Vous êtes sur la page 1sur 34
SGRESIO GUSTLHO D2 JUSTIgA DA Ila, AUDTTORIA DA TEA, CTROUSCR MO JUDIOTARTA ..LTLAR. Fi Bu, DICGWIES ARRUDA CRARA, brasileiro, vit- Yo, com 55 anos de idade, engeheiro, ex-deputade federal, resi - Gente ¢ domiciliado & Av.Rodrigo Otfvio, 165; apt.201, Rio de Je neiro (GB), venho, com base e findamento nos arts.300 e 306, dc a. de Proc. Militar, apresentar a seguinte declaragio e exposi g@e no processo iniciado e instaurado na "Operagio Bandeirente"- @ no "DI0RS" contra aim e ora em curso nesta Auditoria. Situar - we-ei no terreno estritanente polftico, pois se trata de proces- 80 eminentenente polftico. As minhas idéiss filoséficas e polftd cas, as winhas conviegtes pessosis marxictas-leninistas esto — sendo preciadas. 3° isto: 1. FBo sou eu, como simples cidado brasileiro, ilegalmente en - earcerado ¢ arbitririanente acusado, mas eu. como marxista-leni- [nista, cono polftico e pensador comnista. que estou sendo pro - |eessado. ias, 4 justemente por ser um sarxiste-leninista que ne jobeizo s Zalar-lhes con a mais absoluta franqueza, neste tribu - Ingl de exceclo, teansfortando o banco dos réus em tribuna, o meu fepoinento en 1ibelo acusatério. 20 eu dever. 3’o dever de un omnista, ausnte da verdade, sejat quais forem as conaequéncias € a9 vicissitudes, som tenores nem hesitagbes, sen aceitar que - te indiquem ou insinuen o que deva ou nfo deva fazer. NBo me nor teis vida un viver tranguilo e pacato, ux viver de aconchegos- © conodidades, encerrado no efreulo estreito dos interSeses indi, Vidusis. Jeu carter, wea teaperaconto, ainhss idéies, meus cri- ‘térics de valor, acu senso polftico, tudo me preserva da refle — xo egofstica, do acouodacento cireunstancisl, do siléneio velha co, 0 servilieno opertunista,de sonegagiio da verésde. 8° aiff - cil viver com dignidade, mas sdoente assim vale a pona viver,por que, por matores cue sejom as dificuldades, sempre se esté numa paz interior, feliz, enfin, ia vida, velor real é saber penser, — dec ry agir care at A asio? prova de ainha dignidede comnista e de meu anor & ve 1 que peleo dar, nesta oportunidade, ai zer, de frente, ciretemen sem circunidquios, a reslidade ay sobre cs fhtos veri fi cada apés a minha Prish, a realise Ge - Stire 98 prestidigitastes formiladae no enontoado ecusatério,— Gsnoninado denifncia, a realidde sfbre 0 aparélho estatal o ~ Pressor, onde se gera e se estriba o polftica totélitério-mi- litarista e as agtes ‘terroristas dos corifeus e dos quadrilhei ros G2 ditadure nascem, vicejam e emporcalham, EB’ melhor que - seja assim, manifestando-me sem dissimulagSes nem nejag parla— vras. (ua_ndo a ditadura terrorista tudo faz para disfarga_r une doutrina prépria e suas agtes e procedientos totdlitd vio-militaristas, para esconder seus crimes e para calear a - voz dos que lutam pela liberdade ¢ denunciam, em defesa e em Nowe da huitanidade, as torturas, a barbérie, a hipocrisig ¢ °s assassinatos infames, ¢ de meu dever aprovitar todos og mosentos @ ocasives pa-ra reveler o que os seus fidis defen - sores, 03 era-utos desta vexatéria @itadura, realizam nas of \ Mara-s de sevicias, nos quartéis, nos "DZOPS" e entids_des e Gepartonen tes congfneres, nas soli térias, nos inumerdvoig ede, Ceres nedievais, contra cidsdSos indefescs, iscladcs o incom nicéveis. Por maris que ela, 9 ditadura bérbara, se desmendé- nestas préticas "bendidescss", covardes, oa resine é fraco ¢ | PSo pode Suportar a luz és verdade. io se tala tanto no "jo @ da verdade"? IntHo, dired como Cantes: etida tenho a allo na consei@ncia e nfo falo~ Senfio verdades puras, que we ensinou a viva experigneia". ‘alvez as verdades que ire trazer A cla ridade Hdfana Go aia caregan de certa dogura, cono, As vazes, recla tava Shakespeare, lias, verdades affo verdadeo Juotamente por G@_ue tém férge invencfvel, explicam-se por si mesmas, pela singolezs de sua inquestionabilidade e pelo sentido de porta nidade pois traduzem sempre necessidades humanas. Albert Ca — mus, um dos waiores homens de letras que a Franga de nossca~! dias tem produzido, disse con raz&o: "Sia, 0 que ¢ necessdrio conba_ter hoje é 0 ma | doe o siléneio, juntstente con a separagio dos espfritos e dars almes que @les acarretan". Dizer com independincia e franqueze o que pen 50 ¢ 0 que € necessirio, defender as ninhas 1déias © opinites, € a razio mesma da minha vida. 2. Da forma usis atrabiliéria, fui préso, en a noite dell de novenbro do eno passado, nuns Tua do bairro de Pinheiros, nee ta Capitel, por clesentos &ilitares © policiais da "Operagiio — Bendeirente", servijo de repress%o subordinads so Conando do Ti Bxército. Cercando-ne, uaie de duas dezenas de honens arma— dos de wetralnadoras, dispostos estratégicamente, numa incomm pone exibigto 2 ftege © de violtncta. zorecio mie um operlgeh ae guerra do que a prislo de un unico cidadio, indefeso, portando como arma apenas os seus docusentos legis de identidade e vi- vendo uza vida normal. xesmo assia, geitavam com as armas enga | tilhadas para que leventasse os bragos 0 nfo me mxesse, se - nfo, atirarian para satar, iGo obstante ter sido imediatamente Teeonhecido por um delegado do "DROPS", e depois de slgemdo e Jevado viclentanente ao tanco trazeiro de um carro, dois indi- vidues, colocados 20 neu lado, passaream a espancar—ue nas cos- ‘teles com pentes de setralhadoras, desde a Rus Pinheiros até 8 Rua Tutéia, na 362. Delega_cis de Policia, onde se acha 1o~ colizada a sede da"Operagio “andelrante", Srgiio cuja vida le - @l se desconhece. 