Vous êtes sur la page 1sur 35
4ACTAS VIS Jornadas” e Pos-medievat métodos e resultados para o seu estudo 22 a 25 de Marco de 1995 Tondela ACTAS DAS 2.45JORNADAS DE CERAMICA MEDIEVAL E POS-MEDIEVAL METODOS E RESULTADOS PARA O SEU ESTUDO TONDELA (22 a 25 de Marco de 1995) Coordenagao de Joao Manuel Diogo e Helder Chilra Abracos CAMARA MUNICIPAL DE TONDELA 1998 Actas das 2 Jornadas de Cerémica Medieval ¢ Pés-Medieval (pags. 283-314) Ceramicas vidradas da época moderna no Porto ‘Maria Isabel N, A, Pinto OSORIO* , Ant6nio Manuel S.P. SILVA Estudase um conjunto de fagmentasconimicos vdrades, provenientes de diversas esememgos arguoldgeasrecentes a cade do Porto cont cronolegia entre oséeulo XII ea 1% metade do séulo XVI, incluindo as primeves vidas de importa euros, cerdmicasesmaltadas do ewe peninsular eas produgéesaxtctones. Ensuite wma metoiolgia de andlise macroscdpca romana como descritres 0 acabamento wre, a sua clo (io eextensdo, a decragdo ea natureza das pastes Abstract ‘The article presents a set of glzed cere sherds, found at severat Oporto's recent archaclogca excrations a dating fom 13th fo Ie half {7h centuries includes the first imported enropoan lead glazed wares, cout iberian tn glazed pottery anc portuguese glazed ceramic. The authors also attempt to essay a methodology of macrscopical analysts, based upon the colour, extension and glase-types, decoration standards and clay mast evident charters 1, INTRODUCAO Apresentam-se nesta comunicagio os primeiros ele- mentos de sintese sobre as produces ceramicas com revestimento vidrado aparecidas nas principais interven- ‘qhes arqueoldgicas realizadas pelo Gabinete de Anqueolo- ‘gia Urbana da Camara Municipal do Porto. ‘Como & bem conhecida de todos quantos trabalham ‘em departamentos municipais de arqueologia nas gran- des cidades, as condicdes de exercicio da profissio nestes, contextos e, sobretudo, a necessidade de acorrer a nume= rosas intervencdes de campo, suscitadas pela crescente expansiio e Intensificagio da ocupagao urbana, muitas vvezes nio possibilitam o tempo e os meios indispensaveis para processar com a celeridade desejivel as volumesas ‘quantidades de espélio ceramico que anualmente sfo ext madas das diversas escavagdes arqueoldgicas, pelo que s6 agora se intenta um primeiro estudo de conjunto sobre as ceramicas vidradas mais arcaicas que ocorrem nas nossas intervencbes. * ArqueGloga. Chefe da Divisio de Patriménio Cultural da (Camara Municipal do Porto. ** Arquedlogo. Gabinete de Arqueologia Urbana da (Cémara Municipal do Pott, ‘Trata-se de materiais cerémicos de importagio ou de producio autéctone cuja cronologia oscila essencialmente ‘entre o século XI ea I* metade do século XVI, constitut dos principalmente por pecas revestidas por vidrados de chumbo, mas também jé por lougas cobertas a vidrado ‘estanifero. 2 OS CONTEXTOS Os materiais cerdmicos estudados sio provenientes de diversas escavacbes arqueolégicas realizadas na cidade do Porto entre 1984 ¢ 1994 e que revelaram distintos con- textos. Na drea da freguesia da Sé utilizam-se cerdmmicas recolhidas em trds intervengbes: Cividade, Rua D. Hugo 5 ‘¢ Casa da Camara; a Escola do Forno Velho (S. Nicolau} e ‘0 Castelo de S. Joio da Foz. do Douro constituem as res- tantes estacdes arqueologicas tratadas. Uma breve apre- sentacio de cada um desses sitios arqueolégicos, reme- tendo para a bibliografia prOpria poder4 ser ttl para dis- Linguir a natureza dos depésitos de recolha das ceramicas, Nos relevos conhecidos pelas designagSes tradicio- nais de Cividade e Penaventosa, duas das colinas que