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Dea Uist) Marina Massimi Elisabeth de Melo Bomfim NEI M Cie w oie Note) Det co Neel EM Et ate tc IVE a OEMS STIs Gre into ont Coo ait Gere cle srte Ti iil ll HISTORIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL NOVOS EsTubDoOos Eel mCi) Maria do Carmo Guedes (orgs.) (roa Cscity Merina Massimi Maria do Carmo Guedes (organizadoras) HISTORIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL NOVOS EsSsSTUDOS Revisao André Luls Masiero edue S&S Sao Paulo 2004 Fiche eatalogrtice elaborada pola Biblioteca Reitora Nadir Gouvéa Kfourl / PUC-SP Histéria da Psicologia no Brasil: novos estudos / orgs. Marina Massimi Maria do Carmo Guedes ; revise André Luis Masiero. - Sao Peulo EDUC; Cortez, 2004. 252 p.; 23m ISBN 85-283-0300-4 (Educ) ISBN 85-249-1088-7 (Cortez) 1. Psicologia - Brasil - Histéria, |, Massimi, Marina. Il. Guedes, Maria do Carmo, Ill, Masioro, André Luis, cob 150.981 | EDUC - Editora da PUC-SP Directo ‘Maria Eliza Mazzili Pereira Denize Rosana Rubano Produpso Editorial Magali Oliveira Fernandes Preparacso © Reviséo Tereza Lourenco Pereira Editoracéo Eletrénica ‘Artsoft informatica Capa Sara Rosa Realizacio: Waldir Antonio Alves edue SiR Pua Ministro Godsi, 1197 ua Bartira, 317 ~ Perdizes 5015-001 ~ So Paulo - SP (05009-000 ~ Sie Paulo ~ SP Tel./Fax: (11) 3873-3359, Tol.: (11) 3864-0111 Fex: (11) 3864-4290, E-mail: cortez@cortezeditora.com.br Site: www.cortezeditora.com.or E-mail: edue@pucsp.be Site: www.pucsp.briedue APRESENTACAO Marina Massimi A presente coleténea visa apresentar c estado da obra de pesquisas realizadas até 0 momento no que dz respeito & Histéria da Psicologia no Brasil. Nao pretende ser um apanhado exaustivo, mas apenas um trabalho que pretende colocar algumas pinceladas no grande afresco que ao longo des ultimas décadas esta sendo realizado pelos historiadores da Psicologia, com 0 objetivo de re compor 0 percurso histérico que no contexte sociocultural bras Ieiro levou & constituigao das formas de conhecimento psicolégico e da ciéncia psicolégica enquanto tal Com efeito, recentemente assistimos a um aumento qualita- tivo © quantitativo das investigacdes na 4rea, contando com @ contribuicao, seja de pesquisadores mais excerientes, seja de jo- vens pesquisadores em formaeao, que estdo elaborando teses de doutorado, dissertagées de mestrado e monografias de iniciagdo, cientifica dedicadas a estudos histdricos em Psicologia. Além do mais, a disciplina “Histéria da Psicologia” comparece de uma for- ma cada vez mais freqliente nos curriculos des cursos de gradua- ao e pés-graduagao em Psicologia, fato este que acarreta a ne- Cessidade de produzir material adequado paia 0 uso didético na perspectiva histérica A coleténea estrutura-se om partes: abre-se com uma contri buigdo sobre a historiografia geral da Psicologis, prosseguindo com textos que tragam 0 percurso hist6rico da Psicologia no Brasil, para finelizar-se com alguns trabalhos que aprofuniam a consolidacéo, no pais, de abordagens espectficas, tais como a psicandlise. As contribuigées so apresentadas em ordem crenolégica (no que diz vi A PSICOLOGIA NO BRASIL NO SECULO XX: DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO E PROFISSIONAL Mitsuko Aparecida Makino Antunes Este texto no tem a pretensao de esgotar 0 assunto enun- ciado em seu titulo, nem 6 estritamente uma formalizagao de dados de pesquisa (embora estes sojam sua base). Foi ele elaborado com base em pesquisas em Histérla da Psicologia no Brasil, particular- mente referentes ao periodo que vai da virada do século a 1962 de algumas reflexdes sobre o perfodo posterior a esta data. Sua finalidade é expor um panorama do século XX, enfocando realiza- cées que marceram 0 proceso que culminou com a regulamenta~ 80 da profisséio de psicdlogo e em seu desenvolvimento como cigncia e como profissa0, posteriormente. O periodo ¢ bastante extenso, pois medida que o tempo avangave, ampliava-se sobre- maneira 0 espectro das realizagdes na rea, abrangendo ensino, pesquisa, préticas de intervencdo, diversidade de abordagens teéri cas, publicagdo de livros e periddicos, criagéo de instituicbes, fun- dago de entidades profissionais e promogao de eventos cientifi- cos. Ha que se registrar caréncia de pesquisas que aprofundem @ andlise histérica da Psicologia neste século, quer no que diz respei- to & variedade de suas manifestacdes, quer no que se refere as produgées das diferentes regides do pats, pois a maioria das pes- quisas ainda enfoca Rio de Janeiro, Sdo Paulo, Minas Gerais e Behia, Percebe-se, na virada do século, o incremento da preocupa- go com os fendmenos psicolégicos no interior de outras dreas de conhecimento, particularmente na Medicina e na Educagao. Nesse 110 HISTORIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL: NOVOS ESTUDOS. contexto, circunscreve-se aos poucos aquilo que poderia ser deno- minado propriamente de Psicologia, processo esse que caracteriza seu reconhecimento como 4rea especifica de saber em nosso meio. Esse movimento precisa ser visto a luz de pelo menos dois conjun- tos de fatores: o desenvolvimento da Psicologia na Europa, e mais tarde nos Estados Unidos, e as multiplas demandas