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Luz e Som
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores
Ivã Gurgel
Jonny Nelson Teixeira
Mikiya Muramatsu
1
módulo
Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadores de Área
Biologia:
Física:
Geografia:
História:
Língua Inglesa:
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide L. Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Química:
Caros alunos
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, através de seus estudan-
tes e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado
da Educação, oferecendo a você, o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das na-
ções e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar co-
nhecimentos de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o de-
sejo de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras univer-
sidades públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal con-
corrência, muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em esco-
las particulares de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em
geral de alto custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para
enfrentar com melhores condições um vestibular, retomando aspectos funda-
mentais da programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revi-
são, orientada por objetivos educacionais, os auxiliem a perceber com clare-
za o desenvolvimento pessoal que adquiriu ao longo da educação básica.
Tomar posse da própria formação certamente lhe dará a segurança necessária
para enfrentar qualquer situação de vida e de trabalho.
Ataque de frente esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, caros alunos, minha cara alu-
na, disposição e vigor para o presente desafio.
Caro aluno,
Com a efetiva expansão e crescente melhoria do ensino médio estadual a
intensidade dos desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas
escolas da rede estadual de ensino no momento de acessar e, sobretudo, in-
gressar nas universidades públicas, vem apresentando, ao longo dos anos,
um contexto aparentemente contraditório.
Isto porque, se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos
jovens aprovados nos exames vestibulares da Fuvest, — que, indubitavelmente,
comprova a qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro aponta
quão desiguais têm sido as condições apresentadas pelos alunos, ao concluí-
rem a última etapa da educação básica.
É frente a essa realidade e com o objetivo de assegurar a esses alunos o
patamar de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de
direitos demandados pela continuidade de estudos em nível superior, que a
Secretaria de Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir,
no Programa denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matricu-
lados na terceira série de curso regular do ensino médio. É uma proposta de
trabalho que busca ampliar e diversificar junto a cada aluno, as oportunidades
de aprendizagem de novos conhecimentos e conteúdos, com vistas a instrumentá-
lo para sua efetiva inserção no mundo acadêmico.
É uma proposta pedagógica que estará contemplando as diferentes disci-
plinas do currículo do ensino médio, a ser desenvolvida com material didático
especialmente construído para esse fim, que não só estará encorajando, você
aluno da escola pública, a participar do exame seletivo de ingresso no ensino
público superior, como estará se constituindo em um efetivo canal interativo
entre a escola de ensino médio e a universidade, num processo de contribui-
ções mútuas, rico e diversificado em subsídios que poderão, no caso da esta-
dual paulista , contribuir para o aperfeiçoamento de seu currículo, organiza-
ção e formação de docentes.
Interação da luz
com a matéria
Organizadores
Maurício
Pietrocola
Nossa percepção do mundo depende fundamentalmente da nossa capaci- Nobuko Ueta
dade de perceber a luz. Se não houvesse luz o mundo perderia parte de sua Elaborador
beleza. Não poderíamos mais observar as belas cores de um arco-íris ou ob-
Ivã Gurgel
servar os traços do rosto de uma pessoa.
Podemos dizer que a única coisa que enxergamos é a luz. É somente atra-
vés dela que podemos construir imagens do mundo. A primeira pergunta que
poderia surgir para nós é a seguinte: como a luz faz tudo isso? Como ela
interage com a matéria?
Para começar a responder a essa pergunta iremos falar um pouco sobre a
natureza da luz. Discutir esse assunto sempre foi algo complicado para os
cientistas. Durante a história ela foi adquirindo diversas propriedades e ca-
racterísticas muitas vezes controversas (ver seção “Um pouco de história”).
Conforme formos estudando os fenômenos óticos, iremos apresentando cada
propriedade e característica importante da luz para torná-los compreensíveis.
Para iniciarmos nosso estudo é necessário afirmar que a luz é uma onda ele-
tromagnética. Esse tipo de onda é gerado através de oscilações de natureza
elétrica e magnética, como seu nome indica. Se você não conhece esses ele-
mentos, não se preocupe, pois eles serão estudados no módulo eletricidade e
magnetismo.
Quando um raio de luz é emitido, ele pode “caminhar” para qualquer
região do espaço, carregando consigo informações que são levadas através de
SAIBA MAIS
Um pouco de história
Entender o que é a luz nunca foi uma tarefa fácil para o homem. Durante muito tempo
houve um grande debate entre os que defendiam a idéia que a luz era uma pequena
partícula que se propagava no espaço e os que defendiam que a luz era uma forma de
onda. Newton (1642-1727) era um dos ilustres cientistas que defendiam a idéia de partícu-
la, Huygens (1629-1695) e Hooke (1635-1705) defendiam a idéia de onda. No início do
século XIX a descoberta de novos efeitos (interferência e difração), tipicamente ondulatórios,
foram determinantes na consolidação da concepção da luz como onda. Huygens acabou
ganhando a briga? Na verdade esse foi apenas o primeiro round. No século XX surgiria a
idéia de fóton de luz que traria de volta uma concepção de luz como “corpúsculo”. Será que
essa foi a revanche de Newton? Na verdade não. Atualmente a física quântica atribui
características ondulatórias e corpusculares à luz. Esse tema será estudado no módulo
sobre física moderna.
Figura 1
-
(Fuvest 98) Uma bóia pode se deslocar livremente ao longo de uma haste
vertical, fixada no fundo do mar. Na figura, a curva cheia representa uma
onda no instante t = 0 s e a curva tracejada a mesma onda no instante t = 0,2 s.
Com a passagem dessa onda, a bóia oscila.
Figura 2
(Fuvest 2002) Radiações como raios X, luz verde, luz ultravioleta, microon-
das ou ondas de rádio são caracterizadas por seu comprimento de onda (l) e
por sua freqüência (f). Quando essas radiações propagam-se no vácuo, todas
apresentam o mesmo valor para:
a) λ; b) f; c) λ.f; d) λ/f; e) λ2/f.
