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Rio de Janeiro
2008
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Aluno do curso de “Especialização em Políticas Territoriais no Estado do Rio de Janeiro” da UERJ/2008. Endereço
eletrônico: dartherium2007@oi.com.br, rogerdartherium@bol.com.br ou rogerdartherium@yahoo.com.br
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I – Considerações Iniciais:
Este trabalho tem como finalidade apresentar, de forma ampla, como se deu o processo
de organização espacial e territorial do município de Cabo Frio, bem como apresentar as suas
principais atividades produtivas surgidas, não somente no passado, assim como no presente
momento, apoiado em um contexto histórico de longa data oriunda deste município
pertencente à chamada ‘Região Costa do Sol’ (ver mapa 01), de acordo com a Regionalização
Turística do Estado do Rio de Janeiro elaborada por Fratucci apud Marafon e Ribeiro (Org)
(2003, p. 98).
De acordo com o CIDE (Centro de Informações e Documentações Estatísticas) e
apoiada pela proposta metodológica adotada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas) para as Mesorregiões e Microrregiões Geográficas definidas em 1989/1990, a
Cidade de Cabo Frio esta classificada como município pertencente à ‘Região das Baixadas
Litorâneas’ (ver mapa 02) e também como um dos cinco municípios pertencentes ao chamado
‘Blocos Territoriais na Fragmentação Municipal do Estado do Rio de Janeiro’, como cita
Marafon et al. (2005, p. 40).
O Município de Cabo Frio está situado na Região das Baixadas Litorâneas do Estado do
Rio de Janeiro 2. Ocupa atualmente uma área de 403 Km² e tem como limites os seguintes
municípios: ao norte (Casimiro de Abreu), ao sul (Arraial do Cabo), a oeste (Araruama e São
Pedro D’Aldeia) e a leste (Oceano Atlântico). O acesso à Cabo Frio é realizado
principalmente pelas rodovias BR 101, RJ 102 ou RJ 140 (a BR 101 liga a Cidade do Rio de
Janeiro até a cidade de Rio Bonito onde se pode acessar a RJ 124 – a Via Lagos – que liga
este município à São Pedro D’Aldeia e neste instante, o acesso se dá através da RJ 140 que
termina na cidade de Cabo Frio. Outra alternativa é a RJ 106 (a Rodovia Amaral Peixoto). Em
relação ao Índice de Desenvolvimento Humano por Município (IDHM), Cabo Frio é
considerado um município ‘médio’ já que seus números estão assim representados: Em 1991,
seu IDHM era de 0,716, em 1999 era 0,717 e em 2000 esse percentual já chegava em 0,792 –
dados do IDH (FJP/IPEA/PNUD-2004) – de acordo com o CIDE.
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Conforme classificação adotada no I Plano de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado do Rio de Janeiro – I Plan-
RIO, que consta com os seguintes municípios: Araruama, Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Cachoeiras de Macacu,
Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Maricá, Rio Bonito, Rio das Ostras, São Pedro D’Aldeia, Saquarema e Silva Jardim.
(FIDERJ, 1977)
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Descoberto pelo navegador português Américo Vespúcio em 1503 quando este aportou
em uma das praias do lugarejo a qual batizou de ‘Praia de Cabo Rama’, atual ‘Praia dos
Anjos’ onde hoje se situa Arraial do Cabo, Cabo Frio foi habitado – de acordo com o CIDE e
o IBGE – primordialmente pelos tamoios3.
Desta forma, Vespúcio inaugurou a primeira feitoria estabelecida no Brasil e tendo
como seu feitor o colono João de Braga, em 1503. Antes de retornar a Portugal, Américo
Vespúcio deixou construída uma casa de barro coberta de palha e 24 homens para ‘proteger’ o
litoral. E como afirma Massa (1980, p. 23) “... fora de dúvida é que, do acasalamento dele
(João de Braga) e dos 24 homens que o acompanhavam com as índias nativas, nasceu o
cabofriense genuíno”.
Cabo Frio foi palco de lutas sangrentas entre portugueses e aventureiros de outras
nações que procuravam a região com a finalidade de contrabandear madeira (pau-brasil).
Sobre esses conflitos relacionados ao pau-brasil Massa (1980, p. 20) afirma que “Além dos
indígenas (tupis que dominavam principalmente o litoral) e dos portugueses, nossos
descobridores, espanhóis e franceses, notadamente estes se intrometeram nas nossas origens,
‘comercializando’ o pau-brasil...” Mais adiante esse mesmo autor (1980, p. 27) analisa a
primeira e a segunda feitoria surgidas em Cabo Frio: “A primeira feitoria de Cabo Frio,
fundada em 1503, pelo navegador florentino Américo Vespúcio, que permaneceu cerca de 5
meses em Cabo Frio, foi destruída pelos Tamoios. A segunda, em 1615, pelo próprio
governador do Rio de Janeiro, Constantino Menelau. Esta prosperou”.