impostas pelas condigées sociais brasileiras. Esse perfodo pode ser considerado como aquele em que se processa a conquista da autonomia da Psicologia como area de conhecimento no Brasil, Ao longo dos anos 20, e sobretudo a partir da década de 1930, verifica-se uma intensa produgao na drea, que se amplia e se diversifica em diferentes abordagens © campos de atuacéio, assim como sao miltiplas as articulagdes que se estabelecem no interior da prépria érea e desta com outras. Pode-se considerar que, nesse momento, a Psicologia consolida-se no pais, produzindo as bases Para seu reconhecimento como profissao ¢ 0 estabelecimento do currfculo minimo para seus cursos de formagao. Esse periodo pode ser considerado como aquele em que se dé a consolidagao da Psi- cofogia como ciéncia e como profissao no Bras. ‘Apés a aprovacéo da Lei n. 4.119/62, tendo sido a Psicologia reconhecida como profissao, sio criados seus primeiros cursos re- gulares. Nesse momento, ¢ potencializada a expansao que jé vinha anteriormente ocorrendo, sobretudo pelo aumento de cursos aca- sionado pela Reforma Universitaria de 1968. Nesse periodo, con- cretizou-se a profissionalizacéo da Psicologia. No final dos anos 70, no contexto da luta pela democratiza- ‘980 do pats, emergem criticas as vérias formas de manifestagdo da Psicologia, enfocando as teorias e as abordagens mais em voga, suas praticas e sua organizacao académica e profissional. Nesse periodo, so fartos os debates em varias instancias da Psicologia, 0 que concorre para a busca de novas perspectivas tedricas e meto- dolégicas e sua expansao para vérios campos da vida social, acar- retando a superacao da velha triade escola—trabalho-clinica. Talvez isso caracterize um novo momento histérico; defini-lo com preciso 6 dificil, porém vislumbra-se com certa nitidez a expanséo da Psico- fogia como ciéncia e como profisséo, assim como 0 reconhecimen- to de sua originalidade e exceléncia em vérias instancias, [A SICOLOGIA NO BRASIL NO SECULO XX mt A Psicologia é reconhecida como rea especifice de conhecimento Preocupagées com o fendmeno psicolégico eram ja recorren- tes desde os tempos da Coldnia’ Como jé foi dito, no se poderia, entretanto, afirmar que se tratava propriamente de Psicologia; s6 208 poucos ela conquistaria a condicéo de drea especifica de co- nhecimento e, pouco mais tarde, por decorrércia, a de campo de intervengSo pratica. Concorrem para a concretizacao desse proces- s0 fatores de ordem interna, como o incremento das preocupagdes com 0 fenémeno psicolégico em outras 4reas de saber e 0 reconhe- cimento da Psicologia como ciéncia auténoma na Europa e nos Es- tados Unidos, assim como fatores de ordem externa, como as trans- formacées da sociedade brasileira @ seus velhos novos proble- mas, que demandavam, por sua vez, novos corhecimentos e possi- bilidades de interven¢ao.? A farta produgao de idéias, particularmente no interior da Medicina e da Educagéo, gerou condicdes e demandas para a busca dos conhecimentos que vinham sendo produzidos no exterior. Nes- sa époce, jé era fato a condi¢ao da Psicologia como ciéncia aut6no- ma; Franga, Alemanha e Estados Unidos, s6 para citar alguns paf- ses, j4 se constituiam como produtores proffcuos de pesquisas em Psicologia, assim como varias perspectivas te¢ricas desenvolviam- se e ampliavam-se, mesmo para alguns campos de aplicagéo. Nes- se panorama, de rico desenvolvimento da area, essas idéias come- garam a penetrar no Brasil, principalmente trazidas por brasileiros que iam estudar e se aperfeicoar no exterior, ou por estrangeiros que para cd vieram, convidados para ministrar cursos, dar conferéncias, ou para prestar assessoria, muitos dos quais aqui se radicaram. Concomitantemente, no bojo das correntes positivistas e libe- rais que participaram da implantacao @ permaneceram no modelo republicano brasileiro, emerge a defesa da modemnizagao do pais. Assiste-se, nesse momento, a0 incremento do processo de urbani- Para mals Informacdes sobre as idias psicolégicas 10 perfodo colonial @ no sboulo XIX, ver, nesta obra, capitulos de autoria de Marina Massie Nadia Roca. 2 Para obtenipl de mais informacses, ver pesquisa sobre esse perfodo em nro ves (1991). Verses mais resumides podem ser encontr 19886), fas em AvTuncs (1988.6 na HISTORIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL: Novos EsTUDOS za¢80, & migragio © 20 estabelecimento dos pélos econdmico politico para 0 Sudeste do pais, & expansio do ideério liberal © & geracdo de pré-condigées para 0 desenvolvimento do processo de industriaizagao. Fazendo frente 20 dominio de um modelo agrério (sustentado principalmente na produgdo e na exportagio do café), 2 reivindicagao pela adocdo de medidas que pudessem elovar o pais 8 condi¢éo de modernidade passou a constituir 6 nucleo des déias de vérios grupos de intelectuais, que arrogimentavam cade vez mais seguidores. Tais idéias caracterizaram a virada do séeulo e se torne. ram mais fortes & medida que os anos avancavam. Ainda que in. corporando diferentes matizes, era certa, porém, a defesa da cons. trugio de uma nova nagéo pela construgio de um homem novo parc uo dara Conconer« et brea am at alicergada numa perspectiva a altura dos