Vous êtes sur la page 1sur 6

A Frenologia e a Fisiognomonia

Revista Espírita, julho de 1860

A frenologia é a ciência que trata das funções atribuídas a cada parte do


cérebro. O doutor Gall, fundador desta ciência, pensou que, uma vez que
o cérebro é o ponto onde chegam todas as sensações, e de onde partem
todas as manifestações das faculdades intelectuais e morais, cada uma
das faculdades primitivas deve ter aí seu órgão especial. Seu sistema
consiste, pois, na localização das faculdades. O desenvolvimento de cada
parte cerebral, compelindo ao desenvolvimento do envoltório ósseo, e aí
produzindo protuberâncias, disso concluiu que, do exame dessas
protuberâncias, poder-se-ia deduzir a predominância de tal ou tal
faculdade, e daí o caráter ou as aptidões do indivíduo; daí, também, o
nome de cranioscopia dado a esta ciência, com a diferença de que a
frenologia tem por objeto tudo o que concerne às atribuições do cérebro,
ao passo que a cranioscopia se limita às induções tiradas da inspeção do
crânio; em uma palavra, Gall fez, a respeito do crânio e do cérebro, o
que Laváter fez para os traços da fisionomia.
Não temos a discutir aqui o mérito dessa ciência, nem examinar se ela é
verdadeira ou exagerada em todas as suas conseqüências; ela é, porém,
alternativamente defendida e criticada por homens de um alto valor
científico; se certos detalhes são ainda hipotéticos, ela não repousa
menos sobre um princípio incontestável, o das funções gerais do cérebro,
e sobre as relações existentes entre o desenvolvimento e a atrofia desse
órgão e as manifestações intelectuais. O que é de nossa alçada, é o
estudo de suas conseqüências psicológicas.
Das relações que existem entre o desenvolvimento do cérebro e a
manifestação de certas faculdades, alguns sábios concluíram que os
órgãos cerebrais são a própria fonte das faculdades, doutrina que não é
outra senão a do materialismo, porque tende à negação do princípio
inteligente estranho à matéria; faz do homem, por conseqüência, uma
máquina sem livre arbítrio e sem responsabilidade de seus atos, uma vez
que poderia sempre atirar as suas faltas sobre a sua organização, e que
haveria injustiça em punir faltas que não dependeu dele cometer. Pode-
se abalar com as conseqüências de semelhante teoria, e ter-se-ia razão;
seria necessário, por isso, proscrever a frenologia? Não, mas examinar o
que ela poderia ter de verdadeiro ou de falso nessa maneira de encarar a
coisa; ora, esse exame prova que as atribuições do cérebro em geral, e
mesmo a localização das faculdades, podem perfeitamente se conciliar
com o Espiritualismo, o mais severo, que nela encontra mesmo a
explicação de certos fatos. Admitamos por um instante, a título de
hipótese querendo-se, a existência de um órgão especial para o instinto
musical; suponhamos, por outro lado, como nos ensina a Doutrina
Espírita, que um Espírito, cuja existência é bem anterior ao seu corpo, e
chega com a faculdade musical muito desenvolvida, essa faculdade se
exercerá naturalmente, sobre o órgão correspondente, e impelirá para o
seu desenvolvimento como o exercício de um membro aumenta o
volume dos músculos. Na infância, o sistema ósseo oferecendo pouca
resistência, o crânio sofre a influência do movimento expansivo da massa
cerebral; assim, o desenvolvimento do crânio é produzido peto
desenvolvimento do cérebro, como o desenvolvimento do cérebro é
produzido pelo da faculdade; a faculdade é a causa primeira; o estado do
cérebro é um efeito consecutivo; sem a faculdade, o órgão não existiria,
ou não seria senão rudimentar. Encarada sob este ponto, a frenologia
não tem, como se vê, nada de contrário à moral, porque deixa ao
homem toda a sua responsabilidade, e nós acrescentamos que essa
teoria, ao mesmo tempo, está conforme a lógica e a observação dos
fatos.
Objetam com os casos bem conhecidos em que a influência do
organismo sobre a manifestação das faculdades é incontestável, como os
da loucura e da idiotia, mas a questão é fácil de resolver. Vêem-se,
todos os dias, homens inteligentes tomarem-se loucos; o que isso prova?
Um homem muito forte pode quebrar a perna, e então ele não pode mais
andar; ora, a vontade de andar não está na perna, mas em seu cérebro;
somente essa vontade está paralisada pela impossibilidade que tem de
movimentar a perna. No louco, o órgão que servia às manifestações do
pensamento estando desequilibrado, por uma causa física qualquer, o
pensamento não pode mais se manifestar de um modo regular; ele erra
a torto e a direito fazendo o que chamamos de extravagâncias; mas a
sua integridade não é menor, e a prova aí está, é que se o órgão pode
ser restabelecido, o pensamento retorna, como o movimento da perna
que está melhorada. O pensamento não existe, pois, mais no cérebro
