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ALGUNS ESCRITOS APOCRIFOS, INEDITOS E MENOS CONHECIDOS, DO PADRE ANTONIO VIEIRA Antonio Vieira foi um incansdvel poligrafo. Cartas, ser- mies, homilias, poléinicas, relatérios diplomaticos, pro- postas de estadista, utopias patridticas, visdes de cabalista, ninharias misticas e até poesia, tudo isso versou a sua pena fecunda; e, como 6 vezo comum dar aos ricos, muitos escritos |he sXo atribuidos que dela nio sairam. Comegou aos 17 anos, compondo, por ordem dos superio- res, as Annuas da Companhia de Jesus, ¢ aos 89, ja sem vista, ainda em cartas ditava arbitrios sébre assuntos de publico interesse. O que deu A estampa em sua vida e mais admiraram os contemporaneos foram os sermdes. Esses poliu-os com amor, ¢ ja no Brazil, quartel ultimo que escolhera para a sua velhice, despedide do mundo onde tanto Inzira, cada ano enviava 4 metropole um volume para a imprensa.- Entretanto aqueles, e eram muitos, sdbre quem talento to yariamente facetado exercia fascinagio invencivel, copia- vam-lhe as outras obras, que de mio em mio corriam, estimadas de uns porque thes afagavam as paixbes, de outros, mais desinteressados, pelo deleite literario. Eserito que encerrasse,matéria pclitiea, em que fosse atacado o Santo Oficio, ou entio quando néle o copista cuidaya encontrar, ja vislumbres de eloqiéncia, jé a veia satirica tanto do modo de Vieira, se o autor lhe era des- conhecido, logo o imputava ao eminente poligrafo. As 538 ACADEMIA DAS SCIBNCIAS DE LISBOA vezes era obra de falsdrio, ¢ assim prodagdes alheias, ¢ nfo poucas, umas por ignorancia ou descuido, outras por consciente fraude, teem passado por suas, Foi de todas a mais notdvel a Arte de furtar, escrito famoso sdbre que teem contendido os eruditos, sem que algum déles trou- xesse ao pleito o laudo definitivo. Tem igualmente dado motivo a controvérsia a nao menos famosa obra Noticias reconditas do modo de proceder da Inquisigio com seus presos, que com outros papeis, relativos ao Santo Oficio, foi pela primeira vez dado a imprimir em livro, sob aquele mesmo titulo, pelo rabino da sinagoga de Londres, David Neto, com suposto lugar de impressio, em 1722. Este a atribue a um secretério da Inquisig%o, refu- giado em Roma, que o historiador israelita Keyserling, sem nenhum fundamento, da por christio novo !. O erudito Anténio Ribeiro dos Santos diz que a obra lhe nao parece ter 0 cunho de Vieira, e Cunha Rivara positivamente alirma nfo ser déle, se bem que, acrescenta, pode ser extraido de obras suas 3, O escrito faz parte, e 6 certamente o mais notavel, dos aque deu motivo a disputa sObre os procedimentos da Inquisigio, que durou dez anos, de 1671 a 81, fez sus- pender por nove os autos da fé, e por um instante ameagou devolver ao trono 0 demente Afonso VI. Os jesuitas, 4 frente déles Anténio Vieira, advogavam com ardor a causa dos christiios novos. Pode-se até dizer que foram éles os promotores da contenda. As Noticias reconditas supdem ser uma informagio pedida pelo pontifice Clemente X, para melhor conhecimento da causa. Nao tenho escripulo 4 Geschichte der Juden in Portugal, pig, 82%. 2 Memoria de Literatura portuguesa, publicadas pela Academia, tomo 4.°, pig. 327. 