novos tempos. Assim, 0 escolanovismo, uma das expressdes das concepgdes humanistas mademas em Educa¢do, que se pretendia pedagogia cientifica e buscava na ciéncia psicoldgica uma de suas mais importantes ba- s88 de sustentargo, proporcionou um terreno fértl para o desenvol Vimento da Psicologia. Pode-se atirmmar que essa tela de demandes @ de possibilidades gerou as condigdes para que a ciéncia psiculégh Ca Produsda na Europa e nos Estados Unidos aqui penetra, con- gretzando seu processo de reconhacimente como dea autonome ___ Apresentar-se-é, a seguir, uma breve descri¢o da produga picolégica na Educagdo e na Medicina, com a finaldade de Ge. monstrar as realizagées que contribulram para o processo de aut. nomizagao da Psicologia no Brasil A Psicologia na Educagéo Um marco importante no proceso histo ora em estudo fo 0 estabelecimenta da Psicologia como disspline auténoma, Mute brecisamente, em 1890, a Reforma Bonjamim Constant, decors ostvst, transformou a discilina Flosota om Paloloaie¢ Lone, ca; mis tarde, isso se desdobravia na introdupso das discipines Pali © Pecagoia nas cle Normale ale dizer qu, nos rimoies anos da Repdbie, foram rele zadas varias reforms educacionss, oselando entre ms tandéhoes postvstas e liberas; entrtanto, o quatro de Ecucageo brevis pou se alteou, petmanesendo ainda os graves problemas sdces, ‘A PSICOLOGIA NO BRASIL NO SECULO XX na cionais herdados da Coldnia e do Império, sobretudo pela auséncia de um projeto nacional de Educaco, o que s6 viria @ ter inicio ands. ‘0s anos 30. A parte isso, ocorreu, a0 longo desses anos, uma efer- vescéncia de idéias educacionais, expresséo dos idedrios naciona- listas ¢ modernizadores. A necessidade de expandir a escolarizagao trouxe grandes debates e muitas propostas, cuja tOnica residia na defesa da eleva- ‘¢80 do Brasil @ condig&o de poténcia mundial. Muitas dessas pro- postas traziam em seu bojo algumas preocuperies com o fendme- no psicolégico, porém ainda distantes daquilo que poderia ser con- siderado propriamente como Psicologia, pois abordavam questdes relacionadas @ higiene, enfocando as vicios ¢ a decadéncia moral ‘como produtos da ignordncia. Tais preocupacies eram basicamen- te de natureza disciplinadora. Em geral de cunho patriético, essas idéias néo penetravam na questao propriamente educacional ¢, so- bretudo, pedagégica, pois permaneciam no ambito do discurso po- litico genérico; disso decorre em parte a auséncia de elementos préprios da ciéncia psicolégica.® ‘Além disso, emerge mais sistematicamente, por volta da dé- cada de 1920, a defesa da organizacdo de um sistema nacional de Educagao, sobretudo com a implantacdo de uma reforma eminente- mente pedagégica, Nesse contexto, surgiram os primeiros profis- sionais da Educacao (vindos da Medicina, do Direito e de outras {reas}; foram oriadas entidades representativas de educadores, como a Associagao Brasileira de Educagdo ~ ABE; foram empreendidas reformas estaduais de ensino baseadas em projetos especialmente pedagégicos, além de outras iniciativas. € importante sublinhar que tais empreendimentos estavam intimamente relacionados com @ introdugao das novas idéias educacionais e pedagégices represen- tadas pela Escola Nova. Procurar-se-4 demonstrar, a seguir, algu- mas manifestagdes que ilustram esse processo. (0 Pedagogium, idealizado originalmente por Ruy Barbosa, foi criado em 1890 com a finalidade de se constituir como centro de produggo de saber e fomento para novas realizagdes educacionais. Em 1906, foi af criado o primeiro laboratério da Psicologia no Brasil, planejado por Binet em Paris, com a colaboragéo de Manoel Bomfim, 3 Esse assunto fol tratado mais especificamente em Axtunes, M. A. M., Psicolo~ fa e Educacso no Brasil: idéias que antecederam a sistematizarso do escolanovis- imo no Brasi, no prelo. a4 HISTORIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL: NOVOS EsTUDOS. que dirigiu esse centro por cerca de quinze anos. Nao hé registros sobre a produgdo desse laboratério, embora em suas obras de Psi- cologia © Pedagogia seu diretor fizesso referéncia As pesquisas | realizadas. Curiosamente, nessas obras, o autor apresenta uma bem argumentada critica as pesquisas realizedas em laboratério; para ele, as condigées restritas e artificials deste nao permitiam a apre ensdo da complexidade e das miltiplas determinagées do fenéme- no psicolégico, especialmente do pensamento, visto por ele como fungao ps{quica superior. Bomfim considerava o psiquismo como um fendmeno de caréter histérico-social, devendo ser estudado segundo 0 métado interpretativo, o qual deveria recorrer ao estudo de suas multiplas manifestagées, dando especial atengdo a imensa ‘obra humana forjada ao longo da histéria. E importante lembrar que Bomfim nao foi um partidério do escolanovismo, embora sua produ- 80 nesse ambito fosse eminentemente voltada para a psicologia da educaco, podendo ele ser considerado, por sua obra em geral, ‘como um intelectual que nao se alinhava ao que era hegemdnico na época. Outros laboratérios foram criados em Escolas Normais, princi Palmente vinculados as denominadas Reformas Estaduais da Edu- cago dos anos 20, realizadas por aqueles que personificaram os Primeiros