que na caixa óssea do crânio; o cérebro é o instrumento do pensamento
como o olho é o instrumento da visão, e o crânio é a superfície sólida
que se molda sobre os movimentos do instrumento; se o instrumento
está deteriorado, a manifestação não mais ocorre, absolutamente como,
quando se perdeu um olho, não se pode mais ver.
Mas ocorre, algumas vezes, que a parada da livre manifestação do
pensamento não é devida a uma causa acidental, como na loucura; a
constituição primitiva dos órgãos pode oferecer, ao Espírito, desde o
nascimento, um obstáculo do qual toda a sua atividade não pode
triunfar; é o que ocorre quando os órgãos estão atrofiados, ou
apresentam uma resistência insuperável; tal é o caso do idiota. ( Espírito
está como aprisionado, e sofre desse constrangimento, mas não pensa
menos como Espírito, tanto quanto o prisioneiro sob os ferrolhos. O
estudo das manifestações do Espírito de pessoas vivas, pela evocação,
lança uma grande luz sobre os fenômenos psicológicos; isolando-se o
Espírito da matéria, prova-se, pelos fatos, que os órgãos não são a causa
das faculdades, mas simples instrumentos com a ajuda dos quais as
faculdades se manifestam, com mais ou menos de liberdade e de
precisão; que, freqüentemente, são como os abafadores que amortecem
as manifestações, o que explica a maior liberdade do Espírito, uma vez
desligado da matéria.
Na idéia materialista, o que é um idiota? Nada; apenas um ser humano;
segundo a Doutrina Espírita, é um ser dotado de razão como todo o
mundo, mas enfermo de nascença pelo cérebro, como outros o são por
outros membros. Esta doutrina, em reabilitando-o, não é mais moral,
mais humana, que aquela que dele faz um ser de refugo? Não é mais
consolador, para um pai, que tem a infelicidade de ver uma tal criança,
pensar que esse envoltório imperfeito encerra uma alma pensante?
Àqueles que, sem serem materialistas, não admitem a pluralidade das
existências, perguntamos o que é a alma do idiota? Se a alma é formada
ao mesmo tempo que o corpo, por que Deus cria seres assim
desfavorecidos? Qual será a sua sorte futura? Admiti, ao contrário, uma
sucessão de existências, e tudo se explica segundo a justiça, o idiotismo
pode ser uma punição ou uma prova, e, em todos os casos, não é senão
um incidente na vida do Espírito; isso não é maior, mais digno da justiça
de Deus, que supor que Deus criou um ser abortado para a eternidade?
Lancemos, agora, um golpe de vista sobre a fisiognomonia. Esta ciência
está fundada sobre o princípio incontestável de que é o pensamento que
põe em jogo os órgãos, que imprime aos músculos certos movimentos;
de onde se segue que, estudando-se as relações dos movimentos
aparentes com o pensamento, desses movimentos que se vêem pode-se
deduzir o pensamento que não se vê; assim é que não se enganará
quanto à intenção daquele que faz um gesto ameaçador ou amigável;
que se reconhecerá pelo modo de andar o homem apressado daquele
que não o é. De todos os músculos, os mais móveis são os da face;
freqüentemente, ali se refletem, até as nuanças, os mais delicados
pensamentos; por isso se disse, com razão, que o rosto é o espelho da
alma. Pela freqüência de certas sensações, os músculos contraem o
hábito dos movimentos correspondentes, e acabam por formar-lhe a
ruga; a forma exterior se modifica, assim, pelas impressões da alma, de
onde se segue que, dessa forma, algumas vezes, pode-se deduzir essas
impressões, como do gesto se pode deduzir o pensamento. Tal é o
princípio geral da arte ou, querendo-se, da ciência fisiognomônica; esse
princípio é verdadeiro; não só porque se apóia sobre uma base racional,
mas está confirmado pela observação, e Laváter tem a glória, senão de
tê-lo descoberto, ao menos de tê-lo desenvolvido e formulado em corpo
de doutrina. Infelizmente, Laváter caiu num defeito comum à maioria
dos autores de sistemas, e ó que, de um princípio verdadeiro em certos
aspectos, concluem numa aplicação universal, e, no seu entusiasmo por
descobrir uma verdade, vêem-na por toda a parte: aí está o exagero e,
freqüentemente, o ridículo. Não temos que examinar aqui o sistema de
Laváter em seus detalhes; diremos somente que tanto é conseqüente
remontar do físico ao moral por certos sinais exteriores, quanto ó ilógico
atribuir um sentido qualquer às formas ou sinais sobre os quais o
pensamento não pode ter nenhuma ação. É a falsa aplicação de um
princípio verdadeiro que o tem, freqüentemente, relegado à classe de
crenças supersticiosas, e que faz confundir, na mesma reprovação,
aqueles que vêem justo e que aqueles que exageram.
Diremos, entretanto, para ser justo, que a falta, freqüentemente, está
menos no mestre que nos discípulos, que, em sua admiração fanática e
irrefletida, algumas vezes, estendem as conseqüências de um princípio