Os invasores franceses chegaram a se instalar nas terras de Cabo Frio, construindo um
forte, o São Mateus. A expulsão destes aventureiros coube ao português Constantino Menelau
que, em 1615, tendo a contribuição de Mem de Sá, Salvador de Sá e o índio Araribóia, após
várias guerrilhas, assegurou a vitória para Portugal. E, desta forma, iniciou-se a imigração
portuguesa para aquele local, fixando-se na Cidade de Santa Helena (que com a instalação do
município, a cidade passava a se chamar Nossa Senhora da Assunção de Cabo Frio – tendo
sido ponto importante para o desenvolvimento e conquista da parte norte do território
fluminense), atual Cabo Frio, fundada logo após a expulsão dos invasores em 1616.
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Massa (1980, p. 34) endossa essa afirmação quando cita que “Os tamoyos – habitantes mais antigos em Cabo Frio – deram
o nome ao amplo movimento de resistência, conhecido como “A Confederação dos Tamoyos”, à época que
VILLEGAGNON quis fundar, no Brasil, a França Antártica.”
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Como dito anteriormente, Cabo Frio está inserido como um dos chamados ‘Blocos
Territoriais na Fragmentação Municipal do Estado do Rio de Janeiro’ proveniente da
formação da malha municipal do Estado do Rio de Janeiro, que foi construída a partir da
disputa por diversos grupos ligados à política local, sem que no entanto houvesse plebiscito
popular para que os municípios fossem criados ou emancipados, como cita Marafon et al.
(2005, p. 40).
Até o século XIX o ‘braço escravo’4 contribuiu na vida econômica do Município,
quando este cegou a ser chamado de “Celeiro da Baixada Fluminense”, fato esse ocorrido até
a abolição da escravatura, quando o mesmo sofreu um profundo colapso no setor econômico,
somente voltando a ser redescoberto com o impulso turístico e as indústrias extrativas do sal,
da pesca e do turismo, sobretudo após a implantação da rodovia e da estrada de ferro, hoje
desativadas, que são a base da economia local atual – que será melhor abordada mais adiante.
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Neste momento da história, a economia cabofriense baseava-se na agricultura, apoiada maciçamente, pela mão-
de-obra escrava.
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Cabo Frio fazia parte da Capitania de São Vicente (ver mapa 03) e sua formação está
ligada ao processo de ocupação do litoral brasileiro e como cita RAHY apud Marafon et al.
(2005, p. 42) “Apesar de ser considerado como um dos principais pontos dispersores de
população no início da colonização, Cabo Frio e sua área de entorno tiveram economia pouco
dinâmica e foram uma “área de passagem” entre a Guanabara e a planície campista até a
segunda metade do século XX, quando a implantação da Cia. Nacional de Álcalis e a
especulação imobiliária garantiram novas perspectivas de desenvolvimento à meso-região em
que está inserida”.
Ao que se refere ao processo de ocupação do município de Cabo Frio Marafon (Ibidem,
p. 56) indaga que “A configuração do município de Cabo Frio foi durante bastante tempo o
equivalente hoje à quase toda a Região das Baixadas Litorâneas, sendo o que poderíamos
chamar de município “mãe”. Em decorrência de um processo de fragmentação territorial,
“nasceram” grande parte dos demais municípios da região.
Este mesmo autor analisa a história da fundação da cidade como sendo “...um
imperativo de ordem militar, o que acabou não impulsionando o desenvolvimento local.” A
região não era apropriada à prática da lavoura de cana, o que não permitiu o acompanhamento
progressivo das demais regiões da Baixada Fluminense devido a sua economia estagnada
causada, principalmente, pela falta de uma base agrícola sólida dificultada pelo tipo de solo
pouco fértil e o clima desfavorável (Ibidem, 2005).
De acordo com o IBGE, Cabo Frio foi elevado a categoria de município com a
denominação de Santa Helena, em 13/11/1615, constituído do distrito sede instalado em
15/08/1616.
Durante um longo período a principal ocupação em Cabo Frio era a pesca – devido à
grande piscosidade da lagoa – e a lavoura de subsistência. Grande parte da população vivia da
pesca e de outras atividades a ela relacionadas como o transporte, a salga, a fabricação de
redes, etc., com o passar dos anos surgia a indústria do sal. Existiu também a extração de
calcário, derivado da camada de conchas de crustáceos que recobria o fundo da lagoa, a
‘gipsita’, o ‘gnaisse’ e a areia para fabricação de vidro e fundição (FIDERJ, 1977).
