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13s 0100-1961 REVISTA DE PROCESSO ‘ho 37+ 209» ne 2012 Diego ‘on A onrdenag00 “rss Ame Aus Waser Oscolaoradres desta Revista goza da mas spl bere de apie cet, aberdo-hes 3 ‘etree os iis « cones emidas em seus abso. A espana pla evs efomatasbo ds textes da Eto, edge dstiuigoda EDTORA RESTA DOS TREUNAS TOA Dito responsive ‘ANTONIO BEUNELO usd Bosque, 870 ~ Bara Funda “eh 1 3610-8400 Fax 13603-6450 (CFP 0136-000 ~ S80 Fala Sto Paulo = Bast T0005 0S IRETOS RESERVADOS, riba a repro {otal ou pri por ualguer maou proceso ~ Les 810/198 CENVRALDE RELACONAMENTO RT later em das es, ds ahs 179) Tet 000-702-2403 mal de stendimente 30 comsmiar sacertcomr voweutcam be ‘ctorarevistaq@rt.combr Diogorariaeletrnc Et Rests dos Tunas isa, CHP) 60.01 283)001-12. Impede ereodenagta- Orga Gifia «Eitri, CNP) 08.738.05/0001-3. Inpro ne Bras 07-2012] Profisonal Feevameto det ei: [04072012 In MemoriAM ‘CONSELHEIROS DA REVISTA DE PROCESSO. PERMANENTEMENTE HOMENAGEADOS POR ESTE PERIODICO A. Cesorno Jinior Adolfo GelsiBidart(Urugual, Adriano Marrey, Aides Mendonca Uma, feo Buzaid, Amcar de Castro, Ari RarEneio Guimartes,Arwed Blomeyer (Alemanha), Basleu Garcia, Bruno Afonso de André, Celso Agricola Bar Celso Neves, Celso Ribeiro Bastos, Cipriano Bbmez Lara (Mésieo), Coquelo Costa, Déscio Mendes Pereira, alma Negreios Fenteado, Domingos Franclul Nett, Edoardo Garbagnati (lal, Edoardo Rice (tla, fio Fazzalar (lia), , Tulfo Loman {Ili Enrico loro (alia), Enrique Vescov Mugu, Fritz Baur (Nemanha), Geraldo Ataibe, Gian [Antonio Michel (tla), Guseppe Tarza lil, Hamilton de Moraes e Baros, Haroldo Yallado, Henrique Augusto Mackado, Henrique Fonseca de Araijo, Hernando Devis chan (Colombia), Humberto rise Sierra (México), Igncio Medina (México, lacy de Assis, ess Gonzalez Péter Espana, Jodo Afonso Borges, Jogo de Castro Mendes (Portugal) Joaquim Canuto Mendes de Almeids, Jorge Anionio Zepeda (México), José Carlos Ferreira de Olvera, Jose de Moura Rocha, Jos Frederico Marques Jost Geraldo Rodrigues de Alckmin, J Calron de Passos, José Rodrigues Utraca (Venezuela), Kar! Heinz Sehwa (Alemania, Lauro Malheitos, Lino Eneque Paldcio (Argentina), Lufs “Antonio de Andrade, Luls Eulélo de Bueno Vidigal, Lue Alberto Viere (Urugual, Luiz Kubinsoky, Luz Loreto (Venera, M. Seabra Fagundes, Magnolia Sentiago ues, Marcio Martins Fereita, Maro Vellani (lial, Mathias Lamibauer, Mauro Cappaliet! (tail, Moaeyr Amaral Santos. Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, Oidio Baptista da Siva, Paulo Emilio Ancrade de Viens, inio Neves da Cunha Cintra, Pontes de Miranda, Peto Castro [Espanha}, Romeu Fires de Campos Barros, Ronaldo Porto ‘Macedo, Rudo Bruns (Alerarka, Santiago Sentis Melendo (Argentina), Tomé Para Filho, Vicor Nunes Leal, Waldemar Mari de Olvera Jini, Walter Fasching (Austria Wills Santiago Guerra, TUTELA DE URGENCIA NO PROJETO DE Novo CopiGo DE Processo CIVIL: A ESTABILIZAGAO DA MEDIDA URGENTE E A "MONITORIZACAO" DO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO Ebuarpo TALAMINI Liwe-docente, Doutore Mestre pela USP Professor de DitetoProessul na UFPR. Coor- ddenadore Professor do Curso de és-Graduagao em Processo Cv do Instituto Baclar (Curitiba. vce-presidente da Camara de Aritagem da Federacéo das Indistis do Paand, Advogado, ‘a 00 Dao: Processval Resuo: Braming-sectitiamente 2 disciplina as medidas de urgérea no Projeto de novo Céaigo de Processo Civil em que se destacam 8 unificago de egime para a tutea catelar€ 2 tutela antecipada, a eliminagéo de processo Drdpria para a tele cautelar © a estaba {80 ds medida urgente coneedida em carster Preparstiria, quando nto impugnags. Ao final, Dropde-se uma mudanga no regramento pro- seta Prunvnas-cnave:Tutels de uraénia ~ Tula da vinci ~ Tutels cautelar~ Tutela antec ta - Projeto de novo Cédigo de Processo Civ = Ténice monitria~ EstabizarS0 dos efits a ela urgent Arosa em 3.062012 Asmacr: The essay contains critical arass of the discipline of emergency messuresin the nev Bazilan Civil Procedue bil, in which certain topiesstand out: the retionofaunifermsystem for preventive injunctions and other forms of injunctive rel, the elimination of = specific rocess to seek preventive injunctive rele, and the provision that 3 pretiminay injunction wil became permanent if nat appesed. Las, the «say suggests changes in the propose bil Kerwonos: Emergency injunctive reli = Injunetive rei based on clear and convincing tence — Temporary injunction ~ New brazilian Cl Procedure bil - Monitin eehrique (teenie ‘moritéra) in injunctive relief — Permanent effets of the emergency ijurtion, ‘Suu: 1. lntrodugdo- 20 regime juridco Unico das tutelas de urgéncia- 3. Anova con- traposicdoexplicita:tutla de urgénea xtutela da evidence - & A eliminagao da duplcida te de processos~ 5. 0 Gnus da formulagdo de pedido principal: pressuposto emits - 6. == __y__-_-__ ===, == x_ FF 7{TFT 14 Revista ue Processo 2012 © RePao 209 ‘Acstabiizagto da tutela urgent - 7. Breves parGnteses: a estrutura e funedo da ténica ‘monitéria ~& O caster monitrio da estabilizagao da tutela urgente ~ ©. Limites duvidas quanto estabilizardo ~ 10, Auséncia de coisa juigada material ~ 11 C que significa nao “impugnar" a medida urgente?- 12, Oaleanceobjetvaesubjtivo da impugnagao ~ 13.0 campo de incidénca da estabilizagao da tutela sumaria (no substtutiva do Senado) exclu so das medidas incidentase da tutela Ga evidéncia ~ 14, Cita epropesigt. IntroDUGAO Os dois principais marcos regulatorios da tutela urgente no processo civil brasileiro, na época de sua promulgacao, foram festejados como importantes vancos. Mas nos dots casos, parte indiscutivets qualidades de taisregramentos no tardou para que se passasse a notar os entraves € armadilhas por eles criados. Assim, quando o legislador de 1973 optou por estruturar a tutela cautelar em um processo autonomo, dedicando-lhe livro proprio no Codigo de Proces so Civil (Livro IID, a inovacio foi bem recebida, Viu-se nessa autoniomia formal da funcao cautelar um destaque a sua relevancia sistematica e um incentivo a0 seu emprego. Mas logo se evidenciou o desnecessirio formal smo da novidade. Na pratica, o procedimento do processo cautelar passou a desenvolver-se au tonomamente apenas até a concessao liminar da medida ~ sendo, depois disso, absorvido pelo procedimento do processo principal. Constaiou-se uma desne- cessiria duplicagio de processos, com tudo que isso implica (duplicidade de autos, de citacdes, de sentencas). Reputou-se que teria sido preferivel permitir também a concessio da medida urgente como simples providencia incidental a processo em curso.? Do mesmo modo, a previsio explicita de mecanismos de antecipagao de tutela (arts. 273 e 461, § 3.