40 chegar 8 "03", fui logo conduzido & sale de tor~ turas, onde ng dois "pau-de-srara", uma “cadeiza do drago’ quinas de choques elétricos, estiletes para serem introduzidos sob as unhas, cacetetes e “jslmatérias", conta-gOtas para pin~ gar fgua no nariz/e véries outros instrumentos de suplicios, th picamente "gestapeneanos" ou daquéles que se tem cincia serea jusados pela CIA e pelos Boinas Verdes contra om» patriotas vie 4 ‘tenanitas. Ere vinte e una horas, cais ou menos. Recepeionado m un trevendo s8co no coragio, qe we £82 canbs_lear, fui co ferte de ponte pés nas pernas, pslaadas nos ouvides, puxtes de cabelo. TSdas as minhss roupse foram arrancadas aesim como sa- patos © melas. Fiquei inteirasente nif, Con tires de cobertor ~ velho, envolveran os teu pulsos e bragos, pernas e tornoze — Los foram anarregcs com cordss de “nylon. Feito isto, fo en- ~2ia-da uma barra de ferro entre os bragos e 03 joelhos. Penda~ raran-me no "pau-de-srara", corpo vergado, cabeg para beeixo. Conegou, eto, a chansda “sess¥o espfrita". Gorolera-m os «+ H meus dois dedos agdios dos pfs cou Tios 1igados a0 "talefone - ' vermelho de campanka", corrente contfnua de 120volta. Passaram | @ acionar 9 ssnivels com pequenos intervales, de aodo a provo~ carem en caéa parsda e consequente répida ligagio retenstes- nervosas e musculares. Ao mesno tempo, bactiaa com paluatérias i na planta de neus pés, de todo particular nos calcenhares,re~ \ percutindo diretsnante no cérebro, enquanto conta-gbtars derra i tava dgua ea minhes narines. Arrencarat-me 0 bigode ¢ as 80 - brancelaas. Para coapleter o cfrculo infernal, levantavam o ca no de ferro em que me achava dependurado e fazien-no deslizar- : pelo euleo dos suportes até a extremidade dos cavaletes, rato, nando-o com maior inpulso e vigor, até cair novana te nos en - caches, forgendo 8 ainha coluna vertebral a cada manobras A dor na base do créneo era ineuportdvel. Z os assistentes, inf - neros, rian e perguniavam ince-sssniennte, acoapenhando o "in a Me terrogatério" com "telefones" nos ouvidos, até o desfaldeiten- to. Apds quaae duas horas, como me infarmaraa, passeram—ne 9 perginter emarrado na “cadeira do dragto", com choques elétri— cos © os ensurdocedores "tplefones" (sucessives tapa-s na-a 9 re-lhas com as nos em conchas). De quando em vez, um pequeno- intervalo de descanso pera "pensar e criar jufzo", como diaiam os torturadores. 4 seguir, volta ao "pau-de-arara*, j agora - comphoques elétricos no fnus e nos Graficos genitais. Guase pela anh, retirerem-me psra outra sola, so lad a cfmara do sa - plicios. iiesmo af, o9 “interrogatérios" foram acapanha-dos de golpes, nas costars, no ffgaib, nos rins, acompenhados éstes ~ ‘também de choques elétriccs, com um telefone de componha de .. 90 volts. Os pa-lavedes ¢ as ofensas verbais jorravam nuna tor, |rente inintercupta de torpezse e jargies de bordel. Finaluen — Ye, pela manhB, Jogaron-ce nune pequena e ingecta cela, onde ~ 86 havien jornais velhos. uesno dia 2, & tarde e A noite, continusrem as “ses eBes eapfritas", con os msuoe “aétodos cientfficos". fo dia - 113, terceiro de ainha pris, entrou enservigo a equipe de un certo capit8o Besan Albernaz, designeda na "03" como a" ~ turma da pesado". Alteraram os tipos de tortura. 0 principal e xecutor 0 préprio Albernaz. Ubrigado a ficar de pé, fui es ~ pancedo continuasente em t6das as partes do corpo, nas costas, nas pernas, nas nédeyas, no sbdonen, de bai para cimae de cima para beixo, com pedagos de pau em quina, durante horas © hores até 9 exaus_t8o dco prépeios tortura_dores. Depois, sea~ we, smarravar-me ¢ tornavan-me 9 bater com os mance saz eluatériee") nus pains © nas costes das aoc, noo 4 dos ¢ nas unhas, da-s mflca e dos péa, nos tornozelos e nos tendBes de Aquiles, na parte lomber e nos braz0s. Assim, pa-s— sou-se a tarde e pa_ssou-se a noite, continuando até qua-se As 8 horas do dia 14, quando outra equipe de torturadores rendeu a anterior. Easas torturas continuaram até o quinto dia , com pequa nas variagSes, conforms 0 sadisao ou os métodes mis requinta~ dos torturadores, compostos de @lementos do exérei to, warinhs, aeronéatica, polfcia silitar, policia federal e "DBOPS", che- fiados seagre por un capitGo do II Bxéreite e sapervisionades - por ua aajor da cesta corporagto militar; foi quando, no inf- cio ds wsdrugada, tive a primeira crise cardfaca. Deixaran- me em completo repouso, durante um die, uma noite e um dia, en- quento enferneires da Polfeia iilitar do II Exéreito davem- me Injegves. J4 etBo, quase n&o podia ander; duas pessoas tinhan que “e levanter, agarrava-ae, com es mics, nas paredes e arras tava lentanente 28 pemas. ies, os interrogatérios e os supli- cios continuaren, de forsa simaltanea ou alternada, conforse - wo TM 5 as técnicas consideredas mais eficientes pelas equipes de tor taradores. Algumas vézea, enbora no per wito teupo, o major Waldir Cosiho que, na época chefiava a "03", subm tou-me a in- terrogatérios; nuna noite, dirante c&rca de duas horas, ful in terrogado pelo coronel Coniiicio, atual comandante da Policia - iiiter de sdo Paulo. Hio oftavo dia, ou nono, cérea de duas horas da madmga da, fui despertado e levado A cfrara de auplicios pelo Capitdo Maurfeio Lopes ima, acompanhado de cinco indivfaios do O00, - Jentre oo quais os do none Parisi, Falquer e Pacheco} anarraren~ luo B"codeire~de~drago" © passsram a beter coa serrafos, nae ~ minhes pernas e tornozelos, a dar-me choques elétricos nos au vidos e nos orgfios genitais, enrolando, finalmente, o mai pes cogo com una cords de “nylon” ¢ apertando-a até a minha voz oo megar a extinguir-se, a0 mesao temp& que eu protestava indigna Go. No aécino primeiro dia, era a equipe do capitio Albernaz:— nada mais