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Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV)

Laboratório de Educação Profissional em Atenção à Saúde (Laborat)

RELATÓRIO – SEMINÁRIO CLÍNICA

Regis Vinicius Silva da Gama Ferreira


Convidada: Simone Delgado

Meu resumo não esta em ordem cronológica, mas na ordem que os fatos
tiveram relevância para mim, mas espero que isso não confunda o leitor.
Uma questão de grande relevância seria pensar a criação de um dispositivo
que seja intermediário entre a internação e livre. Insisti-se muito nesse sentido
tanto na necessidade de criação como o modelo que seria usado nesse
possível dispositivo. Citam a Casa de Passagem, mas não consideram essa
como o modelo pensado. Por sua vez podemos não crer nesse caminho e
falamos sobre a capacitação de hospitais gerais para recepção de pacientes
em crise e ficamos nesse impasse sobre a melhor proposição. Na esteira
dessa questão pensou-se também a possibilidade de usar os CAPs de
complexidade 3, os que possuem leitos, mas não chegamos a um consenso
sobre isso e nem porque o governo não discutiu e não ventila essa
possibilidade. Nessa conversa também apareceu o dispositivo criado em Minas
Gerais para lidar com casos de emergência que demandam internação, mas
com uma curta permanência. Ficou só a necessidade de buscar mais
informações de como mais precisamente funciona esse dispositivo.
Simone Delgado falou sobre os hospitais gerais e o preconceito existente
quanto aos usuários de álcool e drogas. Simone comenta sobre a dificuldade
de se conseguir atendimento para um sujeito que possui outras questões
médicas para além do uso abusivo de drogas. Ela fala da dificuldade de acesso
nessa situação imaginando que será muito mais complicado quando tentarmos
internar uma pessoa “só” pelo problema com álcool e drogas. Relata que
quando recorre ao hospital geral à conversa se encaminha bem até o momento
que ela coloca o uso de drogas pelo paciente. Isso deixa clara a reivindicação
da capacitação de profissionais no hospital geral para lidar com isso e essa
capacitação passa pela desconstrução de valores morais para que comecemos
a tolerar para quem sabe mais tarde respeitarmos essas pessoas.
Outra questão que surgiu foi sobre o uso ou não de drogas dentro do CAPs, se
o paciente pode chegar “chapado” ao dispositivo e pensando também numa
área de livre consumo que já existe em alguns países na Europa, mas não no
Brasil. Sobre a primeira questão fica posto a necessidade de por um limite e
mostrar que aquele é um espaço de tratamento, mas se redução de danos é
uma forma de tratamento por que não o consumo em partes específicas dentro
do dispositivo? Existe uma demanda dos usuários do dispositivo que se
incomodam com o uso de drogas e por isso pediram a não permissão para o
uso. Mas chegar entorpecido é permitido. Isso incomoda, agride, mas respeita
a noção do espaço de tratamento, porém como não criar uma relação de
acolhimento sempre nesta mesma situação, isto é, gerar uma repetição desse
comportamento?
Cecília traz uma questão muito importante sobre a estruturação de nossos
dispositivos e faz uma comparação sobre sua experiência numa visita a um
projeto em Montreal que preconiza o trabalho com insumos, metadona. Mas o
importante é falar da especificidade de um serviço que não conta com muitos
especialistas, entretanto com uma estrutura que consegue dar suporte aos
imprevistos que acontecem ou que conseguem prever essa variabilidade de
situações que possam surgir. No caso do Brasil a falta de estrutura faz com