mar- ‘ginam © Douro pela sua mangem direita situam-se algu- ‘mas das estagSes arqueolégicas cujo espélio integra 0 pre- 24 sente estuco, nomeadamente a Casa n® 5 da Rua D. Hugo, ‘ antiga Casa da Camara eo morro da Cividade. Cividade A frea da Cividade & uma zona de ocupacao antiga, ineluide provavelmente no micleo original de ocupacao proto-histérica do actual aglomerado urbano, muito fembora sem a importancia que inicialmente Ihe foi atribu- fda (CORRELA 1932; 1935; BARROCA 1984; GONCALVES 1984) Da antiga coroa do monte, profundamente cortado pela abertura do eixo vidrio da Av. D. Afonso Henriques, {que estabelece a ligagso entre a zona haixa (Praca Almeida Garrett) e a alta (Sé) restam apenas alguns trechos de quin- tais que foram alvo de uma curta ¢ localizada avaliacio arqueologica em 1990-1991. A sondagem revelou espélio ceramol6gico de diferente cronologia, nomeadamente de época medieval ¢ moderna, se bem que em contextos estratigréficos profundamente revolvidos e sem associ do a quaisquer estruturas relevantes (SILVA 1995:66-7; SILVA 1995) 1 Casa da Camara Situada no coragio do antigo burgo, junto a Sé cate- ral, a antiga Casa da Camara medieval era uma constra- co dos séculos XIV-XV que o tempo e um incéndio ocor- rido no século passado transformaram em ruina. Em 1984 foi abjecto de uma curta intervencao arqueolégica, que consistiu apenas numa pequena sondagem no exterior da construco, junto a uma das portas. Situada numa zona de declive, junto Rua Escura, na vertente da pequena depressio que separa os morros da Sé e da Cividade, a sua estratigratia revelourse pouco expressiva, correspondendo fs contextos que nos importam ao momento da destruiglo dda muralha romanica ¢ da construgao do edificio munici- pal (REAL etal. 1986) Rua D. Hugo, 5 A escavacio no interior deste imével, localizado rama das mais interessante érens da urbe medieval, reve- Tow a mais longa diacronia estratigeatica detectada na cidade até ao momento. A intervensio exqueolégica, que Secorre essoncialmente entre 1984 ¢ 1986, permit ident- ficar uma sequéncia de vinte camadas estratgréfias, que cobrem um periodo que vai da actualidade ate aos séculos IV-V aC, tendo sido ainda recolhides materais arbres 40 Bronze Final sem contexto significaivo, Na realidade, 0 morro da Sé serviu de assentamento ao primitivo crshro proto-hstérico,origem remota da moderna metropole por fuense (REAL et. 1986 SILVA 1985; SILVA 1996), [No que se refere 4 ocupacio deste espaco na Baixa Idade Media e Epoca Moderna, verificot-e que a ca30 n*5 dia Rua D. Hugo ocupa precisamente o que constitaia no 1.A intervengio arqueolégica foi dizigida por Armando: CCostho Ferreira da Silva e realizada em colaboraglo com o Gabi- rele de Arqueologia Urbana da CMP,, encontrandorse pratica- ‘mente india periodo tardo-medieval um espaco de circulagio puiblico. De facto, a ligar a Rua D. Hugo ao caminho da ant muratha, que ihe ¢ adjacente, existia uma viela ou arrua- mento secundario ladeado por duas edificacbes medie- vais: uma casa cujo alicerce assenta num estrato com espé- lio dos séculos XIL-XII e um edificio mais tardio, j4 dos séculos XIV ou XV, cuja parede fronteira foi parcialmente incorporada na construgao que se conserva. Aqui, pode dizer-se que a paisagem actual inverte por completo 0 quadro medievo, surgindo uma edificacao (a casa n® 5) a cupar um antigo espaco de circulagao e um terreiro (0 Largo de Vanddma) no local entfo ocupado por uma habi- taco. E sobretudo o enchimento dessa estreita ruela, inici- almente provida de um piso em terra batida e posterior mente