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Tilo original “Arislotele Metafisica ~ Saggio introduttivo, testo greco con traduzione a fronte © commentatio acura di Giovanni Reale (edizione maggiore rinnovata) Traduzione, proprieta Rusconi Libri Saggio introdutivo c comentario, Giovanni Reale © da presente edigde, Vita Pensiero, Milano ISBN da obra: 88.343.0541-8 Edicdo Br Direcbo Fidel Garcia Rodhiguez Edigdo de texto Motcas Marcienilo Revisdo Marcelo Pete Projeto grico ‘Mauris Botbeso Edigdes Loyola Rua 1822 n° 347 ~ Ipiranga (04216-000 Sa0 Paulo, SP Caixa Postal 42.335 — 4218-970 — So Paulo, SP Le 0711) 6914-1922 Qe (O**1)) 6163-4275 Home page © vendas: www.Joyola.com.br Egitorial: loyola@loyola.com.br Vendas: vendas@loyola.com.br Todos os direitos reservados. Neshuma pare desta obra pade ser reprodecida ow transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrnico ou mecénico, incluindo Fotocdpia ¢ gravagio} ou arguivada em qualquer sistema ‘ou banco de dados sem permissio escrta da Editora ISBN: 85-15-02427-6 © EDIGOES LOYOLA, Si0 Paulo, Brasil, 2002 Poi ch’innalzai un poco pitt le ciglia, Vidi ‘I maestro di color ehe sanno Seder fra filosofica famiglia Tutti lo miran, tutti onor Ui fanno (..) Gama, informe, IV 130-133, (Jer (Arstoteles] ist cins der reichsten und umfassendsten (tiefsten) wissenschafti- chien Genie’s gewesen, dice ersehienen sind, cin Mann, dem keine Zeit cin gleiches an dle Seite zu stellen hat (.} ele [Aristtcles} & um dos m: os ¢ universais (profundos) genios cientifi- cos que jamais evisttam, urn omen ao qual nenhuma época pode por a0 lado um igual. GWE Hegel Vorlesungen uber die Geschichte der Philosophie, in Samtliche Werke, Bd. 18. Ed. Glacknes, p. 298. | Sumério Adverténcia...... ee ssessesessersaneee sees sasenne ik Livro A (primeira) Livro a éharrrov (segundo)... Livro B {torceito} ... livro T (quarto) ...... livro A (quinto) livro E (sexto) livro Z (SéHiM0)} livre H {oitavo) livro © (nono)... livre | (décimo) livro K (décimo primeiro} . livro A (décimo-segundo} liveo M (décimo-terceiro} livro N (décimo-quart) Adverténcia ‘Ao iniciar a leitura deste volume, que contém o texto grego ea tradugio da Metafisica de Aristoteles, o leitor deverd ter presentes as explicagses do Preficio geral, contido no primeiro volume, ede modo particular as observagées relativas aos critérios seguidos na tradugdo e mo enfoque especifico deste segun- do volume (cf. pp. 13-17). Considero, em todo caso, muito oportuno evocar agui alguns pontos e cacrescentar algumas explicacées alteriores. O texto grego de base que segui é sobretudo 0 que foi estabelecido por Ross, embura tenha tido sempre presente também o de Jueger. Entretanto, introduzo no texto de Ross algumas variantes, e ndo sé as que foram extrat- das da edigao de Jaeger, oferecendo nas notas, na maioria dos casos, a relativa justificagao. Para tornar bem inteligivel o texto grego, Ross introduz numerosos parén- teses, Eu reproduzo esses parénteses no texto grego, mas em grande medida os elimino na tradugao, De fato, na tradugdo mudo radicalmente 0 enfoque lin- giitstico, valendo-me do complexo jogo de pontiacdo e de cadenciamento dos periodos, de modo aleangarclareza que, mantendo agueles parénteses(estrita- mente ligados ao texto grego), ndo se poderia alcancar. Uso 0s parénteses quando ajudam 0 leitor a bem seguir 0 raciocinio de Aristtles, com base no tipo de tradugdo que faco, ecom base na interpretagdo que ofereco. Uso, depois, colchetes s6 para evidenciar eventuais acréscimos, e no, em geral, todas as explicitagdes do texto grego que apresento, porque tais parénteses perturbam bastante oleitor e ndo servem a compreensdio do texto ‘Ao contrdrio, uso parénteses normais para apresentar todos os expedieretes ‘que utilizei para evidenciar a articulagao eo calenciamento des