profissionais da Educacdo no Brasil, dentre os quais al- guns dos pioneiros da Psicologia, como Lourenco Filho e Isaias Alves. Essas reformas seguiam fundamentalmente os principios da Escola Nova, tendo a Psicologia como um dos principais sustenté- culos para a prética pedagégica, envolvendo estudos sobre desen- volvimento infantil, processos de aprendizagem, relacdes entre pro- fessores € alunos, além de dar inicio ao emprego de técnicas oriun- das da Psicologia, como os testes pedagdgicos e psicoldgicos, uti- lizados como instrumentos de racionalizacao da pratica educativa, Dentre outras, destacam-se as Escolas Normais de S80 Paulo, For. toleza, Salvador, Recife e Belo Horizonte, As Escolas Normais foram também base para o ensino de Psicologia, e continuaram sendo apés os anos 30, pois foram elas 98 alicerces para as futuras sepdes de Pedagogia das Faculdades de Filosofia, Ciéncias e Letras ~ FFCL, nas quais a Psicologia se esta- beleceu como matéria de ensino superior, concomitantemente ao que ocortia nas segdes de Filosofia. Como ja foi dito, nessas esco- las foi introduzida a disciplina Psicologia e Pedagogia, um dos mais importantes meios pelos quais a ciéncia psicolégica se difundiu e se [A PSICOLOGIA NO BRASIL NO SECULO XX 5 desenvolveu, incluindo as diferentes abordagens teéricas e técni- cas da época, por meio da traducdo de obras estrangeiras ou da vinda de psicélogos como Piéron, Walther, Simon, Claparéde e ou- tros, fatores estes que permitiram 0 acesso mais amplo aquilo que vinha sendo produzido em ambito interacicnal. As cétedras de Psicologia e Pedagogia nas Escolas Normais também fomentaram a produgéo de pesquisas © de obras escritas por seus catedraticos, para uso dos alunos e suporte para suas aulas. Eis algumas obras, que tratam da ciéncia psicolégica, produzidas por professores das Escolas Normais: Compendio de Paidologia (1911) e Educacao da infancia anormal de inteliigencia no Brasil (1913), de Clemente Quaglio; Lirdes de Pedagogia (1914), Nodes de Psychologia (1916) e Pensar e dizer: estudo do symbolo no pensaento e na linguagem (1923), de Manoel Bomfim; Psychologia (1926), de Sampaio Déria; Teste individual de intelligencia (1927) @ Os testes ¢ a reorganize- 40 escolar (1930), de Isaias Alves, entre outras. ‘Como diretor da Escola Normal Oficial de Pernambuco, Ulys- ses Pernambucano criou, em 1925, 0 Instituto de Psicologia de Pernambuco, o qual foi transferido para o Setor de Educagao em 1929, passando a ser denominado Instituto ce Selecao e Orienta- 980 Profissional — Isop, mais tarde anexado Leonardo Angelini, Helena Antipoff e Betti Katzenstein como autores bastante profi cuos. Em seguida, outros periddicos, especificos de Psicologia, sur- giram no cenério brasileiro, dentre eles, os Arquivos Brasileiros de Psicotécnica, publicado pelo Instituto de Selecao © Orientacéo Pro- fissional ~ Isop, da Fundagao Gettlio Vargas ~ FGV. Esse periédico, © Ag categoriae ndo so mutuamente exclusivas: assim ha referencias que foram Incorporadas a mais de uma categoria. 124 HISTORIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL: NOVOS EsTUDOS criado em 1949 @ publicado até hoje (passou a se chamar Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada e, atualmente, Arquivos Brasilet. 08 de Psicologia), foi um importante veiculo de difuséo das pesqui- sas @ aplicacdes realizadas pelo por esse Instituto, principaiments ‘ealizadas sob a lideranca de Emilio Mira y Lopez. Em 1949, 9 So. ciedade de Psicologia de Sao Paulo criou o Boletim de Psicologia, A Revista de Psicologia Normal e Patalégica, do Instituto de Psico. logia da Pontificia Universidade Catélica de S40 Paulo - Ippuc/SP, inicialmente publicada como Boletim, foi particularmente relevante, io apenas pela diversidade de artigos sobre as diferentes dreas dy Psicologia, mas também como importante érgao informative, que apresentava resenhas de obras e relatos sobre congressos nacio. nals @ estrangeiros, com farta contribuigéo de Aniela Ginsberg ¢ Enzo Azzi. Além de outros periédicos, também foram publicados ‘nuimeros especiais de Psicologia em periddicos mais gerais, como 0. Boletim da Faculdade de Filosofia, Ciéncias e Letras da USP. Os dados demonstram que havia um ntimero razodvel de obras de caréter geral, dentre as quais Psicologia moderna, de 1983, or ganizada por Otto Klineberg e contando com a participacdo de va- tios profissionais, como: Anita Cabral, Anfbal Silveira, Paulo Sawaia, Cicero Christiano de Souza, Durval Marcondes, Aniela Ginsberg, Betti Katzenstein, Oswaldo de Barros Santos e outros. Aparecem obras em psicologia social, como Psicologia social (1936), de autoria de Raul Briquet, e Introduedo 4 psicologia social (1952), de Arthur Ramos. Muitas so as publicagées relacionadas a psico- metria, relativas 8 adaptacéo e a padronizaggo de testes, tais como as de autoria de Anita Paes Barreto, ou O método de Rorschach (1953), de Cicero Christiano de Souza. Vale registrar que um signi- icativo nimero de publicagdes em periédicos referia-se a essa te- Matica. Autores catdlicos, como Alceu de Amoroso Lima, Teobaldo Miranda Santos, Leonel Franca, frei Damiao Berge, padre Paulo Siweck. também produziram obras psicolégicas, ora relacionadas a aspec. {08 religiosos, ora de Psicologia geral ou educacional. A Educagso ocupa papel privilegiado nas publicardes do perfodo, com participa. 