralidade.4 Esse movimento propõe que a ética das
Escrituras não é absoluta, mas depende do contexto. Nem mesmo a lei moral de
Deus é absoluta; ela depende da situação. Essa proposta surgiu e se desenvolveu
dentro do cristianismo tradicional, alcançando seguidores de todas as bandeiras
denominacionais, praticamente sem restrições. A lei não tem mais qualquer papel
determinante na ética cristã; o que determina a ética cristã é o “princípio do amor,”
conclui o movimento. A conseqüência dessa conclusão é que a graça suplanta a
lei. As decisões éticas devem ser tomadas levando em consideração o princípio
do amor. Tome-se por exemplo a questão do aborto no caso de estupro. Aprová-lo
nessas circunstâncias é um ato de amor baseado no princípio do amor à mãe que
foi estuprada. Ou mesmo a questão da pena de morte. Ela não se encaixa no
princípio do amor ao próximo e, portanto, não pode ser uma prática cristã. Até
mesmo situações como o divórcio passam a ser aceitáveis pelo princípio do amor.
A separação de casais passa a ser aceitável pelo mesmo princípio. O mesmo
acontece com o homossexualismo. Aceitar o homossexualismo passa a ser um
ato de amor, e portanto, essa prática não pode ser considerada como pecado, ou,
se assim considerada, é um pecado aceitável.
Para entendermos bem o uso da lei precisamos entender o que são o pacto das
obras e o pacto da graça. Assim, é prudente começarmos por esclarecer o que
são esses pactos e qual o conceito de lei que está envolvido na questão.
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
se resume à ordem de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e
do mal. A lei não deve ser reduzida a um aspecto somente. Existem outras leis,
implícitas e explícitas, no texto bíblico. Por exemplo, a descrição das bênçãos em
Gênesis 1.28 aparece nos imperativos sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a
terra e dominai. Esses imperativos foram ordens claras do Criador a Adão e sua
esposa e, por conseguinte, eram leis. O relacionamento de Adão com o Criador
estava vinculado à obediência, a qual ele era capaz de exercer e assim cumprir o
papel para o qual fora criado. No entanto, o relacionamento de Adão com Deus
não se limitava à obediência. Esse relacionamento, acompanhado de obediência,
deveria expandir-se de maneira que nele o Deus criador fosse glorificado e o ser
humano pudesse ter plena alegria em servi-lo. A Confissão de Fé nos fala da lei
de Deus gravada no coração do homem (CFW 4.2). Essa lei gravada no coração
do ser humano reflete o tipo de intimidade reservada por Deus para as suas
criaturas.
Nesse contexto podemos perceber que a lei tinha um papel orientador para o ser
humano. Para que o seu relacionamento com o Criador se mantivesse, o homem
deveria ser obediente e assim cumprir o seu papel. A obediência estava associada
à manutenção da bênção pactual. A não obediência estava associada à retirada
da bênção e à aplicação da maldição. A lei, portanto, tinha uma função
orientadora. O ser humano, desde o princípio, conheceu os propósitos de Deus
através da lei. Tendo quebrado a lei, ele tornou-se réu da mesma e recebeu a
clara condenação proclamada pelo Criador: a morte.
O que acontece com essa lei depois da queda e da desobediência? Ela tem o
mesmo papel? Ela possui diferentes categorias? Por que Deus continuou a revelar
a sua lei ao ser humano caído?
A Confissão de Fé, no capítulo 18, divide esses aspectos em lei moral, civil e
cerimonial. Cada uma tem um papel e um tempo para sua aplicação:
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
Testamento; por exemplo, prescreve os sacrifícios e todo o simbolismo cerimonial.
(c) Lei Moral – representa a vontade de Deus para o ser humano, no que diz
respeito ao seu comportamento e aos seus principais deveres.
(a) A Lei Civil tinha a finalidade de regular a sociedade civil do estado teocrático
de Israel. Como tal, não é aplicável normativamente em nossa sociedade. Os
sabatistas erram ao querer aplicar parte dela, sendo incoerentes, pois não
conseguem aplicá-la, nem impingi-la, em sua totalidade.