raviocinios, que, em muitos livros, sdo verdadeiramentetiteis e até mesmo necessérios. O texto de Aristételes extremamente denso, que, como jd disse e como em seguida voltaremos a afirmar, na medida em que é um material de escola ds vezes até x apvEsTeNcin mesmo uma verdadeira seqiiéncia de cpontamentos, necessita de uma série de explicagoes para ser usado ¢ bem recebiclo (enguanto carece dos suportes sistemticos oferecidos pelas ligées dertro do Peripato}. As vezes indico com mnimeros romanos os cadenciamentas, dsvezes com ntimeros ardbicos, de aoordo com os blocos de argumentos, ¢ 0: subdivido depois com letras. ora maitiscue as, ora mintisculas, e até mesmo (quando necessdrio} com ulteriores divisoes feitas com letras gregas, para indiear as articulagées posteriores Oleeitor tenha presente que toda essa trama de relacées e cadenciamentos dos raciocinios evidenciada mediante niimeros ¢ letras ¢ retomada ou comple- fadar nos sumérios ¢ nas notas de comentario, com todas as explicagies do caso. Mas 0 leitor, caso inicie « leture do testo com outro intoresse e outra ética, pode também nao levar em conta essa complexa divisdo e deixé-la justamente, entre parénteses Oleitor notard, particularmente, uma nitida diferenca entre a extensiio do texto grego e a tradugao. Isto se explica, ndo s6 pelo fato de a lingua grega ser muito mais sintética do que as linguas medlernas (como expliquel no Pref cio, pp. 13-17), mas também pela titulagdo dos pardgrafos (que visa dar ao leitor o ndileo da problematica nele irctada, e ue eu mesmo prepare, como, de resto, jd outros estudiosos julgaram oportuno fazer), por toda uma série de caput adequadamente pensada, por urcadenciamento dos periodas que busca cvidenciar do melhor modo a articulacdo dos raciovinios (seguindo, obviamente, 4 l6gica da lingua), pela explicitaydo dos sujeitose dos objetos amit imple tas no texto grego, pelo desenvolvimento que os neutros implicam para se tomarem compreensives,¢, enfim, peloadequado esclarecimentoe interpreta- ao das braquilogias. Recordo que minha traducdo esté bem longe de ser um simples decal- que do texto grego, mas pretende ser urta tradugdo-interpretacao e, particu- larmente, uma nova proposigdo das mensagcns conceituais comunicadas por Aristoteles em lingua grega, muito amitide técnica e esotérica Portanto, como jd disse no Pretacio, os controles e confrontos com 0 texto origindrio apresentado {nas paginas pares} ao lado da tradugdo {nas priginas impares) devem sempre ser feites levando em conta 0 comentario e apoiando- sena Logica do pensamento filosofico de Aristoteles, endo s6 na logica da gra- mética e da sintaxe grega Uma tradugdo literal de Aristtelesndo serviria a ninguém. E, com efeit, 08 ftlogos puros, em todas as linguas mecleraas, no foram capazes de trad ira Mctafisca, justamente porque ss oconhecimento da lingua {do léxico, da _gramdtica e da sintaxe do grego} esta lenge de ser suficiente para poder com- povertiNcia. * preender e, portanto, fazer compreender um dos maiares ¢ mais dificeis textos especulativos até hoje eseritos. (De resto, nas modernas tecrias relativas ds téenicas de tradugdo, mesmo de linguas modernas para linguas modernas,estd astante estabelevida a idéia de que o tradutor no é nunca verdadeiramente confidvel, por elevado que sefa seu conhecimento da lingua emquestdo, quando nao conhesa em justa proporgdo 0 objeto de que trata 0 livroa ser traduzido) Como se verifica isso, ¢ justamente no mais alto grau, no caso da Me- tafisica? ‘A meu ver, isso se verifica pelo fato de a Metafisica tatar de uim tipo de problemitica totalmente particular, cuja penetracdo exige uma espécie de “iniciagdo”. para usar una metéfora classica So uma adesdo simpatética d problemadtica tratada, uma notdvel familia ridade eom ela, ou, para dizer com uma imagem particularmente