°, do CPC, na redacao dada pela Lei 8:952/1994) {oi saudada como um avanco: serviria para eliminar as resistencias (que nao cram poucas) ao cabimento de medidas urgemtes de caréter nao estritamente conservativo ~ie., providéncias “satisfativas”, no sentido de propiciadoras de resultado pritico total ou parcialmente coincidente com aguele que em prin 1, O presente texto constitu a ase da palestraproferida pelo autor na XX1 Conferencia Nacional da Ordem dos Advogades do Brasil, em 22.11.2011. Mantiveram-se aqui suas catacterisicas foncionais = notadamente a restricao das referencias doutrinatias 2 Quanto a0 tema, vejamse as referencias bibliogrifcas que indico em artigo anterior, de Donaldo Armen. (Tatelaurgente na execucao.Tutlas de urgencia cautelares. S40 Paulo: Saraiva, 2010. p. 389 ess.) Dour Naor. cipio seria gerado apenas pela sentenca final, Mas nao tardou para que os pro- blemas se apresentassem. Ha muitas providencias destinadas a evitar dano de dificil reparagdo cuja exata classificacao como tutela “cautelar” (conservativa) cou “antecipada” € problematica. Isso ocasiona complicagdes de ordem pritica, ‘uma vez que a “antecipacao de tutela” e a “medida cautelar”, como regra geral, devem ser requeridas e concedidas através de vias distintas (respectivamente no proprio processo principal ~ arts. 273 e 461, § 3°, do CPC ~ e mediante processo autonomo ~ art. 796 e ss. do CPC). A intransigente (e artificial) de fesa da diferenciacao entre as duas vias conduziu muitas vezes a resultados absurdos, com a denegacao de medidas urgentes indispensiveis pela tao s6 circunstancia de nao haver sido pleiteada pela via reputada adequada. Pior, nao foram poucos os casos em que um primeiro juz indeferiu a medida cautelar por reputar adequada a tutela antecipada e depois, quando proposta a acao comum contendo o pedido de antecipacao de tutela, um segundo juiz tornou a rejeitar o pleito de providencia urgente, por reputar cabivel a medica caute lar(!). Em face disso, multiplicaram-se as vozes no sentido de que teria sido preferivel, em ver da instituicao de uma via formal autonoma de antecipacto de tutela, a sedimentacio da diretriz de que a tutela cautelar, tal como origi nalmente prevista em nosso sistema, abrangia as providencias antecipatorias. 0 Projeto de novo Codigo de Processo Civil (PNCPC)," na sua versao original e na do substitutiv aprovado pelo Senado, propde-se a corrigit as duas distorgdes ora destacadas. Mas, por outro lado o projeto prevé um novo mecanismo, no ambito das tutelas urgentes, que tende a ser fonte de novos problemas, 2. O REGIME JURIDICO UNICO DAS TUTELAS DE URGENCIA 0 Projeto de novo Cédigo unifica, sob uma mesma disciplina, as medidas urgentes cautelares ¢ antecipatsrias. 0 & 1° do art. 269 do PNCPC define como “satisfativas” as medidas “que visam a antecipar ao autor, no todo ou em parte, os eletos da tutela pretendida’. No § 2.° do mesmo artigo, veicula-se 0 3, Tambem quanto a esse ponto ~ ea tudo o que se firma adiante em defesa de um. regime tinico das medidas urgentes ~, remeto aanterior texto meu. (Medidas urgentes (cautelares'‘antecipadas):a Lei 10.444/2002 e a inicio de correcao de rota para umn regime jurdico unico, Revista Dialtica de DieitoPracessual, vol. 2. Sao Paulo: Diale tiea, 2002. passim), bem como as referencias doutrinavas la contidas 4. PLS 166/2010; PLC 8.046/2010. Os dispositivos adiante citados referem-se a0 substi tntivo aprovado no Senado e remetide & Camara, 15 16 Revista ne Pracesso 2012 « RePao 20 conceito legal de medidas cautelares: sao “as que visam a afastarriscos e asse~ gurar 0 resultado ttl do proceso’ Embora se mantenha a distineao conceitual entre ambas, confere-se-Ihes 0 ‘mesmo tratamento juridico, Aplica-se a ambas 0 mesmo regime quanto a pres- supostos, via processual de pleito e concessao, eficcia ¢ autaridade da decisao ‘concessiva ~ ¢ assim por diante. A unificagto de regime € positiva, seja sob 0 aspecto do rigor cientifico, seja pelas vantagens priticas (e nem poderia ser de outro modo: em processo, poe-se em xeque o acerto de qualquer formulacao te6rica que condiuza a resul- tados praticos despropositados). liame unificador, capaz de agrupar as medidas urgentes conservativas € antecipatorias dentro de uma mesma categoria, reside nos seguintes tracos: (1°) fimeao de garanti o resultado inerente & outra tutela (“final”), tenden- cialmente definitiva ~ viabilizando seu provimento, resguatdando sua efetiva- lo ou impedindo sua inutilidade ~, com o afastamento de um perigo de dano de dificil reparacao; (2.°) cogni¢ao suméria; (3.°) em virtude de sua funcio, instrumentalidade em relagao a tal provimento posterior: a providencia we gente opera com base na perspectiva da tutela final, ainda que esta concreta mente no venha a ocoreer, ¢ sua concessio subordina-se & probabilidade do contetido da tutela final e (ou) aos riscos que essa sofre; (4.°) consequente provisoriedade, caracterizada pela circunstancia de o provimento urgente nao ter 0 condao de se tornar juridicamente definitivo: no regime vigente ou ele € substituido pela tutela final ou, simplesmente, perde a eficdcta Esses quatro aspecios sfo identificaveis nas medidas cautelares ¢ na tutela antecipatdrias urgentes, tal como previstas no direito vigente. Se a inten¢ao do legislador é manter tais tracos, justifica-se o regramento unico para ambas. Mesmo a atenuagao da quarta caracteristica ora indicada ~ mediante @ at buicio de uma relativa estabilidade 0 medida conservativa ou antecipatsria~ & perfcitamente aplicavel a ambas as hipoteses de tutela urgente, como se vé no proprio Projeto de novo Codigo. A diferenca entre as medidas cautelares e as antecipatoras urgentes nao é qualitativa, mas quantitativa, E perceptivel certa gradacdo da carga antecipato- ria nas medidas de urgencias nao tendentes a se tornar, por st s6, definitivas ~ ‘mesmo naquelas pacificamente tidas como conservativas. Par exemplo, a me- dida cautelar de arresto, conquanto nao adiante o proprio resultado pritico do provimento principal, funciona como antecipacao de uma parte da atividade executiva destinada a efetivar aquele resultado, uma vez que precipita alguns dos efeitos da penhora (arts, 818 e 821 do CPC vigente), Obviamente, € peque- _— Dayrana NacioNAL no o grat de antecipacao at encontrado — de modo que nao ha como negar sua natureza preponderantemente conservativa. Nao esta muito Tonge, porém, da carga de adiantamento em regra contida na antecipacao de tutela condenatoria de pagamento de dinheiro que nao ultrapasse os limites da execugao provisoria (qutela antecipads essa que nao se confunde, todavia, com 0 mero arresta, pais possibilita, em certas condicées, o levantamento de dinheiro eventualmente penhorado). Por fim, carga bem mais elevada de antecipacao, para nao dizer maxima, € verficavel na antecipagio de tutela referente ao dever de alimentos. Dat concluir-se que, mesmo que se conceba a distingio entre providencias de urgencia cautelares e antecipadas, tal diferenciacao ¢ feita, no mais das ve- zes, tomando-se em conta 0 contetido preponderante da medida (conservativo ou antecipador). Do ponto de vista pratico, a eliminacao da duplicidade de regimes evita armadilhas para o jurisdicionado, Precisamente porque a diferenca é de grau, endo verdadeiramente de essencias, imimeras medidas encontram-se em wma “zona cinzenta”, entre o terreno inequivocamente destinado a tutela conser- vativa ¢ aquele outro atribuido a antecipacao. Estabelece-se, em virtude disso, verdadeira “divida objetiva’ Pense-se nas medidas de urgencia destinadas a manter suspensa a eficécia de um ato juridico, até a emissao de provimento que decida sobre sua validade (por exemplo: a suspensio de efeitos da deliberacao tomada em assembleia sgeral societria; a sustacio de protesto; a suspensio de eficdcia da sentenca res- indenda etc.). Autorizada parcela da doutrina vé nessas providencias exem- plos de tutela cautelar: a suspensio da eficacia do ato serviria para conservar determinado estado fatico-jurfdico até a definicao da tutela final. Mas outros tantos doutrinadores, nao menos respeitados, consideram tais medidas ante patorias. Flas estariam adiantando urn efeito que so se teria com o provimento da tutela final: um dos resultados priticos da anulacao da assembleia geral seria 0 impedimento de que ela produzisse efeitos; declarado inexistente o crédito representado no titulo, esse nao poderia ser protestado: a rescisio da sentenca implicaria a impossibilidade de executa-la~e assim por diante.