3 Catalogo de Manuscriptos da Bibliotheea Publica Ehorense tomo 8.2, pig, 177, BOLETIM DA SEGUNDA CLASSE 539 em erdr que, com pedido ou sem éle, Iho foi apresentado o papel. ¢ Quem o compds? O bispo do Para, D, frei Joto de 8. Joné de Queiroz, pessoa hostil aos jesuitas e a Vieira, assegura que fui éste, se bem que alguns o tivessem por obra de certo promotor de Evora, de apelido Lampreia !, O editor de Londres, que pelos correiigionérios devia ter boa informagio, indica como autor «um seeretario da In- quisigdo de Portugal, que se foi a Roma dar conta do mal que se obrava nela em 1672». Este sujeito, que David Neto no nomeia, foi Pedro Lupina Freire, notdrio despe- dido do Santo Oficio, préso em 1655 por inconfidéncia, de que resultou ocultar-se wn rico mercador que fa ser préso, € por crime de aleance como tesoureiro do tribunal em Lisboa. Degredado por isso para a Baia, em 1660 voltou perdoado, Os antecedentes, a pentiria em que decerto se encontrava, 0 desejo de vinganga que naturalmente se lhe podia supdr, tudo isso o indicava aos adversdrios da Inqui- siglo para auxiliar, Eauxiliar precioso pelo conhecimento dos arcanos do Santo Oficio que convinha, para a discussio, trazer a lume, Das informagdes do tribunal da fé consta que em Roma esperavam por éle, em fevereiro de 1673 2, para tratar da causa dos christios novos, La se encontrou com Vieira a quem igualmente animava a ambigio do desfirgo. 1 Memorias publicadas por Camilo Castelo Branco, pig. 149. 2Carta de Franeiseo Paes Ferreira, de aaa ao Inquisidor geral, duqne de Aveiro, 20 do abril de 1673: «... Tive cartas de Roma de 25 de fevereiro, ¢ ainda nio era aie ali Pedro Lupina, O clerigo com que aqui se comunicou e de que ay ‘apelo do Convento da Baroneza se chama José da Orta... Diz tambem © clerigo que os ehristios novos tinham em Lisboa muitas pessoas grandes que os favoreciam para obtengdo de um perdio geral, mas que Lupina levaya designios e intengies mais altas, que sio de pretender abertas ¢ publicadas*, e que nisto ia muito constanten, * Isto &, a declaragiio dos nomes e depoimentos completos das tester manhis nos processos de judaismo, Vol, ix —N.* 2, — Januino 4 Juruo, 1915, 8G 540 ACADEMIA DAS SCIBNCIAS DE LISBOA Se, como parece, nfo foi ésta iiltimo o autor do papel, quasi certo se pode dizer colaborou néle, ¢ o encomendou, corrigiu e completou. Nem arma tio importante para o prélio se forjaria sem 0 concurso do principal contendor. Li aparece a sugesiio de serem alguns processos de réus condenados a iiltima pena sujeitos a exame, cousa que tanto havia de embaragar os inquisidores. Em certas partes a linguagem lembraré a persuasiva eloqiéncia do jesuita, niio a prosa de que o notério deixou vestigios nos cartérios. © alegar o documento muitos factos da Inquisigio de Evora foi talvez 0 que levou algumas pessoas a supdrem-no do promotor em que fala o bispo do Par&. Mas Lupina devia sabe-las, ¢ 6 muito plausivel as soubesse também Vieira, informado pelos jesuitas daquela cidade, por antiga rixa adversdrios ferrenhos do tribunal !, No mesmo volume de Dayid Neto sairam as Reflexdes sobre o papel que se intitula Noticias reconditas, obra que também anda na colecg%io das. impressas 2. O escrito evi- dentemente no é déle, Basta notar a referéncia que faz de terem ido os inquisidores absolver a D. Jodo IV, depois de morto, da excomunh&o em que incorrera por conflito com o tribunal, histéria destituida de fundamento, que & puridade se contava, © que, sendo exacta, Vieira de ne- nhum modo ousaria invocar; ¢ a circunstincia de sumariar o breve de Inocéncio XT Acérea da Inquisig&io, que 6 de Agosto de 1681, quando em janeiro ja o idoso batalhador desenganado e vencido, abandonada a contenda, havia partido para o Brazil 3, 1 Inoeéneio, no Dice. Bibl., tomo 2.°, pig, 128 diz que o papel oferecido por Vieira ao Papa é cousa totalmente diversa do que vem na ciligio de Londres, como se verifiea por outras copias néio menos antigas ¢ mais veridicas, Quais estas edpias sejam todavia nfo diz. 2 Obras inéditas, tomo 1.", ell. de 1856. 