-
se agora o que acontece se incidirmos uma luz vermelha sobre sua camiseta
azul. Qual destas cores você veria? Certamente nenhuma delas, pois você
perceberia uma região escura. Isso se deve ao fato da camiseta azul absorver
a luz vermelha, impossibilitando que os raios de luz cheguem aos nossos
olhos. Essa ausência de luz faz com que o objeto fique preto.
(ITA) Dos objetos citados a seguir, assinale aquele que seria visível em uma
sala perfeitamente escura:
a) um espelho;
b) qualquer superfície de cor clara;
c) um fio aquecido ao rubro;
d) uma lâmpada desligada;
e) um gato preto.
SAIBA MAIS
Transmissão da luz
Hoje em dia tornou-se moda o uso de óculos coloridos. Eles possuem lentes coloridas,
amarelas, vermelhas ou azuis, por exemplo. Ao olharmos por uma lente amarela, tudo ao
nosso redor fica amarelado. Por que isso acontece? A luz ao incidir sobre um material pode
ser transmitida por ele, isto é, este material permite que a luz se propague por ele. Em
muitos casos um material somente permite a passagem de uma determinada cor. É isso
que ocorre com seus óculos amarelos. A luz que vem para seus olhos incidiu nas suas
lentes permitindo que somente o amarelo fosse transmitido. Como somente a luz amarela
chega aos seus olhos tudo que você vê ficará amarelo. Algumas regiões poderão ficar
escurecidas pois se um objeto emite alguma cor que não é composta pelo amarelo,
nenhuma luz passará, fazendo com que nenhuma luz chegue aos seus olhos, sobrando
apenas uma região escura.
Combinação de cores
Nossos olhos são formados por células receptoras de luz. Essas células são capazes de
identificar três cores: vermelho, verde e azul. Todas as cores que vemos são interpretadas
por essas células como combinações destas três cores. O interessante é notar que isso
possibilita que possamos obter determinadas cores através da superposição de cores
diferentes. Vejamos um exemplo simples: A cor amarela pode ser obtida através da combi-
nação de duas cores, o vermelho e o verde. E muitas outras cores podem ser obtidas assim.
Quando sobrepomos todas as cores, que é equivalente a dizer que sobrepomos as cores
primárias, obtemos a cor branca. O branco, diferentemente da outras cores não tem uma
faixa de freqüência característica. Essa cor só pode ser definida como a união de todas as
cores. Com o preto ocorre o processo inverso, ele é definido como a ausência de cor.
REFRAÇÃO DA LUZ
No exemplo anterior pudemos perceber que a luz pode ser transmitida por
diversos materiais. Muitos deles são transparentes, isto é, a luz passa por eles
sem que sua cor seja afetada. Podemos facilmente observar isso quando olha-
mos através da água. As cores que percebemos os objetos não são alteradas
nesse caso. Contudo, muitas vezes percebemos efeitos estranhos em relação
ao que vemos. Por que isso acontece? Isso ocorre devido a um fenômeno
chamado refração. A refração é caracterizada por uma mudança de velocida-
de e direção da luz quando ela muda de meio de propagação.
Quando a luz deixa de se propagar no ar e passa a se propagar na água,
por exemplo, sua velocidade passa a ser menor nesse segundo meio. Cada
material que transmite a luz tem um índice de refração que é obtido relacio-
nando a velocidade da luz no vácuo com a velocidade da luz no próprio
material através da seguinte formulação:
n=c/v
Sendo que n indica o índice de refração do material, c a velocidade da luz
no vácuo e v a velocidade da luz no material.
A mudança de velocidade provoca uma mudança na direção de propaga-
ção da luz. Essa mudança depende do índice de refração e do ângulo de inci-
dência da luz no material, medido sempre em relação à reta perpendicular à
superfície de incidência. Matematicamente esses elementos se relacionam da
seguinte forma:
n1.senθ1= n2.senθ2
Determinando cores!
Essa relação é conhecida como lei de Snell-Descartes, sendo que n1 e n2
Você ganhou três novos indicam os índices de refração do meio incidente e do meio de refração, res-
óculos e cada um deles pectivamente e θ1 e θ2 indicam o ângulo de incidência e o ângulo de refração.
tem o par de lentes de SAIBA MAIS
uma cor diferente, sen-
do um azul, um verde e Código de barra
um vermelho. Agora que Talvez você já tenha utilizado o código de barra para obter informações sobre um deter-
você aprendeu sobre minado produto. Como essas informações são lidas? Quando você aproxima o código de
cores pense na seguinte barra de uma base que emite um feixe de luz laser, parte desse feixe é absorvida pelas
situação: você seleciona linhas pretas do código e parte é refletida pelas linhas brancas;associa-se os números 0
um objeto que nunca (absorção) e 1 (reflexão), criando assim um código binário para “ler” a seqüência de linhas
viu. Primeiro você coloca que um aparelho decodifica dando as informações que você deseja saber.
seus óculos vermelhos e
percebe que esse objeto (Unesp 2003) Um feixe de luz composto pelas cores vermelha (V) e azul (A),
ficou desta mesma cor. propagando-se no ar, incide num prisma de vidro perpendicularmente a uma
Em seguida você coloca de suas faces. Após atravessar o prisma, o feixe impressiona um filme colori-
seus óculos verdes e per- do, orientado conforme a figura. A direção inicial do feixe incidente é identi-
cebe que o mesmo ob- ficada pela posição O no filme.
jeto, agora, parece verde.
Finalmente você coloca
seus óculos azuis e per-
cebe, para seu espanto,
que o objeto ficou pre-
to. Você saberia dizer
qual a cor do objeto caso
não estivesse com ne-
nhum dos óculos?
Figura 3
-
Sabendo-se que o índice de refração do vidro é maior para a luz azul do que
para a vermelha, a figura que melhor representa o filme depois de revelado é:
Figura 4
a) 1; b) 2; c) 3; d) 4; e) 5.