que exista uma demanda por especialistas que possam o tempo inteiro dar
conta dos imprevistos, isto é, criar forma de lidar com aquilo que se produz no
encontro desses pacientes com dispositivos que possuem uma baixa infra-
estrutura no que diz respeito a investimentos do governo no espaço físico e em
capacitação de profissionais que não necessariamente tenham formação
superior. Falamos da dificuldade de instalação desse dispositivo e como o
governo faz uma série de exigência que são difíceis de cumprir, pois se não
oferece um dispositivo que cumpre com os requisitos do governo não vai
receber investimento do governo federal, já que os CAPs pertencem à instância
municipal.
Na questão de qual instancia dessas deve tomar conta dos dispositivos a
proximidade e a micropolitica é que podem dar conta e por isso devemos
manter em nível municipal até porque seria inconcebível a formação de uma
rede em nível estadual, mas no Rio isso acontece e mais do que isso, alguns
dispositivos do governo tem uma visada religiosa. Principalmente aqueles do
período do governo Anthony Garotinho.
Uma questão bem específica e o processo envolvendo os médicos que viam
com muita dificuldade o tratamento que não seja pela via medicamentosa, mas
isso esta numa mudança cada vez mais acelerada e mostra-se importante para
não entrar num sistema de substituições de drogas ilegais ou legais por
aquelas com prescrição médica
O acolhimento da demanda de tratar de crianças e adolescentes que fazem
uso de drogas e muito grande e a produção de estratégias de suma
importância. Por exemplo, o fato deles não procurarem o serviço demanda uma
equipe que vá até eles, mas essa equipe por sua vez é desautorizada muitas
vezes por um governo ainda moralista mesmo estando dentro da lei. Essa
clínica com crianças e adolescentes nos convoca a ficar atento as pequenas
possibilidades, já que, a droga muitas vezes não aparece no discurso.
Sobre a clínica com álcool e outras droga podemos fazer uma pequena
separação para falarmos de coisas especificas de cada uma delas. Vou citar
algumas especificidades de cada uma. No alcoolismo temos uma grande
adesão, uma idéia de que a solução é a abstinência, uma história bem
marcada sobre as motivações e as marcações sobre o uso e um discurso
fortemente moralista enquanto nas outras drogas temos uma forte não adesão
ao tratamento, a necessidade do trabalho baseado na redução de danos, uma
história de vida perdida assim como um discurso esvaziado de desejo ou
motivações para vida.
No que tange ao publico alvo dos CAPs fica clara a presença de alcoolistas de
idade mais avançada e usuários de outras drogas cada vez mais novos e fica
posta a questão de quais atravessamentos são produzidos nesses encontros,
quais são os efeitos positivos e negativos e o que fazer com isso.
O abandono do CAPs pelos pacientes é sempre visto como algo de ruim, algo
como uma derrota. Talvez na maioria das vezes seja isso mesmo, mas por que
não enxergar isso como algo natural? Natural o fato de muitas vezes não dar
certo mesmo. O fato que nem sempre fazendo melhor vamos obter êxito nos
resultados.
Muito importante e tema chave do nosso projeto e o sujeito marcado com o
estigma de ser drogado, isto é, reduzimos a forma de existir ao consumo
excessivo de droga. Isso leva a clínica pensar em deslocar o sujeito desse
lugar o fazendo se tornar cidadão a fim de que em seu discurso entre alguns
valores como cidadania, dignidade e assim possam aparecer outras questões
que normalmente escapam pelo olhar fixo que nos e os próprios usuários tem
de si mesmos.