° ‘ais divergencias na doutrina evidenciam a inviabilidade pratica de dois re- simes estanques, Alias, a incerteza ndo ¢ s6 doutrinria, Passa obviamente pela 5. No artigo referido na nota 3, acima, apresento vrios exemplos da divergencta entre alguns das maiores processualistas brasileiros acerea da natureza cautelar ou ante ipatorla de varias dessas providencias. Alguns desses exemplos sto repetidos logo adiante, no presente texto, "7 18 Rewsta ve Paocesso 2012 * RePRo 209 _ jurisprudéncia ~ e chega aos proprios textos legais(!). O art, 489 do CPC vi ‘gente prevé que os efeitos da sentenga rescindenda excepcionalmente poderio ser suspensos por “medidas de natureza cautelar ou antecipatoria da tutela”. A propria lei nao ousa classificar a providéncia em questao. Porém, mais do que uma questio de ordem pratica, o impasse doutrinsrio (e jurisprudencial, ¢ legislativo) tem em si mesmo relevo cientifico. Quando Ovidio Baptista da Silva afirma ser cautelar a medida que suspende deliberacao assemblear,¢ Barbosa Moreira a considera tutela antecipada; quando Watanabe reputa conservativa a sustagao de protesto, e Bedaque toma-a por antecipa- toria fica evidente que a tutela cauelar e a tutela antecipa:dria urgente nao {em como ser providencias essencialmente diversas. Nao se esta a falar de coisas distintas entre si como agua e vinho. A divergéncia entre p-ocessualistas tho agutos s6 se poe precisamente porque estio tentando classificar objetos muito pproximos entre si—situados em zona cinzenta, de fronteira regime tinico proposto pelo Projeto de novo Codigo st nao elimina, forma irrelevantes essas disputas. 3. A NOVA CONTRAPOSICAO EXPLICITA: TUTELA DE URGENCIA X TUTELA DA EVIDENCIA © Projeto de novo Cédigo poe em destaque outra contraposicto, jf exis tente no atual ordenamento, ainda que nao explicitada, Passa-se a distinguir a tutela de urgencia (cautelar ou “satisfativa”) da tutela da evidencia, A distingao € relevante no que tange aos presstipostos para a concessio da ‘medida, A tutela de urgéncia (cautelar ou “satisfativa”) “sera concedida quan- do forem demonstrados elementos que evidenciem @ plausibilidade do direito, ‘bem como a demonstracao de o risco de dano irreparavel ou de dificil repara- 40” art. 276 do PNCPC). Jé a tutela da evidéncia € cabivel em hipoteses que correspondem as do inc. Il (antecipagao de tutela em face de abuso do direito de defesa ou manifesto propésito protelatério do réu) edo 8 6. (tutela anteci- pada da parte incontroversa da demanda) do art. 273 do CPC vigente ¢ ainda em outras em que, diante do alto grau de plausibilidade da pretensto do autor, dispensa-se a demonstracao de especial perigo de dano (art. 278 do PNCPC).* 6, “Art 278, A tutela da evdéncia seta concedida, ndependentemente da demonstracio de risco de dano ireparavel ou de dificil reparacio, quando: 1 ficarcaracterizadlo abuso de direlto de defesa out o manifesio propésito protela torlo do requerido; Douraina Nac. No mais, as duas modalidades de tutela sumaria seguem em linhas gerais 0 mesmo regime, Mas a identidade de regimes era ainda mais completa no pro- Jeto original do novo Cédigo. © substitutivo aprovado no Senado estabeleceu uma criticavel distingdo no que tange aos possiveis efeitos das duas espécies de tutela — como se vé adiante 4, A ELIMINAGAO DA DUPLICIDADE DE PROCESSOS Tanto a tutela da evidencia quanto as medidas urgentes, sejam elas cautela- res out antecipatdrias, poderio ser requeridas e concedidas em carater prepara- t6rio (amtecedente) ou incidental (art. 269, caput, do PNCPC), Quando requeridas incidentalmente, as medidas urgentes ou de tutela da evidencia nao gerario um novo processo. Serao pleiteadas no bojo da relacto processual jé estabelecida (art. 286 do PNCPC).” Ja quando 0 pedido for formulado em cariter antecedente, isso implica +4 obviamente a constituigao de um processo. Todavia, subsequentemente, 0 eventual pedido principal sera formulaclo nesse mesmo processo (art. 282, 8 1°, do PNCPC).* Sera desnecessiria a citacao da parte adverséria, que sera intimada’, por seu advogado ou pessoalmente, para se manifestar sobre 0 pedido principal (art, 282, § 2.°, do PNCPC). ssa € também uma proposta de inovacao positiva. Como apontado no ini clo, © modelo do processo cautelar autonome, adotado pelo Codigo de 1973, mostrou-se desnecessario € mesmo contraproducente. Lum ou mais dos pedidos cumulados ou parceladles mostat-se inconteoverso, caso em que a solueio sera definitiva I] a incial for instruids com prova documentalirefutivel do dlreitoalegado pelo autor a que 6 #éu nao oponha prova inequivoes: ot IV —a matéria for unicamente de dieito e houver cese frmada em julgamento de r= ‘cursos repetiivos, em incidente de resolugao de demandas repetitivas ow em samula vinculante.Paragrafo tinco. Independers igualmente de prévia comprovacio de risco de dano a ordem liminar, sob cominacao de multa dati, de entrega do objeto custo- lado, sempre que o autor fundar seu pedido reperseeutorio em prova documenta adequaada do depesto legal ou convencional.” 7, “Art. 286. As medidas de que tra este Capitulo podem ser requeridas incidental- mente no curso da casa principal, os prprios ats, independentement do page 8. *§ 1°0 pedido principal sera apresentado nos mesos autos em que tver sido veiew lado o requerimento da medida de urgencia, no dependendo do pagamento de novis custas processuais quanto a0 objeto da medida requerida em caraterantecedente 19 20 Resta b¢ Proctsso 2012 © RePo 209 5, O ONUS DA FORMULACAO DE PEDIDO PRINCIPAL: PRESSUPOSTOS E LIMITES projeto prevé ainda que, uma vez concedida em caréter preparatorio, a ‘medida urgente (cautelar ou antecipatoria), sendo ela impugnada pelo réu, 0 autor tera o onus de formular o pedido principal em 30 dias ou no prazo fixado pelo juiz (art, 282, caput, do PNCPC). A inobservancia de tal regra implica a perda de eficacia da medida urgente (art. 284, 1, do PNCPC), A regra do art, 282 do Projeto apresenta significativas diferengas em face daquela hoje estabelecida no art. 806 do atual diploma. 14) como decorréncia da unificacao do regime juridico tinico das medidas urgentes, aplica-se ndo apenas tutela cautelar preparatoria, como hoje ocorre, mas também a tutela antecipada, 2.) como consequéncia da eliminagao da duplicidade de processos, o onus Imposto ao autor nao € o da instauragao de novo processo, mas da mera for- rmulagio de nova demanda no ambito da relagdo processual jé existente. 1ss0 nao significa que nao se tenha na hipdtese uma nova acto ~ compreendida como pedido de protecio jurisdicional. Trata-se de agao que € proposta no proceso em curso, alterando-Ihe © objeto. Vale dizer, é uma nova hipétese de aacao incidental; 3.