INDUSIGN
ACIDENTES DE
TRAJETO
FORA DO FAP
APOS MAIS DE DOIS ANOS DE DISCUSSOES E ATUACAO INTENSA DA CNI,
EMPRESAS NAO PRECISARAO PAGAR A MAIS SOBRE SEGURO DE ACIDENTE
OCORRIDO NO TRAJETO CASA-TRABALHO-CASA
ireuniao do Conselho Nacional de
Previdéncia Social (CNPS), mudan-
gas aguardadas pelo setor privado no
Fator Acidentario de Prevengao (FAP)
acabavam exclutdas da pauta. Em 17 de
novembro, porém, 0 colegiado pos em
votacdo os seis itens debatidos & exaus-
to desde agosto de 2014. Ao fim do en-
contro, por volta do meio-dia, cinco itens
da pauta defendida foram aprovadis, re-
sultando na remagao de pontos que cau-
savam custosinjustificados para as em-
presas brasileiras.
Em vigor desde 2010, o FAP — uma
varidvel que incide na alfquota do se-
guro acidente de trabalho foi criado
para estimular as empresas a investi-
rem na prevencao de acidentes laborais.
‘Sua premissa basica era recompensar
aquelas que melhorassem seus indica-
doves, a0 reduzir pela metade a aliquota
do Risco Acidentario de Trabalho (RAT)
~ antigo Seguro Acidente de Trabalho,
punir a organizagao com resultados
piores que a média de seu setor, mul-
tiplicando 0 percentual de contibuigo
por dois. Mudangas feitas na forma de
Fe 27 meses de impasse. A cada
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célculo do FAP, no entanto, criaram gra-
ves distorgdes no instrumento.
‘A principal delas foi a incluso no
céleulo do FAP dos acidentes sofridos
por trabalhadores no percurso entre a
casa @ 0 trabalho e vice-versa. Chama-
dos de avidentes de trajeto, esses casos
eram contabilizados como se tivessem
ocorrido nas dependéncias da empresa.
Dessa forma, ainda que nenhum traba-
thador tivesse se acidentado dentro do
ambiente da empresa, ao longo do ano,
as eventuais acidentes de transito softi-
dos por funcianérios eram computados
no FAP, com impacto sobre a aliquota
devida do seguro.
“Nao faz sentido que acidentes em
nada relacionados com o ambiente de
trabalho fagam parte do célculo do FAP,
Na pratica, empresas que efetivamente
investiam em prevengao vinham sendo
punidas por casos ocorridos totalmente
forado alcance de qualquer programa de
seguranga do trabalho”, observa Manica
Messenberg, dretora da Relagées Insti-
tucionais da Confederagao Nacional da
Indéstria [CNI). A entidade foi a princi-
pal articuladora das mudangas no Fator.
‘Além do nus indevido por causa da
distorgao na forma de célculo do FAP, 0
peso desta conta vinta crescendo con-
tinuamente para as empresas. Dados
da Previdéncia Social mostram que, en-
‘tre 2007 e 2014, 0 ndmero de acidentes
de trajeto cresceu 46,2%, chegando a
115.551 casos. Nesse mesmo perfodo,
6 total de acidentes de trabalho subiu
7,8%, diante de uma expansio de 31,8%
«do mercado formal de trabalho.
Ou seja, as ocorréncias no percur-
so casa-trabalho-casa cresceram em
proporgdo significativamente superior
a média de acidentes. O nimero,aliés,
std na contramao da tend@ncia nacio-
nal, que tem sido de redugdo constante
na taxa acidentéria, Se, em 2007, a Pre-
vidéncia Social registrou 210 a cada 100
mil trabalhadores, em 2014, a proporgao
havia subido 10,89, para 283 casos a
cada 100 mil trabalhadores. Em contras-
te, houve queda de 18,2% na taxa aci-
dentaria geral: de 1.378 para 1.127 ca-
30s cada 100 mil trabalhadores.
“As empresas, sobretudo as da in-
astra, t8m se dedicado a adotar poli-
ticas de prevengao de acidentes, sadeseguranga no trabalho, o que tem re-
fletido positivamente no ambiente la-
boral”, lembra Monica Messenberg,
Por outro lado, afirma, ¢ preciso avan-
gar em politicas pablicas voltadas a se-
guranga no transito, Para se ter ideia,
em 2013, dos 2.797 dbitos registrados
como acidentes de trabalho, 43,4%
‘ocorreram no percurso casa-trabalho-
-casa e 0s gastos da Previdéncia Social
com beneticios acidentérios chegaram
a A$ 20,3 bilhées.
Além da exclusdo dos acidentes de
trajato do célculo do FAP, a reunio do
CCNPS, de 17 de novembro, aprovou ou-
tras quatro alteragées de interesse do
setor privado que afetam 0 célculo do
multiplicador, Defendida como ponto
prioritério pela CNI, os acidentes de
trabalho com afastamento inferior a
15 dias — perfodo em que o trabalha-
dor 6 remunerado pela empresa e no
qual no ha custo para a Previdéncia
Social com 0 pagamento de beneficio
acidentério ~ também deixaram de ser
ccomputados no FAP.
Outro aprimoramento, que dard
mais transparéncia ao célculo do FAP,
6a exclusdo do que se chama de trava
de rotatividade, Pela regra anterior, as
‘empresas que tinham bonus em vigor —
redugao na aliquota do seguro acidente
Sv Te
ree
devido a bons indicadores de seguran-
ga perdiam a redugdo se tivessem
fotatividade do quadro de funcionarios
superior a 75%, punindo as empresas
mesmo quando o trabalhador padia a
rescisdo de seu contrato. Agora, o FAP
sé levaré em conta a demissao por ini
ciativa do empregador.
‘As mudangas promovidas pelo CNPS
nas regras do FAP serao aplicadas nos
cAlculos realizados em 2017 e serao
sentidas pelas empresas no ano se-
quinte, Elas apenas alteram @ forma
de calculo do fator e nao excluam ou
reduzem 0s beneficios acidentatios pre-
vistos pela Previdéncia Social
Criado em 2003 em vigor desde 2010, o Fator Acidentério de Prevengdo (FAP) é um
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Feitoindividualmente por estebelecimento, comparando empresas do mesmo sétor Assim, uma
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Casos registrados no percurso casa-trabalfig'easa continuam sendo-cathlogadds como
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Afastamento inferior a 15 dias
‘Apenas acidentes com afastamento superior a esse petfodo, que ensejem pagamento da
beneffciaacidentério pela Previdéncia Social, bem camp dbitos, seraa computados mo, FAP
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Somente demissGes por iniiatival do empregatior serdo inclufdas na taxa.de rotatividade,
‘que pode levar & perda da faixa bons do FAP (redugao na aliquota)
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fm caso de morte ou invalidez por @cidente, a empresa perdia drei @ faixa bonus por dois
anos. A perda agora serd unicameatte no primeiro ano
COL ed
Torna mais claro o crtério para dgsempatar empresas do mesma s6torno-FAP,que.terd
impacto no cdlculo das aliquotaside cada estabelecimento
DEZEVISRO 2016 | INDUSTRIA BRASILEIRA | 9