significatrva tum especie de *simbiose” com exse lipo de investigacdo, permitern compreen der adequadamente, numet lingua tdo diferente da origindia (com estruturas gramaticais e sintaticas dificilmente passives de superposigdo), uma obra esse calibre Naturalmente, considero que ess¢ eritério seja insubstituivel, malgrado todos os inconvenientes estruturalmente implicitos Hd algum feripo.eu teria resistidoa apresentar diante deum texto origind: rio uma tradugdo autonoma e ndo lingisticamente literal. Hoje, ao contrario, ‘sou nuuito favrordvel a esse tipo de operacdo, na medida em que considera po- der apresentar as duas faces da coisa na justa medida. No pussad, os eitores de textos gregos julgavam que ndo era tarefa sua traduzir os textos que publicavam. Certos tradutores por stud ve: ser tarefa sua interpretar o texto que apresentavam, raciccinando aproximada- mente do seguinte modo: a trudugdo que se extrai do texto € essa; ndo é minha tarefia, mas do intérprete, entender a traducdo em seus contetidas ¢ explicc-la, Hoje, ao inves, felizmente as tendéncias se inverteram: muitas vezes os editores dos textos gregos enfrentam também a tarefa de traduzi-los ¢ de comenté-los adequadamente, De resto, justamente isso comecaram a fazer, jd no passado, alguns autores que se scuparam da Mctafisica de Aristoteles. basta pensar em estudiosos do calibre de Schwegler, dle Bonitz ede Ross, que foram sejaeditones, seja tradutores, sea intérpretes e comentadores, com precisas enmpeténcias inclusive dautrinais. E comegou-se a fazer isso justamente com Metatisica, porque 6 0 proprio texto que impox essa regra de maneira inreversivel. Enfim, o letor tenka presente uma fato que emergiu cluramente no séeuw- X, mas que muitos continuama 4 esquecer ou a excluir. A Metatisica ndo bo € um livro, mas uma coletdnea de vérias escritos no dmbito de uma mesma tematica. Consegiientemente, ndo tem absolutamente as caracteristicas que se espera de um livro; antes, tom até mesmo muitas earacteristicas opostas, coma explico no Preficio. Recorde-se que Aristételes era um grande escritor. Seus livros publica dlos, como nos refere Cicero, eram um verdadeiro rio de elogiiéncia; ao contrd- rio, seus escritos de escola sao rios de coneeitos, mas ndo de elogiténcia. Quase ndo existem na Metafisica paginas marcantes do ponto de vista estilistico ¢ formal: constitui uma excegdo, verdadeiramente extraordindria, s6 0 capitulo sétimio do livro doze, ou seja, a pagina na qual Aristoteles descreve Deus e sua natureza; uma pagina na qual 0 proprio Dante se apoiou nalgumas passa gens, traduzindo em versos as palavras do Estagirita (ef vol. Ill. p. 577). De modo muito notdvel, os escritos de escola de Aristteles pressupsemo sistem tico contraponto das ligées no Peripato, além de algumas referéncias também as obras publicadas. Infelizmente, nenhuma das obras publicadas de Aristoteles nos chegou {exceto o De mundo, seo aceitamos como auténtico, o que estd longe de ser admitido por todos), Delas conkecemos apenas alguns fragmentos, Com Aristételes ocorreu justamente 0 contrdrio do que ocorreu com Platdo. De fato, de Platdo nos chegaram todas as obras publicadas eb eseas~ sas relagbes dos discipulos sobre as doutrinas ndo-escrtas, desenvolvidas por le nas suas licdes dentro da Academia, e que continkam as coisas que, para la, eram “de maior valor”. De Avstoteles, a eontréria, chegarare-nos somente as obras que continham as ligées dadas por ele no interior do Peripata e, por- tanto, justamente seus conceitos definitivos, endo as doutrinas por ele desti- nadas ao um piiblico mais amplo, além de seus alunos Os contetidos das obras de Aristoteles correspondem em larga medida, pelo menos do ponto de vista analigico e metodoligico, aos que Plata con- fiava unicamente ou prioritariamente @ oralidade