de "pau-de-erara" e choques elétricos, porque aeu co ago talvez no pudesse suportar; foi a vez da "roleta russa! epontando um revolver carregado com uma Unies bala, para meu ~ ouvide, @izendo'eu entio que seria aelhor atirar entre os ~ olhos; a seguir, sarrafedas generalizadas em todo corpo, aren te horas e horas, até quando tive nova e grave crise cardfaca, pela wadragada, tendo despertade efrea de 10 horas da aanhB, - apés injeg’es na veia. De cim de jornais velhos paesaran-ae ~ para un eolehfo velho; ate era o acu estado ffsico: nfo podia Levantar-ne nea podia mdsr; hematoma goneralizado dos onbras e costas até os dedos dos pés, inclusive os brags © as mios,que sieeran quase pretas, saindo uno eapéeie de saluara de baixo- das unhas e das Linhas de cada mio; os ouvidos inflamedos; uma costele, do Ind esquerdo, fraturada; o rin drei to afetado; a perne éireita con varios liganeitos da coxa roupides, inclusi- ve 0 Joelho con o uenisco fraturado, o qie ae deixou semi-para, 1ftico por aeis de dois méses. O ritual dss tortures, 2s sinule3fes da chamsda “role- ta-russa", as aueagas de Liquidagiio ffsica, de leveren-ne para lugares @raos para me fuzilar e de fazer de wim “um presunto", esgotaran-se na repetiglio de ail perguntas ea interrogatérios Garente horas a flo, sen nada consequiren de nim, Durente dias e noites segiidas, fui submetido 4s mais baérberas torturas e a interrogatérios continusdes, ase mea espfrito conservou-se ing baldvel ¢ 0 Gnino sempre forte, enbors mou corpo ficasse ailace vado con os suplicios e os espancammntos; pode-se vencer men- talaente as torturas © oe vicissitdes. Os torturadores tinhas cono unico arguzento, ail vezes repetido, o fato de que au "na da dizia" 2 0 foto Go receberen conc resposts, resfirasda sen~ sre oe « pre com firmezs e serenidade, que "nada dizia porque nada tinhe @ dizer, cas se tivesse nfo diria, porque nfo tenho vocaglo ps va deletor". Aprendi eu Epicuro: "U honen sébio n3o perder aw pez de espfrito wesno durante un processo de tortura"; @ inspi- Tavance neste adairdvel poems de Goethe: "Gs pensamen tos cover des, 9 vacilaco medrosa, o espanto feminino, o gemido teaeros 80, nfo te salven do mol nen te faz um homen livre. ara sipe- rar t8das as violéncias, nfo te dobres, mostra-te forte e invo ca 8 ajuda dos deuses". 0 marxiste ten que ter uma témpera es~ pecial, nfo deixa vergarem sua vontade de ago, suporta a adver jsidede com firmesa e serenidade; e hf de ter por mais horrivel 8 desonra que a torte. ilo temia os suplicios nem a morte; — Jquando oiguéa tem pela sua pele, pelas dres e por sua vida,- é obrigado a pensar ea sf mesuo e nfo nos seus deveres. As lu tas pelas grandes idéias jamais se transcorrerem sen grandes - feacricicios; especialcente quando se tratam doa ideais narxis- ae ca ideais que representen as mais altas sspiragtes husa- 73 fhas-Conservar—ne fel aos meus ideais e manter a minha Gignida de nas cireunstfineios mais adversas & a expreasiio de auto-acki tagio de principios morais e normas de condita de um caréter - que se fez firme, inflexfvel, nos processos vivos da luta de clesses, do luta Ge opinides. 3 0 homem, como ser aumano dota- do Ge consei@ncia ¢ de vontade, reage num oposi go inabaldvel, vealiza-se e se enriquece, & 0 exbmplo que fecunda e se aulti-~ plica. Yodo ato morsel digno ¢ ato de criaglo. Os atos de dignd dade oo tanto wais fdceis quanto mis aperfeigoanos o nosso — carter. 2 05 cais rAceis de todos slo ca atos que vém tho na~ tural coso 9 reapiragiio, porque surge de ums vide accataméa a viver con @ignidede, @ observer os verdadeiros waléres. fagutlee dies @ noltes de tortures ¢ interrogatérits, mui tas vézee steageran buscar, no Rio, présas, a ainha filha, de 21 enos de idade,e wishs sogra, de 76 anos, para suplicie@las, mifas, em minha frente. Sentiao coragio apertar. Vinha-me, en — ‘teetanto, aos 1dbios un sorriso de desdén. Cerrava. co dentes.— eu rosto, certens-nte, trensfigurava-se em pedra. Aquelas a ~ meagaes devon-me 6éio e taubém 9_sco. Concentrava-ae, mediten do, convicto: o honem 96 & Homem por inteiro e ad pode ser ea~ timado por sua bondade © por sea amor, por seus conhecimentos— e eapfrito forte, por seas ideals e agtes nobres, ee puder o - bar noe olhos de seus entes queridos, de seus anigoa, de seus ‘qmaradas con 0 cora zo puro, a conscitneia tanquila e cal - ja, os olhos 1fapidos e serenos de quan fol_e é Gigno e fiel.~ Sou comnista. Sou ua homea, por tanto, que ama, cré e quer.Sin to e sofro tanto, tslvez wais, go que outros homens; tenho i— guel, senfo mis, reserva-s, valores humans e trmdigtes capa— zes Ge poder enfrentar corajosanente quaisquer adveréidades ¢ veneer. Outras tentas vézes prometeran-ne aplicar o “aBro da ~ verdade" e de me subseteren um “detentor de uentiras". Res - pondia sereno: Poder fazer tudo o que desejarem, mas janais consegui— rio que eu me torne acusador de quen quer que seja ou que me euto-acuse. Ho tinha tenores a a dissipar porque teores nfo exie~ tian on neu espfrito. Por tal, os torturadores nfo me anedron~ tavam como nfo me auedrontan... Conservar sempre 0 equilforio— no espfrito e 0 amino forte, a lucides no racioefnio e a resol lug8o nas respostas, nfo perder o sangue frio © impor o respek, to que brota da dignidade. Lanter-se frio, no sentido de fir — iS, corajoso e altaneiro, nua comportamento que se 18 en Hamlet” "antes de tudo, s@ sineero para contigo mesmo, téo infAlivel— lnente conc 2 noite ¢ o dia". ia cBmare de torturas, vendo o piso e as paredes mancha gas de sengue dos torturadce, mutilados uns,admesingdos outros, ml ameagado e barbaridado pelos usis diversos instrumentos de su- plfeio, fruto de un requinte mérbido, os torturadores manejan- do tudo com ua sadisno selvagen ¢ um prazer saténico, pergunta va-ne: omo pode o homes tomar-se tHo bestial?" "Zn que siste ma desabrocha o recessive atfvico de tal sorte e se traduzir ~ nigso ¢ nsses?