Figura 5
Síntese
- Luz é uma onda eletromagnética, todavia quando ela é emitida ou absorvida
apresenta características corpusculares. A velocidade da luz no vácuo é uma
constante fundamental da Física e vale aproximadamente c = 300.000 km/s
- Quando a luz é transmitida de um material para outro a sua freqüência (f)
não muda, porém o comprimento de onda (λ) e a sua velocidade (v) alteram.
O índice de refração de um material é definido pela relação: n=c/v.
- Para ver um objeto é preciso que ele seja iluminado, reflita a luz e que a
mesma chegue ate o nosso olho. A cor de um objeto, de um modo geral,
depende do tipo de iluminação e da cor (freqüência) que ele emite.
- Ocorre a reflexão (especular) quando a luz incide numa superfície polida,
como o espelho.São iguais os ângulos formados pela perpendicular à super-
fície com os raios incidentes e refletidos (Lei da reflexão). Quando a luz
incide numa superfície rugosa ocorre a reflexão difusa, isto é, os raios refle-
tem em varias direções. Quando a luz passa de um meio para outro de índi-
ces de refração diferentes há a mudança de velocidade e geralmente de dire-
ção (Lei da refração)
- Dispersão da luz é a sua decomposição em cores dispostas segundo a sua
freqüência, pela interação com um prisma, por exemplo.
Unidade 2
Formação de
imagens
Organizadores
Maurício
INTRODUÇÃO Pietrocola
Nobuko Ueta
Sem dúvida nenhuma vivemos hoje numa sociedade de imagens: cinema, Elaborador
televisão, revistas, painéis, internet etc. Tomamos conhecimentos dos fatos
Mikiya Muramatsu
em tempo quase real, através de conexões via satélite ou fibras ópticas e com
velocidade e volume de informações cada vez maiores. Nessa unidade va-
mos discutir como as imagens se formam, usando sempre a luz como porta-
dora de informações. E para isso, vamos discutir com mais detalhe os fenô-
menos já citados na Unidade 1: a reflexão e a refração da luz, que aparecem
quando usamos espelhos e lentes. Iremos também exemplificar com alguns
fatos da natureza como o arco-íris, a miragem, etc e dispositivos que se utili-
zam desses princípios como o olho, a máquina fotográfica, a lupa etc.
REFLEXÃO
A grande maioria dos objetos que vemos não emite luz própria. Eles são
vistos porque reemitem a luz de uma fonte primaria como o sol ou uma lâm-
pada. A luz incidindo sobre a superfície, volta para o mesmo meio, sem alte-
rar a sua freqüência; a esse processo chamamos de reflexão da luz. Por outro
lado existem materiais que absorvem uma pequena quantidade de radiação e
emitem numa freqüência diferente e esse fenômeno é denominado de lumi-
nescência; você observa isso quando apaga a luz de seu quarto e o interruptor
apresenta o brilho característico.
Figura 1
-
Figura 2
Figura 3
ESPELHOS CURVOS
O tipo de imagem que você obteve foi para espelhos planos, comuns em
nossas casas, retrovisores de carros etc. Para superfícies curvas a lei da refle-
xão continua valendo, todavia podemos obter outros tipos de imagens, além
de ser diferente a distância da imagem ao espelho. Você pode fazer essa expe-
riência facilmente pegando uma colher e olhar diretamente para as duas su-
perfícies: nas costas da colher a sua imagem será sempre menor e direita (esse
tipo de espelho é denominado de convexo – figura 4a) ao passo que na parte
de dentro (onde vai a sopa!) a sua imagem é maior e a medida que você se
afasta da colher verá que a sua imagem fica invertida (esse tipo de espelho é
denominado de côncavo – figuras 4b e 4c)
Figura 4
E se você utilizar um objeto luminoso como uma vela, verá que é possível
projetar essa imagem na parede! Esse tipo de imagem é denominado de real e
vamos discutir isso em detalhe quando estudarmos as lentes. Você irá perce-
ber também que a sua imagem fica deformada, pelo fato da superfície não ser
perfeitamente esférica. Além da propriedade de aumentar a imagem e projeta-
la qual a outra vantagem que apresenta esse tipo de espelho? Resposta: au-
mento do campo visual, isto é, aumento da região em que um determinado
observador pode ver através do espelho. Esse campo depende da posição do
observador em relação ao espelho (quanto mais próximo ao espelho, maior o
campo), do tamanho do espelho e do formato. Utilizando a lei da reflexão é
fácil de perceber que espelhos convexos têm o campo visual maior que os
côncavos, daí serem utilizados em elevadores, portarias e como retrovisores
de carro. Mas qual a principal desvantagem desse tipo de espelho? (Pense no
tamanho da imagem e como o nosso cérebro interpreta essa imagem!).
REFLEXÃO DIFUSA
Refletindo
Retomar todos os textos
escritos até o momento,
verificar o que foi apren- Figura 5
dido e escrever um texto
explicando o seu pro-
gresso e apontando os Questão: Você pode enxergar a rodovia à noite graças à reflexão difusa
aspectos que você ainda que ocorre no asfalto. Por que torna mais difícil de vê-la quando ela esta mo-
precisa melhorar. lhada?