lajeada, que nos fornece 0 espslio ceramico dos séculos XIV-XVIT que em parte foi agora estudado REAL. etal, 1986; REAL & OSORIO 1993). Castelo de S. Jono da Foz A fortaleza de 5. Joao da For do Douro, construida em 1570, fot erga num local que dois templos suces vos haviam ji sacralizado, As diversas campanhas de escavagio arqueolgica que ai decorreram desde 198? per- mitiram detectar os alicerces de uma pequena ermida proto-romnica, referida jf num diploma de 1145 mas cua plantacao era desconhecda na actualdade, Fstaigeeia tera sido eificada o mais tardar nos comegos do sé. XI agregada certamente 2 im pequeno mosteiro (OSORIO 1993, 1999), Entre 1526 ¢ 1547 este templo, cede o lugar a um ed ficio sagrado de uma inesperada monumentalidade. Na realidade, por esses anos, 0 Bispo D. Miguel da Silva, embaixador portugués na corte vaticana traz de Italia Francisco de Cremona, a quem encomenda @ obra de una igreja ao gosto dos novissimos canones artisticos (MOREIRA 1989), Deste modo se edificava na for do rio Douro o primeira templo renascentsta de que ha noticia mn Portugal, a cujo plano se associou em breve a constra- Gio de um palicio episcopal. Com a edificagto da forta- Tera, dvas ou teés dcadas depois, a igreja de S. Joo da For ve progressivamente reduzida @ sua acessbilidade e importincia, até que por alturas de 1640 € desactivada como local de esto piblico e desmantelada, (Os contextos arqueolégicos que mais interessam 20 enquactramento cronolégico dos materiais que estadémos tstio, deste modo, balizadas por algumas descontin des bem evidentes no registoestraigrico: a aplicagto do Piso Iajendo do templo renascentiste, que de certo modo Selo os niveis anteriores a0 2 quatel do sé. XVI, 08 0 derrube do corpo da igreja em 1640 e 0 atuthamento de uum antigo acesso situaco junto a torre norte do templo. Esias circunstineias, bem como a grande quantidade de espolio recolhido, explicam que tenha incidido sobre a cerimica desta extacio o principal esr de caracteriza~ 0 datacio dos materiaisseleccionados. Escola do Forno Velho Esta intervencao arqueoligica decorreu em 1993-1994 por efeito da construgio ce uma escola na drea da cerca do antigo convento agostinha de $, Joo Novo, edificado a partir dos principios do séc. XVII em local onde anterior mente teria estado sitvada a igreja matriz. de uma par6. quia portuense extinta por essa época, 5. Joao de Belmonte (OSORIO, SILVA & PINTO 1994; 1995). A escavacio, ainda em curso, detectou um cemitério eventual do século XIX e tem possibilitado o levantamento de niveis de aterro e do que parece ser o resultado da destruicio do templo seiscentista, ainda sem grande significado estratigrifico (OSORIO & SILVA 1994; 1995). Nos materiais de aterro ‘encontra-se espélio tardo-medlieval e moderno, parte do {qual foi também inclufdo no presente estudo. 3. UNIVERSO DE ESTUDO E METODOLOGIA Apesar da diversidade de estagdes seleccionadas para esta primeiza fase do estudo sistematico da olaria vidrada, importa notar que a grande maioria do material utilizado 6 proveniente das escavagdes no Castelo da Foz, perten- cendo a este contexto 93% das pouco mais das cerca de {rs centenas de pesas ou fragmentos cerimicos considera~ dos. Fsta situagao explica-se por varias razoes. Por um lado, ¢ efectivamente bastante reduzido 0 volume de vidrados dos sécs. XIII a inicios do séc. XVII recolhido nas restantes inlervengdes; por outro, a maior qualidade dos contextos estratigraficos do Castelo permite melhores ele- mentos cronolégices, ao contrério do que sucede noutros sitios, onde se acha sobremaneira