De acordo com o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro em uma pesquisa
realizada pela Secretaria-Geral de Planejamento – Estudo Socioeconômico 1997-2001 – apud
CIDE quanto às melhorias surgidas em prol do desenvolvimento da região,
Total (R$ Per capita (R$ 1,00) Agropecuária Indústria Comércio Serviços
1000)
Neste processo de expansão da metrópole, as terras mais próximas das praias foram
facilmente compradas para a construção de casas de veraneio pela nova classe que
descobria a região. Os pescadores vendiam suas terras a preços módicos, devido ao
fato destas serem impróprias para a agricultura e ao mesmo tempo obtinham um
ganho financeiro impensável.
Quadro 2 – População residente total e taxa de urbanização da Região das Baixadas Litorâneas –
1950/2000.
ANO POPULAÇÃO TOTAL TAXA DE URBANIZAÇÃO (%)
Como já visto, Cabo Frio apresenta, reconhecidamente, uma vocação econômica para o
turismo. Neste sentido, vale salientar o direcionamento que a prefeitura local faz com os
recursos obtidos através dos ‘royalties’ do petróleo para os investimentos em infra-estrutura,
fortalecendo cada vez mais as atividades voltadas para o turismo e o lazer. Neste sentido, se
faz necessário um pequeno resumo sobre a inserção de Cabo Frio na obtenção de royalties do
petróleo.
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duas alíquotas distintas, pois é considerado como beneficiário direto e indireto (Pacheco,
2003).
Como direto, o rateio ocorre sobre 35% do total de royalties devidos ao município de
exploração, aplicando-se a alíquota de 26,25% que se destina aos municípios limítrofes e suas
respectivas áreas geoeconômicas. Como beneficiário indireto, sobre o total de 26,25% do
município onde ocorre a exploração, aplicando-se 6,56% que são destinados ao conjunto de
municípios dos Estados beneficiários, considerando a cota parte do ICMS estadual. Para
refletir o impacto desses recursos na economia municipal, hoje Cabo Frio é o 18º em
dependência financeira dos recursos dos royalties do petróleo na gestão municipal. Sua
economia e a própria gestão municipal dependem em 38% desses recursos, dada sua
importância na geração de receitas municipais. A organização, além de buscar meios para o
desenvolvimento econômico da região, vem atuando no sentido de defender os interesses dos
municípios-membros.
No município de Cabo Frio, o recurso dos royalties passou a integrar sua realidade
sócio-econômica em julho de 1997, excetuando-se os repasses off-shore (plataforma
continental) contemplados a partir de julho de 2000. A título exemplificativo, continua
Pacheco (2003), o valor do repasse de março de 2005 foi pouco inferior a seis milhões de
reais. A gestão de tais recursos requer responsabilidade, ética e a participação efetiva da
sociedade que se beneficiará de seu uso, através de seus representantes legais (esfera pública)
e outorgados tacitamente (governança). A dependência de Cabo Frio em relação aos royalties
do petróleo fica nítida ao analisarmos o quadro 04, no qual há um considerável aumento no
percentual.
Fonte: ANP (2003) – Valor referente aos royalties creditados até o mês de junho de 2003.
V – Considerações Finais
VI – Referências Bibliográficas:
Massa, Hilton. Cabo Frio, Histórico-Político. Rio de Janeiro. Inelivro. Prefeitura Municipal de
Cabo Frio. 1980.
FIDERJ. Estudos Para o Planejamento Municipal: Cabo Frio. Fundação Instituto de
Desenvolvimento Econômico e Social do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 1977.
Marafon, Gláucio José e Ribeiro, Miguel Angelo (Org). Revisitando o Território Fluminense.
NEGEF. Rio de Janeiro. 2003.
Marafon, Gláucio José... [et al.]. Regiões de Governo do Estado do Rio de Janeiro: Uma
Contribuição Geográfica. Gramma. Rio de Janeiro. 2005
Moura, Alice Nascimento Rocha e Cosenza, Harvey José Santos Ribeiro. Os Royalties do
Petróleo como Potencializadores de Desenvolvimento Sustentável: O caso do Município de
Cabo Frio. In: VI Conferência Regional de ISTR para América Latina Y EL Caribe. 08 a
11/11/2007. 2007. Salvador – Bahia.
Pacheco, Carlos Augusto Góes. A Aplicação e o Impacto dos Royalties do Petróleo no
Desenvolvimento Econômico dos Municípios Confrontantes da Bacia de Campos.
Monografia de Bacharelado do Curso de Economia. UFRJ. Agosto-2003.
Site internet: CIDE. In: http://www.cide.rj.gov.br/cidinho/pages/municipios.asp acesso em
17/04/2008
Site internet: IBGE - Biblioteca dos Municípios Brasileiros. In:
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/riodejaneiro/cabofrio.pdf acesso em
15/04/2008.
Site da Prefeitura Municipal de Cabo Frio. In: http://www.cabofrio.org.br acesso em
16/04/2008.