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A literatura angola de énfase social: O exemplo de Mayombe Enlo Mornes Dutra 1. O ESTATUTO DAS LITERATURAS PERIFERICAS As iteratoras afticanas de expresso portuguesa, a exemplo de boa parte das literaturas terceiro-mundistas, vm 8160 objeto, nos Gt- ‘mos tempos, de erftics ferozes que se debatom contra a crucza de 24 estilo quate jornalistico. A radicaidade de tal procedimento da erica, no entanto, pode ser questionads. Entende-se como parcial « posieao assumida por alguns erfticos ‘que procuram utiliza categoriaste6ricasformuladas a parit de exom- los da producto literdrialegitimada em culturas de maior prestgio, Dara negar as manifestagées emergentes. Tal recusa se dd em nome: ‘de conceltos de Uteratura de lterariedade arbitrariamento determi- inados por teorias que “separam o jolo do trigo”, rotulando de “pan- ‘letarismo” o que nfo se enquadra dentro de seus parimetros. (© resultado deste estado de colsas¢ a polarizacdo das manifesta ‘6c literdrias: num lado situam-se as produgses proseritaspelas esfe- as de legitimaedo, singulerizadas por edjtivagoesclasficatrias:“s0- Diteratura”, “literatura panfletria", etc; no outro, as produgdes que figuram como dignas de receber o estatuto de lteréria, a partir de ‘operagtes legitimadoras da critica. ‘Todo esse esforgo de catalopaco, no entanto, nfo considers al- ‘funs aspectos fundemeatas: 12) o literfrio nfo existe em se, portanto, nfo pode ser invest ‘gedo & revelia das suas condlgdes de producto e recepeto; 44 Hale, Porto Alegre ¥.26, 2.1, mergo de 1991 167 2) a shoningens tas 6 estar peas, no ea, por uma vio earoctniy, gue fende 4 eae jam de md ‘Spas des com ren erode de ates paras "3 tam ete de mesa ens oasontlget se sents para proce sci c anoplopo ds exprtereake, ‘as realidad: deemed tae) ares he, {oda lierature no mc com o eal cs telaocn cpt coms foe ta qusion estuarine legen, ‘Comangend com ea aa de refed cpandose expec sent no expla Heratarenegrvficae moderns Ge Sper So ttace, Berns Moura (198 prope o covet Se"core literati" eco campo price quale fentogue os ce tendo ¢tasmige um determi memento te ste 6 i perenne & "Matra, Pre cl Itrnture aan es ec onto eo de cantar ch gue coneguc uns compa sionomi alo poses porat, te intcgrna no campo lero reg a ale oon Gat por dnt, ttatmensetenbn, Nes alvin Go wks face ee pe peor eck nee ane Sem entrar na questo de que of formulagbes de Mouralissea- ‘bam também por roduplicer adjethagces clasiicarias ~lterat 0 X contaliteratura -, sou mériio malor reside em ver aas mani. festagbesliterrias uma possblidage de morgulbar tas diversas for. tas de cutera. Para ele texto ¢ conterto formam um todo indliso. ive, portant, a investigagtoe vloriagho do fato Uberti com. ‘reende ainda os mcios através dos quals una dada obra foi exer. a, pensada c viva, 168 2. ABNFASE SOCIAL DAS LITERATURAS AFRICANAS DE EXPRESSAO PORTUGUESA Asentado este pnelro ponto abe ecw teas Herears afin e eared portogetsa, x xempl us de prea ra ‘Eaten tam po eafta uaa cra deacon e pe ats pels vst collin, As viens parece comprovt tl fuse uaa Yeu que, ans excl ea Ali 0 poso Un nancies eras tem cooling su eatatto cng tad eat du svat de modelo gaa alia met fol‘ aubvriosecoporfieascbrtudo em das pass: plano Temata plano lngeagem. No pens temo eric colts co Meal de aticank- dade (ehcp de conslecia ctrl aout dos povosaft- anor pours preocupeyies don deren autres enerzen {Sr cuubolcendose une equrataca ete dics erro ds- {ho horcoe polio. Pres arene (156: 