™ ‘A neséria levou-ne a Beccaria "o nomen a6 ¢ cruel por interSoo fodos Seaes componentes havian eido congregados naqueles “pobots", naqueles eut6natos, cujos raciocinios e agtes s6 vio até a diotineda que pode ser atingida por seus punhos, ponts ~ pés ¢ serrafadas. A aparéncia é 9 de “érogados". Cono se enbru tecer ao pont de gercalheren na trituragio das vftimes inanes? Percebi nitidamente até que ponto a brutalidade se erigiu em sistema de poder, em prética de govérno (a violéncia fisica, a través das nais indescritfveis brutalizagées; a violéneia psi- coldgica, na utilizagio das sais tétricas aneagas ¢ dos mais ~ ‘sGrdidos insultos © das aais vfs chantagens). lias uma couse & certa: por asis “cientfficas" ou “medievais" que possam ser, — nto bé suplfeios capazes de verger a resisténcia inflextvel da pessoa# digna, da pessoa hoarada, da pessoa leal qitlo sentia a atarga indiferenga de quets Lentamente se deixa abater e que se introverte couo se warchasse inexor&vel— mente pera a norte. nas eentia, isto sin, a saluter revolta, a ‘humana e viril revolta de quem v8 crescer 0 espfritoe tem & 20, por Sai on por ado". - Mr a> If ' i" Teconfertante sensacHo do sangue Zervendo nusa cone’ te reno~ vaglo da vida. O que nfo vence 0 honen tome-o mais forte. 0 esférgo dos torturadores visava alquebrar 0 neu espfrito, alte Yar o meu equilfbrio interior, tirar-me a capscidade de racio- cinio IMeido © atingir a altives de minh dégnidede pessoal, do brav 9 aiuha consci@neis. Inftil. As reagBes que aleangaram fo Fam iasetraluente opostas As que se pretendiam, Ba nfo sentia tonores nem nada dizia, Sentia crescer e revitelizar-se a ener gia de quen tem 26 no valor intrfnseco da pessoa humana, de quen eré nos direitos inalienéveis do hone, no liberdade, na na igualdade, ne fraternidade, de quen confia plename-nte na Amevitsbilidade de um cundo melhor, na felicidade para todos, — homens © mulherées, no futuro préxino da humanidede Livra, au- Jeito de histéria e nfo objeto alienado e alienante éa histé - io. Guantas v8zes, naqueles momentos, n&o me perguntei: "Por que esta raiva incontida e beatial de tantos’ contra lan coves" Convenei-ne de que nada hunilhe ais aos que nfo as tén je 8 dignidede, oe princfpios, 0 2 coregem alheios. Eo posso esquecer jausis, couendo de 24 em 24 horas un da, sofrendo t8da a gana de atrocidades, - com reduzidos intervalos psra descanaar, alvo do interrogaté- tio constante dos torturadores, psro que eu Zornecesse infor- nagBes sore 0 que nada sabia e para aceiter © ae eensiderar- eullpado @ que nenhuna culpa tinhs, conquanto nada tenhee con seguide de min, prosseguiray nas sevfcias, mas fracassaram no propésite Aeliberado Ge inerininar tereciros e/oa de me aulu- acuser, fato consigerado "“nostruoso e absurdo" j4 por Becca @ Tia, em 1.754, en "Dos delitos e dss penas". A verdade energe de fates reais e nfo Ge bérbaras torturas; de suposigdes on - genéradas por eérebros doentios de torturadores inseneidili za doe e bestializados pele convtinuldade diuturna de suse préti- cos eriuinosas. 3 que se dizer do nBo cuuprimento da Declara- g8o Universal dos Direitos do Hoven, da qual foi o Sresil un de seus simatérios. Convéa trenscrever, no mfnizo, seu arti- go: “Hinguén serg subsetido A tortura nem a penas ou trate wentos erugis, isu.anos ou degradantes". Bo hf dificuldade que ut cio que nfo ee goes vencer coo zelnardia. A cor: se possa superar nem aacrift 2, 0 carg= ‘tude s3o 307 majores que a f8rga brute, que as ar- qui oi to: Pergunte "Bo". ter e 9 vi tineshes ais. aivge se era dirige:te do ® go ., Respondia: “ Porar. Respondiat oo". Runea apis tivers oportunidad: éo vE-los, depois de 1.964, © que reaiveite Locentava 2 lesento, sols era2 asigos ceus.in- quirirec-me taudéu sGore us hipotétice cosportanento, es_so 9 righela ae procurssee, eolicitando abrigo, eu atenderia? = A Tesposta era e é Sbvia, ou atenderia, é claro, tanto a Sle co mo a todo o conheeido antigo, perseguido pela di tadura, que ua recesse minha confianga pessoal, sen considerar suas posigtes- polftico~ideolégicas. Digisn ter informagles qie ea houvera 79 eebido a miss%o de procurar unir as esqierdas. ilegueie o fiz perenptdrisven te. A reeposta era liKO o era e 6 werdade. Insie~ Htia, por outro lado, en que ea seria “un terrorists". A res ~ { posta era Bo, pois, como mrxista e nfo blanguista ou 9 nar~ Wea era, x peincfpio, advers&rio Go terror individual ;ntio lcoincidim’. 0s ates terrorista_s con ss concepgtes © prdticas laos merwistss, nflo fo i tos polfticos que despertem politica Je revolucionarianente as wassas e as possibilitem ir as lutas, joccorrema ua préprie experigncia © libertaren-se por si .. staa. Sateran ianbéa incietentemente na tecle de que, une aller tendo sido aivigente commists darente cfrea de vinta anos, no poderia deixar de aer ua dos 1fderes do HU do B, pois, "+e. quen fot rei sempre seré aajestade". Respondia que esta, van equivocades, gorque, se essin fésse, nflo estarie vivendo - Legalnenta desde 1.960 até agora, conhecifssino como sou, num vetho © saxido ender8zo, circulando & luz & dia pelas ruas do Rio de Janeiro e de Slo Paulo, viajando soumeluente entre an— bas as cidades. Repetian e tornavaa a repetir: ‘Bo adlanta, isto ¢ guerra e a guerra esté perdids pera- ha resposta: "Zetou desatualizado nesta questo, was s afirmtiva pare- ce-re muito sizplista’ 0s carrascos que t8u as nflos tintas do congue de muitos m teiotes torturades e de mui tee vitina-s do ditodurs, esmeraram se on tentervergarenne por veiv 4: Wik ouplfcios, noites ¢ +. dias seguides. Liss, tudo foi em vio, sat das provas altivamen— te, de cadege ers B hoje, acrescaxto desta tribuna que se ue oferece, se... “fosse djrigente comunista e se 0 3rasil estivesse nu processo Go zuerra revoluciondria 6 pove, ainhas declare_gles serie_a estas apena: 10a um prisioneiro de guerra e, observada a Convento de Genebra, 36 direi meu noze, minha idade,denais dados pessoais. a a. Wado ay 10 9 ente comunista. io presto contss sano ao meu Parti- €0 @ a0 pov, Hinhas idfiae marxistas e minbs honra de counig ta tem maior valia que a vida". 