980 de autores como Helena Antipoff, Lourenco Filho, Isatas Alves © outros. Essa expressividade aumenta se nesse grupo forem inclu. das as publicagdes sobre psicologia infantil, por autores como Sivio Rabelo e Mauricio Campos de Medeiros. Deve-se acrescentar Que artigos sobre a Psicologia no Brasil js comecavam a ser publica dos nesse periodo, como Um decénio de atividades no Instituto de [APSICOLOGIA NO BRASIL NO SECULO XX a8 foie enter (1939), de Lourengo Filho; A psicologia experimental a cor Ensino criado em 1931, sob a direcéo de Lourengo Filho, com @ oe a go de Noemi Silveira, no qual a Psicologia Educacional foi Stet de Psicologia da Universidade Federal da Bahia UFt So okt A partir dos anos 30, inicia-se o ensino formal oe raicaied e 126 HISTORIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL: NOVOS ESTUDOS Christiano de Souza, Anibal Silveira e Durval Marcondes dariam inicio ao curso de especializacao em Psicologia Clinica. Foi em 1962 que a Congregacao da FFCL da USP estabeleceu o curriculo pleno do curso de Psicologia. Em 1940, a FFCL Sedes Sapientian comeca a gestar um proje- to para formagao de psicdlogos. Sob a lideranca de madre Cristina Sodré Déria, catedratica de Psicologia Educacional, foi ai instalada, ‘em 1953, uma clinica psicologica e criado um curso de especializa. 980 em Psicologia Clinica, com duraco de trés anos, para gradua- dos em Filosofia ou Pedagogia. Destaque deve ser dado a figura de sua idealizadora, que foi ndo apenas uma das pioneiras da Psicolo- gia no Brasil ¢ formadora de geragdes de psicdlogos paulistas, mas também uma combativa defensora da democracia € dos Direitos Humanos, atividades estas jamais separadas de sua pratica psicolé- gica ¢ educativa. Em 1946, foi criada a Universidade Catdlica de Séo Paulo, um ano depois elevada a condi¢ao de Pontificia Universidade Catdlica de So Paulo ~ PUCISP, na qual Ana Maria M. de Morais foi nomea- da catedratica de Psicologia Educacional e da Crianca. Nesse mes- ‘mo ano, Maria José Peters assumiu a cétedra de Psicologia Educe- cional € Orienta¢ao Profissional na PUC/SP-Campines. Em 1950, foi criado o Instituto de Psicologia da PUC/SP ~ Ippuc/SP, dirigido or Enzo Azzi e contando com a colaboraedo de Ana Maria Poppovic, diretora da clinica psicolégica af instalada em 1959. Nesse mesmo ‘ano, a Faculdade de Filosofia Séo Bento, com Enzo Azzi, Aniola Ginsberg, Ana Maria Popovic e Aydil Ramos, organizou cursos de especializago em psicologia clinica, educacionel e do trabalho; em 1962, essa institui¢ao também elaborou e organizou seu curso de graduagao em Psicologia. A Faculdade de Psicologia da PUCISP foi formada com a jun¢ao dos cursos da Faculdade de Filosofia So Bento e do Instituto Sedes Sapientiae. Relacionado ao ensino catélico, a Companhia de Jesus, em 1941, prescreveu o ensino de Psicologia Experimental, Na Faculda- de Pontificia de Filosofia do Colégio Maximo Anchieta, da referida ordem, 0 padre Henrique Lima Vaz assumiu 0 ensino de Psicologia. No Rio de Janeiro, entéo Distrito Federal, o Instituto de Psico- logia foi um dos pioneiros no ensino dessa disciplina, contando com figures que posteriormente assumiram essa tarefa nas universida- des. A Universidade do Brasil instalou a disciplina Psicologia nos trés primeiros anos do curso de Filosofia, tendo Nilton Campos como | [APSICOLOGIA NO BRASIL NO SECULO XX on seu catedrético de Psicologia e de Psicologia Educacional, cétedra esta assumida, em 1939, por Lourenco Filho. Nilton Campos tam- bém lecionou na Faculdade Nacional de Filosofia, a qual contou ainda com os estrangeiros Etienne Sourlau e André Ombredane. ‘A Universidade do Distrito Federal teve a colaboragéo de Etienne Souriau, sendo Plinio Olinto 0 professor de Psicologia. Em Minas Gerais, Helena Antipoff teve participagaio funde- mental na implantaggo de cétedras de Psicologia em cursos supe- riores, criando a cadeira de Psicologia Educacional ne Universidade de Minas Gerais e na Escola de Filosofia de Minas Gerais, em 1948, assumida por Pedro Parafita Bessa, Em 1958, a Universidade Caté- lica de Minas Gerais instituiu 0 curso de Psicologia. Na Universidade do Rio Grande do Sul, em 1950, Décio de Souza criou a cadeira de Psicologia no curso de Medicina, tendo sido um dos pioneiros na area nesse estado. Em 1954, a PUC de Porto Alegre deu inicio ao curso de Psicologia, ‘Também aparecem referéncias ao ensino de Psicologia em ‘outros cursos superiores: Escola Livre de Socialogia e Politica de So Paulo (com a presenca de Durval Marcondes, Raul Briquet, Aniola Ginsberg, Betti Katzenstein e Lourdes Viegas); Faculdades de Medicina (Rio de Janeiro, com Nilton Campos; Ribeiro Preto, que criou um departamento de Psicologia Médica; Rio Grande do Sul, com Décio de Souza; além de outras); cursos de Enfermagem; Escola Nacional de Educacao Fisica @ Desportos (com Nilton Campos); Escola de Economia e Direito (com Pinio Olinto e André Ombredane); cursos de Servico Social, etc. Orgdos governamentais também patrociraram cursos espe- clais de Psicologia, como 0 Departamento de Administracao do Ser- vigo Piiblico ~ Dasp (com Lourengo Filho Mira y Lopez); o Ministé- rio da Guerra (curso de classificacdo de pessoa, com programa de Peicologia Aplicada) e a Aerondutica (que criou uma cadsira de Psi- cologi: E indubitavel o proceso de expansao do ensino de Psicologia no Brasil nesse perfodo, o que demonstra o preniincio e a criagdo das bases para os futuros cursos dessa drea, expresso da forma- 980 profissional do psicélago em bases institucionais legais. 