*) embora o prazo em principio estabelecido coincida com o do atual regramento ~ 30 dias =, autoriza-se a fixacao de lapso diverso pelo juiz. As eir- cunstancias concretas poderio justificar 0 estabelecimento de prazo maior ow menor do que aquele legalmente previsto, Em todo caso, a prévia definicao de prazo diverso do legal devera ser fundamentada em aspectos objetivos;? 42) 0 onus de formulagto do pedido principal apenas se impor ao autor quando 0 réu houver *impugnado a medida liminar”.” A “apresentacao do ‘9, 0 termoinical do prazo em questao também nao seré necessariamsnte 9 mesmo que fo previsto no art. 806 do atual Codigo (data da efeivacao da medida). Como o nus de formulacao do pedido principal apenas se pora quando tver havide impugnacae ‘medida pelo réu~ ¢ como nem sempre (alias, quase nunca) isso esta definido no ‘momento de efetvacao da medida -, 0 prazo, Sea ele o legal ou 0 fixado pelo ju tera inicio a partir da. cencia, pelo autor, do evento que vier a corter por ultimo cenic esses dois (efeivacio da medida ou impugnacao da medida pelo réu). 10, Alem disso, continuaré vigorando— pois ndo ha razdes para que se altee ~a dinetriz tno sentido de que, quando a medida ungente preparatéria nao tvereficaciarestrtiva de direitos (por exemplo, medida cautelar probatoria), nao haverd onus de propost tara da demanda principal em determinad prazo. F isso mesmo ra hipdtese de «ssa, medida ser impugnada pelo rev, Dour Nacowa. 21 pedido principal sera desnecesséria” se 0 réu nao impugnar a medida urgente preparatoria (ar, 282, §3.°, do PNCPC). Essa ¢a diferenca mais significativa; a contraface da maior inovagto no novo regime que se propoe para as tutelas tugentes, E do que se trata a seguir. 6. A ESTABILIZAGAO DA TUTELA URGENTE Outro sera o destino da medida urgente preparatdria e do processo em que la tiver sido concedida, quando faltar impugnacéo do réu, Seo r€u nao impugnar 0 provimento concessivo da tutcla urgente, o proct so, uina vez efetivada integralmente a medida, sera extinto, Todavia, a provi= dencia urgente manterd sua eficécia por tempo indeterminado. E 0 que preve- em diversas disposicdes do projeto (arts, 280, 8 1.%; 281, § 2.°; 282, § 3.°; 283, $22, do PNCPC), Vale dizer, « medida ungente estabilizar-se- Essa imposido sera igualmente aplicavel a tutela urgente antecipatdria € a tutela cautelar, desde que concedidas em carater antecedente. Exemplificando: juiz concede liminarmente uma medida preparatoria ur- gente sustando o protesto de um titulo de crédito. Nao sendo ela impugnada pelo réu (0 pretenso credor), 0 processo, depois de efetivada a medida urgente, sera extinto ~ € a sustagio permanecers por tempo indefinido. Nao havera decisio declarando que 2 divida nao existe, Mas o suposto credor nao poder protestar o titulo. Para superar esse obstaculo, tera ele, pretenso credor, de promover uma acio comum de conhecimento, a fim de obter a declaragao da existencia exigiblidade do crédito, Ainda outro exemplo ~ envolvendo providéncia inequivocamente antecipa- (ria: concede-se medida de urgéncia, em carater antecedente, determinando prestacdo pecunisria mensal de natureza alimentar ~ e o réw nfo impugna 0 provimento antecipatério, Sem que haja nenhuma declaragao da existéncia do Aizeito aos alimentos, a orclem de pagamento das prestacoes periodicas perma- hecera em vigor por tempo indeterminado." Para eximir-se do cumprimento LL, Nesse caso, pode-se por alguma divida quanto a0 momento em que cabers a extincto dlo processo em que se concedeu a medida ungente. Ou seja, quando se considerars cletvada a providencia antecipatsria, pata que, apds, se possa extingui 0 processo {quando comunicada a ordem de pagamento ao re ou apenss quanda efeivamente ‘cumprida cada prestacao? Nao ¢ essa a sede pars enfrenlamento da questo ~ embora se possa desde a indicar que a primeira solugdo parece a mais razoavel (sem prejutzo 22 Rewsta ne Pnocesso 2012 © RePho 209 de tal comando o réu teré o Onus de promover agao de cogni¢ao exauriente te nela obter o reconhecimento da inexisténcia do dever de prestar alimentos. Eo emprego da técnica monitéria, 7. BREVES PARENTESES: A ESTRUTURA E FUNCAO DA TECNICA MONITORIA Para justificar essa afirmativa, cumpre brevemente recapitular como se de- senvolve € quais 0s fins da tutela monitoria, E isso pode ser feito usando-se como modelo a aciio monitoria, atualmente prevista em nosso ordenamento como procedimento especial (art. 1.102-A e ss. do CPC ora vigente). O esque- leto do atual processo monitério brasileiro € basicamente o seguinte: ‘Aquele que entender possuir prova escrita de crédito de soma em dinheiro, de entrega de coisa fungivel ou de coisa certa movel - desde que tal documen- tacio ja nfo constitua titulo executive — podera propor “acéo monitoria” (art 1.102-A do CPC ~ acreseido pela Lei 9.079/1995). O juiz examinara a prova escrita trazida com a inicial. Considerando a peca “devidamente instrutda”, determinara expedicdo de “mandado” para que o réu pague ou entregue a coisa fem 15 dias (art. 1.102-B do CPC). A cognicao desenvolvida nessa etapa, por- tanto, é sumatia, Nesse mesmo prazo, 0 réu poders defender-se através de “embargos” (art 1.102-€, caput, do CPC) ~ 0s quais a doutrina passou a denominar de “em- batgos ao mandado” ou "embargos monitstios”. Se pagar ou entregar os bens no prazo de 15 dias, o réu estara isento de custas € honorérios advocaticios {art. 1.102-C, § 1.°, do CPC). Caso apresente embargos, ficara “suspenso” 0 “mandado” inicialmente deferido e o procedimento seguiri.o rito ordinario do proceso comum de conhecimento (art, 1.102-C, caput e § 2°, do CPC), Vale dizer: os embargos ao mandado instauram processo de cognicao exaurient. Para apresentar tais embargos, nao se impde a0 réu 0 Onus de ter bem penho- rado (art, 1.L02-C, § 2°, do CPC). Na hipétese de o ren nao embangar tempestivamente ou ter seus embargos rejeitados, a decisao inicial que havia determinado a expedicao do “mandado” se transformara “de pleno direito” em “titulo executivo judicial” (art. 1.102-C, caput ¢ 8 3.°, do CPC). ‘A partir dai, 0 processo prosseguira na forma executiva - observando-se as regras do “cumprimento de sentenga” (art. 1.102-C, caput e 8 3°, do CPC). de subsequentes providencias de execugio de prestagées mio cimprides). Seja como for, em um caso ou em outro, a cutela urgent estabillzr-se- Pace seerete a Duran Nacional Nessa fase, cabera impugnacio ao cumprimento, que poder versar apenas sobre as matérias enumeradas no art. 475-L do CPC. Mas essa limitagio pre- clusiva incidira somente no ambito interno do process monitério e de sua fase executiva e respectivos incidentes. Se o titulo executivo judicial houver-se for mado a partir da simples omissao do réu em apresentar embargos monit6rios (art. 1.102-C, caput, do CPC), nao havers coisa julgada, pois nessa hipétese tera havido apenas cognicao sumiria. Desse modo, embora o réu da acto mo- niteria nao possa discutir a existéncia do direito do autor em impugnacao ao cumprimento, podera fazé-lo mediante a propositura de uma ago autonoma,!? ‘A tutela monitoria, assim, busca oferecer uma especial utilidade ao jurisdi- cionado ~ a répida viabilizagao de resultados praticos (o que, no modelo atval, faz-se pela criagio acelerada de um titulo executivo) ~, nos casos em que, ‘cumulativamente, (a) ha concreta e marcante possibilidade de existencia do direito do autor (aferida mediante cogni¢ao sumaria) e (b) ha inéreia do réu, Fis a fungao essencial da tutela monitéria Piero