7 Asein serie 2 tinha maneira de asir porque, ecredito, um Givigents comunists nfo se deizm abslar por suplicios e tudo - pode suportar pelas suss i@éjas, pois ectf plantando ea use .. seara que iré frutificar to certo cono o dia substitud a noi— te, un mndo e¢ uno vida de plea © rosas, gomo costumava dizer- entento, stusleente, SOU APS U. SLELSS - © grande Lorx. CIDADRG CON: mais. Afirwel e resfirmo, que se orgilns de ser un aarxista flel.iads «4. 0 acefitando ser acusador de mim aes~ » til vézes a morte com dignidade - mo neat de qulquer pess go que persitir que se enconasse a oxibigdo degradante de con ifiestes arrencadss ecb tortures. Bo conseguindo nada de min,e lrowo me tornei,no pacsado, muito conhecido 1fder comnista © Jox-deputado federal commists, tado figeram para conseguir al- 6a que aceitasse delatar-ne, Cono nfo tinhan ages delituo - ss 2 iuputar-no, partizan A cata de bruxss, mas tanbéa nfo as acon tracam. ~J —-Prenderan ¢ trouxeram para ver-ne e se ne reconhecian cono couuniets wilitente quase uso dezena de pessoas. Tudo et vio. jada conseguiran. Ficarem tio sente com as suas aividas @ saspeites doentias. 30d torturas, forgsrem use jornalista, pr6— sa entes de wis, e minha conneciéa, s dizer que eu atendia pelo cognove de "arthur". Todavia, diante de mins eetranheza, con testando Sirue e calsasente, os préppios agentes policiais re- cuaram. Sentiran que tudo era o reailtado da tortura. Outro teste: apresen tara un professor de ensino aédio, supliciado e neio iranstornado. Ae contradigtes 2 meu respeite foram fla - grantes, disse nfo ae conhecer, depois, que nfo tinhs cqrteza se J4 me havia visto elgane vez. Pinelmente, concluiu na "03", nijo me reconhecer como “André” por ter mBdo nse acareagtes,de min, e recesava ser por min justigado, nfo obstante estar ea algenado, andando com dificuldades porque 2 minha perna aired to estava seni-paralisada e ainda cercado por militares ¢ policiais, ds"03" e do "DS0PS", Frente aos fatos reais, mce~ & minha indignagfo, essa Auditoria, certammte, ouvird e se convencerd que nfo me conhece, que nunca estéve comigo. Zeta € a verdade. Lies, infeliz ¢ tristenente, sobrou un mastic tende pelo nove de JIMLTAI KALE, KAZLLs Ppo desprextvel que nunca vi e de quet nem sso ouvi felar. Incunbiranno de ai- ger que ex, certs vez, falei sdbre a Hist6ria Go Partido Co - munista ¢ sObre Pol#ftica. No prineiro reconheciuento, na"03", repeli enojado o que Sete indivfduo tentava, gacuejondo, ins, ssopntn enna atrasns o wn pl Mon docilids de cono se portava, perguntei ao Gap.énfbal, do Guar - tel General do II Exército, se aquéle fersante viscoso estava 5 gervigo e sod as crdens do Servigo de InformagBes do Bxexcito. A pergunta ficou sem resposta, nas continha o que queria dizer de quen nfo se pode nem chawar de un Silvério des Reis qual — quer, porque nea mesmo se estava envolvido em uma conspiraglio. SimbbLicamen te, relembro Ruy: "Quanto mais retumbaren os baldtes, uais se firmarfo os meus passos na rota". sinuar. Betas dentncies das torturas e dos interrogtérits a que 4 submetido deven ser complenenfadas com outros fatos veriti, ados: apés 19 dias na "0B", conduziramme ao "D0PS"; alt che do, no,infcio de noite, sind arrastando a perma direita, - sei a sor interrogado pelo Del. Sérgio Fleury que, logo, foi 'izendo ter duas personslidades inteiramente diverass, una do idadio Fleury, cutra a do Delegado Pleury. 0 interrogatério — ou perto de’ 4 horas. Da parte do Delegado Fleuryga indica hte expresca do esoude da “Sexsatic Le Coq", colocads na pare Ke atrds e acima 08 sua mesa de trabalho; descriglo detalbada- ‘de morte de iiarighella; oneagas de tornar-me un “presunto”,fa~ wendo rodar no dedo um revGlver; leitura de relatérios da "OBY sdbre 0 "Caso Arruda” © afiraagtes frequentes de que nada da ~ quilo poderia ser aceito como satisfatério; novas ameagas, jf agora con pslavrtes e un sarrefo na m&o, dizendo que ira arre benter—ne a perna esqierda, para que eu pudesse coxear melhor. Mais a.meagas, retirando de une gaveta a suposta peruca usada por xerighella, pasta, revdlver e chaves. Sucesalvas afirmtes de que se no folasse seris reduzido = un “presunto", a ser en terrado também no Cemitério de Vile Formosa. Outras e mis a - mMeagas, Mostrando, ent&o, duas cfpsules de cisnureto, dizendo— te-las encontrado num bolso da celga do msno karighella e mur ros na mesa, apés ter ouvido a minha afirma clio de que aquilo- ere muito eetranho porque Liarighella nfo precisaria toma x ve~ neno por tenor de que telvez nfo aguentasse a santer-se firme~ até a morte, De minha partes reafirner, com firma e serenida de, 0 que jf havia Gito acs torturadores Gj 03s © nada mois. Passava do meia-noite quando o Delegado Fleury mndou un inves tigodor me recolher a una cele do "DRS", no sub solo do ve ~ no casarfe, sendo atirado na de n®2, onde estavan 12 presos ~ polfticos anontosdos store colchtes velhos e cobertos con len~ gBis imndos. 