dialetica e a seus cursos eaulas, ¢ que Aristételes ndo confiou apenas @ oralidade, porque, contra as conviegdes do mestre, alinhou-se nitidamente em favor da nova cultura da escrita e, portanto, escreveu todos ox contetidos das suas ligées (e também cem sintese os das ligies do mestre. Cortamente, se ecuperissemos muito mais de que até agora se recuperou das obras publicadas de Aristteles, provaxelmente ganhariamos muito tam- bbém na leitura da Metafisica. Seriam ganhos iguais e contrarios, por assim dizer, rlativamente aos que se adguitem na releitura dos escritos platénicos 4d luz de suas doutrinas ndo-escritas. ‘Todavia,o fato de que de Aristteles nos tenkam chegado s6 as obras de escola & de grande vantagem, porque justamente. elas ele eonfiava seus con- ccitos definitivos, qu certamente nao estaam em antitese com os conceitos sustentados nas obras esotéricus, mas eram conceitos axioldgicas complemen- Lares ¢ conceitos leorsticos de aprofundamento (eram coneeitos que, em line ‘guagem platénica, prestavam “definitivos socorros") Ea Metafisica contém justamente os supresnos conceitos definitivos da «escola de Platdo (e que s6 no dmbito dela teriam podido nascer)e depois desen- volvidos no dmbito de sua prépria escola, ou seja, os conceitos com cuja conguis- ta se aleana o fim da viagem (para usar ainda a linguagem platdnica) ‘A ilustragdo de Luca Della Robbia (que aparece no frontispicio de cada volume desta Metafisica), apresenta justamente Aristoteles que diseute com Platdo, ¢ representa, com arte refinada e de modo verdadeiramente em- blemdtico, o nexo estrutural que subsiste entre esses dois maiores pensadores helénicos A Metafisica hoje deve ser relida justamente nessa dtica, que reconquista inteiramente os nexos entre Platdo e Aristoteles, se queremos entendé-la na justa dimnensdo historic efilos6fica, como demonstrei no Ensaio introdutério, ‘e como poderei reafirmar também no Comentario, pelo menos por evocacies APIZTOTEAOY= TA META TA OYZIKA ARISTOTELES. METAFISICA Texto grego com tradugao ao lado lye atBiov undéy tor, o¥8t yeveow elvan Buvarey, Se nio existiswe nada de eterno, també poderia existir 0 devir, Weroisica, B 4, 999 b 5. & te un fora napa Ta aiobrra GAAa, ox fora &pxi kal TAE\s kai yévceis Karl Te obpavia. adhe dei Tis doxiis GPX: Se além das coisas sensiveis no existisse nada, nem sequer haveria um prineipio,nem ordem, nem geragao, nem movimentos dos céus, mas deveria aver um principio do principio. Metabisica, A 10, 1075 b 24:26. LIVRO A (PRIMER) r TSSTSISTS SI StS SSIS) SUT (SESE EE EEE SISSISSIsI 1S SS SSS 1 sot Tldvteg SvOpaonor toi elBévar Spéyovrat pact. onuciov 8” A Ov alofiiscav dyémnos xal yep xwpls is xpelag dyandveat 81" adeés, xai pdhisra tov Dov be cv Supéreov. ob yap ubvov twa xpéetauey GAAk xal pndiv 2s wOdovees apdecerv 20 dpav alpoduella dvel névtwy dds elnely tv Edov. alnov 8? Sr pAédiota novel apie huss airy tiv alsPijscov xxl nodhig Snot Sragopis. gbaet wav obv afalnow Eyovre yhyverar wh Coa, & 88 tabeag toi wav abrOv obx eyytyerat pviun, cole 8 erytyverat. seo xal Bik tobto tabra qpompdrepa xat wabneixdrepe cv th Buvauivey pomuoveser dort, gpimpna piv dvev rod pavOsvery Boa uh Bivara sav dépmv axotew (olov ue Recta xBv ef 1 ror0drov B20 ylvos Gow Four), wowOdver 25 8° Bou mpdg cH pin xal tademy Eyer chy alow. té nav obv Ga tals gaveastans Oh xat tai pviwans, eu meiplag 88 perkysr wxpdv: xd 88 xv dvOpdmuw yévos xab tégvy xal Royrouots. yhyverar 8° ax vig uvfung Uunerplac ols Svlpdinoig: al yep roMal pvjuar tod adcod xpéyna- sar tos itis Cuneiplas Sivawv dnorehodatv. xal Boxet oxeBov emsrhun xai cézvp Guowy elvar xai euncipia, &nofiadver 8° emorhun xat sho bid vig eunerplag soi dvOpdmoxy Hh piv yap tumeipla séygyny enotnse, s gnst Mado, f 5B) aneipla sSyny. yhyverm BL cham Srav ex nolhov wig tuneiplag ewonpdciov