(b) A Lei Religiosa tinha a finalidade de imprimir nos homens a santidade de Deus
e apontar para o Messias, Cristo, fora do qual não há esperança. Como tal, foi
cumprida com sua vinda. Os sabatistas erram ao querer aplicar parte da mesma
nos dias de hoje e ao mesclá-la com a Lei Civil.
(c) A Lei Moral tem a finalidade de deixar bem claro ao homem os seus deveres,
revelando suas carências e auxiliando-o a discernir entre o bem e o mal. Como tal,
é aplicável em todas as épocas e ocasiões. Os sabatistas acertam ao considerá-la
válida, porém erram ao confundi-la e ao mesclá-la com as outras duas,
prescrevendo um aplicação confusa e desconexa.9
Assim sendo, é fundamental que, ao ler o texto bíblico, saibamos identificar a que
tipo de lei o texto se refere e conhecer, então, a aplicabilidade dessa lei ao nosso
contexto. As leis civis e cerimoniais de Israel não têm um caráter normativo para o
povo de Deus em nossos dias, ainda que possam ter outra função como, por
exemplo, ensinar-nos princípios gerais sobre a justiça de Deus. Portanto, a lei que
permanece “vigente” em nossa e em todas as épocas é a lei moral de Deus. Ela
valeu para Adão assim como vale para nós hoje. Isto implica que estamos, hoje,
debaixo da lei?
(a) Não estamos sob a Lei Civil de Israel, mas sob o período da graça de Deus,
em que o evangelho atinge todos os povos, raças, tribos e nações.
(b) Não estamos sob a Lei Religiosa de Israel, que apontava para o Messias, foi
cumprida em Cristo, e não nos prende sob nenhuma de suas ordenanças
cerimoniais, uma vez que estamos sob a graça do evangelho de Cristo, com
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
acesso direto ao trono, pelo seu Santo Espírito, sem a intermediação dos
sacerdotes.
(c) Não estamos sob a condenação da Lei Moral de Deus, se fomos resgatados
pelo seu sangue, e nos achamos cobertos por sua graça. Não estamos, portanto,
sob a lei, mas sob a graça de Deus, nesses sentidos.
Entretanto...
(a) Estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela continua
representando a soma de nossos deveres e obrigações para com Deus e para
com o nosso semelhante.
(b) Estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela, resumida nos Dez
Mandamentos, representa o caminho traçado por Deus no processo de
santificação efetivado pelo Espírito Santo em nossa pessoa (João 14.15). Nos dois
últimos aspectos, a própria Lei Moral de Deus é uma expressão de sua graça,
representando a revelação objetiva e proposicional de sua vontade.10
É a função da lei que revela e torna ainda maior o pecado humano. Segue o
ensino de Paulo em Romanos 3.20 e 5.20:
...visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que
pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.
Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado,
superabundou a graça.13
Calvino aponta para esse papel da lei diante da realidade do homem caído. Sendo
o pecado abundante, vivemos no tempo em que a lei exerce o “ministério da
morte” (2 Co 3.7) e, por conseguinte, “opera a ira” (Rm 4.15).
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
confirma é o binômio Lei x Evangelho. O mandamento que não traz salvação
versus a graça salvadora de Deus. Porém, não podemos esquecer que é o próprio
Antigo Testamento que nos apresenta a promessa da salvação de Deus, a sua
graça operante sobre os crentes da antiga dispensação.
Ainda que o pacto da graça se ache contido na lei, não obstante Paulo o remove
de lá; porque ao contrastar o evangelho com a lei, ele leva em consideração
somente o que fora peculiar à lei em si mesma, ou seja, ordenança e proibição,
refreando assim os transgressores com a ameaça de morte. Ele atribui à lei suas
próprias qualificações, mediante as quais ela difere do evangelho. Contudo, pode-
se preferir a seguinte afirmação: “Ele só apresenta a lei no sentido em que Deus,
nela, se pactua conosco em relação às obras.14
Assim, a lei exerce o papel de coerção para esses transgressores e evita que esse
tipo de mal se alastre ainda mais amplamente no seio da sociedade humana. Essa
ação inibidora da lei cumpre ainda um outro papel importante no caso dos eleitos
não regenerados. Ela serve como um aio, um condutor a Cristo, como diz Paulo
em Gálatas 3.24: “...de maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a
Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.” Dessa forma ela serviu à
sociedade judia e serve à sociedade humana como um todo. Da mesma forma
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
essa lei serve ao eleito ainda não regenerado. Ele, antes da manifestação da sua
salvação, é ajudado pela lei a não cometer atrocidades, não como uma garantia
de que não fará algo terrível, mas como uma ajuda, pelo temor da punição.