Calamandrei afirmava que 0 “meio” para se atingir essa finalidade seria a “inversio da iniciativa do contraditorio”: expede-se liminarmente man- dado de cumprimento da obrigacao para o réu e cabe a ele, caso tenha por infundada a pretensio do autor, opor-se a essa orem. Piero Calamandrei pre- feria tal terminologia & de Francesco Camelutti, para quem o contraditorio seria “eventual”. A tigor, 0 contraditério nao € nem “eventual”, nem “invertido”. Simples- mente, nao ha contraditério, de inicio. Ele € postergado: emite-se provimento sem ouvit-se a parte. Fa questo nem ¢ tanto de inversao do contraditério em si mesmo. Afinal, é inerente ao processo, dada sua estrutura dialétiea, a trans- feréncia continua do onus de manifestar-se, de uma parte para a outra. Mais do que inverter-se 0 contradit6rio, inverte-se 0 Onus da instauracao de um processo 12, JA se o utulo executive formarse com o julgamento de improcedéncia dos embar- 'g05 a0 mandado, havera coisa julgada material, imitada a0 objeto desses embargos. “Mas isso apenas confirma que a rtela monicaria, em si, nao ¢ apta a producao de coisa julgada material. Afinal, nessa hipotese, a coisa julgada advira da sentenca de nprocedencia dos embargos ao mandado, que consistem em processo incidental de cognigao exauriente. Quanto a todos esses aspectos, remete-se a monografiaespeci casobre 6 tema (Eduardo Talamini. Tutela monitora. 2. ed. Sao Paulo: Ed. RT, 2001 especialmente p. 92 €55), 13. Piero Calamandtet. El pracedimento monttoio. Trad, S, Senis Melenclo(da ed italiana 1 procedimento monitorio nella legislazione italiana, de 1926). Buenos Aires: Bib. Argentina, 1946, p. 26). 23 Resta be Processo 2012 © RePao 208 Dournma Nacona 25 de cognicao exauriente, No modelo processual comum, caberia ao interessado a) ha 0 emprego da cognicao sumaria com o escopo de ripida producao de na obtencao da tutela de seu pretenso direito instaurar proceso de cogni¢io resultados concretos em prol do autor cexauriente no qual haveria de demonstrar a efetiva existencia de seu direito. ») a falta de impugnacao da medida urgente pelo réu acarreta-the imediata No processo monitério, permite-se a esse sujeito submeter sua pretensio a0 e:intensa consequéncia desfavordvel; mero crivo da cognielo suméria: senda pasitiva o jutzo de verossimilhanca ¢) nessa hipétese, a medida urgente permanecera em vigor por tempo inde- entao desenvolvido, transfere-se ao adversario o encargo de promover proces terminado — de modo que, para subtrar-se de seus efeitos, 0 réu tera o onus de ‘so comum de conhecimento, com cogni¢do exauriente. Vale dizer: cabera 20 promover acao de cogni¢ao exauriente. Ou seja, sob essa perspectiva, inverte- réu da acéo monitoria provocar a atuagao cognitiva exauriente, para o fim de eo Onus da instauragdo do processo de cognigao exauriente,™ demonstrar que nao existe aquele supasto direito do autor. 0 vfo nye olen ules sbaveral GE kduaidc) Alem disso, 0 elemento estrutural relevante do procedimento monitorio nem E, na medida em que o ambito de incidencia das medidas urgentes prepa- ‘mesmo €a pura e simples postergacao do contraditotio,e, sim, aspecto com ela ratorias nao ¢ limitado a determinadas categorias de litigio ou modalidades de relacionado: a constituigao imediata da autorizagio para executar, como conse pretensfo, a estabilizacao de tutela urgente apresenta-se como wm mecanismo quencia do nao exereicio do contraditorio tempestivo pelo réu."* Confere-se & etal, que aparentemente seria apto a “monitorizar” o processo brasileiro como atividade de reacio processual do demandado o carater de “onus perfeito”, vale ‘um todo, dizer, faculdade cujo descumprimento acarreta automética © necessariamente consequencia desfavorivel ao onerado, Mais ainda: a decorréncia negativa nao 9. Limes E bOvioas quanto A estaatuzacin 56 fatalmente vird, como também ocorrerd imediatamente a seguir. Mas ha dbices gerais, sistematicos, que impedirao a incidéncia do mecanis mo da estabilizagao a todo e qualquer tipo de contflito, Quando menos, devem surgir duvidas e controversias quanto & aplicabi lidade da estabilizacao em determinadas hipoteses. Pode antever-se exempli- ficativamente algumas dessas situacdes ~ tomando-se em conta inclusive as b) atribui-se forga prechusiva intensa a inércia do réu (no modelo atwal, sua disputas que se estabeleceram relativamente a atual agdo monitoria!® Em suma, eis 0s tracos essenciais da tutela monttorta a) mediante cognicao sumaria, busca-se acelerar a producao de resultados ptaticos (no modelo atual, isso se dé com a criagao répida de um titulo execu- tivo ~ ou seja, um atalho para a execucio); ‘omissio implica a constituicao do titulo executivo, “de pleno direito”): 2) quando o réu do processo urgente preparatério for ttado por edital ou ©) transfere-se ao réu 0 Omus da instauracio do processo de cognigao exau horacerta (modalidades de citagao ficta). Nao se podera imputara consequéncia Hente; da estabilizacao, em caso de nao comparecimento do réu ao proceso. Havera de the ser designado um curador especial, que nao apenas estara autorizado, mas tera o dever funcional de adotar as medidas cabiveis em defesa do réu — . : {inclusive impugnar a medida urgente. A mesma constatacao sera aplicavel wes 8. O CARATER MONITORIO DA ESTABILIZACAO DA TUTELA URGENTE fasos em que 0 réu for incapaz sem representante legal (ou com interesses colidentes com o do representante) ou estiver preso (art. 9.° do CPC vigente; art, 72 do PNCPC); 4) nao hi a produgao de coisa julgada material 0 Projeto de novo Cédigo extingue a aco monit6ria como procedimento especial No entanto, a técnica monitoria permanece presente no novo diploma. A estabilizacao da medida urgente preparatoria reine todas as caracteristicas es- senciais da tutela monitéria 15, Ainda que, como se ver adiante, também o requerente da medida urgente estabi lizada tent legitimidade e Imteresse processual para promover a agao de cognicio — 16, Quanto a tis questes no Ambito da aeio monitoria,remeto novamente @ mina 14, A esse respeto, ves: L. Machado Guimaraes. Comentarios ao Codigo de Processo anterior monografia sobre o tema (Eduardo Talamin. Tilela montora eit, especial Civil. Rio de Jani: Forense, 1942, vol. 1p. 156-157 mente p. 132 s8, 12338. 179 8) 26 Revista oe Processo 2012 © RePo 209 = __Dowraina Neco 27 modo, uma situagio juridica nfo tem como ser constituida ou desconstituida ) causas que envolvam direitos indisponiveis. A tutela monitoria tem por mediante a técnica da estabilizacao, fungao establizar a produgaa de resultados conctetos em prol do autor na- queles casos em que o réu, podendo dispor de seu direito de defesa, abre mao ‘A tutela declaratéria (ou seja, a eliminagao definitiva de dtividas) e, no mais. de impugnat a medida concedida, Ha intima relacio entre 0 mecanismo mo- das vezes, a tutela constitutiva (ou seja,aalteracdo de estados juridicos) s6 tém nitério e o principio da disponibilidade como notava Calmandrei.” F esse firveptia'a0 jureciclonadla ce fare revestiiae Ga estabildada da coluajulgada pressuposto de disponibilidade da defesa nao esta presente quando 0 objeto ‘material, Para o jurisdicionado nao basta (e nem mesmo parece ser algo logica- do litigio € um direito propriamente indispontvel. Por exemplo, seria apta a mente concebivel) a eliminacio provisoria da dtwvida sobre a existéncia ou nao estabilizar-se