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Numa monarquia absolutista, o rei tinha com seus sditos uma relao
marcada pelo princpio da fidelidade: todos, sem exceo, deviam
obedincia e respeito ao monarca e seus representantes. Estes possuam a
prerrogativa de julgar e legislar ao invocar a mera vontade do soberano.
Isso quer dizer, claro, que questionar publicamente o desejo do monarca
ou de seus agentes poderia ser considerado por si s um crime passvel de
punio, como pde ser visto durante o reinado daquele que
considerado o expoente mximo do absolutismo: o monarca francs Lus
XIV (1638-1715), cognominado como o Rei Sol. Durante seu reinado, ele
concederia prmios em dinheiro e incentivos fiscais burguesia de modo
a favorecer as manufaturas, e aplacaria a influncia da nobreza ao
distribuir favores, penses e empregos na sede da corte dos Bourbon em
Versalhes, onde viveriam milhares de aristocratas subordinados a ele.
Deste modo, Lus XIV obteve sucesso em controlar ambos os grupos
sociais.
Lus XIV da Frana, o Rei Sol. Pintura de Hyacinthe Rigaud (1701).
Nesta poca, surgiriam teorias polticas que justificavam tamanho poder.
A primeira apareceria ainda no sculo XVI, na obra A Repblica, do francs
Jean Bodin (1530-96). Esses escritos defendiam que o fortalecimento do
Estado, gerando uma soberania inalienvel e indivisvel por parte do
soberano, era a nica maneira realmente eficaz para se combater a
instabilidade poltica. Essa linha de pensamento seria complementada
por O Leviat, do ingls Thomas Hobbes (1588-1679), que afirmaria que o
rei no deveria justificar seus atos perante ningum. Mas seriam as ideias
do bispo francs Jacques Bnigne Bossuet (1627-1704) que se provariam
mais influentes para o regime absolutista. Em sua obra A poltica inspirada
na Sagrada Escritura, ele apresenta a origem da realeza como divina. O
monarca seria o representante de Deus na Terra, e, como tal, suas
vontades seriam infalveis, no cabendo aos sditos question-las. Essas
ideias formariam a base da doutrina poltica oficial do absolutismo
francs, sendo conhecidas em seu conjunto como a teoria do direito
divino dos reis.