Escolher um dos textos
escritos até o momento
em sala ou fora dela e REFRAÇÃO
fazer mais uma reescrita
com a ajuda de um cole- Na primeira unidade desse modulo já tínhamos conceituado o fenômeno
ga e de seu professor. da refração, que consiste basicamente na mudança de velocidade da luz ao
-
n1 sen θ1 = n2 sen θ2
Figura 6
Figura 7
cor n
vermelho 1,513
amarelo 1,517
verde 1,519
azul 1,528
violeta 1,532
Figura 8
-
Figura 9
LENTES
Uma das aplicações mais interessantes da refração é a lente, um dos
componentes ópticos mais utilizados. Em nosso olho temos duas lentes, como
veremos adiante. Para entender a função de uma lente comecemos aplican-
do o princípio do tempo mínimo no percurso da luz de um ponto A ate B num
prisma (fig. 10a). Veremos que o percurso da luz não é a linha tracejada que
liga A com B, mas a indicada pela linha sólida, a luz aumenta o percurso no
ar, onde a velocidade é maior, mas atravessa num ponto do prisma mais
estreito, onde a velocidade é menor, minimizando o tempo de percurso da luz
para ir de A até B. Com esse raciocínio poderíamos pensar que a luz deveria
tomar o caminho mais próximo do vértice superior, procurando a parte mais
estreita, mas nesse caso a distância no ar seria maior, aumentando o tempo de
percurso.
Figura 10
Para entender o funcionamento de uma lente podemos supor que ela seja
constituída de uma superposição de vários blocos e prismas de vidro, como
indicado nas figuras 11a e 11b. Incidindo raios paralelos, os raios refratados
irão convergir (ou divergir) num ponto. No caso da figura 11a teremos uma
lente convergente, que é caracterizada pelo fato da borda ser mais fina que o
centro, ao passo que na divergente a borda é mais espessa que o centro.
Figura 11
Figura 12
-
Figura 13
Utilizando o diagrama de raios mostrado nos exemplos anteriores é fácil
demonstrar a relação:
viesse da imagem atrás da lente, mas se uma tela for colocada na posição da
imagem nenhuma imagem ira aparecer, pois nenhuma luz é dirigida para ela.
É uma imagem dita virtual, é direita e maior que o objeto.
Figura 14
Figura 15
-
SAIBA MAIS
Desde a antiguidade o ser humano vinha tentando descobrir como funcionava o sistema
da visão. Classificado pela literatura como a “janela da alma”, cientificamente também
podemos chamá-lo assim, pois este sentido do corpo humano é o responsável pelo nosso
primeiro contato com o mundo.
Os filósofos da escola atomista, iniciada por Leucipo e Demócrito e idealizada por Lucrécio
(~50 a.C.), acreditavam que dos objetos emanavam “partículas”, as quais se introduziam nos
corpos, causando algum tipo de sensação como odor e, neste caso, visão. Outra interpre-
tação foi dada pelos Pitagóricos e, mais tarde, adotada por Euclides, era que a luz provinha
de emanações dos próprios olhos, chamado de quid. O quid era tratado como raios de luz
que saíam dos olhos e iam de encontro aos objetos, os quais se queria enxergar.
CONES E BASTONETES
Na retina, como dissemos acima, estão localizadas as células que são res-
ponsáveis pela transformação da luz em estímulo elétrico. Existem aproxima-
damente 125 milhões destas células distribuídas na retina e são de dois tipos:
Os cones, responsáveis pela visão das cores, captam luzes coloridas, pois
temos distribuído na retina cones que captam as três cores principais da luz:
verde, azul e vermelho. Porém, isso só acontece desde que a intensidade des-
tas luzes seja significativa, pois sua sensibilidade diminui à medida que a
intensidade as luz diminui. Por este motivo, não conseguimos enxergar cores
quando estamos à noite, sem iluminação, ou em ambientes escuros.
Os bastonetes, mais sensíveis, pois cobrem uma parte maior da retina, são
responsáveis pelo que chamamos de “visão em preto-e-branco”. Na verdade,
são células que captam apenas a intensidade da luz que chega até a retina. A
visão noturna ou em locais com pouca luminosidade é feita por estas células.
DEFEITOS E CORREÇÕES
Para um olho normal (emetrope) o plano imagem se encontra sobre a reti-
na, porém muitas vezes acontecem anomalias fazendo com que a visão das
pessoas apareça borrada ou distorcida, e neste caso o olho se diz amétrope.
Essas ametropias são causadas geralmente por problemas de refração (na
córnea ou cristalino), ou a alterações no tamanho do globo ocular, isto é, a
variação na distância entre o cristalino e a retina. Apresentaremos as três mais
freqüentes:
Miopia
A pessoa não enxerga de longe. Ocorre quando a imagem que deveria ser
formada na retina é formada antes dela. Neste caso, quando os raios de luz
chegam na retina, não há o respectivo ponto conjugado, ficando apenas um
borrão, interpretado como tal pelo cérebro.
Isso acontece porque o globo ocular, que deveria ser esférico, se torna
elipsoidal (ovalado). Com isso, o globo ocular fica mais comprido, o que faz
com que o cruzamento dos raios de luz focalize antes da retina. Sua correção se
faz com uma lente esférica divergente, que diverge os raios de luz antes deles
chegarem à córnea, para serem convergidos pelo sistema óptico até a retina.
Hipermetropia
A pessoa não enxerga de perto. Ao contrário da miopia, neste caso os
raios de luz se cruzam depois da retina, também formando um pequeno bor-
rão, que é decodificado pelo cérebro como tal. Assim, podemos ver que neste
caso, o globo ocular é “achatado”, o que faz com que o globo ocular fique
mais curto, não focalizando os raios de luz na retina.A correção desta anoma-
lia se faz com uma lente esférica convergente, que converge os raios de luz
antes que eles cheguem à córnea, cruzando-os na retina.
Astigmatismo
Esse defeito é causado por uma assimetria na curvatura da córnea. E essa
assimetria faz com que a imagem seja distorcida por causa do desvio dos raios
-
de luz que entram no olho. Para corrigir este tipo de anomalia, faz-se um
mapeamento da esfericidade da córnea, medindo em que quadrante está a
diferença. Diagnosticada a diferença, é feita uma lente esfero-cilíndrica, com
o eixo cilíndrico na direção do defeito.
Atividade:
Utilizando a equação de lentes delgadas, estime a variação da potência do olho, ao foca-
lizar um objeto distante (infinito) ate o ponto próximo (25 cm), considerando um olho
emetrope de tamanho aproximadamente 2 cm( distância da retina ao cristalino). Discuta
como o olho realiza essa variação na sua potência dióptrica.