80) satin mak. fobom que quand se efore acta eatras como “tera flocage aves pel rl reallae” No plano co ugengen,osiocretamo oradsescra € uma marca sacra do trata sande expend po op Scouse dey ae ape, ame te ope cltor lead ‘tatrromaago’e exemple do sbtens Iterério angola, vere s convergenie de mantesages aries strvessadas cx se ds fare po flerdaces slo trase plies. Tatts, en s- fSn aa uma teroe engaad, cae eigen texas pean ‘i compromise de seus evere com tansoraapto de Ange, elo tempo gus abr operat que atc a ndpet- Ania foun ne Cmmcato atten qo tap fa par een. ders oneaiayto vocab que excolen yarn a No propo mae foe pocemagd ca Unite doe Exes Anolon €recoahec {ho que ateratrn do pate etna pg deuce ue era SISSINre rec d () heeoloepminine ie Fates scr ge mt ene cutate st otc no cob foro {Sten aps pus ERVEDOSA ESE, [No ¢ coincidéncis, portanto,o fato de que bos parte dos fi consias ¢poetasangolanos sejam também membros €o MPLA (Mo: vimento Popular de Liberagso de Angola) qué Iuiou pea indepen- encia e nofeexté no poder. Empenhados em liertaro pals do Ju {20 portngutsc, posterommente, em reconstruir a naglo estitacade els guerra colonale peas civsoes interns, escritres do porte de Pepetela, Uantenga Xitu, Luandino Vieira © Manuel Rul, entre ov ‘os, bscam, na incorporacHo da tealidade toca, transformar 8 pala: ‘ra num fastrumento de combate, objetivando: 10) denunci « wnintato colonial ques at a sr pesto do poder, na censure & livre ma supressto das - ie expressto en supressfo 2°) valorlaar © proceso revolucionsrio como tnica forma de romper com o sistema colonial; 32) discutir os problemas locale denuacar os elementos que podem desvirtuar a revolucto, tas como a corrupgo adminisrati- ‘¥2.€ of confit seins tribals © intertribals 4°) represeatar uma sociedade em transformagso, plasmeda por vériascomtribulgoes cultural 5°) contrapor © universo das aldeias, em que 0 Individuo vive fm estado primitiv, quando nfo allenado, & readeds urbana, em (ue dela assimlacionistscoexstom como despertarrevolucionéti, 66) firmar a expeciicdade cultural do home angolano em ‘oposigfo ao acultaramento velelado pelo sistem colonial No que se refere A linguagem, € precio considers, ants 6e mais nada, que a literatura de Angola srealica« partir de una lin gua que fol Imposia peo eolonizador. Sensivels, no entanto ao ft Se qu esta mesma lingua softe em terras angolanas uma subyersio em Nérios nivel, deadeo lexical até 0 fono-morfo-sinético, ot esri- ‘ores buscam ume Linguagem litnéria que se configure coms um 20- Vo padréolingistco. Ao utllzar como registro o portogaéefecunda- o pei outasinguas falas no pats (Umbundo ¢ Quimbundo, prin clpelment), a iteratara ndo se limita a reproduzi ax falas corten- tes; 0 que ela visa & explora» Inrasdo do registro imposto pelo co- Jonizador como forma de solapar 0 proprio sistema colonial. Afr indo ee Ineo, efimadetanbén 0 ato aro scurso mares taeda, uma eu - ieee meen pda megs por ae, tre paste 70 Por esas mates € preciso insstir ma postara a cer acumida pe- lo leltorfertco dante de wma literatura que nose pera pela obser- vancla dos podrdes iastufdos na antiga metrdpole, mas antes adqui- ‘fe seu etatuto ma cifeenga. Nese particular, Pires Laranjeira, em ‘estudoj6referido, observa que de tl leltor 6 exigido: = “0 dominio pefelto éo reino da ingua portugoes, para po- der compreendero ant-império de escritas varias ebeterem-$e con ese reino; ~ * conhosimento minimo dos faores © Gespojos colonials, x= peeficos do proceso portugues; "a humildae para aceltar a pojanga e o impacto de literati sofa enigmtticas, ora dens, mas sempre osensivas na Beleza as palxtes individuals ou coletvas ena ervliade dos homens e sste- amas posts 2 prova da palavrae da tera-me” (p 80). 