3 Inocencio, no Dice. Bibl., tomo 82, pig. 318, d4 a obra por su- BoLuiit vA SeGUNDA CLASSE bat Supositicios sto de igual forma os demais papeis relati- vos ao Santo Oficio que se acham impressos: Resposia demonstratoria, probatoria e convincente & carta de um chamado amigo ', e 0 Memorial proclamatorio ao Sumo Pontifice Innocencio XI?. Jé no século xvi os tinham por duvidosos os colectores *. Nao faltavam aos christios novos advogados entre 08 jesuitas e letrados da sua fo. Alguns d@sses seriam os autores Nenhum motivo encontro para crér seja de Vieira o Papel politico em nome dos habitantes da Serra da Estrela a D. Pedro 11, de que sé na Biblioteca de Evora existem quatro cépias *. Outro apéerifo 6 a Caria politica ao Conde de Castelo Melhor 5, Esta atribue Diogo Barbosa Machado em uma parte a frei Francisco do Santissimo Sacramento , da ordem dos carmelitas descalgos, em outra a frei Gabriel da Purificacio, religioso de S. Jerénimo, dualismo que levou Rivara a persuadir-se haver dois escritos, no mesmo sentido, de autores diferentes ®, Isto confirma a descon- fianga que Camilo insinua se deve usar, manuseando a Biblioteca Lusitana?. Também se tem de rej espiirio, 0 Discurso em que se prova a vinda do senhor rei posta, pela razio de ser o autor pessoa que foi para Roma aos 20 anos, ¢ li vivia de suas rendas, o que se no aplica a Vieira. [oto porém nfo consta do prdprio eserito; é asserto de David Neto, ou de quem quer que na edigio de Londres fez o preficio, certamente um apontoado de invengSes, ! Obras virias, tomo 1.°. 2 Obraa inéditaa, tomo 3.°. “3 Veja-se, por exemplo, 0 eddice n.° 1:172 do Arquivo Nacional, em que estas ¢ outras supostas obras de Vieira estio compiladas com o titulo de Papeis duvidosos, § Obras vérias, tomo 2°. 5 Obras inéditas, tomo 2. 8 Catalogo da Bibl. Ebor., tomo 8,%, pig. 244. 1 Curso de literatura portuguesa, tomo 2.°, pag. 144, a b42 ACADEMIA DAS SCIENCIAS DE LISBOA D. Sebastitio ', que contradiz todo o sebastianismo de Vieira, pois para ¢le o Eneuberto tinha sido primeiramente D. Joao IV; depois personiticon-o em D. Pedro II, no primeiro filho déste, e uma vez até em D. Afonso VI. D. Sebastitio 6 que nunca foi. Na Voz sagrada, suplemento ’s Vozes Saudosas, publi- cada em 1748, com algumas cartas ¢ varios escritos miudos de Vieira, encontra-se 0 Parecer mandado de Franga a El-rei sobre as disposigdes da guerra com Castella?. Este documento ndo 6 de Vieira, nem para D. Joto IV, ja morto quando o escreveram. A leitura mostra-nos datar ale de pouco tempo em seguida ao céreo de Badajoz, levantado em outubro de 1658; portanto de novembro ou dezembro. Dirige-se a D. Afonso V1, entio menor, inci- tandv-o a partir para a guerra, © trata Além disso de rebater argumentos que em Portugal se opunham & vinda de chefes estrangeiros para o comando das tropas. Quem © escreve 6 pessoa de confianga da corda, que analiza um parecer do conde de Sabugal; evidentemente um funcio- nirio diplomatico, e com muita probabilidade Feliciano Douradb, residente de Portugal em Franga desde 1651 3. Ainda em vida de Vieira se publicaram em Madrid trés volumes de sermBes com o sou nome, em 1662, 1664 © 1678, dos quais éle préprio diz serem o maior nimero 1 Obras inéditas, tomo 2.9, 2 Tirado provivelmente da Biblioteca de Evora, onde existem quatro cépias 3 A hipétese foi-me sugerida pelo nosso erudito consécio sr. Roma du Bocage, a quem é muito familiar a hist dria diplomatica da época. Com maior exame do assunto tenho-a por segura. O escrito principia assim: «A estas partes de Franga onde assisto ha muitos tempos, com as noyas do eéreo de Badajos me chegou um papel em que o © conde do Sabugal dissuadia a V. M. do empenho daquela facgao. Bem mostrou a fortuna com infeliz sucesso quanto entéo o Conde advertiu com atinado Conselhov, BOLETIM DA SEGUNDA CLASSE 543) supostos ¢ alheios, @ 08 outros adulterados. Do terceiro +6mo adverte: «Sb reconhego quatro sermbes meus, e esses totalmente nao sé transfigurados