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ESTUDO POR ELEMENTOS FINITOS DO PROVETE END LOADED

SPLIT (ELS), PARA A DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DE GIIc NA


ESPÉCIE DE MADEIRA Pinus pinaster Ait.

M. A. L. Silva1, M. F. S. F. de Moura2, J. J. L. Morais1, A. B. de Morais3


1
CETAV/UTAD, Departamento de Engenharia, Vila Real,. e-mail: mlsilva@utad.pt, jmorais@utad.pt.
2
DEMEGI, FEUP, Rua Dr. Roberto Frias, 4200-465 Porto,. e-mail: mfmoura@fe.up.pt.
3
Universidade de Aveiro, Departamento de Engenharia Mecânica, Aveiro. email: abm@mec.ua.pt

RESUMO
No presente trabalho foi feita uma análise por elementos finitos do ensaio ELS (End Loaded
Split), com o objectivo de validar o seu uso para a caracterização do comportamento à
fractura em modo II da madeira de Pinus pinaster, no sistema de propagação de fendas RL.
Com o intuito de averiguar a influência dos modos de propagação I e III na medição da taxa
crítica de libertação de energia em modo II (GIIc), foi construído um modelo de elementos
finitos tridimensional, o qual inclui elementos de interface e um modelo de dano progressivo
baseado no uso indirecto da Mecânica da Fractura. As metodologias usadas para a
identificação de GIIc a partir dos resultados numéricos do ensaio ENF foram a Teoria das
Vigas Elementar (TVE), o Método de Calibração de Flexibilidade (MCF), a Teoria de Vigas
Corrigida (TVC) e o Método de Calibração da Flexibilidade baseado na Teoria de Vigas
(CFTV). Os resultados obtidos permitem-nos afirmar que o ensaio ELS, juntamente com esta
última metodologia de tratamento de dados, é apropriado para a determinação de GIIc da
madeira Pinus pinaster Ait.

1. INTRODUÇÃO ortotrópicos e em ligações coladas.


Vários ensaios têm sido propostos para Russell e Street (1982) desenvolveram uma
estudar a propagação de fendas em modo II metodologia de tratamento de resultados para o
(Tanaka et al., 1995; Blackman et al., 2005; ensaio ENF baseada na Teoria de Vigas
Qiao et al., 2003; Schuecker et al., 2000). Entre Elementar, desprezando a deformação devida
eles é de salientar os ensaios End Notched ao esforço de corte e a singularidade existente
Flexure (ENF), Tapered End Notched Flexure na extremidade da fenda.
(TENF), End Loaded Split (ELS) e Four Point Yoshihara e Ohta (2000) examinaram a
End Notched Flexure (4ENF).
validade do ensaio ENF para a madeira,
O ensaio ENF foi introduzido pela tendo recomendado o uso do método Crack
primeira vez por Barret e Foschi (1977), Shear Displacement (CSD) para a
para determinar a taxa crítica de libertação determinação de GIIc.
de energia em modo II (GIIc) da espécie de Silva et al. (2004) avaliaram a
madeira Tsuga heterophylla. O ensaio ENF aplicabilidade do ensaio ENF para a
é porventura o ensaio mais utilizado para a determinação de GIIc referente ao sistema
determinação GIIc, em materiais