3, MAYOMBE: DO ENGAJAMENTO AREALIZAGAO TEXTUAL Embora& ilerutara angoluna se caracterize pelo engajamento, 4 preciso atentar para o {ato de que ela to se reduz os propéslios nilltntes apenas, mas ¢ também resultado de um projto artistico que se trad em realzagtestextuais, ‘Preoeupasoe com & autonomis ds série teria, os esriores ‘engajados procuram, como bem obeerva Abdal Jnior(1989:141), “o8- cellar suas prodagSes entre situages de domindncia a subjetiviade {ndvidual © aguelas necessidades de onde socal”. Dentro esta perspectva, a obra lterria, ants de ser dogmatic, deve ser ‘qestionadora no sentido de nfo se imitar a uma interpretagdo mecé- ala de sociedad, a parts de um ponto-de-iia que se quer defender. ‘Como exemplo bem acabodo desta leratura que procura abar- ‘ar dioletcsmente uma relidede social em confit, tem-se Mayom- ‘be, obra do autor angolano Pepeiela (Artur Carlos Pestana dos Santos). im A. Acestrotara da obes Distrbuia em eco eaptues¢ um epogo, x hisira cont- em Mayombe abrange um periodo de mais 00 menos quaeait ‘ls, tendo como balla temporasGuastualhas contra 0 eoloniza- ‘or portogués em terrs angolanas. Em fermoe de coafguragao espacial, a histets se desenvohe em ols pontos topopricos: em Mayomte, grande forest tropical Ioeallzade na regito de Cabin, c er Dols, povoado cv mals proxino, (© fato de a forest topical a repo de Cabinta ter dado no- smo obra alo 6 ocsiosl, 28 media em que Mayombe desempenta Papel defiitvo de penonagem ceca. Além de grande pare da elo se pasar mu ores (a0 primero e no Clio aptulo a ao fe pases exluivemente i), Mayonbe acompenhe as penonageas fm todos os seus emproendimentos, Ese uma perfetainegrasto tnt enetor(personagens) e objeto (reste) Ge forma que ees Se completan: onhomes osreb ‘bajo tiray crv coven om hobo ct aus tr Shale Uicahn pemon os eu ureTeLN aD) Convém resualar, ro entanto, que 0 espaco configurado 6a ‘boresta ¢ também o espazo do confit, pols, a0 mesmo tempo que redne 08 iguals (os guervltelos que a ela se integram), confia 06 diferentes (colontzdores X colonizados) ‘Annarrativa nto so restenge, porém, essa situagto de conf to enire colonizadores¢ colonzados. Com maior destague, sobre ‘alse os obra um conflia de outra ordem, que contrapbe 0 indi ‘uo, caracterizndo pelo guerriiero, e a guerra, como um fato 30- ‘ial suelto a implicagoes varias. © questionamento que se impoe, portanto, referee dietamente 4s motivagoes que levarem es perso. ‘magens 8 miluincla revoluciondsia. ‘A inatauracdo do conlio se dd a parts de dois protagontsa ‘© Comissério, nacionalistacarreirsta,cuje fun ¢ zear peta for- ‘magfo ideolsgiea do movimento, e 6 Comandante Sem Medo, com- Dalente nil, Intrépido em vase ages, Enquanto 0 Comissério subcrdina o individuo' caust nacional, o Comandante v8 na campe- na uma sae para o problems individual m ‘Formando ums trade com os dos protagonists, aparece a fige- de Ondina, noiva do Comisério ¢ mlitante em Dolise, onde aaa (como professor. Em sua trajt6ria, Ondine corpora também ® proocupasio com o Indivduo, Kentineando-e mais com 0 Coman- Sent, com quem vem 8 tet ums e480, do que com 0 Comisséro, “hs demas personagens astumem imporidncia na medida em ‘que representa diferentes visbes do movimento da goers intera- indo com a prspectiva dos protagonists "No