Esse uso da lei só é válido para os cristãos — ensina-os, a cada dia, qual a
vontade de Deus.17 Segundo o texto de Jeremias 31.33, a lei de Deus seria
escrita na mente e no coração dos crentes:
Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias,
diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas
inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
Se a lei de Deus está impressa na mente e escrita no coração dos crentes, qual a
função da lei escrita por Moisés? Ela é realmente necessária? Não basta um
coração convertido, amoroso e cheio de compaixão para conhecer a vontade de
Deus? A “lei do amor” e a consciência do cristão orientado pelo Espírito Santo não
bastam? Não seria suficiente apenas termos a paz de Cristo como árbitro de
nossos corações? (Cl 3.15).
Creio que não é bem assim. A lei, assim como no Éden, tem ainda um papel
orientador para os cristãos. Embora eles sejam guiados pelo Espírito de Deus,
vivendo e dependendo tão somente da sua maravilhosa graça, a “lei é o melhor
instrumento mediante o qual melhor aprendam cada dia, e com certeza maior,
qual seja a vontade de Deus, a que aspiram, e se lhes firme na compreensão.”18
A paz de Cristo como o árbitro dos corações só é clara quando conhecemos com
clareza a vontade de Deus expressa na sua lei. Deus expressa sua vontade na
sua lei e essa se torna um prazer para o crente, não uma obrigação. Calvino
exemplifica com a figura do servo que de todo o coração se empenha em servir o
seu senhor, mas que, para ainda melhor servi-lo, precisa conhecer e entender
mais plenamente aquele a quem serve. Assim, o crente, procurando melhor servir
ao seu Senhor empenha-se em conhecer a sua vontade revelada de maneira clara
e objetiva na lei.
A lei também serve como exortação para o crente. Ainda que convertidos ao
Senhor, resta em nós a fraqueza da carne, que pode ser, no linguajar de Calvino,
chicoteada pela lei, não permitindo que estejamos à mercê da inércia da mesma.
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
SENHOR é puro e ilumina os olhos.
São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais
doces do que o mel e o destilar dos favos.
Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são
ocultas.
Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei
irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão.
As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua
presença, SENHOR, rocha minha e redentor meu.
Que princípio de morte opera nessa lei, segundo o salmista? Nenhum. Para o
regenerado, o crente no Senhor, a lei é prazer, é desejável, inculca temor,
restaura a alma e lhe dá sabedoria. Isso de alguma forma parece contradizer os
ensinos do Novo Testamento. O terceiro uso da lei é claro para o salmista. A lei
em si não faz nenhuma dessa coisas, mas para o coração regenerado ela traz
prazer e alegria. Na lei o salmista reconhece a sua rocha, o seu redentor, Jesus
Cristo: “rocha minha e redentor meu.”
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
segundo a tua palavra.
Mais me regozijo com o caminho dos teus testemunhos do que com todas as
riquezas.
Sê generoso para com o teu servo, para que eu viva e observe a tua palavra.
De onde vem esse desejo do salmista pelos juízos de Deus? Da lei que opera
sobre o homem natural? Certamente que não. Mas para o homem regenerado a
lei de Deus se torna objeto de desejo da alma. A lei é maravilhosa para aquele
que tem os olhos abertos pelo Senhor. Amar a lei de Deus é ensino claro das
Escrituras para os regenerados. Viver na lei de Deus é bênção para o cristão, para
o salvo. Ela é o nosso orientador para melhor conhecermos a vontade do nosso
Senhor e assim melhor servi-lo. Observe que o viver segundo a lei de Deus é
considerado uma bem-aventurança, é como ter fome e sede de justiça.