4 coaide era pior que a dos ces policiais ale - nflec, adestrados pare as cacadss de perseguidos do regime. A comida... bem, a comida era pars vorcos. Ko dis seguinte, o Delegado Fleury dizia ser aelhor proce 42 fli Mae | der 0 un Interrogatério contra mis polo Prof.luiz solldaio. Mle, Fleury, nada conseguirie errancar, meso que “me ouvis se durante 10 anos" (sic). Dias depois, o Prof. iuiz Apold- nio iniciou seus interrogatérios dizendo-me que irfam cone, car a9 partidas de xadrez e que jenais havia peréido um s6 iT om quarenta (49) anos. Retruqié-lhe pausadacen te: "Brogessor, flo tenho protensfo de derrota-lo nea, tam I véc, a minima disposigio de perder. iiss, em partidss de xa~ érex,fa .empata” « ap Os interrogatérios cureram 13 dias, seapre de 40 5 ho | aa, a0 correr da tarée. Cou outras pelavres, reafirmei 0 Ifans que entes noavera dijo s0s tortursdore2 da "03". Pro- \tested, emtumy veosontenente; {Oe bérbaros euplfcios a mia ip fi Jascidoo nn 03 2 Zales store 0s princinass fatoa de mine = ||! feild t8neia commieta a partir de 1.951, quando me tornei — i i siapatizante do Partido Co-mista, nele ingressando em de - ii 4 zewbro de 1.934, indo at julho/agésto de 1.960, quando at itl le fui afastado definitivacente, por ocasifie do V Gongresso ! clonal. Neguel-me 2 felar da lute interna havida no Part, do, de 1.956 a 1.980, © is to pur duas veates fundementads: ~da) por sores acontecinentos de hS muitos anos passados; b) por uma questiio de dignidsde, pois eram fstos que diziam — q gestes e militantes do Partidons ~ respeito apenas sos @ quele perfodo. | Ainds em dezeabro do sno passado, fui conduzido a0 Ga- WEAR (Gentro de Inforta;tes da “arinha), no Rlo, por ordem Gos delegndos Ivair ée Freitas e Sérgio Fleury. Levarac-ne, | de S80 Paulo ac Zio, nv findo de ure casionets Aural Willy | elgemados os pulsos @ ansrrados os tornozelos eu cordas de q "pylon", cajas pontes foram enrolads no eixo d& diregHo.3~ ran trés investizadores da DivisBo de Orden Social, turma- | do Delegedo Fleury,: Paranhos, Oliveira ¢ ua estadante nfo 4 dentifica do, sas que reconhecerei a quolquer momnto, To- | os jactsvsn-se, durante a viagex, de seren integrantes do *Zequsérfo da .orte". Dormi elgenado e sentado en um caded, ra, na sede do OSiEAR, no 5% andar Go Zéiffeio do Kinisté- pio és Lerina. iio outro Gla, pels manhll, fui conduzido 90 Presfdio da Ilha das Flfres, que esté acd a guards do Sata— ino Paissanéf, do Corpo de Fusileiros iiavais, comsndado pd lo Gapitho de war © Guerra José Glonente lonteiro Filho. Af passei rigoroseiente incowmicdvel dirante 15 dias, encareg, rado duronte 45 dias. Tr8e v8zes interrogado, a primeira e | a segunda et: duas tardes, cada ume por 5 a 6 horas seguidas; 9 Glting, dos 9 dommb& de un dia &s 17 horas do dia seguin te, con intervalos de mela hora para comer 0 de seis horas - co.Pinote, @ "Dr.Cldudio", identi Zicado cono inepetor Solfmar, 1 conandades pelo Cap.de Lar e Guerra José “aria Fei j6. Depoimen ‘to meu: 0 nesao que havia feito a0 Prof.lmis Apol®nio, no Ds 0.2.S., naturalnente con palavras diversas. Sintetizei tudo en ura Geclaraglo por min redigida e datilografads, na cual acen= tuei que hd trinta e seis anos sou commista e continurei a - e8-lo, enqumio vide tiver . Recaubiado para S.Pealo, no DEOPS, fui interrogado pe- lo Delegado Bazel “agnotti, para que pudesse ser cerrado o ! processo contra aim uontado. As ainhas decloregte_s restringi vea*§ um pequeno resuxo das declaragBes feitas anteriormnte - p0 Prof.imis Apoltnio, Mada mais. Apés dois dias de encarcerasento, numa das celas infec tas, pestilentas © nal-sfs do TE0PS, o Delegado Caefe deterai~ #nou a ninha trensferéncia para o Recollkimento de Préscs Tiraden i tes, onde até hoje we encontro, na cele "2", éo Pavilhfo "LY, | Qe wot tririonente préso e retido es constrangimmto ilegal a 9 a8 Bes. Nésce Presidio, as condigtes, ao invés de welhoraren, agra von-se. Dia a dia ausentem as restrigtes aos direitos legais - an dos préses polfticos, cou uma hora de banho de sol, quando hé - | sol, dias vézes por senena apenas e, mesmo assim, etre as 14 @ 15 ores. “if super-Lota;%o nae celas, © t9das ae celasj um - | ‘sega a conter 50 detentos, quando nfo aais, cou precarfesinas instalazes higiénicas. 1oMfornecimento de alimentagio nem as- i} lpisttncis 2éaica ou odentoLésica adeqiada, screscentado-se a ~ : “uugo 1sso "revistas" vexatérias acs familiares, inclusive com - | apalpadelas nos orgfios sexuais das mulheres; Polictais 1ésbieas | encarregan-se désse"exane". Tédae as wilheres, eriengas ou enci* Hs so taubds totalaente despides. Por c@rca de tr&s uéses fii submetido ao regine da mais rigorosa incomnicabLli dade, encarcerado em celas nauseabundas i © sea condi zee senitérias, apenas deltado em colchfes velhos. ! Darn te Sere lonzo perfodo de prisBo arbitréria e legal, até | nesao algune delegades do DROPS chegeran a dizer que nfo havia i nada de real e concrete que pudesse inerininar-e; e qxe ot pO deria vir a ser stlto a qualquer uoaate. lio Rio, 0 Cap.de lise ; © Guerra José iavia Feljé, depois de exaninar on relatérice da | "OB" ¢ os meus dépoinentos no DIUPS, apés interrogsr—ce vérias vezes, disse-ne que se cu tivesse sido préso pelo CEMIMAR teria | sido sélto iuediatasente, pole nada hevia sido apurade contra ‘im qué pudesse ser configuredo como ilfcito penal. Ao cheger - préso oa S.Paulo, por fina de janeiro tino, 6 Delegado Tvair de Freitas, entdo titular da Divie%o de Orgea Social do DEOPS,- Gisse-ae que, eabora nfo houvesse sido apursdo nada de emtreto contra ain, mil vézes seria preferivel continuar detid, como — Lk wrighella fol assassinado friauente por une turma da policia polfti- paulista, tendo A frente o delegado Sérgio Fleury. His o supremo ~ conservarem encarcerado. aaa ou marciota, ge ofp pentiquel qualaier ayia que oe poets om sorar con og atriintie Rte jursatetdnge, miito wenos, portantn, de onlpobtlidnde.Diz 0 Prof. arfoel raaai "ge nfo hé agdo, no hd o que punir." Como nBo mcontraras fatos, provss e indicios sificientes, - veonmtes e incontestSveis, tentaran artiffcios e passes de mfgicas po réa aenos brilhantes que os dao fantésticas aventuras do herdi de Fle- ming. A aquinagio alliter-policial preparada contra wim, por ser com nista, 86 poderia terainar como o epflogo de une conédia, #.ridialo.