dificultada a datagio de alguns grupos cerémicos. Por outro lado, & importante notar a diferente nati reza dos depdsitos estratigréficos, Enquanto aa Rua D. Hugo, por exemplo, estamos essencialmente perante um fino estrato arqueolégico situado sobre uma via de circula- ‘clo, um espaco publico, no Castelo da Foz regista-se um maior potencial estratigréfico da época tardo-medieval e moderna, distribuide por uma area de ocupacao muito mais ampla e relacionada com os espagos mondsticos & militares. ‘A metodologia utilizada, que aqui descreveremos de forma naturalmente breve, fo! inspirada pelos trabalhos de diversos investigadores que se tem debrugado sobre os problemas da analise cerdmica, nomeadamente os artigos de RETUERCE & ZOZAYA 1986 e MARTI OLTRA 1992, Colocados perante um corpus de materiais caracterizado pelo estado extremamente fragmentirio dos recipientes e pela consequente escassez de perfis completos, pela rela- tiva fragilidade das estratigrafias como elemento de data- so ¢, ainda, pela auséncia de modelos regionais que for recossem sequéncias paralelas, procurémos distinguir e descrever os diferentes grupos de ceramicas vidradas a partir, em primeiro lugar, do tipo de acabamento (RETU- ERCE & ZOZAYA 1986), a que se seguiram os restantes atributos descritivos, segundo a seguinte tabela: 1-Acabamento ~ Vidrado plumbifero, estansfero ou grés; 2. Cor do vidrado. ~ Extensdo da cobortura vitrea (total ou parcial) 3. Decoragio = Anilise limitada a existéncia ou nao de mais do ‘que uma cor e a presenca ou auséncia de téenicas 285 decorativas, sem particular preocupacio com a deserigao dos motivos; 4, Natureza da pasta, ~ Observacio dos constituintes, coloragio, compac- ticidade e outros elementos das pastas, com vista A determinacao de diferentes tipos de fabrico. A dificuldade de identificacao de perfis e consequer temente das fungGes a que as pecas seriam destinadas no permitiu explorar a questio da funcionalidade clos artefac- tos muito para além da habitual dicotomia forma aberta /forma fechada. Utilizando estes critérios metodolé- gicos, preenchemos uma ficha analitica, para registo indi- vidualizado, e fichas sintéticas, para descricao e caracteri- zacio dos grupos ceramicos consideradas. A observagso das pastas, em fractura recente, foi feita por andlise -macrosc6pica, com recurso a Iupa binocular. O desenho de perlis completos ou de elementos morfol6gicos mais signi- ficativos permitiu representar graficamente 28% dos objec tos abrangidos no estudo, Interessa explicitar o contetido que atribuimos as expresses grupo e sub-grupo cerimico utilizadas neste ‘estudo. Trata-se de agregacio de pecas ou fragmentos com tum grau de similitude de dificil quantificagio mas em que, naturalmente, 0 tratamento da superficie joga papel deter. sminante. Assim, + Os grupos sao definidos exclusivamente pelo tipo & cor do vidrado e pela circumstincia de se tratar de uma s6 tonalidade (vidrados mondcromos) ow a superficie evidenciar bicromia ou policromia® + Para a classificagio dos sub-grupes, mais fina e deta- Inada, sd considerados todos os restantes atribu- tes, com especial destaque para a extensio da érea vidrada (interior e/ou exterior da pega), pasta e decoracio. A metodologia utilizada visa unicamente a identifica- do de um primeiro nivel de grupos cerimicos, por forma a organizar a amostra extremamente fragmentada que serve de base ao estudo, com o objectivo de criacao de tabelas de referéncia. A identificagao de cronotipologias cerdmicas (ou fabricos corresponders, om fase posterior, ao culminar deste processo, 