A clínica com álcool e drogas possui vários dispositivos e ferramentas que auxiliam no
enfrentamento e no entendimento desse problema que atinge a sociedade. As que
mais se destacam são: grupos de mútua-ajuda, programa de redução de danos
comunidades terapêuticas.

Uma das potentes ferramentas que dispomos para isso é a política de redução de
danos. Farei uma pequena linha no tempo para citar onde começou esta prática. O
trabalho com redução de danos começou na Inglaterra na década de 20, um trabalho
que visava à abstinência num processo que levava em consideração a síndrome de
abstinência para prescrição da droga. A grande questão é que num certo momento
ficou clara a impossibilidade de alguns pacientes de terem uma vida normal sem a
droga e assim o governo autorizava o uso continuo.

Essa prática teve uma nova impulsão com o surgimento da AIDS na década de 80, pela
tentativa de combate a contaminação pelo uso de seringas contaminadas através da
troca por novas resultou numa diminuição do consumo de drogas injetáveis. Além
disso, houve a produção de outras formas de redução, como a regulamentação (ou
controle?) do uso de drogas em lugares específicos, prescrição médica de metadona e
heroína, implantação de abrigos, centros de urgência, narcossalas, maquinas que
fornecem seringas e auxilio na busca de emprego.

No Brasil o primeiro programa surge em Salvador em 1995, posteriormente em POA no


ano de 1996 e hoje existe em 23 municípios.

A redução de danos é muito mais do que a troca de insumos hoje em dia. Ela passou a
ser olhada pelos seus princípios que são respeitos aos usuários, sua demanda e seu
tempo. A flexibilidade é questão de ordem no contato com os usuários que se
presentificam no estabelecimento, facilitar o acesso, estimular a ida ao serviço,
utilização de propostas diversificadas e construídas caso a caso e rede social.

A redução de danos aproximou o contato com os usuários, o dar voz aos usuários
excluídos e problematizando fatores de risco: Publicidade, imperativos de consumo, o
rompimento de laços, o moralismo, preconceito social e a criminalização.
Um dos grandes detalhes da redução de danos é que com o contato com os redutores
ou os AT e possível retornar um olhar de desejo voltado aos usuários de drogas, a
construção de uma ponte entre o sujeito e o laço social (significações de laço) e o
questionamento de consensos.

O trabalho do redutor é de extrema importância, pois esse se insere na comunidade,


orienta e acolhe as demandas surgidas no contato com esses pacientes. Além de barrar
a relação dual entre o usuário e a droga. Outra função importante seria a recuperação
da história desse sujeito, reconhecendo suas queixas, necessidades e demandas. A
redução de danos pode dar a falsa idéia de que a proximidade aliada a pouca exigência
levariam o sujeito a não construção de vinculo o que se mostrou equivocado, já que, o
respeito ao espaço permiti ao usuário não se sentir invadido. Importante também é a
tentativa de se implicar ou mudar o tipo de implicação do sujeito em seu discurso, em
seus atos e seu laço social e assim levando ao tratamento.

No que diz respeito aos profissionais PSI diante desse novo paradigma existe a
necessidade de marcar uma diferença de ação com mais importância ao que é viável
do que ao ideal de saúde. A redução de danos nos permite um maior contato com
diferentes instituições e assim fazendo um debate sobre drogas de um ponto de vista
ético e respeitando a subjetividade.

Os instituições que lidam com dependência química, em sua maioria, sempre operam
com resposta do ponto de vista judicial ou de saúde. No primeiro basta punir enquanto
o segundo oferece uma infinidade de modelos de intervenção. De toda forma estes não
são tão eficientes e então cabe perguntar se o problema são os usuários ou nós que
temos uma vontade enorme de curar os sujeitos? Dessa forma acabamos por
potencializar a produção de fracassos e exclusão de sujeitos que não se enquadram no
processo, especialmente aqueles que tentam a abstinência.

O campo das drogas se mostra muito complexo por envolver variáveis como: a forma e
relação do usuário com a droga, as disciplinas que se ocupam dessa temática, exclusão
social, entre outros.

A exclusão social se configura como um problema de, já que, dessa forma fica
impossibilitado o acesso dessas pessoas de fazerem usufruto dos serviços que são
postos a disposição dos usuários. Então a reinserção é fundamental para funcionar o
processo, o tratamento. Como fazer essa reinserção é uma questão que é trabalha com
os agentes comunitários que assim como os redutores fazem essa aproximação.

As instancias que tratam da questão álcool e drogas já parte de consensos sociais e


assim impede o acolhimento do sujeito na sua demanda singular. Essas mesmas
instanciam promovem saber sobre esse sujeito, mas é impossível pensar esse tema sem
fazermos uso da transversalidade e assim compartilharmos pressupostos sem fazermos
reducionismos. Porém esse saber deve ser construído a partir da pluralidade e por isso
sendo fraturado para uma construção que vá ao caminho inverso ao normativo. Então
é de suma importância discutir limitação das práticas PSI

Através dessa transdisciplinaridade foi possível promover o deslocamento do sujeito


que passa de usuário de drogas para usuário de drogas e cidadão e assim consegue se
falar de questões como responsabilidade, liberdade de escolha, descriminalização,
diversidade na modalidade de atendimento, etc.