mas desfigurados» !. Se isto foi em vida ¢ quasi em presenga do autor, que protes- tava, niio se estranhard que depois os falsdrios se despis- sem de todo o pejo, os ignorantes de todo o cuidado. Tenho para mim que presentemente as cartas sio a parte importantissima de toda a obra de Vieira, assim pelo valor literario como pela luz que derramam sdbre os acon- tocimentos tho variados o interessantes em que de modo notavel interveio. Destas acham-se inventariadas algumas, que nio vieram publicidade, Além de inumerdveis outras desaparecidas, ¢ as que porveptura existem dispersas em colecgdes, ignoradas dos préprios que as possuem. J& Tnocéncio chamava a atengio para as que se encontram na Biblioteca de Evora ?. Entre elas dezanove autégrafos para o marqués de Niza, de 20 de abril a 31 de agosto de 1648, que continuam a série das impressas, por deseuido do compilador interrompida em 6 de abril, © so da maior yalia para o conhecimento das negociagtes da paz que entiio se procurava tratar com a Holanda. Proponho-me traze-las brevemente 4 Academia, como ja fiz com outras da mesma, Biblioteca *. Além dessas siio de muito interesse as eartas de 6 de junho de 1650, de Roma a D. Jo%o IV, esta a Yinica conhecida que dé noticias da misst%o que ali cumpria, ea de 2 de junho de 1691, da Baia, sobre as missdes do Brazil, que pelo contetido parece dirigida a Roque Mon- teiro Paim, secretdrio de Estado, que presidia 4 Junta das Missdes. No Arquivo Nacional, colecgio de papeis dos jesuitas, ocultam-se quatro cartas originais, de 1673 © 74, as quais { Carta de 28 de maio de 1679 a Duarte Ribeiro de Macedo 2 Dice. Bibl, suplemeuto, tomo 8, pig. 219. 3 Boletim da Academia, vol. vist, pig, 405, 544 ACADEMIA DAs SCIMNCIAS DE LISBOA fazem parte da controvérsia sdbre os christios novos; uma delas sem assinatura, e com a nota no topo soli omnino, sinal da importncia que o autor Ihe atribuia. Nas Provas da Dedwegio Chronologica inseriu Pombal a de 15 do dezembro de 1674, Todas em extremo curiosas e relevantes para a questo ventilada. Deixando de considerar os escritos, alguns apécrifos sem divida, sepultados nas colecgdes piblicas, ou guar- dados com avareza pelos biblidfilos, convém mencionar outros que, impressos embora, se acham esquecidos ou, por circunstfineias da publicaglo conhecidos quasi que sé de raros estudiosos. Comegarei pela Carta apologetica ao padre Jucome Iquazafigo, provincial da Andalusia, origi- nalmente em castelhano, publicada em um optisculo de 1757. B de 30 de abril de 1686, © os factos a que diz respeito filiam-se na antiga rivalidade de dominicos e je- suitas, acirrada ainda pelas disputas sdbre a Inquisigao. Nela se defende Vieira das imputagdes contidas em um pamfleto de certo religioso da ordem adversdria, oculto no pseudénimo de Escoto Patavino, A impugnagiio versa principalmente sébre proposigdes de Vieira, desfiguradas em parte, dcérca do quinto império do mundo e vaticinios do Bandarra, semelhantes As que havia condenado o Santo Oficio. A defesa 6 idéntica, mas ha no documento refe- réncias biograficas que dio interesse & leitura. No Brazil publicaram-se em 1860, na valiosa Corogra- phia historica* do dr. Melo Morais, as Anauas de 1624 1 No Arquivo Nacional existe mais uma carta para 0 marqués de Gouyeia, de 28 de julho de 1677, que nfo se acha nas coleegses impressas. Faz parte de um eddice de que deu noticia o sr. Pedro de Azevedo, om 1906, no estudo intitulado As cartas do padre Anté- nio Vieira oferecidas ao arquivo da Torre do Tombo, foi entio néle publicada, 20 titulo completo da obra & Qoregraphia historiza, chronogra- y y BOLETIM DA SEGUNDA CLASSE 25, relatérios para o Geral dos jesuitas, compostos por ordem dos superiores quando Vieira tinha 17 anos, como fica dito. Sio em ntimero de cinco, das quais duas sairam primeiramente na Revista do Instituto Historico e Geogra- phieo brazileiro, do que dA noticia Inocéncio *. A noticia do colégio da Baia cabe particular interesse, por deserever a tomada pelos holandeses, céreo subsequente e restaura- gho da cidade, © ja nela so manifestam as raras aptides literdrias do autor. Na mesma colecg%o sairam as duas extensas memérias: Resposta aos capitulos que dew contra os religiosos da Com- spaahia o procurador do Maranhio Jorge de S. Paio, e Menorial de doze propostas que os padres missionarios do Estado do Maranhao representam a Sua Majestade®. Sko cépias extraidas da Biblioteca de Evora, Do primeiro do- cumento diz Rivara ser «papel muito curioso para a his- toria das missdes jesuiticass , mas, segundo toda a apa- réncia, tanto le, como o dr, Melo Moraes, ignoravam-lhe o autor. Sabe que 6 de Vieira quem tenha estudado a longa contenda sobre a liberdade dos indios, que por tantos anos se debateu entre os jesuitas e os colonos do Pard- Maranhao. E Vieira no-lo confirma, eserevendo ao marqués de Gouveia: «Estes dias, posto que muito doente, estive respondendo aos capitulos que se presentaram contra nés, nos quaes no ha palavra, nem silaba, nem letra que no seja manifesta mentiray 4. O Memoriul de doze propostas phica, genealogiva, nobiliaria e politica do imperio do Brazil. Contem ‘numerosos documentos interessantes para a histiria do Brazil e de Portugal. 1 Dice, Bibl., tomo 1.9, pag. 292. 2 Tomo 4., citado. 3 Catalogo eit., tomo 1.°. pig. 4 ‘4 Carta de 9 de setembro de 1662, escrita do Porto, 546 ACADEMIA DAS SCIENCIAS DE LISBOA que trata do mesmo assunto, com a mesma argumen- tagiio e na mesma linguagem, 6 evidentemente da inesma pena. Na Historia da Companhia de Jesus no Marankito, pelo padre José de Moraes ', que o erudito maranhense Candide Mendes de Almeida arrancou da penumbra dos arquivos, vem transerita a Primeira earta de noticias do Maranhao, do 5 de ontubro de 1653, para o Provineial em Lisboa, sobremodo interessante, mormente na parte que constitae a relagio de viagem pelo Amazonas. A narrativa continia na Segunda carta de noticias, manuscrito da Biblioteca de fvora2, ainda por imprimir, Ao mesmo departamento da actividade omnimoda de Vieira pertence a carta de 2 de abril de 1680, para a provincia do Maranhfo, inédito da Biblioteca Publica de Lisboa *, recomendavel aqueles a quem interessa estudar a parte que na formagio da nacio- nalidade brazileira tiveram os tXo detraidos jesuitas. Nilo deve ficar no olvido a carta de 1648, para Fran- cisco de Sousa Coutinho, de grande valor para a histéria das negociagdes com a Holanda, © que completa as infor magdes colhidas na correspondéncia com o marqués de Niza. Publicou-a Jo&io Francisco Lisboa, outro maranhense, escritor castigo, bidgrafo notdvel de Vieira‘. A cdpia foi extraida da colecgio de cartas do marqués de Niza, exis- tente na Real Biblioteca de S Francisco de Lisboa, se- gundo éle nos informa, dando 0 mimero do eédice, Apesar das diligéncias empregadas n&o consegui até hoje apurar onde para o volume, Nenhum déstes documentos pode ser excluido de uma 1 Publicada no Rio de Janeiro em 1860. 2 Mencionada no Catalogo, tomo 1.°, pag. 41. 3 Ms. do fundo antigo, Cod, 4:517. 4 No tomo 4° das suas Obras, Maranhdo, 1865. BOLETIM DA SEGUNDA CLASSE 547 edigio tolerdvel das obras de Anténio Vieira, que algum dia se faga. Para ela muito ha que expungir das existentes, e também n&o pouco que acrescentar. JA Inocéncio no Diccionario, hd mais de meio século fez o reparo. A mim pareceu-me nao ser demasia insistir com mais largueza em matéria tio relevante para a nossa histéria literdria, J, Lucio de Azevedo.

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