4. OS CONJUNTOS CERAMICOS IDENTIFICADOS De acordo com este critério de andlise dentifieémos 17 grupos cerémicos e 91 sub-grupos (Quadro |, no final do Anexo). Estes valores, que poderio parecer elevados face ao volume relativamente modesto da nossa amostra (c. de 320 unidades), compreenciem-se melhor se tivermos ‘em conta a diacronia relativamente longa com que lid mos (perio de 400 anos, desde a 2° metade do sé. XII a meados do séc. XVII) € a natural diversidade de fabrieos, spersos por produgdes nacionais e importadas, 2. Nos casos pontuais em que é diversa a natureza do vidrado interno e externo, pivilegidmos 0 tipo de vidrado da supeefckeprineipal da peso 286 A propésito da nogio de fabrico, que subentende uma ‘maior tipificacio formal dos objectds, a determinacio de lum centro ou area de producio especilicos e a atribuiczo de uma amplitude cronolégica mais ou menos restrita, (que porventura raramente ultrapassaré uma ou duas geracoes de produtores), importa notar que a correlacao entre o grupojsub-grupo e os fabrics nao é directa nem clara, Para tal, precisariamos cle dominar outras varidveis, nomeacamente elencos morfol6gicos alargados, atribuicao segura da proveniéncia das argilas (através das correspon- dentes andlises fisico-quimicas) a jazidas precisas ou ‘mesmo uma percepgio mais nitida dos atributos de and- lise mais relevantos para tal propdsito taxonémico, Apesar das dificuldades salientadas, o método que experimenti- ‘mos parece apresentar-se como relativamente pritico € vantajoso para quem dispde de um conjunto de espélios ceramolégicos muito fragmentados, com pecas na maior parte das vezes de perfil incompleto e zesultantes de pro- dugdes extremamente mal conhecidas. 4.1, Vidrados de chumbo amarelos e verdes Nas cerdmicas com cobertura vitrea total ou parcial de cor amarela e/ou verde (Quadro 1, Grupos I, Le V),& notérla a grande quantidade de subgrupos identificados (Estampas | I Ill 1V e V). Esta situagao resulta essencial- mente do facto de o Grupo Il incluir diversos subgrupos decorrentes de um conjunto de fragmentos cujo tnico aca- bamento vitreo visivel é de coloragio verde, como os cu- dadios pichéis cas areas de Paris-Rouen e Santongo" (Caté- fogo: VCmn(V)/VPS a 12; VCm(V)/ VTS a 8), para além das pecas fabricadas com barro vermelho € do conjunto dos ‘grandes alguidares. Sho sobejamente conhecidas as referencias documen- tais aos malagueiros que produziam tigelas ou malegas vidradas a verde ou a amarelo em terztério nacional, pelo menos desde meados do século XV ~ como foi demons- trado pelo estudo do Forno da Mata da Machada (TOR- RES s/) ~ com varios centros de producto, de que ¢ exemplo a cidade ce Coimbra, onde estes oleiros se haviam expecializado no fabrico de malegas verdes ¢amuarclas (CAR- VALHO 1917.214), ‘No Castolo da Foz, a excepto de uma tigela encon- trada na camada de enterramentos associada A igreja renascentista (séc. XVI, que apresenia leve carena na parte inferior da panca ¢ revestimento vitro tolal (Cali logo: VCm(A)/VT-1), regista-se uma corta similitude entre as formas vidradas a verde e a amarelo, apesar da dife- renca cromética evidente, quer ao nivel dos aspectos for- ais (5 tigelas apresentam pé em anel, paredes finas esvasadas, bordo boleado ou biselada por vezes ligeira- mente saliente), quer na composicdo das pastas, na sua rmuioria de coloragio alaranjada e bastante grosseiras, com enp. (elementos nao plisticos) de variada dimensio. Foi também identticada uma outra tigela com vierado parcial aque apresenta uma mistura intencional de tons verdes amarelos na