128 HISTORIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL: NOVOS EsTUDOS Aplicagao A aplicacao da Psicologia aparece em seguida, demonstrando que sua profissionalizacao vinha sendo gestada com a ampliacao cada vez maior de seu campo de atuacao, abrangendo a Educacao {dando continuidade tendéncia do periodo anterior), a aplicago A organiza¢ao do trabalho (incluindo diversas instituigbes que deman- davam os servicos prestados pela Psicologia) e a clinica (que esbo- ¢gava sua autonomizacéo em relacao a Medicina e que foi aos pou- cos conquistando um espa¢o que se ampliaria significativamente no futuro préximo). Deve-se destacar que muitas das aplicacées & ‘organizacéo do trabalho @ a clinica tiveram suas origens em conhe- cimentos, préticas @ demandas relacionados Educacdo. A distribuigdo das referéncias por campo de atuago demons- ‘ra que, com exceedo das producses psicoldgicas de carater geral, a Educaeao ¢ o campo que apresenta a maior quantidade de produ- ‘¢80, mantendo de certa maneira a tendéncia ja verificada no perio- do anterior, embora seja evidente a ampliaco dos campos do atuacao do psicélogo em geral. Isso 6 reforgado pelo fato de que muitas produgSes consideradas pertinentes ao campo do trabalho guardam estreita relac3o com a Educacao, sobretudo aquelas rela- cionades & orientago profissional, geralmente tratadas no &mbito da orientagao educacional, tendo esta tiltima sua base teérica na Psicologia, assim como so desta as técnicas de que se valem, em especial a psicometria. Muitos foram os trabalhos realizados em Educagao, dentre os {queis: as atividades realizadas no Servico de Psicologia Aplicada do Instituto Pedagdgico da Diretoria de Ensino de S80 Paulo, sob a responsabilidade de Noemi Silveira; a funda¢éo da Sociedade Pes- talozzi de Minas Gerais, em 1932, por Helena Antipoff, inauguran- do 0 atendimento educacional aos portadores de deficiéncias em escala mais ampla; a cria¢ao de uma “Escola para Anormais” no Sanatério de Recife, em 1936, por Ulysses Pernambucano; a fun- dago do Inep, no qual foram implantadas segées de selegio e orientacao profissional e psicologia aplicada; a instalaco da Clinica de Orientaco Infantil/Se¢o de Higiene Mental da Diretoria de Sau- de Escolar da Secretaria de Educacéo de Séo Paulo, por Durval Marcondes, ¢ a Clinica de Orientaco Infantil do Rio de Janeiro, sob @ responsabilidade de Arthur Ramos, ambas em 1938. Houve, em 1940, a funda¢ao da Fazenda do Rosério, por Helena Antipoff, com ‘A PSICOLOGIA NO BRASIL NO SECULO Xx 129 1 finalidade de educar criangas da zona rural, além de criancas “ex- cepcionais” e “abandonadas”, com base num método centrado na atividade esponténea da crianga; em 1944, foi institucionalizado 0 Departamento Nacional da Crianga @ fundada a Sociedade Pesta: lozzi do Brasil, e ambas as institui¢des contaram com a participagéo ativa de Antipoff; em 1947 foi criado o Instituto de Selegio © Orientag&o Profissional — Isop/FGV, que se dedicava também & orientagao educacional e profissional. Popovic desenvolveu traba~ Ihos com “criangas abandonadas” no Abrigo Social de Menores da Secretaria de Bem-Estar Social do Municipio de $80 Paulo, cabendo aos psicélogos também colaborar no planejamento educacional; foi ela também a responsdvel, em 1953, pela criagdo e a organizagao da Sociedade Pestalozzi de Sao Paulo; no Ippuc/SP, sob a direcdo de Poppovic, realizaram-se servicos de medidas escolares, pedago- gia terapSutica e orientacdo psicopedagégica, ‘Muitas das atividades acima rolatadas tém interfaces explici- tas com atuagdes no Ambito do trabalho e da clinica. Além disso, muitas instituicdes estritamente educacionais desenvolviam traba- ihos relacionados & Psicologia. E possivel dizer que, ao largo do que vinha ocorrendo especificamente no interior da Psicologia, a Educa~ 0 continuou sendo um terreno sobre o qual os conhecimentos @ a prética psicolégica se desenvolveram significativamente, sobretu- do como sustentagao tedrica da Didética ¢ da Metodologia de Ensi- no, bases para a formago de professores. Esta tendéncia explic! tou-se mais claramente em experiéncias como as da Escola Experi- mental da Lapa e as dos Gindsios Vocacionais em Sao Paulo; além disso, 0 ensino nas Escolas Normais e nos cursos de Pedagogia (durante e depois desse periodo) dava a Psicologia um significative espago em seus curriculos. ‘Outro elemento que se mostra com clareza 6 0 nimero signi- ficativo de referéncias & aplicagao da Psicologia na organizaco do trabalho. Esse fato pode ser interpretado come relacionado ao de- senvolvimento do processo de industrializacdo do pals, sobretudo hum perfodo em geral dominado pela ideologia do “nacional-desen- volvimentismo”, caracterizado pela