uma medida de antecipagao de tutela de exoreragao de alimen- de uma relagao de filiagao; nao basta a invalidacao provisdria de um contrato; tos, concedida em eardter antecedente? nao fd como se Ficar apenas provisoriamente divorciaclo ~ assim por diante. © processos urgentes preparatérios em face da Fazenda Pablica. Nao € dif Pense-se no seguinte exemplo. Promove-se medida de urgencia, em cardter cil prever que, to logo em vigor o novo mecanismo, surgiréigualmente a tese antecedente, para suspenderem-se os efeitos de tuma assembleia geral soci de que ele nao se aplica aos entes puiblicos. Fol o que se deu relativamente & ria. A principio, a medida seria preparatoria de subsequente acio de invalidade ‘acio monit6ria. O ST} veio a assentar 0 entendimento de que cabe o emprego do conclave. A providencia urgente ndo é impugnada pelo réu e estabiliza-s, da ago monitéria em face da Fazenda Publica (Stimula 339 do STJ). No entan Por tempo indeterminado, permanecerao sustados os efeitos das deliberagdes to, examinando-se os precedentes que amparam a edicao da Sumula, nota-se assembleares, Mas isso nao significara que tais deliberacoes tenham sido des- que apenas uma parte deles admitiu propriamente o emprego do mecanismo constituidas, suprimidas do mundo juridico, Nenhum pronunciamento ter monitorio em face dos entes publicos (Le. a formagao automatica do titulo havidlo acerca da validade da assembleia e suas decisoes, E a suspensto de cexecuitivo, em caso de inércia do réu), Outra parcela dos julgados embasadores ficdcia de taisatos, ainda que “estavel” , nfo podera ser considerada definitiva, da simula, embora admita o emprego formal da acao moaitoria em face da intocavel (x. a seguir). Tal cendrio de inseguranca tende a nao ser satisfatorio Fazenda Publica, descarta a formacio automitica do titulo executivo caso nao as partes envolvidas no conflito ~ no mais das vezes, nem mesmo aquela parte hhaja nem cumprimento nem embatgos ao mandado (afirmando a necessidade Ge plciteou obtevea providencia ingenie quese estabilizon. Neser catexto, de que, mesmo nesse caso, o juiz profira uma sentenga, revendo 0 inicial juizo a despeito da pretensa estabilizacao dos efeitos da medida urgente, continuara de plausibilidade da existéncia do direito do autor ~ sentenca essa que seria, havendo a necessidade de tutela jurisdicional ~ uma protecdo definitiva, apta conforme o caso, submetida inclusive ao reexame necessati)."* 8 afastar qualquer reabertura da discussto. Em um caso como esse, 0 préprio Além disso — diferentemente da atual aco monitoria, que se presta especi- autor da medida urgente estabilizada tera interesse juridico de promover a¢ao ficamente & cobranca de direitos obrigacionais, portanto compativeis com uma de cognicdo exauriente ~ hipétese essa, alias, expressamente admitida nas re- estrutura dispositiva e aptos a producto de resultados concretos independen- ‘gas propostas no Projeto de novo Codigo (art. 284, § 2.°: “aco ajuizada por temente da produgao da coisa julgada -, a inovacio pretendida pelo Projeto em uma das partes"; art, 282, 8 4°: “qualquer das partes podera propor acao (..)). cexame aphicar-se-ia, em seus termos literals, a qualquer tipo de medida urgente preparatéria, mesmo aquelas destinadas a acautelar ou antecipar parcialmente PRB AlicPaicia De GoisJULGADA MATERIAL © resultado concreto de futuras aoes precipuamente declaratorias e constitu tivas No entanto, um ato juridico nao podera ser “declarado” valido, invalido, existente ou inexistente por meio desse mecanismo monitério. Do mesmo A estabilizacao da tutela urgente nao gera coisa julgada material. Os efeitos da medida de urgéncia poderio ser extintos em posterior agao. Nos termos do art. 284, 8 2°, do Projeto do novo Codigo: “A deciséo que concede a tutela nao fara coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos 86 sera afastada por decisao que a revogar, proferida em ado ajuizada por uma das partes". A auséncia de coisa julgada € também explicitada no § 4.° do art. 282: “Na hip6- {ese prevista no § 3.°, qualquer das partes podera propor acao com o intuito de discutir 0 direito que tenha sido acautelado ou cujos efeitos tenham sido antecipados” Piero Calamandrei. Op. ct, p. 62. Ver EduatdoTalamini. A (in)disponibllidade do interesse publica: consequéncias processuais (composicdes em jutzo, prerrogativas processuais,arbitragem e a¢40 mo- nitotia), RePro 128/59-7, Sao Paulo: Ed. RT, 2005. 28 Resin oe Procisso 2012 © RePro 208 A expressa exclusio da coisa julgada material na hipétese constitui: um ponto positivo do projeto. Anterior Projeto de Lei do Senado Federal (PLS 186/2005), destinado a instituir a estabilizagao da tutela no diploma atwal, pretendia imputar a autoridade de coisa julgada material a decisio concessiva da medida urgente, quando estabilizada, Mas isso seria incompativel com a cognicao meramente sumiria que respalda a concessio da medida de urgencia, (0 instituto da coisa julgada € constitucionalmente incompativel com deci- so proferida com base em cognicio superficial e, por isso mesmo, proviséria, sujeita a confirmagao. Ha uma vinculagao constitucional da coisa julgada & cognicio exauriente. Ainda que nao exista disposicao expressa nesse sentido, isso € uma imposicao da proporcionalidade e da razoabilidade extraiveis in clusive da clausula do devido processo (art. 5°, LIV, da CF/1988). A imutabi- lidade da coisa julgada ~ qualidade excepcional no quadro ca funcao publica = nfo pode ser atribuida indistintamente a qualquer ato jurisdicional. O que confere idoneidade para o ato ficar imune a revisio nao € 36 a citcunstancia de ele ter sido precedido da oportunidade de manifestacdo das partes, mas, sobretudo a profundidade da cognicdo que se pode desenvolver. A emissio de decisdes amparadas em cognigio sumaria (superficial) ndo é em si mesma in- compativel com as garantias clo pracesso. Renuncia-se a uma investigacto mais, completa aprofundada das questoes relevantes para.a solucto do contlito em. troca de uma decisto célere. Mas se paga umn preco pelo emprego da cognicao superficial. A contrapartida razoavel consiste na impossibilidade de que a dec ‘20 adquira o mesmo grau de estabilidade atribuivel ao resultado da cognicio exauriente. Adota-se solugao de compromisso: sacrifica-se a profundidade € se produz um pronunciamento urgente ¢ apto a gerar os resaltados concretos desejados, mas que nao constitui decisio definitiva."? 0 Projeto de novo Codigo esta em consonancia com essa ordem de ideias. Mas, se por um lado nao ha 0 Sbice da coisa julgada, por outro, a parte interessada nao fica eximida de observar os prazos prescricionais € decaden- ciais eventualmente aplicaveis, A estabilizacio da medida urgente nao susta tais prazos.” 19, Sobre o tema, veja-se: Stefan Leible. Proceso civil aleman, Medslim: Bib. Jur. Dike? Konrad Adenauer Suiltung, 1999, p. 528, 20, Mentica adverttncla ¢ feta pela doutrina italiana, ao tratar da possiblidade de “a todo tempo” promover-se acko de cogniglo exauriente apta a evogar atutela urgente cstabilizada (ver, por exemplo, Antonio Gerardo Diana. I prowedimenti del giudice cwvile. Padova: Cedam, 2009. p. 321). Dournins Nacionn 29 11. QUE SIGNIFICA NAO “IMPUGNAR™ A MEDIDA URGENTE? Uma duivida interpretativa que certamente se pord, caso 0 projeto venha a ser aprovado mos termos hoje conhecidos, conceme a exata configuracio do pressuposto para que a tutela urgente preparatoria estabilize-se. © projeto prevé a auséncia de “impugnacio” da medida urgente pelo réu como pressuposto para a estabilizacdo. Mas o que significa 0 réu “nao impug- nar* a medida urgente? Significa nao contestar a acao preparatoria? Significa iio recorrer da decisao que concede liminarmente a tutela de urgencia? © caput do art, 281 do PNCPC alude a hipotese de 0 réu nao contestar a aco preparatéria, aplicando-Ihe o regime da revelia, tal como ja 0 conhece- mos. Jia hipotese de estabilizacao da tutela urgente esta prevista no 8 2.