face externa do bordo (VCb(A/V)/VP:1)- 3. Na realidad, estes fabricos, aparentemente franceses, encontram se distribuides por dois grupos (Ile Vl) e varios sub ‘grupos, em funcio das distntas pastas de que foram feitos. A associagio destas duas cores seria frequente na louca de barro vermelho de uso comum, em formas aber- tas ou fechadas, como se verifica no caso de um provavel pé de taca (Est 1V.5) e numa pequena asa (VCbIA/V)/ / VP.) recolhidas na mesma intervencio do Castelo da Foz. A pasta destas pecas com vidrado bicromatico asse- rmelha-se a das tigelas revestidas apenas com vidrado de cbr verde ou amarela, nio apenas a0 nivel da coloracio € no grau de dureza, como no tipo de acabamento, a que o vidrado é aplicado sobre engobe esbranquigado que seveste a totalidade da peca. Relativamente as pecas vidradas a verde (Grupo ID, refirase que alguns exemplares nio apresentavam quan: quer tipo de engobe sob o vidrado (por exemplo Vem(V}/VP), 0 que dava & pelicula vitrea uma tonali dade mais clara ou mais escura, conforme as pastas fos- ‘sem mais ou menos avermelhadas. A grande variedacle de subgrupos existente no conjunto dos vidrados a verde (x0 total de 20) resulta sobretudo da presenca de fragmentos de formas fechadas ~ provavelmente pichéis ~ provavel- mente originérios dos importantes centros produtores franceses ja mencionados. Alguns destes fabricos importa- dos foram pela primeira vez identificados na cidade do Porto nas escavagSes em curso na Casa do Infante, em niveis do primeiro quartel do século XIV. Grande parte estes fragmentos pertenciam, como se verificou, a formas fechadas, de paredes goralmente muito finas e cobertas por pelicula vidrada, semi-mate, aplicada directamente sobre pasta compacta de cor creme ou bege (REAL ei al 1998), “Apesar da limitada amostra de cermicas de importa- «io, a andlise realizada conduziu-nos a identiticagao de um significative nimero de subgrupos,tendo-se eriado um srupo particular (Grupo VID pela ocortéacia de decoragio policroma (verde, bejee castanha). Para além dos mater ais enquadraveis nas produces de Saintonge, fot identifi cado um outro conjunto de exemplares que se distinguem dos restantes pela coloracao do vidrado, tendo sido fabri- cados com uma pasta branca, relativamente grosseira, com bastantos enp (VCm(V)/VP.). O estado muito fragmenti- io destes materiais de importagio no permitiu ainda a sua correcta classificagio e determinacio de origem, bem como a avaliagio do peso da amostra no cOmputo dos rmateriais de importacao desta época detectados em con- textos arqueol6gicos da cidade. Neste Grupo Il inclui-se um conjunto de fragmentos de alguidares (Est. {ID que apesar de revelarem pequenas diferencas ao nivel da pasta (alguns apresentam pasta mais porosa e menos grosseira) revelam uma certa simili- tude no acabamento ena solucio formal que permite a sua inelusdo num mesmo subgrupo, classificado como VCm(V)/VP3. Para além deste tipo de alguidares, que ja surgem num estrato de meados ou da segumda metade de Quinhentos, fo identficado num nivel anterior a 1547 parte de um alguidar vidrado a verde escuro mosquendo, de textura rugosa com largo bordo sub-horizontal, com pasta bege, grosseira, com abundantes quartz0s e dxidos de ferro (@) de grancle dimensao (VCm(V)/VP., Est. I. Neste tltimo subgrupe foram incluidos autros fragmentos com igual tipo de acabamento, um dos quais poder cor- responder a um fundo de tacho ou panela, Apesar da limitagdo da nossa amostra, 6 possivel desde js registar, pelo menos a partir de meados do século

Vous aimerez peut-être aussi