além dos limites do possível.
Se examinarmos agora essa ciência nas suas relações com o Espiritismo,
teremos a combater várias induções errôneas que dela se poderiam tirar.
Entre as relações fisiognomônicas, uma há, sobretudo, sobre a qual a
imaginação freqüentemente se exerce, que é a semelhança de certas
pessoas com certos animais; tentemos, pois, procurar-lhe a causa.
A semelhança física resulta, entre parentes, da consangüinidade que
transmite, de um a outro, as partículas orgânicas semelhantes, porque o
corpo procede do corpo; mas não poderia vir ao pensamento de ninguém
supor que aquele que se assemelha a um gato, por exemplo, tem sangue
de gato nas veias; ela tem, pois, uma outra fonte. Primeiro, ela pode ser
fortuita e sem significação alguma, e é o caso mais comum. Entretanto,
além da semelhança física, nota-se, algumas vezes, analogia de
inclinações; isso poderia se explicar pela mesma causa que modifica os
traços da fisionomia; se um Espírito, ainda atrasado, conserva alguns
traços dos instintos do animal, seu caráter, como homem, carregará os
seus traços, e as paixões que o agitam poderão dar, a esses traços,
alguma coisa que lembre vagamente as do animal, do qual tem os
instintos; mas esses traços se apagam à medida que o Espírito se depura
e que o homem avança no caminho da perfeição.
Seria, pois, aqui, o Espírito que imprimiria a sua marca na fisionomia;
mas da semelhança de instintos seria absurdo concluir que o homem que
tem os do gato possa ser a encarnação do Espírito de um gato. O
Espiritismo, longe de ensinar uma semelhante teoria, dela sempre
demonstrou o ridículo e a impossibilidade. Nota-se, é verdade, uma
gradação contínua na série animal; mas entre o animal e o homem há
solução de continuidade; ora, admitindo-se mesmo, o que não é senão
um sistema, que o Espírito tenha passado por todos os graus da escala
animal, antes de chegar ao homem, haveria sempre, de um ao outro,
uma interrupção que não existiria se o Espírito do animal pudesse se
encarnar diretamente no corpo do homem. Se assim fora, entre os
Espíritos errantes haveria Espíritos de animais, como há Espíritos
humanos, o que não tem lugar.
Sem entrar no exame aprofundado dessa questão, que discutiremos
mais tarde, dizemos, segundo os Espíritos, que estão nisso de acordo
com a observação dos fatos, que nenhum homem é a encarnação do
Espírito de um animal. Os instintos animais do homem prendem-se à
imperfeição de seu próprio Espírito ainda não depurado, e que, sob a
influência da matéria, dá a preponderância às necessidades físicas sobre
as necessidades morais e o senso moral, não ainda suficientemente
desenvolvido. Sendo as mesmas as necessidades físicas no homem e no
animal, disso resulta, necessariamente, que, até naquilo que o senso
moral haja estabelecido um contrapeso, pode aí haver, entre eles, uma
certa analogia de instintos; mas aí se detém a paridade; o senso moral,
que não existe num, que germina primeiro e cresce sem cessar no outro,
estabelece entre eles a verdadeira linha de demarcação.
Uma outra indução, não menos errada, é tirada do princípio da
pluralidade das existências. De sua semelhança com certos personagens,
há os que concluem poderem ter sido esses personagens; ora, pelo que
precede, é fácil demonstrar-lhes que aí não está senão uma idéia
quimérica.. Como dissemos, as relações consangüíneas podem produzir
uma semelhança de formas, mas não está aqui o caso, e Esopo pôde,
mais tarde, ser um homem muito bonito, e Sócrates um forte e belo
jovem; assim, quando não há filiação corpórea, não se pode ver senão
uma semelhança fortuita, porque não há nenhuma necessidade, para o
Espírito, de habitar corpos semelhantes, e em se tomando um novo
corpo não lhe traz nenhuma parcela do antigo. Entretanto, segundo o
que dissemos acima, do caráter que as paixões podem imprimir aos
traços, poder-se-ia pensar que, se um Espírito não progrediu
sensivelmente, ele retorna com as mesmas inclinações, e poderá ter
sobre o seu rosto idêntica expressão; isso é exato, mas seria no máximo
um ar de família, e daí a uma semelhança real há muita distância. Esse
caso, de resto, deve ser excepcional, porque é raro que o Espírito não
venha, numa outra existência, com as disposições sensivelmente
modificadas. Assim, dos sinais fisionômicos não se pode tirar nenhum
indício de existências precedentes; não se pode encontrá-los senão no
caráter moral, nas idéias instintivas e intuitivas, nos pendores inatos,
naqueles que não são o fato da educação, assim como na natureza das
expiações que se sofre; e ainda isso não poderia indicar senão o gênero
de existência, o caráter que se deveria ter, tendo-se em conta o
progresso e não a individualidade. (Ver O Livro dos Espíritos, números
216 e 217).

Vous aimerez peut-être aussi