- chro conter 2 indi gagtio, o protesto? Impossfvel. Sm nome da doutrina segurenge nacionsl estabelecerau legendas sagradas:"# proibido ser || srxista e analiesr problenstica brasileira & luz do marxiemo. etan | 9 grades o herege, é um inimigo wortal para a ditadira! fel 6aio & ara mia motivo de orgzlho. Beta, uma parte das ainhas declaractes couo commista; outra - parte diz respeito a uma questo que foi muito perquirida: a ainha vi- ¢ marxistes. do de commista, as minhas convic Reafirmo , egora e quentas vezes forex necessdrias; Tornei-me adnira dor do comuniono hé 39 (trinta e nove)anos, Sou comunista h& 36 snos,- tui aesvro 40.00. do 70 do B, davente 18 ance. e eenvetdrio do 00. ai~ ar nte 15 snus. Continuo comunista e continuare! enquento viver. iiunca ~clescondi as minnas conviectes magtistas senpce proairei ebordar a3 - | provlewas dz que tenho tratado & lu do marxidmo, tonto filoséficos co mo ideclégicos, nolfticos, sociolézicos, econdaicos ou histérices. z- | vaidece-ne ser merxista e noda,midquém, nenhune free, impedir-me-4 de continuar sendo, enquento ea mim houver um rfltino alento. i verdade que ve tornel aduirador do commismo en 1.951 e me mantive neess condicto até fins de 1.934. Vérios fatos contri budren pa ra asso: 0 movimento arasdo dos sargentas, tiros de gerra, estadmtes e opergrios da “Pernambuco Transways", con a participaglo de outros se tores de trabalhadores, verificado en 1.951, no Recife; o movimento an ti-integralista, contra os charados "galhinhas verdes", inictado a per tir de 1.952; 0 repidio de todos os sindicatos de trabalhadores do Re- cife as amnobras "peleguistes" do inistério do Trabalho, dada a infly @ncie que neles desfrutav: o Partido Comunista; o woviuento que se dem senvolveu no Brasil, de solideriedade & Absinia, invadida pelos Zascig tos de “ussoliri; o tovime_nto mundiel de solidariedade a Jorge Dimi- trov, encarcerado pela Gestapo, Zirse e herdico revolucionério me s¢ converter no sfebolo da luta dos trabslhadores @ snti-fascistes Go - undo intelro contra 0 nazi~fascisno; difieiio de literature marxista - no Brasil. 4 vy 3° verdade que ce tornei nenbro go PC 03. om dezedhrdlde — 1.954 © pa-rticipel da Alisnga Nacional idbertadora em 1.935 ,eed0 | stivicte dete glorioso movizento populer que a 27 de noveabeo des fraldou 2 bandeira da insurreigf0 popular en Natal, no Recife e no Rios B*verdade que, de 1.956 a 1.957, atuei como militante comnig ta, no aovigento estudantil é Sahfa, participando & direglo do Diretério Acadnico, da diretoria é UalBo dos Zstadantes da Sehfa 2 do Diretéric «staduel da Unifo Denoertica dos Ustudantes; e, en noveubro de 1.957, estive prGso juntauente con centenas de anti - fescistas, apés 0 golpe reacionéric "do Sstado vo". Bverdage que, de 1.933 a 1.940, fai me_wbro efetivo do se- eretariado do Cosit® Regional ds Sshfa co Partido Commista, de - senvolvendo, 20 mesio tewpo, atividsdes ennovinetos de-nocréticos de resisténeia A ditadura astadonovista, 20 aovineto de defees da siderurgia nscionsl e contra os trustes estxangeira do azo, no ao dyinento estudentil e no covinento aindical, tendo ajudado na funda, [0 © dinamizato de varios sindicatos ea Salvador, no Rectncavo © a zona do cacau, inclusive na Unio Sinéical ds 3chfe que congre— [fava 64 sindicatos; apés a manifestago de 1° de mio de 1.940, ex clvador, realizada pelos sinéicatos o apoiada pela Unite otadual laos Setudantes, Axi préso 0: torturedo, ficands varios meses no edr- work Das Jeere. E’verfede que, 03 1.942, fui secretério do Couité Regional - 12 S80 Paulo do Partido Commista e que, ea agdsto dBase uesso ano, leas indicsdo por Sete Comit® e pelo Conit® Regional da Sehfa para - otegear 0 Becretariado ..acional. “rovieério do Partido, que teve eo YL, tarathe peinetnaia reorticular as frqae do Partido, preparar @ realizar a 38. @oaferéncia Nacionek do Partido, tragar e coordensr- 2 polftica de frente unica nacional enti-faecista e contrdle-r 9 deisenas sua execuzSo. B’verdade que, en ayésto de 1.943, ns Congerfneia acional éo Portide, conhee dé coro a ConferBnela de imtiqueira, fui eleito moubro efetive do Co e novbro do secretariad do Co, jumtamente con Joflo Amazonas e ..aurfeio Srabois; nessa Conferencia foram tragadas- ag terefes denocréticse e petriotas da luta nacional contra o nazi Moocisno, pela partici pagfo do Sragil na coslisto mundial contra 9 pozi-fascieso @ conatituigto da FES, pelas libedades denocréticas e pela auistie 8 todos os presos polfticos. Sa abril de 1.945, 0s pre gos polfticds form 1ibertados; em maio/junho, o Partido Comunista— gonguistou a legalidade; © iniciou-se 0 processo de redonccratiza - “Go Pato. liao clei gBes de dezeabr ode 1.945, 0 Partido abbave- log do votnSo nacSonsi, eleye-ndo 17 cepatades federais ¢ ua sem— dor; naedeiges sucessivas, 0 Partido firuou-se et peineivo