MÁQUINA FOTOGRÁFICA
Podemos observar imagens ou mesmo tirar fotos com uma câmera escura
de orifício, mas ela tem algumas limitações, como a nitidez das imagens, o
tempo de exposição para se obter fotos, etc. Se variarmos o diâmetro do orifí-
cio, aumentando ou diminuindo, haverá problemas na definição da imagem.
Você sabe por que? Uma maneira de contornar esse problema é substituir o
orifício por uma lente; teremos então uma máquina fotográfica.
Figura 16
Sistema de focalização
No olho, como vimos isso é feito através do processo de acomodação do
cristalino; na máquina fotográfica clássica isto é feito movimentando a lente
ou conjunto de lentes para frente ou para trás. Nas câmaras autofoco, isto é
feito através do diafragma, controlando a profundidade de campo, isto é, per-
mitindo obter imagens nítidas em planos diferentes. O controle da abertura é
feito através de um microprocessador e sensor de infravermelho.
Sistema de registro
Já vimos que na retina é que estão localizados os fotossensores do olho
(cones e bastonetes). Na câmara fotográfica usamos o filme ou papel fotográ-
fico, que são recobertos por pequenos grãos de sais de prata, cloreto ou brometo
de prata (AgBr). Estes sais são colocados em uma emulsão que, dependendo
do número e do tamanho dos grãos dos sais, o filme pode ser mais sensível ou
menos sensível.
Algumas reações químicas são aceleradas pela ação da luz. No caso dos
sais de brometo de prata, a luz quebra a ligação química, liberando um elétron
que é capturado por íons de prata presentes na emulsão. A prata metálica é
tanto mais escura quanto maior for a energia incidente, desse modo temos no
filme uma imagem latente, que aparece no processo da revelação.Essa ima-
gem negativa, por contato direto é transformada em imagem positiva
A sensibilidade do filme é classificada geralmente pelo sistema ASA (American
Standard Association), por exemplo, ASA 100, ASA 400, etc. Nestes casos,
quanto maior for a numeração ASA, maior a sensibilidade do filme. Para am-
bientes de pouca luminosidade (à noite por exemplo), usamos de preferência
filmes de maior sensibilidade (ASA maior) Nesse tipo de película, os grãos
de sais de prata são maiores, isto é, maior é a área de absorção de energia.
Todavia, a resolução desses filmes é menor. Em outras palavras, os parâmetros
sensibilidade e resolução são grandezas inversamente proporcionais.
Podemos também fazer uma comparação do filme da câmara com a reti-
na do olho, no que diz respeito à sensibilidade. No olho temos um maior
número de bastonetes e um menor número de cones. Isso significa que a
resolução da retina é maior para a visão em “preto-e-branco” e menor para a
visão em cores.
-
SAIBA MAIS
Câmara digital
Funciona exatamente como uma câmara comum, com apenas uma diferença: o filme é
substituído por uma placa contendo milhares de sensores dispostos geralmente em li-
nhas e colunas, os quais chamamos de pixels, que captam a luz e a transformam em
impulsos elétricos que são gravados em um disquete.
A placa que compõe a parte de captação da luz e a sua transformação em impulsos
elétricos é chamada de CCD (sigla em inglês para Charge Coupled Device), composta de
milhares de sensores extremamente pequenos feito de materiais semicondutores. Na ver-
dade, estes materiais são pequenas células que transformam energia luminosa (fótons) em
energia elétrica.
Cada câmara digital tem uma resolução, que depende do número de pixels existentes num
CCD. Quanto maior for este número, mais perfeita será a imagem da foto. Já em relação à
sensibilidade, todos os sensores (fotodiodos semicondutores) são igualmente sensíveis.
As cores são colocadas nos sensores por um dispositivo que divide o feixe de luz incidente
e separa as cores da luz deste feixe passando-o por filtros. Por rotação destes filtros (verde,
azul e vermelho), são focalizadas no CCD três imagens (uma de cada cor). A superposição
destas imagens é muito rápida, o que faz com que a imagem seja gravada com as cores
originais do objeto.
Atividade:
- Faça uma correlação entre os principais componentes do olho e da câmara fotográfica.
- Se uma determinada cena ficou escura, o que deveria ser feito para corrigir esse defeito,
na próxima foto?
Questões de vestibulares
1. (Fuvest 2000) Um espelho plano, em posição inclinada, forma um ângulo
de 45° com o chão. Uma pessoa observa-se no espelho, conforme a figura.
A flecha que melhor representa a direção para a qual ela deve dirigir seu
olhar, a fim de ver os sapatos que está calçando, é:
a) A
b) B
c) C
d) D
e) E
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.
4. (Unesp 2001) Uma pessoa observa a imagem de seu rosto refletida numa
concha de cozinha semi-esférica perfeitamente polida em ambas as faces.
Enquanto na face côncava a imagem do rosto dessa pessoa aparece:
a) invertida e situada na superfície da concha, na face convexa ela aparecerá
direita, também situada na superfície.
b) invertida e à frente da superfície da concha, na face convexa ela aparecerá
direita e atrás da superfície.
c) direita e situada na superfície da concha, na face convexa ela aparecerá
invertida e atrás da superfície.
d) direita e atrás da superfície da concha, na face convexa ela aparecerá tam-
bém direita, mas à frente da superfície.
e) invertida e atrás na superfície da concha, na face convexa ela aparecerá
direita e à frente da superfície.