la xaBddov yévmrar xepl Gv dyolov nddnbs. cd ply yap Exev Srblnpy be 1. {A sapiéneia é conhecimento de causas] “Todos os homens, por natureza, tendem ao saber’, Sinal disso € 0 amor pelas sensagbes. De fato, cles amam as sensagées por si mesmas, independentemente da sua utilidade ¢ amam, acima de todas, a sensagio da visto. Com efeito, no s6 em vista da agi. ‘mas mesino sem ter nenhuma intengao cle agit, nds preferimos 0 ver, em certo sentido, a todas as outras sensagées'. Eo motivo esta no fato de que a visio nos proporciona mais conhecimentos do que todas as vutéas sensagées ¢ nos tomna manifestas numero- sas diferengas entre as coisas" Os:nimais sao naturalmente dotados de sensagao; mas em alguns da sensagao niio nase a memoria, a passo que em outros nasce. Por isso estes dllimos so mais inteligentes ¢ mais aptos a aprender clo que os que nio tém eapacidade de recordar. Sao inteligentes, mas incaparcs de aprender, todos os animais ineapa- citades de ouvir os sons (por excmplo a abclha ¢ qualquer outro sgénero de animais desse tipo}; ao contritio, aprendem todos os que, além da meméria, possum também a sentido da audigio®. ‘Ora, enquanto os outros aninmais vivem com imagens sens xis ¢ com recordagies. ¢ pouco partieipam da experiéncia, o género humano vive também da arte ¢ de raciocinios. Nos ho- mens, a experiéneia deriva da memoria. De fato, muitas recorda- goes do mesmo objeto chegam a constituir uma experiéneia dini- ca.A experiéncia parece um poucy semelhante a ciéncia ¢ 4 arte. Com efcito. os homens adquirem ciéncia earte por meio da expe riéncia. A experiéncia, como diz Polo, produza arte, enquanto a -xperigncia produz 0 puro acaso, 4 arte se produz quando, de muitas observagées da experiéneia, forma-se um juizo geral ¢ Unico passivel de ser referido a todos os casos semelhantes! 0 25 sit ose tonmerataoyannn — | Kade xéuvovn nyt chy waov co8t ouviveyxe xa Bexpéter xai xa¥” Exactov oft mohAo%, gunciplas tory: wo td 8” Sc milion tole coloiede xaz’ eIBos By dgoprafetar, xépvovar zyy8i ty vboov, auvhveyxev, olov tole @heyward- Beaw fj yodddeor [F] mupéctoust xabow, téxvns. — pds piv oly +d mpdrveiv duneipla: réyome odBev Bonet Srapépev, ddA xal widdov Emmyydvovaw of Eunepor rev dveu sfc tue 15 neiplas Nbyov txdyrww (atov 8 Sx A wey duncipla sav xab? txastév dow quiary 4 88 chyvy cv xaléhov, of BE npdters nal of yevéacig naoa nepi td xa” Exastéy claw: 03 yap Ssfpamov dyidter 6 latpedwv aAA’ fh xaté ovufe- Breés, GAA KadNav fj Eoxpémmy § tGv lov wwe 20 tv obteo Reyoudvov § ov BeBmrev avdpdny cla tév obv tiven vig Eumeiplag Tyqq tig tov Abyov, xal xd xaBd2ov piv yopit 75 8 av colt eal” Exastov dyv0%, moldd- xig Brapapriceta: tis Bepanciag: Oepumevtdv yap td x06" txastov)” EM Buus x6 ye cba xat cd inatew cH 25 thom sig tpmeiplas ndpyew ol6ueba peddov, xal co- perkpoug todk texvitac sav tumetpwv Saolapfdvouev, de xavk 73 dlBévar uadRov dxohovdodcav chy aoplay naa toiro 8 tt of uév chy alslav fouaw of 8” of. of wev yap Yuneigor 1d Su wav Toaar, Biber 8° obx Toaaw: of BE 7d didn. 30 xat chy alslav yoopifouav. 8d xal sods dpyrréxtovac mept Basrov uuuarteous nol paddov clBkvar vopTouer rv yet sat porexwiv rat coqurtpous, St cde altlas cov rowupivwy Toustw (sods 8°, Sorep rat tav abyev Ena noel pév, odx elBéra BE xowi 8 nowt, olov xaler td nOp—tk yey ody Sdoya qian wi nowiv robrwv exaarov rode & yeiporexva 5 Bi Bos), cde ob xard 13 apaxrixods elvar copwrépous Bvtac METAFSCA,A 1,961 68-45 Por exemplo, o ato de julgar que determinado remédio fez. bem a Calias, que sofria de certa enfermidade, e que tam bém fez bem a Sdcrates ¢ a muitos outros individuos, é prépria da experiéncia; ao contririo, 0 ato de julgar que a todos esses individuos, reduzidos & unidade segundo a espécie, que pade- ciam de certa enfermidade, determinado remédio fez bem (por exemplo, aos