39
de propagação de fendas RL da madeira de dificuldade em garantir o encastramento
Pinus pinaster. Por sua vez, Silva et al. perfeito do provete. O outro problema reside na
(2005) estudaram a validade do Método de medição precisa do comprimento de fenda
Calibração da Flexibilidade (MCF) e da durante a propagação (Corleto et al., 1995).
Teoria das Vigas Corrigida (TVC) para a Neste trabalho apresenta-se um estudo
identificação de GIIc dessa espécie de por elementos finitos sobre a aplicação do
madeira. Com base nesse estudo, os autores ensaio ELS à madeira de Pinus pinaster. O
concluíram que o MCF é adequado para a sistema de propagação de fendas analisado
determinação de GIIc, enquanto que a TVC foi o sistema RL. Para averiguar a
subestima o valor de GIIc. Este facto deve-
influência dos modos de propagação I e III
se ao desenvolvimento de uma Zona de na medição da taxa crítica de libertação de
Processo de Fractura (ZPF) na extremidade energia em modo II (GIIc), foi elaborado um
da fenda. Os autores analisaram também a modelo tridimensional de elementos finitos,
influência da tensão de corte e do atrito na onde foram incluídos elementos finitos de
curva P-δ e na curva de resistência, tendo interface e um modelo de dano progressivo
concluído que a influência desses baseado no uso indirecto da Mecânica da
parâmetros é desprezável. Fractura. Os perfis de distribuição das taxas
Carlsson et al. (1986) concluíram que para de libertação de energia Gi (i = I, II ou III),
evitar uma propagação instável da fenda inicial ao longo da extremidade da fenda foram
(a0), durante a execução de um ensaio ENF, era obtidos recorrendo a uma adaptação do
necessário que a0 fosse maior ou igual a 70% Método de Fecho de Fenda Virtual (Virtual
de metade do vão do provete. Crack Closure Technique, VCCT). O valor
de GIIc foi identificado a partir dos
A principal dificuldade com ensaio ENF
tem a ver com medição do comprimento de resultados P-δ -a fornecidos pela simulação
fenda (a). Para contornar este obstáculo, numérica, usando as seguintes
Edde et al. (1995) e Qiao et al. (2003) metodologias de tratamento de resultados:
Teoria das Vigas Elementar (TVE), Método
propuseram o ensaio TENF. Este ensaio é
de Calibração de Flexibilidade (MCF),
caracterizado por induzir uma propagação
de fenda estável para qualquer valor de a0. Teoria de Vigas Corrigida (TVC) e Método
de Calibração da Flexibilidade baseado na
Contudo, o atrito entre as faces da fenda
Teoria de Vigas (CFTV).
tem um efeito do atrito não desprezável na
medição de GIIc (Davies et al., 1999).
Yoshihara (2004) usou o ensaio 4ENF 2. ANÁLISE
para obter a taxa crítica de libertação de
energia em modo II da madeira. Para isso, 2.1. Modelo 3D
usou um provete com uma secção As dimensões usadas para o provete ELS são:
transversal em forma de I, a fim de evitar 2h=20 mm, L=235 mm, B=20 mm e a0=0.65L
roturas indesejáveis. (figura 1). As propriedades mecânicas da
Schuecker et al. (2000) verificaram que madeira de Pinus pinaster usadas nas análises
o valor de GIIc, obtido através do ensaio numéricas encontram-se na tabela 1.
4ENF é superior ao obtido através do Foi construído um modelo de elementos
ensaio ENF. Este fenómeno deve-se à finitos tridimensional (3D), recorrendo ao
influência que o atrito tem nos resultados software comercial ABAQUS® (figura 2).
do ensaio 4ENF (Schuecker et al., 2000). Este modelo é constituído por 35250
Wang et al. (1992) mostraram que a elementos tridimensionais de 8 nós e por
propagação de fenda no ensaio ELS é estável se 4890 elementos finitos de interface de 8
o comprimento da fenda inicial for superior a nós, previamente desenvolvidos (de Moura
65 % do comprimento do provete. O ensaio et al., 1997; Gonçalves et al., 2000).
ELS apresenta porém alguns problemas de Entre as faces superior e inferior da pré-
execução experimental. Um deles reside na fenda foram impostas condições de
40
contacto (sem atrito), com o objectivo de Assim, foi também elaborado um
evitar a interpenetração dos braços superior modelo de elementos finitos 2D, recorrendo
e inferior do provete. ao código comercial ABAQUS®. Este
modelo é composto por 4820 elementos
Os elementos de interface foram
sólidos bidimensionais de oito nós e por
colocados a meio da altura do provete, a
250 elementos finitos de interface (figura
partir da extremidade da fenda inicial (ver
3). O detalhe 1 representa a região do
detalhe 1 da figura 2). O deslocamento total
provete com pré-fenda, onde foram
(δtotal=10 mm) foi aplicado por um cilindro
impostas condições de contacto entre o
de diâmetro igual a 6 mm (actuador, na
braço superior e inferior, com o objectivo
figura 2), de uma forma incremental,
de evitar a sua inter penetração. Os
considerando um valor de incremento muito
elementos finitos de interface foram
pequeno (0,01% de δtotal), por forma a colocados a meio da altura do provete, na
garantir uma propagação estável. O região contígua à pré-fenda (representados
actuador foi simulado como um corpo
por cruzes no detalhe 2, da figura 3). Neste
rígido (detalhe 2 da figura 2).
modelo numérico foram igualmente
A análise por elementos finitos foi consideradas superfícies de contacto entre o
efectuada considerando um comportamento provete e o actuador. O actuador foi
não linear geométrico. modelado como um corpo indeformável.
A análise por elementos finitos 2D foi
2.2. Modelo 2D efectuada para as mesmas condições de
Um dos objectivos deste estudo consiste deslocamento total ( total) e tamanho de
em validar o uso de um modelo incremento que foram empregues na análise
bidimensional (2D) de elementos finitos do tridimensional (3D). A análise foi
ensaio ELS. Essa validação basear-se-á na conduzida considerando um estado plano de
comparação entre as curvas GIIc=f(a) e P- tensão um comportamento geométrico não
obtidas a partir dos modelos 2D e 3D. linear.