-
a) q = 0°
b) q = 30°
c) q = 45°
d) q = 60°
e) a situação proposta no enunciado não pode ocorrer
7. (Unesp 2001) Nas fotos da prova de nado sincronizado, tiradas com câma-
ras submersas na piscina, quase sempre aparece apenas a parte do corpo das
nadadoras que está sob a água, a parte superior dificilmente se vê. Se essas
fotos são tiradas exclusivamente com iluminação natural, isso acontece por-
que a luz que:
a) vem da parte submersa do corpo das nadadoras atinge a câmara, mas a luz
que vem de fora da água não atravessa a água, devido à reflexão total.
b) vem da parte submersa do corpo das nadadoras atinge a câmara, mas a luz
que vem de fora da água é absorvida pela água.
c) vem da parte do corpo das nadadoras que está fora da água é desviada ao
atravessar a água e não converge para a câmara, ao contrário da luz que vem
da parte submersa.
d) emerge da câmara ilumina a parte submersa do corpo das nadadoras, mas a
parte de fora da água não, devido ao desvio sofrido pela luz na travessia da
superfície.
e) emerge da câmara ilumina a parte submersa do corpo das nadadoras, mas a
parte de fora da água não é iluminada devido à reflexão total ocorrida na
superfície.
11. (Fuvest 2002) Uma pessoa idosa que tem hipermetropia e presbiopia foi a
um oculista que lhe receitou dois pares de óculos, um para que enxergasse
bem os objetos distantes e outro para que pudesse ler um livro a uma distância
confortável de sua vista.
- Hipermetropia: a imagem de um objeto distante se forma atrás da retina.
- Presbiopia: o cristalino perde, por envelhecimento, a capacidade de acomo-
dação e objetos próximos não são vistos com nitidez.
- Dioptria: a convergência de uma lente, medida em dioptrias, é o inverso da
distância focal (em metros) da lente.
Considerando que receitas fornecidas por oculistas utilizam o sinal mais (+)
para lentes convergentes e menos (–) para divergentes, a receita do oculista
para um dos olhos dessa pessoa idosa poderia ser,
-
Pede-se:
a) a distância focal da lente.
b) o comprimento da imagem da lâmpada e a sua representação geométrica.
Utilize os símbolos A’ e B’ para indicar as extremidades da imagem da lâmpada.
14. (Unesp 98) A figura mostra um objeto O, uma lente delgada convergente
L, seus focos F e F’ e o trajeto de três raios luminosos, 1, 2 e 3, que partem da
extremidade superior de O.
Dentre os raios traçados,
a) está correto o raio 1, apenas.
b) está correto o raio 3, apenas.
c) estão corretos os raios 1 e 2, apenas.
d) estão corretos os raios 1 e 3, apenas.
e) estão corretos os raios 1, 2 e 3.
Síntese
- Principio do tempo mínimo estabelece que “quando a luz propaga de um
ponto a outro, num mesmo meio ou em meios diferentes, escolhe uma traje-
tória de tal modo que o tempo gasto é mínimo”. Usando esse principio pode-
se mostrar que na reflexão da luz numa superfície lisa é tal que o ângulo de
incidência é igual ao ângulo de reflexão, medido em relação à perpendicular
à superfície. Quando a luz propaga num meio de índice de refração n 1
incidindo com ângulo θ1, o raio refratado no meio de índice de refração n2
formara um ângulo θ2 tal que :
n1 sen θ1 = n2 sen θ2 (Lei de Snell-Descartes). Os ângulos são sempre medi-
dos em relação à perpendicular à superfície. Além disso o raio incidente,
refletido (ou refratado) e a perpendicular pertencem ao mesmo plano.
- As imagens formadas pelo espelho plano são sempre virtuais, de mesmo
tamanho que o objeto e direita. Nos espelhos curvos convexos são sempre
virtuais direitas e menor que objeto; nos côncavos podem ser reais ou virtu-
ais ,dependendo da posição do objeto em relação ao espelho. O campo visu-
al de um espelho (plano ou curvo) depende do seu tamanho, formato e da
posição do observador em relação ao mesmo. Uma imagem é real quando é
os raios de luz passam efetivamente por ela e virtual quando os raios de luz
parecem provir da mesma. Uma imagem real pode ser registrada ou projeta-
da numa tela, a imagem virtual só pode ser vista, mas não projetada.
- Quando a luz propaga de um meio de índice de refração maior para o menor
para determinado ângulo ocorre a reflexão interna total, isto é, a luz é total-
mente refletida para o primeiro meio.
- No arco-íris ocorrem três fenômenos básicos: a refração, a reflexão e a dis-
persão da luz.
- Equação das lentes delgadas: 1/f = 1/p + 1/p’, onde f é a distância focal,
sendo positiva para lente convergente e negativa para lente divergente, p e
p’, são distâncias do objeto e imagem à lente, respectivamente.
P=1/f, sendo f medido em metros, representa a potencia da lente ou conver-
gência, e a unidade é expressa em dioptria ou “grau”.
- Uma lente convergente aumenta a imagem de um objeto colocado próximo
da mesma, atuando como lente de aumento ou lupa; a imagem formada é
maior, virtual e direita.
-
Unidade 3
Som
Organizadores
Maurício
ALÔ, ALÔ, MARCIANO... AQUI QUEM FALA É DA Pietrocola
TERRA! Nobuko Ueta
Assim como alguns outros animais, os seres humanos emitem ruídos para Elaborador
se comunicarem. Apesar das diferenças entre estes ruídos, todos esses ani- Jonny Nelson
mais têm em comum um órgão emissor e um captador de sons. Teixeira
Alguns desses sons são agradáveis e podem até provocar uma certa sensa-
ção de bem-estar, outros não. Geralmente os que causam este tipo de sensa-
ção são sons musicais, emitidos por vozes ou por instrumentos de diferentes
constituições. Mas, o que é o som afinal? Quem começou a estudar o som e
como a música pôde ser organizada da forma que é? Como instrumentos
musicais diferentes podem gerar sons tanto de maneiras diferentes como de
sonoridades diferentes? É isso que nós iremos ver neste módulo.
O QUE É O SOM?