Pergunto: O que seria do cristão sem a lei para orientá-lo? Como conheceria ele a
vontade de Deus? (essa, aliás, é uma das perguntas mais freqüentes entre os
crentes no seu dia-a-dia). Ele seria um perdido, buscando respostas em seu
próprio coração, na igreja, no consenso eclesiástico, na autoridade de alguém que
considerasse superior. Mas o crente tem a lei de Deus, expressando
objetivamente qual é o desejo do Criador para a criatura, qual o desejo do Pai
para seus filhos.
Mas essa visão da lei não nos traz de volta ao legalismo? Estamos então
novamente debaixo da lei? Certamente que não. Para bem entendermos a
posição bíblica expressa por Calvino sobre a lei no pacto da graça, precisamos
entender também como ele relaciona Cristo e a Lei.
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
V. Cristo e a Lei
Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para
cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i
ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar
um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens,
será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e
ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus.
(c) Aquele que viola a lei pode chegar ao Reino dos Céus! (“aquele que
violar...será considerado mínimo no reino dos céus.”) O sermão do monte é um
sermão para crentes e o texto pode ser entendido dessa forma.
(d) Aquele que cumpre a lei será considerado grande no Reino dos Céus.
(a) Ele veio cumprir a lei e de fato a cumpriu em todas as suas dimensões:
cerimonial, civil e moral. Não houve qualquer aspecto da lei para o qual Cristo não
pudesse atentar e cumprir. Cristo cumpriu a lei de forma perfeita, sendo obediente
até a própria morte. Ele tomou sobre si a maldição da lei. Ele se torna o
fundamento da justificação para o eleito.
(b) Ele não só cumpriu a lei perfeitamente, mas também interpretou a lei de forma
perfeita, permitindo aos que comprou na cruz, entendê-la de forma mais completa,
mais abrangente.
(c) Os que nele crêem agora também podem cumprir os aspectos necessários da
lei para uma vida santa. No entanto, esses que por ele são salvos não são mais
dependentes da lei para a sua salvação. Por isso há uma diferença clara entre os
que chegam ao Reino dos Céus: alguns serão considerados maiores do que
outros.
(d) Cristo, ao cumprir a lei, ab-roga a maldição da lei, mas não a sua
magisterialidade.19 A lei continua com o seu papel de ensinar ao ser humano a
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
vontade de Deus. A ab-rogação da maldição da lei é aquilo a que Paulo se refere
em textos como Rm 6.14 e Gl 2.16 — estamos debaixo da graça! A lei continua no
seu papel de nos ensinar, pela obra do Espírito Santo. Não somos mais
condenados pela lei nem servos da mesma. A lei, por expressar a vontade de
Deus, se nos torna um prazer.
O ponto principal, claro, é que Cristo cumpriu a lei em todos os aspectos, seja no
vivê-la, no submeter-se à maldição da lei para satisfazer a sua exigência de
punição dos transgressores, ou restabelecendo sobre outras bases a possibilidade
de cumprir aquilo que a lei requer. Cristo, em outras palavras, satisfez tudo o que
a lei exigiu ou pode vir a exigir da humanidade. A justificação que estava
associada à lei agora pertence completamente a Cristo.20
Portanto, nossa obediência à lei não acontece e não pode acontecer sem Cristo.
Tentar viver debaixo da lei, sem Cristo, é submeter-se à escravidão. Porém,
obedecer à lei com Cristo é prazer e vida. Também, nesse sentido, Cristo é o fim
da lei!
Conclusão
Como fica o aparente paradoxo inicial entre a Lei e Graça? Como corrigir essa
visão distorcida? Mais uma vez creio que a visão correta da Confissão de Fé pode
nos ajudar a entendê-lo:
Este pacto no tempo da lei não foi administrado como no tempo do Evangelho.