Essa transdisciplinaridade fica posta com a clínica ampliada que vem para dar conta
das limitações da clínica. Mas o que seria clínica ampliada? Clínica Ampliada busca se
constituir numa ferramenta de articulação e inclusão dos diferentes enfoques e
disciplinas. A Clínica Ampliada reconhece que, em um dado momento e situação
singular, pode existir uma predominância, uma escolha, ou a emergência de um
enfoque ou de um tema, sem que isso signifique a negação de outros enfoques e
possibilidades de ação.
Outro aspecto diz respeito à urgente necessidade de compartilhamento com os
usuários dos diagnósticos e condutas em saúde, tanto individual quanto coletivamente.
Quanto mais longo for o seguimento do tratamento e maior a necessidade de
participação e adesão do sujeito no seu projeto terapêutico, maior será o desafio de
lidar com o usuário enquanto sujeito, buscando sua participação e autonomia em seu
projeto terapêutico.
No plano hospitalar, a fragilidade causada pela doença, pelo afastamento do ambiente
familiar, requer uma atenção ainda maior da equipe ao usuário. O funcionamento das
Equipes de Referência possibilita essa atenção com uma responsabilização direta dos
profissionais na atenção e construção conjunta de um Projeto Terapêutico Singular.
Pressupostos:
1. Compreensão ampliada do processo saúde-doença 2. Construção compartilhada dos
diagnósticos e terapêuticas 3. Ampliação do “objeto de trabalho” 4. A transformação
dos “meios” ou instrumentos de trabalho 5. Suporte para os profissionais de saúde
Existe uma predominância aos cuidados psicossociais, que visam sustentabilidade da
existência e o reconhecimento em uma reinserção social como um resgate de direitos,
em detrimento da clínica. Se isso é bom ou não é difícil dizer.

Em saúde mental é invertido a questão da complexidade. O mais complexo não é o que


esta dentro das instituições e sim aquilo que esta fora. Isso mostra que a construção de
um laço como de fundamental importância para o tratamento
CLARISSE

Discussão

Seminário Clínica

O seminário apresentou informações sobre redução de danos, uma das estratégias


adotadas pelo serviço de saúde, atitude que permite um maior contato com os pacientes,
sendo o tratamento desenvolvido observando-se as particularidades do sujeito em questão
(historia de vida, família, trabalho), oferecendo uma alternativa de tratamento que não tenha
por fim único à abstinência, mas que acima de tudo promovam os cuidados necessários para
manutenção da saúde do individuo.

Os relatos sobre a estrutura e as práticas desenvolvidas nos caps e nas demais


unidades de tratamento da rede de saúde nos mostrou um quadro de diversidade de perfis
dos usuários que deve corresponder a uma diversidade de propostas. E modelos de
atendimento.

Não devemos ver a redução de danos como solução para todos os problemas, ela é
mais uma estratégia que necessita de divulgação de informações corretas e troca de
experiências. Levando em consideração que o consumo de drogas é questão que deve ser
tratada em uma rede de profissionais e que abarquem os aspectos sociais, econômicos e
clínicos, é nesse sentido que entendo que a psicanálise contribua com a questão, levar em
consideração a constituição social do sujeito para entender as motivações do consumo e as
características do individuo, contribuindo para a mudança da imagem do usuário na sociedade.

O tratamento então, ultrapassa os limites dos cuidados médicos de promoção à saúde,


há agora de se dotar esse indivíduo de instrumentos que promovam sua reintegração na
comunidade para usufruir de seus direitos como cidadão e consiga resgatar seus laços
familiares.

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