proces de consiructo ds personagens ¢ dese destacarain- ao carder significant saumido pela omeagfo gue cada wna rece~ be. Em todos os goetiheios nomeados no tert, © nowe ox alc ‘Gum sgtfieane que temete personalidede da personage: ‘Sem Medo:sleunha dada to Comandante, porter resto sox ‘aho a um grupo de Inimigos. Antes ra chamado de Esfn- ‘sem ninguem saber explicar por qué Designadotambéar Goerritheio de Hende (canta de um ber6! nacionalisia smorto em 1968); Conissirio: dsignato pelo cargo que ocups. Seu nome verda- ‘Geir, oto, utlizado apenas por Ondine na intimicase, ‘2 por Sea Medo, quando ext se transforma em eu cont dente, “Teoria Gexignagto gp remete 8 stiviceds de profesor. A perio- ‘agen representa a comscidacie poltca, embora teaha ‘edo a its; Latamor: designagio que revel & corsgem és personagem, 8 ‘gual prefer a agho & teori; CCheje de Operagdes: Sesignagdo pelo cargo que ocupe. De ori- gem uni, ¢ wm honem Geof, Milagre: dexieagho que se tefere 20 fo de ter escapado pot reilagre” a0 massacre qUe m™atOu seu pal. La por istn- to de vingance: Muetitnvua: poss nome Ge rel. Corajso, firme no caritr € “anargusta nas paleras fo} Indrfo, maiaheiro¢ conra- Dandisia; Vedade: 0 nome €revelador de sen carter dogmatico, Cuacie- ‘iat- pelo fmpeto revolulondrio e pels postures exre masts; Bkuilu: nome que significa cagador de elfuntes. Designagto ‘eveldore da rlzesaseanas, 13 Pangu-Abitina: nome Ge curandeiro, consoante as ativida- ‘desde enfermeiro que exerce; ‘Mundo Novo: nome signficativo para um intelectual mar- sista que pens sempre s partir de categoriastfrica ennistas, Tingrardao do Tuga: designaséo negativa que revela um carkterdistoreido, Fol julgaéo condensdo como taigor; Vert: delgnacto pejorativa (cigado = Wolkswagen) pa- ‘ra um joven despreparado ¢ trepalnao. ‘Cade uma dows personagens encama uma verdade, 0 que fz ‘com que a narrativa se desenvolva, em sua totalidede, a parti do afrontamento entre o socal ¢0 indvidual, Para melhor se entender, ‘no entant, ese confiio em Mayombe, neceasrio se faz observa 8 construc marativa Em primelto luge, € preciso destacar que a perspective arrs- ‘iva no 6 atributo de win nico narrador. Os fatos sto narrados ora ‘em tereera postos, ora em primeira. A terceirs pestoa predomina ‘no vert, com uma vis oniscente dos (ato. Um narradordistancia- ‘60 dos seontectmentosapresenta os fhios sem mult intervencto di- feta, Sua fngfo 6 narrat determinadosfatoeessenctsis 8 compreea- So da narrativa © revelar ocasionslmente o que se passa na mente as personagens. ‘© romance, conforme jé se dite, inereala a est perspeciva em terceira peatonvarlgbes de focalizagho,em que diferentes perso- ‘nagens ascumem:o ponto- desta (ocalzagtoinieraxe visto “com”, fofientando a narraiva e expressando asus visio dot fatos. Cada 3 (léncia narrative, coniadn por uma das personagens do romance, ‘vem a comitltit de fato uma mlcronarrativa que se integra, cm so- ‘Fulda, na macronarrative que constiul a topica geral da obra. Asin, ‘8 soguintes personagens, em diferentes momentos, sseumem a vor ‘arrativa, expondo nfo apenssaspectos das suas histrias, mas tam ‘bém as ttas visdes dos fatos: Teoria (p. 6, 11 16); Milygre (p. 32, 148 © 67); Mundo Novo (p. 82 ¢ 109); Muatianvua (p. 131); André (185); Chefe do Depéslo (p. 203); Chete das Operagics (p. 229, © 243); Lutamos (p. 257); € Comissrio (p. 268). ‘Tal forma de construgto da narrative serve para reduplcar © config que ee fnsaura n0 trio entre a consciéaca do indviduo ¢ (6 imperativos socials, na medica em que: 1°) a narrativ, quando ‘Se desenvolve em terceira pessn, centra-e principalmente nas taje- \érias do Comandante Sem Medo, que problemstiza as motivagSes 1% Indvidons,¢ do Comissrio, que se subordins a ume causa nacional; 22) as micromarrativas em primeira pesos intoduem novas visdes ‘ue se taligam ora pela visto do Comandante ora pela do Comitsrio. 