Sob a lei foi administrado por promessas, profecias, sacrifícios, pela circuncisão,
pelo cordeiro pascoal e outros tipos e ordenanças dadas ao povo judeu,
prefigurando, tudo, Cristo que havia de vir; por aquele tempo essas coisas, pela
operação do Espírito Santo, foram suficientes e eficazes para instruir e edificar os
eleitos na fé do Messias prometido, por quem tinham plena remissão dos pecados
e a vida eterna: essa dispensação chama-se o Velho Testamento.
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
Portanto, ao relacionarmos lei e graça devemos nos lembrar dos diversos
aspectos e nuanças que estão envolvidos nesses termos.
Em segundo lugar, a lei opera para vida ou morte no pacto das obras e somente
para a morte no pacto da graça. No pacto das obras, por mérito, o homem poderia
continuar vivo e merecer a “árvore da vida.” Portanto, pela obediência o homem
viveria. No pacto da graça a lei opera para condenação do homem caído. Porque
o homem já está condenado, ele não pode mais cumprir a lei e ela lhe serve para
a morte.
Portanto, o nosso gráfico do início deveria ser modificado para refletir a verdade
bíblica sobre a Lei e a Graça de Deus:
Parte IX
A Graça na Lei
A lei moral, representada pelos dez mandamentos, deve ser interpretada além do
mero literalismo. Entender os dez mandamentos apenas em seu sentido literal
seria cair no mesmo erro dos escribas e fariseus. O Novo Testamento nos ensina
que a lei moral é espiritual e que, portanto, precisa ser interpretada com maior
amplidão.
Quando o Mestre afirma que a ira contra um irmão quebra o sexto mandamento
(“Não matarás”), e “qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
coração já adulterou com ela”, isso nos envergonha e humilha. Pois quem, em sã
consciência, afirmará que nunca matou ou adulterou, segundo a verdadeira
interpretação da lei? Se para sermos salvos precisássemos cumprir à risca a lei de
Deus (embora ele a tenha dado com essa finalidade), estaríamos perdidos! Por
isso Jesus, a graça encarnada, é o nosso Redentor. Ele cumpriu a lei em todos os
sentidos e aspectos. Contudo, ele não nos isentou do dever de nos conduzirmos
de acordo com a lei moral. A lei não salva, mas isso não significa que não temos
compromisso com ela. “Não há salvação sem santificação”, diziam os puritanos.
Parte X
A lei e a graça
Por D. Martin Lloyd-Jones
Toda e qualquer posição que diga, “somente a lei”, ou que diga, “somente a
graça”, é necessariamente errada porque na Bíblia temos “a lei” e “a graça”. Não
é, “a lei ou a graça”; é “a lei e a graça”. A graça estava presente na lei do Velho
Testamento. Todas as ofertas queimadas e todos os sacrifícios e holocaustos o
indicam. Foi Deus quem os ordenou. Que ninguém jamais diga que não existia a
graça na lei de Deus, nos termos em que ela foi dada a Moisés e aos filhos de
Israel.
É um trágico engano pensar que quando temos a graça, não há nela nenhum
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
elemento da lei, mas que há uma espécie de licença. Isso é uma contradição do
ensino bíblico concernente à lei e à graça. Existe graça na lei; existe lei na graça.
Como cristãos não estamos “sem lei”, afirma Paulo, porém estamos “debaixo da
lei de Cristo” (1Coríntios 9.21).
Estude com fé depois de ter terminado os seus estudos, envie seu questionário
com as respostas devidas para o endereço de e-mail: teologiagratis@hotmail.com,
se assim quiser, logo após respondido e corrigido o questionário, alcançando
media acima de 7,5, solicite o seu Lindo DIPLOMA de Formatura e a sua
Credencial de Seminarista formado, também poderá solicitar estagio missionário
em uma de nossas igrejas no Brasil ou exterior traves da Federação Internacional
das Igrejas e Pastores no Brasil ou Fenipe, que depois do Estagio se assim o
achar apto para o Ministério poderá solicitar a sua ordenação por uma de nossas
organizações filiadas no Brasil ou no exterior, assim você poderá também receber
a sua Credencial de Ministro Aspirante ao Ministério de Nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo. Esta apostila tem 57 pagina boa sorte.
Sem nadas mais graça e Paz da Parte de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo
bons estudos.
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida