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vivificadora roubada por Prometeu ao fogo do céu; expira este bafejo ar- dente de lirismo que embalou as tiltimas geragdes ao sabor das brisas do Jago que beijaram a fronte de Lamartine; perpassa desoladora e mortifera a asa sinistra do espirito novo e arrasa num impeto de cataclismo 0 alvo ninho das nossas crengas € das nossas ilusdes. ‘A avalanche das descobertas cientificas, que vem das cumeadas do século xvi, leva no seu impulso derruidor a radiosa flor da inspiragao poética, e, ao passo que Pascal € Montesquieu j4 desdenhavam da poesia; Newton é anatematizado pela boca de um poeta, porque ele, com a su itreveréncia de sabi, aniquilou a poesia do arco-iris reduzindo-a a um risma. : Mas a poesia nao morre enquanto houver uma humanidade que sofre, que luta e que triunfa; enquanto o homem se infernar no tormento é€ problema eterno do seu destino. Somente mudando as condigoes da vida, transformando-se a humani- dade na lenta marcha da sua educacdo e aperfeicoamento, 0 que ontem nos apaixonava nao é 0 que amanha nos h4-de emocionar. A uns ideais sucedem outros ideais, a umas cren¢as outras cren¢as. Nao assistimos ao. trespasse da poesia, mas 4 sua transformagao. £ do estado de luta que principalmente dimana a poesia, luta de sentimentos ou luta de ideias, luta que'se alimenta dessa aspiragao vee- mente dos que representam as forgasactivas € dinanficas da sociedade, e, nunca contentes do bem relatiyo, ‘anelam um, ideal absoluto de civilizagao. Se a humanidade se imobilizasse numa_paz* paradisiaca pela realizag plena do bem supremo, entéo a morte da poesia seria inevitavel. M enquanto na consciéncia universal se debater o problema’do destino hu- mano, enquanto a vida for im embate de antiteses,\tim antagonismo de sofrimentos e triunfos, dé lagrimas e jabilos, deyrevas.eduz, o entusiasmo poético ha-de faisear vibrante e vivaz, como o-felampago ressalta do choque de duas electritidades, e se hoje dos»artaiaigyda ciéncia, mais do que nunca) é qué)parte o grito deguerra€ também ai qué a inspiragao poética ha-de brotar mais, veemente é fulgufante, © século xix, comstoda a.stia preocupacao\Gientifica, nao estanca as fontes da inspiragdo poética, mascantes assume a gloriosa missao de su- plantar, a luz de uma verdadeira compréensio, 0 pretendido antagonismo entre ciéricia e poesia. Reconciliando-as mostra-nos, sob um ponto de vis- ta novo, que?a conéep¢do\poética da natureza nao se extingue pelo conhecimento ientifico‘e verdadeiro que dela se adquire. E este um dos factos culminantes e caracteristicos destinados a a: nalar o século xIx. © grande movimento da ciéncia moderna, essencialmente evolu- ciondrio, da-nos uma concepcao nova da vida, ¢ a arte que € a expresso mais viva e completa da existéncia, ha-de necessariamente inspirar-se também nas manifestagées novas do pensamento humano, no modo de ser com que a humanidade e o universo se revelam a observagio sob aspectos muito mais vastos. io 108

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