Fig 1. Geometria do provete ELS.

Tabela 1. Propriedades mecânicas da espécie de madeira Pinus pinaster (Xavier, 2003; Reiterer et al., 2002).
EL ER ET υ LR υ TL υ RT GLR (REF.) GLT (REF.) GRT (REF.)
(GPa) (GPa) (GPa) (GPa) (GPa) (GPa)
15,13 1,91 1,01 0,47 0,51 0,59 1,12 1,04 0,17

σ Lult (MPa) σ Rult (MPa) σ Tult (MPa) τ LR


ult
(MPa) τ LT
ult
(MPa) GIc (REF) GIIc (REF)
(N/mm) (N/mm)
97,46 7,93 4,20 16,0 16,0 0,24 0,63

41
Detalhe 1

Elementos de
interface

Actuador

Região da pré-fenda

Detalhe 2

Fig 2. Modelo tridimensional do ensaio ELS.

2.2. Modelo 2D modelo numérico foram igualmente


consideradas superfícies de contacto entre
Um dos objectivos deste estudo consiste
o provete e o actuador. O actuador foi
em validar o uso de um modelo
modelado como um corpo indeformável.
bidimensional (2D) de elementos finitos do
ensaio ELS. Essa validação basear-se-á na A análise por elementos finitos 2D foi
comparação entre as curvas GIIc=f(a) e P-δ efectuada para as mesmas condições de
obtidas a partir dos modelos 2D e 3D. deslocamento total ( total) e tamanho de
incremento que foram empregues na análise
Assim, foi também elaborado um
tridimensional (3D). A análise foi conduzida
modelo de elementos finitos 2D,
considerando um estado plano de tensão um
recorrendo ao código comercial
comportamento geométrico não linear.
ABAQUS®. Este modelo é composto por
4820 elementos sólidos bidimensionais de
oito nós e por 250 elementos finitos de
3. DISTRIBUIÇÃO DAS TAXAS DE
interface (figura 3). O detalhe 1 representa
LIBERTAÇÃO DE ENERGIA
a região do provete com pré-fenda, onde
foram impostas condições de contacto A distribuição das componentes da taxa de
entre o braço superior e inferior, com o libertação de energia na frente da fenda, Gi
objectivo de evitar a sua inter penetração. (i=I, II, III), foi obtida recorrendo a uma
Os elementos finitos de interface foram adaptação do método VCCT. Em vez das
colocados a meio da altura do provete, na forças nodais foram usadas as tensões nodais
região contígua à pré-fenda (representados dos elementos finitos de interface (σ j3, τ j31 e
por cruzes no detalhe 2, da figura 3). Neste τ j32), para obter as componentes de G:

42
A

A – Elemento actuador

Fig 3. Malha de elementos bidimensional do ensaio ELS.