3.2. 0 parudgme mitlco Em Mayomibe, 0 paradigma mitico se constr6l em torno da dia: ‘de Prometen,divinéade da tradicho clssico-pagl, © Ogum, divinds- de de origem africans, cs quis aparecem identficdos no texto. Pa- 1a que melhor se compreenda a referéncia a esses mits na obra de ‘epetla,comesar-e-4 por resgaar 0 senildo que estes possuem nos sistemas mitolbpcose cultures que os moiéaram. ‘Prometey, ua tadlgo grega clisica, cons omem:divindade, Representa uma bumanidade teligente e ambicioss, que dsejaigualar-se s pottncias divins. Pro- rmeteu ato ¢ um deus, mas um ttt (filbo de Iipeto ¢ Cifmene). Seu “rime” consistiujostamente em tentarerar ums raga que superase os olfpicos; para tanto, ensinou As crituras 0 trabsiRo de dominar fe naturen © conhecer cada vee mals «sl mesmos. Ble antes de ta o, 0 simbolo de humenidade tentandolberir-s do jugo dvino, nx- ‘a opsfo clara pelo human. 'Na Africa, Ogum é 0 Ord do fero, da guerra e protetor de to- os 0s que utizam este metal, Belloso ¢ vingtivo, € represeniado por sete, quatorz, on vinte © am instruments de ferro forjad, que bonttm 0 Seu axe. Suas guerres mics, nas savanasafrcanas, tora ‘ame demandas nes cidade, em defesa de seus “flhos que a ele re- correm aa certeea da vitéia, por ser ele “vencedor Ge demandes”, ‘entiieedo com tudo 0 que & guerrelro. Em Mayombe, a referéncia a Prometeu, associado Ogu, ocor- rem ts momentos da obra: na epigrale inci, no eapftulo 2 (p. 0-1) n0 eplogo. Eo mito, neste caso, configura-se como ima me- tora da tela de forgs que se esabelee entre o homem (gueri- Ineito) ¢ 0 melo (Meyombe). A floresta¢apresentada como Zeus que se verga dante do gueribero,o qua, inrepido,desdobra-se no tra- ‘batho de dominar 8 natareza. Este homem, este gurrilheto, 6 Prome- tea, forga intelectual, consciéncia que o individuals e o tras cape ‘de contestar frga superior que o engendron. Tal como o Ogun afri- ‘ano, simbolo de fora puerreira,€0empreendimento que tadosubjus. a5 ‘A tacorporasto do mito prometeico na narrative de Pepetela ‘stua-o ainda como simbolo de resiseaci, de fdelidade a principios clemeniares 8 integridede humana. Ness sentido, o mito $2 confus- de com a trajetéri das personagens, em especial a do Comandante Sem-Medo, que representa nfo apenas a fidelidade a uma causa (0 combete 20 colonialism), mas também afidelidade ao proprio ind duo, no sentido de resuardar-se da massficagho que s pose orig tar do coletivismo dogmdtico. Como Prometeu, sua opsto ¢ pelo hhumano e sua agfo 6 marcads pela rsisténci a tudo que impega 0 homem de se realizar como ta ‘33. 0 paradigms hlstrco-soclal ‘Mayombe nko so limita ser uma simples histria da goerilha ta regldo de Cabinds. Antes 6 uma maratve que procera sbarcar 8 ‘indica do proces hstricovvido pels Sociedade angolana curan- teo perfodo da guerra colonial (1961-1974). Ao contrar a agbo nk ‘ma base do Movimento Popular de Libertagio de Angola ne flores 1 de Mayombe, o romance conf gura-4e como resultado 6e um poje to iterrio pliticamente empenhado em expresstr 0 anseio de iber- dude do povo angolano na sua lta conta © colonialism portugues No entanto, a narmtiva nto se caraceriza