fleumiticos, aos biliosos ¢ aos febris) & proprio da arte’ Ora, em vista do atividade pratiea, a experiéneia em nada parece diferir cla arte; antes, os cmpiricos tem mais sucesso do que 0s que posstiem a teoria sem a praticu. Ka razsio disso é a soguinte: a experigneia éconheimento dos particulares, enquarn- toa arte € conhecimento dos universais; ora, todas as ages ¢ as producdes referem-sc ao particular, De fato, 0 medico nao cura 0 homem a nao ser acidentalmente, mas eura Clias ou Sdexates ou qualquer outro indivieluo que leva um nome eomo eles, a0 qual ocorra ser homem’, Portanto, se alguém possui a teoria sem a experigncia © conhece o universal mas ndo conhece o particular que nele esta contido, muitas vezes errari o tratamento, porque 6 tratamento se dirige, justamente, ao individuo particule. “Toxlavia, consideramos que o saber ¢o entender sejam mais proprios da arte do que da experigneia, ¢ julgamos os que pos- suiem a arte mais sibios do que os que s6 possuem a experién- cia, na medida cm que estamos convencides de que a sapiéncia, em cada um dos homens, corresponda a sua capacidade de eo hecer. isso porque os primeiras conhecem a causa, enquanto os outros nao a conliecem. Os empiticos conhecem 0 puro dado de fato, mas nao scu porqué; ao contrario, os outros conhecem © porqué ca causa’ Por isso consideramos os que tém a diregio nas diferentes, artes mais dignos de honra ¢ possuidores de maior conhecimen- toe mais sibios do que os trabalhdores manuais, na medida ‘em que aqueles conhecem as causas das coisas que sio feitas; 20 contririo, os trabalhadors manuais agem, mas sem saber o que fazem, assim como agem alguns dos seres inanimados, por exem plo, como o fogo qucima: cada um desses scics inanimados age por certo impulso natural, enquanto os trabalhadores manuais agem por hibito, Por isso consideramos os primciros mais sébios, 20 0 ose © s 2» 2» 30 a2" | conmrarsorsesn | GD xark xd Mbyov Exew arads ral tic alclag yroplfew. Bheog ve omttTov 105 eB6t0s xak uh elBGrog 13 Bivactlas BBd- cxaiy baviv, xal Buk coizo thy cegeny the Eureiplag tyoselar pov Emovhyny clo Bivewrcas yép, of BE ob Bivewrar B1B4- axe, Et BE rv alafotwy obdeulay hyooueta elves coglay™ xairor xuprdrarat 7° coty ateat viv xa” Beaora yuboes: aK 08 Méyouar wb Bix xf mept obBevés, ofov Buk xi Bepudy <8 5p, GX pbvov bu Gepydy. cd ply obv mpdeov ebxds cov Srowvody eSpbvea thy rapa tig xovds alatiiocc Gaxv- patel ond av dvOpdrov wh wbvov Bie vd yersuLov hal u vév elpebévrwy aX’ dy copiv rat Biagloova sav Ddav mradvev 9 edpaxotwoy texvdv xal cv ply pig tvayxala xv BR mpd Bixyorty obady, det cogurt- poug cobs rorosroug exelveoy Grokapidveddar Buk td wh mpd¢ xofiow elvan vhs énioriwas adcOv. 8609 By névtaw cay sowodrov xaresxevaquévey af ui xpd HBovty ume apie civeyxaia rev imompav elpltmoav, xai xpaitov ty cobcots toi rérois 08 mpdrov tox Blagav’ 83 rep! 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MEDISICA 41, 98116.989 09 Wo porque capazes de favcr, mas porque posstidores de umn saber conceptual ¢ por couhecerem as causas Em geral, 0 que distingue quem sabe de quem nao sabe & 41 capacidade de ensinar: por isso consideramos que a atte seja sobrotudo a ciéneia e nao. experiéncia: de fato, os que possuem arte sao capazes de ensinar,enxjuanto os que possucin a expe rignela nfo 0 io" ‘Ademais, consideramos que nenhuma das sensages seja sapiéneia. De fato, seas sensagées sia, por exceléneta, os inst mentos cle conhccimento dos particulates, entretanto no nos dizem 0 porqué de nada: nio dizem, por exemplo, por que 0 fogo & quente, apenas assinalam o fato de cle ser quente!! Portanto, ¢ logico que quem por primeira descobiu alguma arte, supcrando 0s conhecimentos sensiveis comuns, tenha siclo objeto de admiragio dos homens, justamente enquanto sibio ¢ superior aos outros, © nao