σ j 3 ( wk t − wk b )
GI =
2
τ j 31 (u k t − u k t )
G II = (1)
2
τ j 32 (v k t − v k t )
G III =
2
onde os deslocamentos nodais das faces
superior e inferior são representados,
respectivamente, por ukt, vkt e wk t e por ukb,
vkb and wkb (figura 4). A presença das taxas
de libertação de energia em modo I (GI) e
em modo III (GII) ao longo da espessura do
provete (B) é desprezável. Assim, a
distribuição de GII em toda a largura (B) do
Fig 4. Nós locais usado no método VCCT.
provete ELS é praticamente uniforme, com
um valor médio superior a 99,5 % do valor
de Gtotal (figura 5). Com base neste estudo,
G II / (G I+G II+G III)

100,5%
pode-se afirmar que a taxa de libertação de 100,0%
energia na frente da fenda ocorre em quase
99,5%
puro modo II, para a geometria do provete
considerada. 99,0%
98,5%
0 5 10 15 20
4. MÉTODOS DE TRATAMENTO B (mm)
DOS RESULTADOS
Fig 5. Distribuição da taxa de libertação de energia
4.1. Teoria de Vigas Elementar em modo II (GII), ao longo da espessura do provete.
A taxa crítica de libertação de energia
em modo II é determinada recorrendo à P 2 dC
G IIc = (2)
equação de Irwin-Kies (Anderson, 1991), 2 B da

43
A flexibilidade (C) do provete ELS Substituindo a equação (8) na equação (2),
(figura 1), desprezando os efeitos do a taxa crítica de libertação de energia em
esforço transverso, é dada pela seguinte modo II será então dada por
equação
3 m P2a2 (9)
δ 3a 3 + L3 G IIc =
C= = 3
(3) 2B
P 2 Bh E f

onde Ef, P e δ representam o módulo de 4.3. Teoria de Vigas Corrigida


flexão, a força aplicada e o deslocamento De acordo com a TVC, proposta por
do ponto de aplicação da força, Wang e Williams (1992), GIIc é
respectivamente. Substituindo a equação determinada através da seguinte equação,
(3) na equação (2), obtém-se a seguinte
9 P 2 (a + ∆ II )
2
expressão para GIIc, G IIc = F (10)
4B 2 h 3 E f
9P 2 a 2
GIIc = (4) onde ∆ II é um factor de correcção para o
4B 2 h 3 E f
comprimento de fenda que contempla o
O efeito dum eventual comportamento efeito do esforço transverso. Segundo
geométrico não linear do provete ELS Wang e Williams (1992), ∆ II é dado por,
pode ser contemplado corrigindo o
segundo membro da equação anterior com ∆ II = 0.49 ∆ I (11)
um factor multiplicativo F, dado por
(Davies et al., 1999) onde
2
⎛δ ⎞ ⎛δ l ⎞ ⎡ ⎛ Γ ⎞ ⎤
2
F = 1 − θ 1 ⎜ ⎟ − θ 2 ⎜ 21 ⎟ (5) EL
⎝L⎠ ⎝ L ⎠ ∆1 = h ⎢ 3 − 2⎜ ⎟ ⎥ (12)
11 G13 ⎢⎣ ⎝ 1 + Γ ⎠ ⎥⎦
onde l1 representa a distância entre o centro
do actuador e a linha média do braço e
superior do provete. Os valores de θ1 e θ 2 E1 E 2
Γ = 1.18 (13)
são determinados pelas seguintes equações, G13