O som se propaga como uma onda, mas, diferente da luz, o som precisa
de um meio para se propagar. Quando tocamos na água com um objeto ou
com o dedo, vemos a formação de ondas. Então, o som é uma perturbação
que se propaga em um meio material, como mostrado na figura 1:
Figura 1
A COR DO SOM
Figura 2
(I) v=λ.f
Assim como na luz visível, onde o comprimento de onda e a freqüência
denotam a cor da luz que podemos enxergar, no som que nós podemos ouvir
(já que existem sons que não conseguimos ouvir) estas grandezas causam
sensações diferentes nos nossos ouvidos. No caso do som, a freqüência ou
comprimento de onda nos mostra qual é a nota musical que podemos tocar
em um instrumento ou cantar com as nossas cordas vocais.
Assim, para notas musicais mais agudas, a freqüência do som é maior e
para notas mais graves, a freqüência é menor.
SAIBA MAIS
Vários pensadores já citaram algumas de suas considerações sobre o som, mas nenhum
deles foi tão conhecido como Pitágoras. Este pensador grego viveu por volta do séc VI a.C.
e criou uma das maiores escolas de disseminação do pensamento grego da época.
Pitágoras foi um dos filósofos gregos que mais teve atuações em áreas diferentes. Uma
delas é a descoberta de uma relação matemática entre escalas musicais gregas e compri-
mentos de uma corda ou de uma coluna de ar que vibra. Pitágoras afirmou que todas as
coisas do Universo eram números inteiros. O movimento dos planetas formava, segundo
ele, uma fantástica música universal, chamada de Música das Esferas.
Milênios mais tarde, um astrônomo chamado Johannes Kepler retomou as teorias de Pitágoras
e afirmou que os planetas do Sistema Solar vibrariam de acordo com a escala musical em
freqüências diferentes, formando uma sinfonia cósmica, tocada para louvor do Criador.
-
Figura 3
Mas, porque numa corrida de fórmula 1 o som do motor dos carros quan-
do estão em movimento parecem mudar a freqüência? Com certeza, você já
deve ter ouvido uma sirene quando uma ambulância está se aproximando e
quando ela está se afastando. Se não prestou atenção, então escute e perceba
que o som da sirene é mais agudo quando ela esta se aproximando e mais
grave quando está se afastando.
Até mesmo uma música em um carro parece que está mais rápida quando
o carro está se aproximando e mais devagar quando ele esta se afastando. Este
fenômeno ocorre porque a fonte sonora está em movimento em relação a
você. A esse fenômeno damos o nome de efeito Doppler.
SAIBA MAIS
Para calcular o efeito Doppler, precisaremos utilizar esta equação:
(II)
Figura 4
-
Figura 5
Saiba Mais
Você já observou que
numa tempestade nós
enxergamos primeiro o
Velocidade do som relâmpago e depois de
algum tempo ouvimos o
Depende de onde o som está se propagando, sua velocidade será dife- trovão? Por que isso
rente. Cada material apresenta propriedades físicas diferentes (densidade, acontece? Você pode
calor específico, propriedades ópticas etc.), e tem suas moléculas ligadas de estar pensando nas ve-
formas diferentes, com ligações químicas mais fracas ou mais fortes. Então, locidades de propaga-
ção da luz e do som para
por cada um destes materiais o som se propagará com velocidades diferentes.
responder a esta per-
Sendo assim, a velocidade do som geralmente é maior nos materiais sólidos,
gunta, e certamente já
dependendo da sua ligação química, menor nos líquidos e menor ainda nos chegou a uma resposta:
gases. a luz é mais rápida do
Todos estes materiais ainda têm um outro problema: a temperatura influi que o som. Na verdade,
muito na velocidade do som. Como num aumento de temperatura todas as a velocidade da luz é de
cerca de 300.000 km/s e
substâncias aumentam de volume, o que chamamos de dilatação térmica. Com
a do som no ar é de 331
esta dilatação a densidade do material diminui, aumentando a velocidade do
m/s. Já no ferro, por
som nestes materiais. Podemos dizer que para um mesmo material, se a sua exemplo, é de 5.940 m/s.
densidade diminui, sua velocidade aumenta.
Energia do som
Quando escutamos um som com volume muito alto, podemos ver que ele
faz estremecer o chão, ou alguns objetos que estão próximos à fonte sonora.
Isso acontece porque ele carrega uma certa energia, que está diretamente liga-
da à potência da fonte e à distância que o objeto (ou o ouvido) está da fonte.
Ou seja, quanto maior a distância, menor é a intensidade do som.
Fisicamente, podemos colocar a intensidade sonora como a energia por
unidade de tempo que chega a uma certa área esférica, situada a uma distân-
cia d da fonte sonora, medida em W/m2. Isso também pode ser aplicado à luz,
uma vez que ela também se comporta como uma onda.
Há um limite de intensidade sonora a qual podemos ouvir e um o qual
podemos suportar. Nosso ouvido é um dos sensores do corpo humano que
nos faz ter uma interação com o mundo em que vivemos, tão importante quanto
os olhos ou o sistema nervoso, que nos faz sentir dor ou calor.