° desse ‘mesmo artigo, Ali se aluce a nao “impugnacio”. Parece, entdo, que “no im- pugnacio” nao se identifica integralmente com nao contestacdo. Foram esta belecidos regimes juridicos distintos para uma e outra hipotese. Considere-se ahipotese em que o réu nao contesta a acao urgente preparatoria, mas agrava da decisio concessiva da liminar. Incidira o regime juridico da revelia, mas nao a estabilizacao dos efeitos dla medida urgente. Mas também nao parece possivel identificar-se pura e simplesmente a falta de “impugnacao” com auséncia de recurso, Se a intengao fosse condicionar a estabilizacio dos efeitos a falta de recurso contra a medida urgente, haveria de se empregar diretamente a expressio “nio recorrer”. “Impugnacio” pée-se ‘como termo mais amplo, destinado a genericamente abranger recurso, medida impugnativa autonoma, pedido de reconsideracto ou mesmo qualquer outta insurgencia contra a concessao da medida urgente formulada em peticdo des- tinada especificamente a tal fim ou no bojo de manifestacio mais ampla (na contestacao, por exemple) etc. 12. 0 ALcANCE OBJETIVO E SUBJETIVO DA IMPUGNACKO Terd de ser considerada, ainda, a hipétese de impugnacao parcial, sob 0 aspecto objetivo ou subjetivo. A solucao a adotar nao devera divergit daquela aplicavel no ambito dos recursos, da impugnagao 0 cumprimento de senten- ga, dos embargos de executado ou dos embargos monitérios. Havendo litiscons6rcio passivo no processo urgente preparatorio, a im- Puignacio apresentada por um dos réus aproveitara aqueles que no impug- naram na medida em que os fundamentos apresentados nao digam respeito exclusivamente ao impugnante. Vale dizer: fundando-se a impugnacao em defesas comuns aos litisconsortes passivos, a tutela urgente também nao se 30 Rewsra ne Pracesso 2012 # RePro 209 Dour Necowat 31 ‘stabilizara em face dos réus que permaneceram inertes. Tatase da diretriz, chegou-se a cogitar de norma nesse sentido.” Porém, o dispositivo sugerido, extetnada nos arts, 509 ¢ 739-A, § 4°, do CPC vigente, para os recursos e os que era bastante deficiente em sua formulacao, foi descartado. embargos de executado, respectivamente. Essas regras aplicam-se analogica~ Também no se prevé, no substitutivo, a estabilizagto da rutela da eviden- mente a impugnacdo ao cumprimento ¢ aos embargos moaitdrios. Elas sao cia, Ainda que haja autorizacao para que essa modalidade seja requerida e con- reiteradas no Projeto de novo Codigo (respectivamente, arts. 959 e 875, 8 4°, cedida também em cardter antecedente (art. 269 do PNCPC), 0 substitutivo do PLC 8.046/2010). aprovado no Senado alterou o titulo da seco dedicada as medidas preparato Por outro lado, quando houver cumulagao de comandos concessivos de rias, bem como mudou o tear do art. 279 (niumeracao do substitutivo; at. 286, medidas urgentes, a formulagéo de impugnacado apenas inpedira a estabili- no Projeto original), para o fim de expressamente limitar a incidéncia dessas zacao dos efeitos relatives aos capitulos decisérios efetivamente impugnados. regras as “medidas de urgencia requeridas em cardter antecedente”, Isso no Exemplificando: no processo urgente preparatério, deferiram-se liminarmente deixa de ser paradoxal — conforme veremos a seguir. duas providencias antecipatorias independentes entre si. Se o réw impugna apenas uma delas, estabilizam-se os efeitos da outra, 14, Critica € PRoPosicao Identica diretriz sera aplicavel as hipsteses em que a providencia urgen- te for quantitativamente decomponivel, ¢ 6 réu impugnar apenas uma fracao dela (por exemplo: determina-se 0 sequestro de cinco bens: o réu impugna a determinacao da medida apenas no que tange a tres deles). Fstabilizar-se-80 os efeitos da parcela nao impugnada Como indicado, a disciplina prevista no projeto para as medidas urgentes apresenta dois pontos inequivocamente positivos: a unificagao de regime para as tutelas antecipatéria € cautelar e a possibilidade de que a tutela urgente e a tutela principal sejam pleiteadas e concedidas em um nico processo. Ja a proposta de estabilizacio das medidas urgentes preparatorias merece ressalvas 13. O CAMPO DE INCIDENCIA DA ESTABILIZACAO DA TUTELA SUMARIA Ela parece mais adequada — ¢ bem verdade ~ do que anterior projeto, ja (Wo suastiruTivo D0 SENADO): EXCLUSAO DAS MEDIDAS INCIDENTAIS arquivado, que visava instituir a estabilizacao da tutela antecipada no vigente E DA TUTELA DA EVIDENCIA Codigo (PLS 186/2005). Na proposta anterior, pretendia-se, por expressa pre visto legal, imputar a forca de coisa julgada material a medida urgente esta Dilizada ~ 0 que € inviavel, pelas razbes antes expostas. Além disso, previa-se a estabilizacao apenas da tutela antecipada preparatoria - e nao a da tutela cautelar,Iss0 ~ no contexto do Codigo atual, de regimes distintos para a tutela caraterantecedente, No pojto origina, havi regra explistando tl excl cautelt ea tuelaantepada—acarctria a multipin ds putes acre so (art. 295 da redacio original do Projeto ~ PLS 166/2010). No substitutivo ME iccficagdo das medistas uingentes be se trataise de medida tantelar pepe aprovado pelo Seuadlo, suptimiu-se essa disposicao expressa, Permanceeu pre ratori, haveria sempre o Onus de 0 autor promover, em 30 dias, a a¢ao princi- vista regra que determina a aplicacao as medidas incidentais das disposigoes pal; ja se a providencia tivesse canter antecipatorio, incidiram regras distintas, relativas as medidas requeridas em cardter incidental, no que couber (art. 286, WP sisfericiam tal Onus ad rén, pardgrafo tinico, do PNCPC). As disposicoes sobre estabillzacto dos efeitos Esses dois defeitos nao se apresentam na proposta atual, Mas isso apenas da medida antecedente, tal como postas, so incompativeis com o regime das significa que ela é melhor do que o projeto anterior — € nao necessariamente medidas incidentais, Nao se ignora a possbilidade de emprego da técnica da que seja recomendivel adoté-la estabilizacao nas medidas sumdrias incidentais ~ como acontece na Italia, por exemplo (art, 669-octes, setimo comma, do CPC italiano). Mas isso depen- de de regras especifcas que definam parametros de establizagdo compativeis com a estrutura e a dinamica de um processo de cognicao exauriente ja em Pelo que até agora se propos no proceso legislativo do neve Codigo, a esta- bilizagaio nao se aplicara as medidas urgentes concedidas em carater incidental. (© mecanismo foi previsto apenas na secao dedicada as medisas requeridas em 21, Serinesteo or do disposiiv que aeabourjliado: “Apicam sea medida requerida : Ineidenalmene as disposigesrlatvasetbliacao dos eleltos da medida deur curso, Nas discusses que conchuziram & produgao do substitativo no Senado, stncia ndocontstada Havendo concsugio,o proceso prose 32 Resta be Processo 2012 © ReFo 209 Talvez