θ1 =
(
3 15 + 50(a L ) + 63(a L )
2 4
) (6)
20 [
1 + 3(a L )
3 2
] 4.4. Método de Calibração da
Flexibilidade baseado na Teoria de
e Vigas
1 + 3 (a L )
2
θ 2 = − 3( L a ) (7) A energia total de deformação do
1 + 3 (a L )
3
provete ELS, devida ao momento flector e
ao esforço transverso, é dada por:
2
L Mf L h τ2
U =∫ dx + ∫ ∫(14) b dy dx
4.2. Método de Calibração da 0 2E f I 0 −h 2G13
Flexibilidade
O Método de Calibração da sendo,
Flexibilidade baseia-se na equação de
Irwin-Kies (2) e no seguinte ajuste 3 Vi ⎛ 2 ⎞
τ = ⎜1 − y ⎟ (15)
polinomial dos pontos experimentais 2 Ai ⎜ c2 ⎟
C-a ⎝ i ⎠

onde Ai, ci e Vi representam,


C = C0 + m a 3 (8)
44
respectivamente, a área da secção 5. VALIDAÇÃO DA ANÁLISE 2D
transversal, metade da altura da viga e o Pretende-se agora validar o uso de uma
esforço transverso do segmento i (0≤ x ≤a, análise bidimensional por elementos
a≤ x ≤L). A partir das equações anteriores finitos, para determinar a taxa crítica de
e do teorema de Castigliano, obtém-se a libertação de energia em modo II (GIIc).
seguinte expressão para o deslocamento do Durante a fase de propagação observou-se
ponto de aplicação da força aplicada que o valor do comprimento da fenda (a)
(figura 1), medido no bordo do provete é igual ao
valor medido no centro
dU P(3a 3 + 2 L3 ) 3PL (16)
δ = = + (abordo= acentro). Por outro lado, verificou-se
dP 2 E f Bh 3 5BhG13
também que as curvas P-δ, obtidas através
das análises 2D e 3D, são praticamente
O módulo à flexão Ef pode ser obtido a coincidentes (figura 7).
partir da equação (16), utilizando os
valores da flexibilidade inicial (C0) e do 1,2
comprimento de fenda inicial (a0).

G IIc / G IIc (REF.)


1
−1
3a 03+L ⎛3
3L ⎞ 0,8
Ef = 3
⎜⎜ C 0 − ⎟⎟ (17)
2 Bh ⎝ 5 BhG 13 ⎠
0,6
O comprimento de fenda (a) durante a 0,4
propagação pode assim ser determinado, a
0 0,5 1 1,5 2
partir das equações (16) e (17).
G LR / G LR (REF.)
1
⎡C L3 ⎛⎜ C corr ⎞⎤ 3

a = ⎢ corr a 03 + − 1⎟ ⎥ (18) Fig 6. Influência de GLR no valor de GIIc.


⎢⎣ C 0 corr 3 ⎜⎝ C 0 corr ⎟⎥
⎠⎦

300
onde Ccorr é dado por,
250
3L
C corr =C − (19) 200
5 BhG13
P (N)

150
Substituindo a equação (18) na equação (4)
obtém-se a seguinte expressão para GIIc, 100
Análise 3D
50
2
Análise 2D
⎡C ⎞⎤ 3 0
9P 2 L3 ⎛ C
GIIc = 2 3 ⎢ corr a03 + ⎜ corr − 1⎟⎥ F (20) 0 5 10 15 20
4B h E f ⎢⎣ C0 corr 3 ⎜⎝ C0 corr ⎟⎠⎥

δ (mm)
que não depende explicitamente de a. Fig 7. Comportamento da curvas P-δ, considerando
Contudo, depende de Ef, cuja determinação os modelos 3D e 2D.
requer o conhecimento prévio de G13=GLR,
(ver equação 17). No entanto, no intervalo Estes resultados permitem validar o uso
0,5GLR(REF.)<GLR<1,5GLR(REF.), em torno do de uma análise bidimensional por
valor de referência (GLR(REF.)) da tabela 1, o elementos finitos, em detrimento da
módulo de corte não influencia de forma tridimensional. O uso de uma análise 2D,
significativa GIIc (figura 6). Assim, não é traduz-se numa redução assinalável do
necessário conhecer o valor preciso do tempo computacional necessário para cada
módulo de corte (GLR) de cada provete, problema.
podendo ser usado um valor típico desta
propriedade.