intervengac do Estado na eco- nomia, com a meta de substituir importagdes. Esse fato, de certa maneira, 6 confirmado pelos dados, pois muitas referéncias a apli- cago da Psicologia ao trabalho ocorreram em instancias do poder ptiblico (principalmente pelo governo federal) ou sob sua influéncia. Vale reiterar a relagao estabelecida entre Educacao ¢ trabalho, pois 120 HISTORIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL: NOVOS ESTUOOS muitas realizagdes, como jé apontado aqui, estiveram diretamente ligadas 4 orientacao profissional, inseridas nas preocupacées de cunho educacional, assim como muitos de seus autores tinham sua crigem, formacdo ¢ dedicacdo voltadas a essa érea. Acrescenta-se a isso 0 fato de que muitas referencias dizem respeito também a sele¢ao profissional, atividade osta que se revestia de grande portancia numa estrutura social que se preocupava especial- mente com a racionaliza¢ao do trabalho, uma das bases da “moder. nidade”, cultuada pelas elites intelectuais, pollticas e econémicas brasileiras. Uma das figuras mais relevantes na aplicagao da Psicologia as quest6es do trabalho foi Roberto Mange, figura nao apenas pionei- ra, mas também um de seus maiores divulgadores e formadores de novos quadros na area. Foi ele pioneiro no uso de testes para fins de selecdo de pessoal, com o trabalho realizedo no Liceu de Artes e Oficios de S40 Paulo, na década de 1920, utilizando-se dos testes de Giese. Realizou estudos e estendeu para varios setores a aplica- 40 da Psicologia, incluindo a implantago da érea no Idort (com a colaboraco de Aniela Ginsborg 0 Betti Katzenstein); criou o Centro Ferroviério de Ensino e Selecao Profissional - CFESP, um dos cen- tros de difusao da psicologia industrial; criou a Comisséo de Psico- técnica da Associacao Brasileira de Engenharia Ferrovigria, assim como 0 Boletim de Psicotécnica da referida associagdo; implantou © Servico de Psicotécnica e respectivo laboratério no Servico Na- cional da Industria - Senai e no Servigo Nacional do Comércio Senac, neste ultimo com a participagao de Leon Walther Outra figure de particular importéncia foi Emilio Mira y Lopez, que dirigiu 0 Isop/FGV, criado em 1947. AV trabalharam médicos, psicdlogos e estatisticos, foram realizados exames de orientacao educacional ¢ profissional, sele¢do de pessoal para empresas priva- das e pdblicas, além da produedo de pesquisas ¢ formacéo de espe- cialistas na area. Com a assessoria de Mira y Lopez, o trabalho dese Instituto estendeu-se para outros estados, como Behia ¢ Mi- nas Gerais. Foi ele um produtivo profissional da Psicologia, tendo Publicado ume vasta obra escrita, participado de muitos congres- 808, assessorias ¢ consultorias, abrangendo nfo apenas o Brasil, mas vérios outros palses da América e da Europa. Muitos dos traba- lhos que Mira y Lopez criou e implantou exercem ampla influéncia até hoje, como 6 0 caso da utlizagéo do Psicodiagnéstico Miociné- tico = PMK, teste de sua autoria. [APSICOLOGIA NO BRASIL NO SECULO Xx 131 © governo federal e os estaduais foram, direta e indiretamente {como nos casos do Isop/FGV, Senai, Senac, etc.), incentivadores, produtores e usuarios dos servigos prestados pela Psicologia. Isso pode ser visto nas realizagdes a seguir: instalago de um setor de seleco profissional, em 1936, pela Comisséo do Servigo Pablico Civil, do governo federal; em 1938, 0 Dasp instalou uma divisdo de selegio de pessoal, com participagao de Lourergo Filho; 0 Instituto de Psicologia, no Rio de Janeiro, realizou servigos de selecao de diplomatas de candidatos aos postos de escritério para o Instituto de Previdencia e Assisténcia Social; 0 Ministério da Marinha criou um servigo de selegao psicotécnica naval; a Estrada de Ferro Cen- tral do Brasil instalou um servico de selecdo profissional, em 193 a Estrada de Ferro Central do Brasil instalou um servigo de selecdo profissional em 1939; em So Paulo, a Policia Militar criou um ser- vigo de psicotécnica e, em 1952, foi criado o Centro Coordenador das Atividades de Orientagao, que deveria coordenar as diversas instituigdes de orientagao profissional. Além disso, 0 Setor de Psicologia Aplicada da Faculdade de Ciéncias Econdmicas e Admi- risteativas da USP realizou pesquisas e projetos de intervengo em pracessos de selecdo. (Os dados demonstram uma preponderancia de instituicées publicas na base das atividades desenvolvidas em Psicologia. No que diz respeito a esse aspecto, sem duvida a investida estatel aparece com @nfase na organizacao do trabzlho, pela selegdo © orientagao profissional; deve-se reiterar que o nimero poderia ser maior se fossem consideradas como piblicas algumas instituicdes ‘como Senai e Senac, financiadas parcialmente pelo poder publico. Mais uma vez, a relagéo entre as diretrizes estabelecidas pela pol tica econémica, de cardter nacional-desenvolvmentista, em busca do incremento do proceso de industrializagao e da racionalizagao de sua administragao, veio encontrar na Psicologia um cabedal de conhecimentos titeis para seus propésitos, além de mais uma vez demonstrar a presenga direta e marcante do estado na economia € nos meios para sua efotivagéo, na medida em que investia direta- mente no desenvolvimento de uma 4rea de saber que Ihe propor cionava um conjunto de técnicas e conhecimentos necessérios para a concretizaggo de seus projetos. ‘A meioria das referéncias no campo da slinica situa-se mais ro final do perfodo, demonstrando que essa modalidade de atua¢ao 6 mais recente na Histéria da Psicologia no Brasil. 