apenas como uma slmples dendincis da dominacfo colonials, o que poderia confun- fi-la com o romance panfletfri. Nel, observase a preccupagio e seu antor em fizar 0 tipo angolano como um tpo via indlferen ‘lado quanto & cor de pee, flando portugués com empréstinos sin- LUtios e lenesis das Inguas nacionais, ¢, por Gm, 0 nacionalisa suante da guerra do MPLA, que acsbart por assumir o poder pss a inéependéacia.E so jastaente as contradigs deste cio: nalst ~ e, por extensto, do préprio movimento ~ que x obra tra 8 cena, Trata-t, em dima andlise, de um texto dlaltico, cuja posts 116 6 questionamento das motivagbesIdeol6pcese revolucionérias os combatentes. Sem trair 0s propésitoe do Movimento, o autor, le proprio militate da guerrilna, no deen e ve volar eriticamen- te para os problemas da socledade em confito,vislumbrando a cont- nuldade desies mesmot problemas aun tempo posterior, com # MPLA no poser 116 ‘As cattncias decorretes do subdeseavolvimento © s dferengas ‘ieas regions so alguns dos problemas enfrentados pela socieda de angolana denunciados em Mayombe. Por conta desss dferengas ttacat, 0 ttballsmo ¢ identiffcado como um dos principals focos de tensto, sendo responsivel pelo eafraquecimento do movimento de I- bertago, uma vee que solapa sus bats, reforge diferengas grupai © bltera #conseidnca de angolanidade: © tetaamo ¢ um fextnee objeto ieee em edo 0 fo (rare 02187, (Outro problems apontado na obra como fstor que concorre ne- gntiamente para a consolidagfo do processo revoluctontrio 2 inc- stucia de uma formacdo politica em boa parte de populagdo, 0 (gue limita © quadro dos futurosdirgentes: = quem ae oc, ctr Bae get frmam 20 etree ‘elie oul pina gon Stn aoe (C) Precianoy dee um xt bem pond oe quo. ‘eens de erat PHPETELA, 198279), ‘Marea evdente da considnciadilética que perpassa 0 texto ¢ © desmascaramento da stuagfo contraditGria dese falar num gover- ‘po do proletariado quando, aa verdade, erf um pequeno grupo que, fem nome dese prolecaraco, ia stumiro poder. E dos setores ala. betizados da populaséo em contato permancate com 0 cultura © as Idéis da Europa e do reso do mundo, que sarpirto os dirigentes poticos (e 06 escritores), pereate a coincidéncia de serem, simalta- ‘Beamente, os mais stradose com melhores condigoes de Gesenvol- ver um trabalho polio: Steaua et ols en ‘esc poser um poeta pap de omeas, et mcr do, ‘een repressendo 9 peletarnge 9 seteao repre (avert i125) Juloos de valor & parte, € preciso reconhocer que a obra de Pe- petela, ma dialética caracteristica da comonicagio artistic, ao dei 1 Ge fazer da bstorledade um componente que éInereate estruta- 12a obra proplsiando no leltor ums tomada de consclénia das con- ra tradigoes dos problemas que afetam a sociedade de Angola. Con- ‘vem registrar alfa, a titulo de conclusfo, que a vanguarda ideologi- ce que caracteriza Mayombe no contexto angolan0, procura ser tam- ‘bém vanguards artistica, na medida em que se preocupa em manter 1 expecificidade do literdrio, questionando estruturas nfo s6 socials, mas também ngatsticas, REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ABDALA I, Bexjunl. Liar Nal pola: ierataras eau poregue- sno abc XX. So Frees, 1989 [BRVEDOSA, Cetoy Rowe de iterate angolana Landa: Unio do Eurtcct ‘se. LARANIEIRG Pe: Cofios cis eran fas de Kgs porta th: Cadre de Lawanrs Clair 32 1, p77 a9 MoUIRALIS, Berard Ar conaliosnnes Core Aendin, 962 PSPETELA Mogens. to Pan Kien, i982 (CAL aster Asbo, 14. 18

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