45
6. DETERMINAÇÃO DE GIIc boa concordância entre a curva GIIc=f(a)
obtida e a de referência. Todavia, a
Os resultados da simulação numérica do
aplicabilidade desta metodologia é limitada
ensaio ELS (usando o modelo 2D de
pela dificuldade em medir com precisão o
elementos finitos) encontram-se nas
valor de a durante a execução de um
figuras 8 e 9. O comportamento da curva
ensaio experimental.
P-δ é não linear a partir do ponto 1 (figura
8). Esta não linearidade está relacionada
com o desenvolvimento de uma Zona de 300
Processo de Fractura (ZPF) na extremidade 250
da fenda. Uma vez atingida a força 200

P (N)
máxima, observa-se uma propagação 150
estável da fenda inicial, acompanhada de 100
uma diminuição da força P (figura 9).
50 Início do processo de
1
A partir dos resultados da simulação (P, 0
amaciamento
(δ=1,55 mm ; P= 26,68 N)
δ e a), obteve-se a taxa crítica de libertação 0 5 10 15 20 25
de energia em modo II (GIIc), por todos os δ (mm)
métodos apresentados na secção 4: Teoria
das Vigas Elementar, Teoria de Vigas Fig 8. Comportamento da curvas P-δ, para o
sistema de propagação de fenda RL.
Corrigida e Método de Calibração da
Flexibilidade baseado na Teoria de Vigas.
Na figura 10, apresenta-se a evolução da 300
taxa crítica de libertação de energia (GIIc)
250
em função do comprimento da fenda (a),
obtida através desses métodos. 200
P (N)

Com base na figura 10 e na tabela 2 150


conclui-se que a TVE subestima o valor de 100
GIIc. Corrigindo o valor do comprimento 50
de fenda através do factor ∆II (TVC),
0
obtém-se uma boa relação entre o valor de
140 180 220 260
GIIc obtido e o valor introduzido no modelo
numérico (GIIc (REF)). a (mm)
A aplicação do Método de Calibração Fig 9. Comportamento da curvas P-a, para o
da Flexibilidade (equação 9) conduz a uma sistema de propagação de fenda RL.

0,8

0,7
G IIc (N/mm)

0,6

TVE
0,5 MCF
CFTV
TVC
Valor de referência
0,4
140 160 180 200 220 240 260
a (mm)
Fig 10. Comportamento da curva GIIc=f(a), recorrendo às metodologias de tratamento de
resultados propostas (TVE, MCF, TVC e CFTV).

46
Com o objectivo de contornar esta 7. CONCLUSÕES
dificuldade foi proposta neste trabalho uma
Neste trabalho foi apresentado um
nova metodologia de tratamento de estudo por elementos finitos do ensaio ELS
resultados (CFTV), que não necessita da
(End Loaded Split), com o objectivo de
medição do valor do comprimento da determinar a taxa crítica de libertação de
fenda para obter o valor de GIIc. Este energia em modo II (GIIc) da madeira de
método apresenta uma boa concordância Pinus Pinaster Ait., para o sistema de
com o valor de GIIc (REF) introduzido no propagação RL.
modelo de numérico (figura 10 e tabela 2).

Tabela 2. Comparação entre os métodos (TVE, MCF, TVC e CFTV) e o valor de referência de GIIc para o
sistema de propagação RL.

