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de fim
me guarde no lastro
do agora
e me reinvente
em meio ao alarme
desta hora
deixe-me pardo
de samba e fa(r)do
inconformado
vermelho barro
puro nado
d-me o tropeo
de pele e lepra
em que me arrasto
onde envelheo
valha-me a vala
de cada comeo
no que invento
ou no que inverto
onde engrandeo
o logos
de minha alma
sbito
surja
a histria: do cho
dirio e lunar
do rastro e do pejo
achas de fogueira
despojos de colheita
e mscaras de cervo
e de achados vo
resvalando a verso
do trigo, do po
e da prata forjada
nas esteiras
inspido
das estrelas
apenas
ao bbado
o presente
em sua presena
sabemos
ser dobra
de si mesmo
o objeto:
visa
: o objeto
na matria
de sua multiplicao
a mo sem reserva
de histria
sem futuro
toda transcendncia
resume-se ao espelho
e o mundo refletido
claudica
no intervalo de um dbito
ou de uma falta
duplo vazio
do duplo
desde j
a cincia fala
para ouvir-se
a janela
para a especulao
a f para a f
patia
telia
em sua noite)
afaga-lhes
a perfrase
a ma,
a soberba
ou a sibila?
Ferida no
olho
do imprevisvel
lanamento
do bao
relance plido
deste
ente no charco
do tempo
ou
do espao
nos liga
entre o sobejo
do caos
e a sombra
da casa
crculo:
lagar
onde
resvala
por um momento
o sentido
de estar
ou de teimar
pela construo
do mundo
do qual se carrega
uma
posta
de memria
ou uma pasta
[ magra]
de biografia e poemas
pagos
a credirio
at a
lpide branca
fincada
no permetro
de si
(onde eu colocaria
quem sabe
um haikai
de Issa)
Em cada
pequenina
circunvoluo
de Ouroboros
tentar comeo
no fim
Que a mais bela
revolta
do pensamento
suplante
o umbigo
do meu nfimo
movimento
enfim
no morra
em mim
Antonio Alton
http://www.mallarmargens.com/2017/02/a-incursao-fortuita-de-ouroboros.html