132 HISTORIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL: NOVOS ESTUDOS. Uma parte das realizagdes no campo da clinica esté relaciona- da 4 Medicina, sem que a Psicologia apareca de maneira explicita ‘como érea autonoma de conhecimento; em outras palavras, sua Presenca mais se aproxima da idéie de que é ela um aporte ou elemento subsidisrio da érea médica. Nessa perspectiva dominada Por médicos, podem ser destacadas as seguintes realizages: em 1932, a Liga Brasileira de Higiene Mental propos ao Ministério da Educago e Satide Publica a presenca obrigatoria de gabinetes de Psicologia em clinicas psiquidtricas e, em 1936, foi criado 0 Labora- tério de Biologia Infantil, sob a direco de Leonidio Ribeiro, cujas finalidades eram estudar os determinantes fisicos @ mentais da cri- minalidade juvenil e desenvolver técnicas para seu tratamento. Essa idéia ¢ reforcada pela resisténcia dos médicos, mais tarde, regula- mentaedo da protissdo de psicélogo com atribuigao clinica, além de outras investidas posteriores. Muitas das primeiras realizagées que podem ser considerades como eminentemente do campo da psicologia clinica tiveram sua origem em preocupacées de natureze educacional. Dentre estas, os id citados servigos de orientagao infantil, sob a direcdio dos médicos Durval Marcondes e Arthur Ramos, respectivamente, com a finali- dade de atender criangas que apresentavam problemas escolares; ‘embora vinculados as demandas educacionais, esses servigos po- dem ser considerados como iniciativas de caréter clinic. Numa perspectiva de natureza bem mais préxima a Psicologia, foi criado, em 1946, 0 Centro de Orientaco Infantil, do Departamento Nacio- nal da Crianga, subordinado ao Ministério da Educagéo e Satide Publica, com servicos de psicologia clinica, contando com a colabo- ragao de Helena Antipott, Mira y Lopez e Reba Campbell. O mesmo pode ser afirmado a respeito da Clinica Psicolégica do Instituto Sedes Sapientiae, em cuja origem estava a preocupacéo também com 0 atendimento de criangas que apresentavam problemas esco- lares. Nessa linha, podem ser incluidos os trabalhos de Ana Maria Popovic, dentre os quais: sua atuagao no Abrigo Social de Meno- res, tendo como tarefa a realizacao de psicodiagnésticos; o traba- tho na Clinica Psicolégica da Sociedade Pestalozzi de So Paulo; Sua participacao na instalagao da Clinica Psicol6gica do Instituto de Psicologia da PUC/SP, a qual, a convite de Enzo Azzi, ela viria tam- bém a dirigir. Acrescenta-se a isso que, em 1956, foram criadas Clinicas psicolégicas pela Prefeitura de Séo Paulo, APSICOLOGIA NO BRASIL NO SECULO Xx E importante notar que as atividades cliricas empreendidas por profissionais formados na drea da Educagao constituiram-se bases para o ensino de Psicologia tendo em vista a formagao clinica, ¢ as instituigGes que acolheram essas atividades foram as bases para o enraizamento desse campo de atuacdo em nossa realidade. Aqui, mais uma vez, fica patente a presenca mar- cante da Educagao no proceso de desenvolvimento da Psicologia no pais, uma vez que demandas educacionais estiveram no ceme daquilo que viria mais tarde a constituir-se como campo especifico de atuagéo do psicdlogo, assim como seus desdobramentos em formas variadas de intervencéo. Estudos ¢ pesquisas No que se refere & pesquisa, a presenga da Educacgo é tam- bém bastante significativa, reforcando a tendéncia demonstrada em outras modalidades de producao da Psicologia no Brasil. Nesse pla- no, podem ser destacadas as seguintes institui¢des, as quais se dedicaram a pesquisa em psicologia educacional: Instituto de Edu- cago do Rio de Janeiro; Escola de Aperfeicoamento de Professo- res de Belo Horizonte; Isop de Recife; Laboratério de Psicologia Educacional do Instituto de Educaco (evolucao do Instituto Peda- gogico de Sao Paulo); Nuicleo de Pesquisas Educacionais da Munici- palidade, no Rio de Janeiro; Instituto Nacional de Surdos-Mudos; Instituto de Educagao de Porto Alegre; Escola Normal da Bahia e Universidade da Bahia; Escolas Normais do Estado de Sao Paulo Centros Regionais de Pesquisas Educacionais - CRPE; que se so- mavam ao que se produzia nas universidades, por suas catedras de Psicologia, ‘As pesquisas relacionadas as questées do trabalho estavam muito articuladas as finalidades de aplicago pratica mais imediata, envolvendo em geral estudos sobre selecao e crientaco profissio- nal. Mais uma vez, Roberto Mange e Mira y Lopez aparecem com destaque nesse campo, assim como as seguin:es instituig6es: Es- trada de Ferro Sorocabana, Senai; Senac; CFESP; Escola Livre de Sociologia e Politica de S4o Paulo; Dasp; Faculdade de Ciéncias Econdmicas e Administrativas da USP ~ Setor ce Psicologia Aplica- da e lsop/FGV. Numa perspectiva mais geral de Psicologia, podem ser lem- brados 0 Instituto de Psicologia, herdeiro do Laborat6rio da Col6nia

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