lugar~ no Recife, no iio, na Capital de Sto Paulo, en Sontes, Santo André, Sorocsba. ilo Gongresso Sindicel Nacional, que fundou a Unig Sindi— yy 16 cal 9 Sresil, os comnisias tiveran maioria e cl¢dan como Secretiric Geral o Deputado Federal Joo ‘ina_zona_s. Gua-n ~ do, om anlo de 1-947, © Partido foi declarsdo Hegel pelo qo Dutra, tinha, entlo, ctres de 220 mil varno resciondrio dv menbros. B’ verdade que, de 1.945 2 1.950, fai Depatedo Federal pelo stad do S8o Paulo, tendo tido una ds_s mois expressi- vas votsgBes que un representante do povo jé alesngou no Sra, sil, com votos majorit@rios nas concentragtes opergrias da Capital, do"ABC", de Santes e de outras cidades do interior- Paulista; ns Cimorados Deputades, a bancada conunista se - Prpocupo especialcents na defess dos interSeses dos traba - dores ¢ camponesss, pela nacionslizaglo da exploragio do tédleo e contra os wonopdlios estrangeir os, pela reforma- réria, pele conquista dos direitos democrdticos para o po- € pela defess das Liberdades. 7 E’ verdsde cue continuei como menbro do Secretariado do (CC. do Partido até agdsto/setembro de 1.957 e como mmbro e~ 4[fetivo do OC. até julho/agdsto de 1.960, quando, por ocasivio S]ao 5° Congresso #acionsl, fui afasta do definitivacente das S\eiteives do Partido Comnista do Jrastl. EB’verdade que, no perfodo en que fui dirigente naciona 1 ldo Partido, claborei vSrios informes, ensaivs e artigos, deg itacande-se o inform sdbre 0 Programs do Partido apresentado “S[e0 42 Congresso “acional, realizado em fins de 1.964, e al - trabalhos sébre os principais problemas ideclégicos 4a formago dos conunistes brasileir ea; conscientemmte, sempre ageuni 9 responsabilidade por tédas as resolugtes e atos de - cargter necional do Partido @ommista en todo o perfodo en - que fui meabro do secretariado do Comité Central. B’vordade que, nos vinte eos em que fui dirigente nacig pal do PO do 3, destacou-se, juntanente, com Prestes e cont,- G0, uma pl@iade de 1fderes de grande velor, ocupendo, com deg toque, a priueir fils Joo Amazonas, surfelo Graboie, Pedro Ponar, Carlos warighella, uanosl Jover Teles, Angelo Arroyo e rio Alves, tanto pela capacidade polftico-ideol6gica, como pelas quslidades polftico~préticas; e s6 isto jé seria ma is do que suficiente para comprovar que o marxieno se entranhou~ fundo na vida de nosso povo. E’verdade que tive meus direitos polfticos cassados pelo Sovémo de Castelo Branco, na prineira ou na segunda Liste.Va le,a propésito, registrer uma perginta do Prof. Luiz Apol® — nio, 80 me interrogar: “eve seus direitos polfticos cassa - dos, ap6s a revolug3o de abril de 1.9647" Reszosta minha: " - “Sing mas, apéa o golpe militer reacionério ¢ pré-iangue, de NOx. it 4 wri de 1.964. ¢ que howe fot un gripe que sets de ue, me tota_litério-nilitarista, dire tanente apoiado pelo Govérno - horte-americeno; za época, 0 exbaizador Lineoln Gordon congrats lou-se com os cheses militares do golpe pelo fato de terem con~ seguido depor 0 gov8rno constituide, dispensando a necessidade - de interveng§o direta das tropas norte-americanas, 0 que expli- es @ enorme ajude militar e financeira dos governos dos iistados Unidos 8 éitadura brasiloica. 2 revolugo, pera os aarxista-s, € justamente o contrério, ¢ mudanga radical, qualitativa, nas — Yelagtes sociais ©, particularmente, nas relagtes de produgtio,~ fezendo desaparecer uma estrutura social jf caduca, como a bra- sfisira atual,e surgir outra nova, superior, progressiain; in - ica , por conseguinte, numa mdsnga na GlrecHo econtaica, polt ica e ideclégica da sociedade, com a passagem do poder de clas es sociois retrégradas pera outres classes progressistas, revo. lucionfrias, cow o proletariado 4 frente". B’verdade que, apés ter sido afastado do Partido, Venho .. ‘trabelhendo, desde meados de 1.960, portanto, on pesquisas, eng- rises econbuico-sociais ¢ planejamento regional, destacondo-se ~ ‘twebalha sdbre a Amzinia, Golds, amicfpios paulistas, Nordes- te © Recixe Letropolitano, Grande Sto Paulo. ifo trato com estas esttes, familisrizei-me cou a preceriedade das estatfaticas @ {iconSicas brasileiras e o fato de qe as contns nacionais nfo A|suportarem as verdados de uma anlise erftico-cientffica, com S358 contradigtes profimdss @ oc mfltiplos ¢ complexos problemas ae be de ostrutura an agricultura, con os grendes © quase ineolif ~ vols problemas Go Herdeste, gus allo aairé do cfroulo vicioso de subdesenvolviewito através dos esquemas capitalistas, do Recife Ketropoliteno, que se enterra no psuperismo e tem como centro ~ da sclugio Ge seus graves problenss a reforms agréria radical - nas grenées propriecadce rurais em ge ral e ne agro-indifstria - canavieira en particular, ¢ do frande So Paulo, cujos problenas que © afetam o 0 ontravam, asounen 9 dinenstio de problems nacio nais, como os conyestionstentos do trdZego e da circulagtoe as Sefici@ncins dos transportes coletives, cou qusse tetade da pop lagio residindo ex favelas, cortigos e casas precdrias, com c&r— ca é2 65% da populaz%o nfio servida pelo sbusteciuento de fgua po ‘tdvel, spenss 55{ servida por esgusios sanitdrios, edmente 45% — 6a drea urbana a Capital atendige pelo servigo da Binpeza pibli ca, 36% das vias piblicas pavicentadase 20% da s vias piulicas - contendo con gelerias do dsuss pluviais. 3, quanto wais we apro- fundo no conheciserto dos mfLtipluse compkexas problemas econtai cos e sociais do Srasil, mais we convengo de que no poderfo ser eientificanenta enfocavos e equacionsdos senffio A luz do marxismo nem solucionados senfo através de iransformagtes revoluci fries (veeaiss

Vous aimerez peut-être aussi