Mas, como é o ouvido por dentro? O que acontece nele para que nós
possamos ouvir? Nosso ouvido é formado por três partes: o ouvido exter-
no, onde temos o canal auditivo, que vai desde o orifício da orelha até o
tímpano, uma membrana fina que reveste a entrada do ouvido médio, parte
do ouvido que faz uma amplificação mecânica do som por meio dos três
menores ossos do corpo humano: o martelo, ligado diretamente ao tímpano,
seguido da bigorna e do estribo, que está diretamente ligado à janela oval,
outra membrana que faz a ligação entre o ouvido intermediário e o ouvido
interno, onde existe um órgão que faz a tradução do som para o nervo audi-
tivo, a cóclea, que transporta o som para o cérebro que faz a tradução desse
som para o que sentimos (Figura 6).Como a membrana do tímpano é extrema-
mente fina e flexível, existe uma intensidade sonora mínima para a sua vibra-
ção e, se a intensidade for muito grande, a energia da onda pode “rasgar” o
tímpano, causando uma surdez, que pode ser permanente. Abaixo vai uma
tabela que indica qual é a menor e a maior intensidade sonora que nosso
ouvido pode captar:
Saiba Mais
Para calcular a intensida-
de do som que chega
em uma determinada
distância, utilizamos a
Potência (P) da fonte so-
nora, medida em Watts
(W) e a área total de uma
esfera, cujo raio é a dis-
tância que se tem entre
a fonte sonora e quem
escuta o som, que cha-
mamos de d. Assim:
Figura 6
(III)
Mas, onde entram os tais “decibéis” que as casas noturnas não podem
ultrapassar? Esta medida foi dada em homenagem ao inventor do telefone,
-
Além disso, podemos ver também que todo o instrumento de cordas acús-
tico (violão, piano, harpa, cavaquinho, etc) tem uma caixa ligada no seu cor-
po. Esta caixa chama-se caixa de ressonância e, sem ela, não conseguiríamos
escutar as notas do violão no volume que as escutamos. Esta caixa amplifica
o som que sai das cordas por meio de um fenômeno que se chama ressonân-
cia, onde a corda faz vibrar o ar dentro da caixa, aumentando assim o contato
com a caixa de ressonância, aumentando a vibração transmitida para o ar
Instrumentos de sopro
Flautas, trompetes e sax são exemplos de instrumentos de sopro. Estes
instrumentos têm como particularidade ondas sonoras em tubos, onde o seu
comprimento influi na mudança da freqüência.
Figura 8
Saiba Mais
Nos instrumentos de so- Nas flautas de Pã podemos ver que os tubos têm tamanhos diferentes,
pro, podemos calcular a onde cada tubo emite uma nota (freqüência) diferente.
freqüência da nota emi-
tida pelo tubo, depen- (Fuvest-SP) Um músico sopra a extremidade aberta de um tubo de 25 cm,
dendo se o tubo é aber-
fechado na outra extremidade, emitindo um som com freqüência f = 1700 Hz.
to dos dois lados (flauta
A velocidade do som no ar nas condições deste experimento é de 340 m/s.
doce) ou apenas de um
lado (flauta de Pã). Para
Nestas condições, calcule quantos modos de vibração n tem este som.
um tubo aberto dos dois
lados:
Síntese
- O som é um tipo de energia que se propaga como uma onda longitudinal e
precisa de um meio para se propagar, o que lhe dá a caracterização de onda
mecânica.
Quando aberto apenas
de um dos lados: - Como uma onda de luz, ele possui amplitude, que determina o volume do
som, freqüência, que determina a nota musical e a altura do som e velocida-
de, que depende do tipo de material no qual o som está se propagando.
(IV)
- O timbre do som determina as diferenças entre sons de vozes ou instrumen-
tos musicais diferentes.
Onde Vs é a velocidade - Quando a fonte sonora está em movimento em relação a um observador, sua
do som no ar. Para sons freqüência muda dependendo da velocidade relativa entre fonte e observa-
mais agudos da mesma dor.
nota, basta multiplicar a
freqüência dada na ta- - O ouvido humano pode detectar freqüências de som entre 20 e 20.000 Hz,
bela por um número in- dependendo da intensidade e da freqüência do som. Se a energia do som for
teiro n. muito grande, o som pode até romper o tímpano do ouvido, causando danos
irreversíveis.
-
Guia de estudos
- Releia com cuidado a síntese apresentada no final de cada unidade e veja se
estão claros para você todos os conceitos e definições apresentadas.
- Procure resolver as questões e atividades propostas, e principalmente as ques-
tões de vestibulares. Você vai perceber que para esse módulo, as ferramen-
tas matemáticas necessárias para resolução dos problemas se resume em
conhecimento básico de geometria plana e domínio de trigonometria. Ha-
vendo dificuldade procure o monitor.
A seguir, listamos alguns livros que você pode consultar para comple-
mentar o seu estudo. Os sites indicados também são interessantes, para apro-
fundar um pouco mais em temas de seu interesse ou que foram abordados de
forma superficial no curso, por falta de tempo.Você poderá também ter acesso
as questões dos últimos vestibulares; tente resolver as questões para verificar
o aproveitamento de sua aprendizagem.
Bibliografia
- FIGUEIREDO, Aníbal, PIETROCOLA, Mauricio; Física um outro lado. Luz
e cores. São Paulo: FTD, 2000.
- GREF (Grupo de Reelaboração do Ensino de Física.); Física térmica e óptica.
Física 2. São Paulo: Edusp, 1991.
- PROJETO ESCOLA E CIDADANIA. Física. São Paulo: Editora do Brasil,
2000.
- GASPAR, Alberto. Física: Ondas, Óptica e Termodinâmica. São Paulo: Ática,
2000
- ALVARENGA, Beatriz, MAXIMO, Antonio: FÍSICA, vol. Único São Paulo:
Ed. Scipione, 1999.
- HECHT, Eugene. Óptica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1991.
- HEWITT, Paul G. Física Conceitual, 9.ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
Sites
http://www.educar.sc.usp.br
http://www.feiradeciencias.com.br/sala09/index9.asp
http://www.fisicanet.terra.com.br/optica
Sobre os autores
Ivã Gurgel
Licenciado em Física pela USP. É atualmente professor de Física do Colé-
gio Fênix, onde leciona conteúdos desta disciplina para o curso de Técnico
em Radiologia. Também participa de projetos de pesquisa vinculados ao La-
boratório de Pesquisa em Ensino de Física da Faculdade de Educação de USP.
Mikiya Muramatsu
Licenciado e bacharel em Física pela USP, mestre em Ensino de Ciências e
doutor em Física pela USP. Atua nas áreas de óptica básica e aplicada e de
ensino de óptica, produzindo materiais instrucionais e ministrando cursos de
atualização para professores de Física do ensino médio.