ela até possa gerar bons resultados. Os mais otimistas apostariam que a simples estabilizacao de efeitos praticos venha a satisfazer as partes ~ em casos para os quais a eliminacao ce uma diivida objetiva ou transformagao de uma situacio juridica nao seja tao importante. Mas essa aposta fica ~ e permanecer ~ no terreno da simples suposicao. Permanecera sendo simples aposta, palpite. A absoluta auséacia de estatisticas amplas e confiaveis no processo brasileiro impede uma avaliagao mais segura Nao se sabe em que medida a técnica monitéria, no procedimento especial que hoje a emprega, tem sido eficiente na eliminacao de conflitos, Quantos mandados monitories nao sio embargados? Quantes sio cumpridos esponta- rneamente? Sao frequentes agdes autOnomas para tediscutir créditos objeto de mandados monitorios nao embargados? Todas essas questdes precisariam ser objetivamente respondidas, com base em daclos estatisticos, pata se saber se convém estender a técnica monitoria a outro terreno. Alias, contraditoriamente, 0 motivo apresentado para abolir-se o procedt- ‘mento especial da ado monitoria € a suposicdo de sta pouca utlidade pritiea (contestada por muitos profissionais do foro, em especificas areas de atuagao —conforme pude notar em diversos debates a respeito do tema). Na Italia, em que © mecanismo da estabilizacao da tutela de ungencia vigora ha alguns anos, nao hi noticias de que ele tenha contribusdo substancialmente para a melhora da protecao jurisdicional Se nao hi indicativos seguros de sua vantagem, por outro lado, a estabiliza- cao da medida wrgente traz consigo posstveis inconvenient pra Hi 0 visco da proliferacao de desnecessarios pedidos de tutela urgente pre~ paratéria, Na expectativa de obter a estabilizagdo de efeitos em caso de inércia do réu, muitos litigantes tenderao a promover a medida de urgencia em carater pteparatorio ~ nao porque precisem debelar situacao de perigo de dano, mas na esperanga de encontrar um atalho para a producao de resultados praticos sem ter de passar pela via crucis do proceso comum, Hiavera também um maior rigor dos juizes na concessao de medidas urgen- tes. Existira sempre a preocupacto de sé estar emitindo uma decisfo que, mais do que atuar provisoriamente na situagao de emergencia, pode vira estabilizar- -se por tempo indeterminado, Isso gerara prejutz0s a todos os jurisdicionados que efetivamente se depa- ram com uma situacdo emergencial ¢ precisam, mesmo, de protecdo urgente. Afinal, o pedido de tutela urgente “sincero” tera de dispatar a atencao © © ‘tempo do juiz com uma multiplicidade de outras demandas que teraio em mira apenas o atalho propiciado pela técnica monitéria. Depois, quando 0 juiz for aprecii-lo, iréfazé-lo, de modo muito mais precavido. Dourrna Nacionnt Essa constatagao de ordem pritica pode ser traduzida em uma critica te6 rica ‘A estabilizacao da tutela urgente implica a reuniao de institutos ¢ téeni- cas que tém em mira finalidades distintas. Pretende-se conjugar a funcao de ‘afastar perigo de danos (tutela urgente) com a funcao de propiciar rapidamente resultados praticos em caso de inércia do réu (tutela monitéria) Note-se que isso nao ocorre na atual acio monitéria brasileira nem nos modelos de processo monitério vigentes em outros ordenamentos. Neles, & ‘ungencia nao € requisito para a concessao do mandado ~ mas sim apenas a ra- zoAvel plausibilidade do direito. Sob esse aspecto é uma “tutela da evidencia’”, endo da urgencia 0 risco da proposta ora examinada é o de enfraquecer as medidas cautela- res antecipadas preparatorias como mecanismos de tutela urgente, ao se Thes acoplar a técnica monitéria. Isso nao significa que a técnica monitoria nao deva ser empregada. Mas sua adlocio seria muito mais razodvel se vinculada nao a tutela urgente, mas @ tute- lada evidencia concedida em caréter preparatorio, Af sim se teria um mecanismo essencialmente monitério ~ e até mais eficiente do que a aco monit6ria atual, ‘que € incapaz de propiciar efeitos imediatos a0 autor em caso de oposigdo de ‘embargos monit6rios pelo réu. No entanto, ¢ como visto, no substitutivo apro- ‘ado pelo Senado excluiu-se a possibilidade de a tutela da evidencia concedida ‘em cariter antecedente estabilizar-se.”™ 0 instituto da estabilizacao da tutela urgente nao constava das linhas gerals previamente anunciadas pela comissio de juristas incumbida da elaboracao do anteprojeto do novo Cédigo. Bem por isso, nao foi um tema submetido a discussio nas audiencias publicas que antecederam a apresentacao do Projeto. Sua inclusao no projeto, aids, deveu-se a uma proposta formulada em audien- cia pitblica Até mesmo por issn, 0 tema exige maiar meditacao Seria preferivel inverter-se 0 regramento proposto no substitutivo do Sena- do — excluindo-se a estabilizacao da tutela urgente ¢ instituindo-se a estabili- zacio da tutela da evidencia concedida em carater preparatorio.{ss0, somado & explicitacao da hipotese de tutela da evidencia fundada em prova documental 22. Data proposicao que formule! ao final de minha exposicao ~e fol aprovada - na XXL CConferéneia Nacional da Ordem das Advogados da Brasil, em 22.11,2012: "0 Projeto do novo CPC deverla contemplar a possiblidade de pleito ¢ abtencao de tucela da evidencia em earater preparatorio, apiaa ter seus efeitos estabilizados (sem autorida ‘de de coisa julgada material), quando nao impugnada pelo re 33 34 Resin o& Phoesso 2012 © RePao 209 consistente, nos moldes da atual agao monitoria, supritia 2 lacuna que a ex- tincao desse procedimento especial deixara. Assim: manter-se-ia uma tutela monitoria pura, até mais eficaz do que a atual; cumprir-se-ia 0 escopo de ma: -xima reducdo possivel de procedimentos especiais; nao se calocaria em risco a cficiencia da tutela urgente Pesquisas 0 Epiroriat Veja também Doutrina + Aautonomizacao ea estabiizagao da tutela de urgéncia no Projeto de CPC de Humber- to Theodora siniare frieo Andrade ~ ReFro 206/13; * Dirito em expectativa: as tutelas de urgénciaeevidéncia no Projet de novo Cadigo de Processo Civil breves comentarios, de Andrea Carla Barbosa ~ ReFro 194/243; € + Simplficacio, autonomia « establizagio das tutelas de urgénce andlise da pro- posta do Projeto de novo Cédigo de Processo Civil, de Marcelo Pacheco Machado - FePro 202/233. COMENTARIOS SOBRE AS HIPOTESES DE EXTINCAO DO PROCESSO SEM RESOLUGAO DO MERITO Osmar Menves Paixdo Cortes Doutor em Dirito pela PUC-SP. Mestre em Diteito pela Un. Membre do IBDP e do Insiuto Fanamericano de Derecho Process, Advagado, odo 23082012 ‘aca 00 Onno: Civ; Process Resi: O estudo € dedi @ anise das hi-_Aastact: The study is devoted on the analysis pbteses de extingdo do proceso sem resolugzo of the termination ofthe process without jul to met, mento the merit Pauavas-chast Extingao do processo ~Resolu--_Kerwotost Termination of the process ~ ge ‘0 de merit ment ofthe merit ‘Sueino: 1. Delimitagéo do tema - 2, Pocesso - Breves consieraqées sobre a natureza juriica ~ 3. Processo ~ Hipéteses de estngdo Sem resolugao do mérito- 4. Referencias, Dibiogra 1, Deuiragho po TEMA O presente estudo ¢ dedicado a analise das hipsteses de extingao do proces- 0 sem resolugao de mérito, Inicialmente, sto feitas breves consideracoes sobre a natureza da relagio processual. Em sequéncia, examina-se cada um dos incisos do art, 267 do CPC,

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