s6 pela utilidade de alguma de suas descobertas, E também € ligico que, tendo sido deseobertas nume- rosas artes, ums voltadas para as necessidades da vida ¢ wutras para o henvestar, sempre tenham sido julgados mais sibios os deseobridres destas do que os daquelas, porque seus conhe- cimentos no eram dirigidos 0 stil. Dai resulta que, quando ji se timham constituido todas asartes desse tipo. passou-sea descobor t que visam nem ao prazer nem as necessicades da vida, ¢ isso o¢orreu primeitamente nos lugates ers que primciro os homens s¢ libertaram de ocupagaes pritieas. Por isso as artes matenniticas sc constituiram pla primeita vex no Fite, De kato, Ii era conceclda essa liberelade 3 casta dos sacerdotes!® Diz-se na Ftica qual éa diferenga entee 2 arte ca ciéncia cas outras disciplinas do mesmo géneta!. Ea finalidade do racioeinio que ora fazcinos & demonstrar que pelo nome de sapigncia todos centendem a pesquisa das eausas primeiras" e dos principios. E & por isso que, conio dissemos Aéiina, qekem tem experiéneia Econsi- draco sas sibio do que quem passui apenas algun conhecinen- to sonsivel: quem tema arte mais do-que quem tem experigneta, quem dirige mais clo que o trabiliiador manual ¢ as ciéncias teore- ticas mais do que as priticas. E evidente, portanto, que # sapiéncia é uma cigncia acerca de certos principios ¢ certas causas"™ Is 0 oy 2 "Enei 88 taGeqy civ emery Greoduev, cobs’ av ein 5 oxentéov, f mept nolag alrlas xal nept noiag dpyig emt- orf aopla dorlv. ef Bh AdBor rig tae Imodipers Ge Exo- ev nepi 205 cogod, tix’ Gv ix tobrov gavepiv -yévorto UaR- Rov. trolapBévouey 8% mpdrov uly enforacBar xévee cb copay ae evbéyerat, uh xa” Exactov tyovra Emicctyiny to adtav: lta tév te yalemd ava Guvduevov xai yh Agia dWpday yrrdaxew, soirov aopdy (td y&p alobéve- aban névrwv xowvdy, Bid AfBiov xat oSbty copév)- Ex aby dxpiBlerepov xal tiv BiBaoxahvudrepov rv alnidv copdte- pov eva epi nica Emovhuny: xal cv Exiermudsy 88 chy 1s abche Evexey xat tod elBvar xéptv alperiy obcav yaDAov evar coplav % why viv dnoBawéveov Evexev, xal chy dp- youorkpay cig Srmperobong waMLov coglav ob yap Belv tmedereaten dv aopdv GV? emicéerenv, xal ob toitov éxkpep reiBeoBat, GAAK tobt tov Fetov cogév. —té6 piv oby no Srokfigeis toiadrag xal tosatras txouev aept xi coplis xal tv copa" tobtmy 88 +8 yd névea enlotadbat mH pd Arata txover thy xabédov tmoriuny dvayxatov dnépyew (odt0g yap oTBE mag névea wk dmoxelueva), axebdv BF xal yodendrara raira ywoptle tok avOpdnos, tk yédiara 25 xa0bhov (noppardto yap tEv alaDijoedy touw), dxpiféow- au 88 caov Emory al bhava tiv npdrov elaty (al yap 2 Aarcdvov axpiftorepar sav bx poddkecws Aeyouévov, olov &puBuncixh yerouerpiag)* SdA& why xad Bibaoxadurt ye 2. [Quais sao as causas buscadas pela sapiéncia e as caracteristicas gerais da sapiéncia}! Ora, dado que buscamos justamente essa citncia, deveremos examinar de que causas ¢ de que prineipios ¢ ciéneia a sapién- cia, E talvez isso se tome claro se consicerarmos as concepgies que temes do sabio®. (1) Consideramos, em primeiro lugat, que 6 sibio conhega todas as coisas, enquanto isso & possi nao quie cle tena eiéncia de cada coisa individualmente consi- dezada, (2) Adlemais, reputamos sibio quem é eapaz cle conhecer as coisas di 10 facilmente compreensiveis para 0 ho- mem (de fato, o conhceimento sensivel é comunsa todos ¢, por ct facil, ndo € sapiénefa). (3) Mais ainda, reputamos que, em cada cigneia, seja mais sabio quem possui maior conhecimento, das causas (4) e quem é mais capaz de ensind-las a0s outros, (5} Consideramos ainda, entre as cigneias, qj seja crm maior grat sapigneia a que ¢ escolhida por si e unicamente em vista do saber, cm conteaste com a gute ¢ escolhida em vista do que dela deriva. (6) E consideramos que seja em maior grau sapigncia a cigneia que & hierarquicamente