TVE MCF TVC CFTV


GIIc (N/mm) GIIc (N/mm) GIIc (N/mm) GIIc (N/mm)
Sistema de 0,579 0,634 0, 623 0,633
propagação RL Erro (%) Erro (%) Erro (%) Erro (%)
GIIc (REF) = 0,63 (N/mm) -8,10 0,63 -1,11 0,48
Desv. Pad.1 (%) Desv. Pad. (%) Desv. Pad.1 (%) Desv. Pad. (%)
0,46 0,50 0,13 0,35
1
O desvio padrão (Desv. Pad) é calculado relativamente ao valor médio de GIIc

Foram construídos um modelo 3D e um excelente concordância com o valor de GIIc


modelo 2D de elementos finitos, incluindo introduzido no modelo numérico. Contudo,
elementos de interface e uma lei de dano a dificuldade experimental associada à
progressivo baseada no uso indirecto da medição do comprimento de fenda limita a
Mecânica da Fractura. A partir do modelo aplicação do MCF e da TVC. Assim sendo,
3D, e recorrendo a uma adaptação do e com o intuito de contornar esta
Método de Fecho Virtual de Fenda, dificuldade experimental, apresentou-se
concluiu-se que a geometria usada permite neste trabalho uma nova metodologia de
obter ao longo da frente da fenda uma tratamento de resultados (CFTV). Os
distribuição uniforme e predominante resultados obtidos, por este método,
(superior a 99,5%) de modo II. Por outro demonstraram a sua validade para a
lado, as curvas P-δ fornecidas pelo modelo identificação de GIIc da madeira dec Pinus
tridimensional e pelo modelo pinaster.
bidimensional são semelhantes. Estes
resultados permitiram validar a utilização
de um modelo 2D de elementos finitos AGRADECIMENTOS
para simular o ensaio ELS. Os autores agradecem à Fundação para
Para a determinação da taxa crítica de a Ciência e Tecnologia, pelo suporte
libertação de energia em modo II, a partir financeiro a este trabalho através do
dos valores numéricos de P-δ-a, utilizou-se projecto POCTI/EME/45573/2002.
a Teoria de Vigas Elementar (TVE), o
Método de Calibração da Flexibilidade
(MCF), a Teoria de Vigas Corrigida (TVC) REFERÊNCIAS
e o Método de Calibração da Flexibilidade Anderson, T. L., “Fracture mechanics
baseado na Teoria de Vigas (CFTV). fundamentals and applications”, CRC Press,
Verificou-se que a TVE apresenta um erro Inc., 1991.
não desprezável na obtenção de GIIc, ao Barrett, J. D., Foschi, R. O., “Mode II stress-
passo que os outros métodos apresentam intensity factors for cracked wood beams”,
Eng Fract Mech, 9, 1977, pp. 371-378.
47
Blackman, B. R. K., Kinloch, A. J., Paraschi, Hayashi et al., eds. In: Proceedings of
M., “The determination of the mode II ICCM4, Tokyo, 1982, pp. 279-286.
adhesive fracture resistance, GIIc, of Schuecker, C., Davidson, B. D., “Effect of
structural adhesive joints: an effective crack friction on the perceived mode II
length approach”, Eng Fract Mech, 72, 2005, delamination toughness from three and four
pp.877-97. point bend end notched flexure tests”. In:
Carlsson, L. A., Gillespie, Jr., Pipes, R. B., ASTM STP 1383, 2000, pp. 334-344.
“On the analysis and design of the end Schuecker, C., Davidson, B. D., “Evaluation of
notched flexure specimen for mode II accuracy of the four point bend end-notched
testing”, Journal of Composites Materials, flexure test for mode II delamination
20, 1986, pp.594-604. toughness determination”, Composites
Corleto, C. R., Hogan, H.A., “Energy release Science Technology, 60, 2000, pp.2134-
rates for the ENF specimen using a beam on 2146.
an elastic foundation”, Journal of Composite Silva, M. A. L, de Moura, M. F. S. F., Morais,
Materials, 29(11), 1995, pp.1420-1436. J. J. L., “Numerical analysis of the ENF test
Davies, P., Sims, G. D., Blackman, B. R. K., on the mode II fracture of wood”, In:
Bruner, A. J., Kageyama, K., Hojo, M., Proceedings of the III conference of the
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