superior com relagao a que & subordinada, De fato, 0 sili nao deve ser comandado mas comandar, tiem deve obedecer a outtos, maya cle deve obedle- mas cis ow cer quem é menos sibio. Lantas ¢ tais sio, portanto, as eoncepgdes geralmente par tilhadas sobre a sapiénicia ¢ sobre os sibios. Ora, (1 a primeci- ra dessas caracteristicas — a de conhecer toxlas as coisas — deve necessariamente pertencet sobretudo a quem passtii a ciéneia do universal. De fato, sob certo aspecto, este sabe todas as coisas sujeitas *. (2) Eas coisas mais universais sio, para os homens, exatamente as mais diticeis de conhecer por serem as mais distantes das apre~ ensées sensiveis*. (3) Eas mais icias sao sobre tuclo as que tratam dos primeiros prinefpios. De fato, as ciéneias que presstapoem um menor niimero de prinefpios sto mais exa- tas do que as que pressupdem o acréscimo de como, por excmplo, a aritmética em comparacdo com a gcomettia’. (4) Mas a ciéneia que mais indaga as causas ¢ ssatas entre as % 30 ry a 4, xv alnidv Oecopnrorh wEdLov (obrot Sp BrBdoxovaw, of x85 aiciag Nyoures xepl Exkerov), x0 8? elBlva: xal xd enforastar adviv Hvexe uddea® Sndoyer ch cod wddesca émeento éxt- orfun (6 yap 10 exforaafat &:" adcd alpoistevos viv wédrora tmovhuny phdtora alpfoerat, coalen 8° torly 4 10d uédrora emorqcob), pédtova 8 émormrk vk npdra xal vk aria (Bra yap taita wal &x tobrov tea yupiteran G0? od taica Buk tv Smoxepévor), dpymorim 88 rGv Emarmpdy, xal HEAov doxexh tiie Ssnperobens, A ywopllovan tivac Evexty dow npaxcéov Exactov' toto 8° tort ¥ npds shy xosponotlav, xal Stow dnopioy Bik wiv’ alciav BE dudtyxng Eovl, cote mupéhuer abtév, by BE cols Edo révea USdov alndrm sav yeyvopévww A vodv, xat "Eu neBoxdiig emi mdéov ubv coscov yprinar woig aixfors, oD iy dlizs “Primeito entre todos os deuses produzia 0 Amor"; enguanto Hesiodo dz: “Antes de tudo existiu o Caos, depois foi a terta de amplo ventre e o Amor que resplandece en- tre todos os imortais", como se ambos teeanhecessem que deve cxistir nos seres uma causa que move ¢ retine as coisas! Scja-nos concedido julgar adiante a qual desses pensadores compete a prioridade’ Mas, comio era evidente na natureza a exist contratias a bows, assim como a cxisténcia mio ca existéncia de ma- cla de coisas beleza, mas também da desordern e te Iesmais numerosos do que usbens, ccoises feias em maior naimero wade © do que elas, houve outro pensador que introduziu a a Disedrdia como causas, respectivamente, desses contritios. Se impédocles, entendendo-o segunda a Iigiea de seu pensamento mais do que segunda seu modo confuso ce se expri- imi, vemos que a Amide & causa clos bens, enquanto a Discs Assine send, se disséssemios que Empédo~ dlia ¢ causa dos males cles afirmou — antes, que foi 0 primeiro a afirmar — que 0 bem © 0 mal s20 principio, provavelmente estariunos certos, pois a causa de todas os bens € 0 priprio bem ¢ a causa de toclos os 6 0 praprio mal” Parece que esses, come dissemos, dleangaram 0 dus das “quatro” causas distinguidas nes livros de Fisieg,a saber: aeausa material ¢a causa do movimento, masde mode confuse x obscu- £0, tal como se comportans nos combates os que nda se ewercita- ram: como estes, agitando-se em todas as diregdes, langam be- jaclos pelo conhecimento, tantberaque- les pensaclores no parecem ter verdadciramente conhietn mal tos goles sein serem do que afirmam. De fato, eles principios", O prdprio Anasigoras, na constituigio do universo, serve= ase nue soda como de um deus ex machina, ¢ s6 quan- «lo se encontra em dlficuldacle para dar a raza de alguna coisa evoea a Intcligéncia; no mais, atribui a causa das cokas a tudo, inienos a Inteligéncia® Empédocles utiliza muito mais suas causts do que Anaxa- mas no se serve dclas adequacamente ¢ de mancira co- 98s s

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