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Universidade do Estado do Rio de Janeiro


Centro de Tecnologia e Ciências – Instituto de Geociências
Departamento de Geografia
Coordenação de Pós-Graduação
Especialização em Políticas Territoriais no Estado do Rio de Janeiro

Rogério Pereira dos Santos1

“CABO FRIO: ESPACIALIDADE E ESTRUTURAÇÃO


REGIONAL ASSIM CONCEBIDA – UM ESTUDO DE CASO”

Profº Drº Miguel Ângelo Campos Ribeiro

Rio de Janeiro
2008

1
Aluno do curso de “Especialização em Políticas Territoriais no Estado do Rio de Janeiro” da UERJ/2008. Endereço
eletrônico: dartherium2007@oi.com.br, rogerdartherium@bol.com.br ou rogerdartherium@yahoo.com.br
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I – Considerações Iniciais:

Este trabalho tem como finalidade apresentar, de forma ampla, como se deu o processo
de organização espacial e territorial do município de Cabo Frio, bem como apresentar as suas
principais atividades produtivas surgidas, não somente no passado, assim como no presente
momento, apoiado em um contexto histórico de longa data oriunda deste município
pertencente à chamada ‘Região Costa do Sol’ (ver mapa 01), de acordo com a Regionalização
Turística do Estado do Rio de Janeiro elaborada por Fratucci apud Marafon e Ribeiro (Org)
(2003, p. 98).
De acordo com o CIDE (Centro de Informações e Documentações Estatísticas) e
apoiada pela proposta metodológica adotada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas) para as Mesorregiões e Microrregiões Geográficas definidas em 1989/1990, a
Cidade de Cabo Frio esta classificada como município pertencente à ‘Região das Baixadas
Litorâneas’ (ver mapa 02) e também como um dos cinco municípios pertencentes ao chamado
‘Blocos Territoriais na Fragmentação Municipal do Estado do Rio de Janeiro’, como cita
Marafon et al. (2005, p. 40).

Fonte: CIDE (2000).


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O Município de Cabo Frio está situado na Região das Baixadas Litorâneas do Estado do
Rio de Janeiro 2. Ocupa atualmente uma área de 403 Km² e tem como limites os seguintes
municípios: ao norte (Casimiro de Abreu), ao sul (Arraial do Cabo), a oeste (Araruama e São
Pedro D’Aldeia) e a leste (Oceano Atlântico). O acesso à Cabo Frio é realizado
principalmente pelas rodovias BR 101, RJ 102 ou RJ 140 (a BR 101 liga a Cidade do Rio de
Janeiro até a cidade de Rio Bonito onde se pode acessar a RJ 124 – a Via Lagos – que liga
este município à São Pedro D’Aldeia e neste instante, o acesso se dá através da RJ 140 que
termina na cidade de Cabo Frio. Outra alternativa é a RJ 106 (a Rodovia Amaral Peixoto). Em
relação ao Índice de Desenvolvimento Humano por Município (IDHM), Cabo Frio é
considerado um município ‘médio’ já que seus números estão assim representados: Em 1991,
seu IDHM era de 0,716, em 1999 era 0,717 e em 2000 esse percentual já chegava em 0,792 –
dados do IDH (FJP/IPEA/PNUD-2004) – de acordo com o CIDE.

(Mapa 02) – Municípios Pertencentes à Região das Baixadas Litorâneas

Fonte: CIDE (2002).

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Conforme classificação adotada no I Plano de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado do Rio de Janeiro – I Plan-
RIO, que consta com os seguintes municípios: Araruama, Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Cachoeiras de Macacu,
Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Maricá, Rio Bonito, Rio das Ostras, São Pedro D’Aldeia, Saquarema e Silva Jardim.
(FIDERJ, 1977)
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II – Sumário Histórico e Processo de Ocupação:

Descoberto pelo navegador português Américo Vespúcio em 1503 quando este aportou
em uma das praias do lugarejo a qual batizou de ‘Praia de Cabo Rama’, atual ‘Praia dos
Anjos’ onde hoje se situa Arraial do Cabo, Cabo Frio foi habitado – de acordo com o CIDE e
o IBGE – primordialmente pelos tamoios3.
Desta forma, Vespúcio inaugurou a primeira feitoria estabelecida no Brasil e tendo
como seu feitor o colono João de Braga, em 1503. Antes de retornar a Portugal, Américo
Vespúcio deixou construída uma casa de barro coberta de palha e 24 homens para ‘proteger’ o
litoral. E como afirma Massa (1980, p. 23) “... fora de dúvida é que, do acasalamento dele
(João de Braga) e dos 24 homens que o acompanhavam com as índias nativas, nasceu o
cabofriense genuíno”.
Cabo Frio foi palco de lutas sangrentas entre portugueses e aventureiros de outras
nações que procuravam a região com a finalidade de contrabandear madeira (pau-brasil).
Sobre esses conflitos relacionados ao pau-brasil Massa (1980, p. 20) afirma que “Além dos
indígenas (tupis que dominavam principalmente o litoral) e dos portugueses, nossos
descobridores, espanhóis e franceses, notadamente estes se intrometeram nas nossas origens,
‘comercializando’ o pau-brasil...” Mais adiante esse mesmo autor (1980, p. 27) analisa a
primeira e a segunda feitoria surgidas em Cabo Frio: “A primeira feitoria de Cabo Frio,
fundada em 1503, pelo navegador florentino Américo Vespúcio, que permaneceu cerca de 5
meses em Cabo Frio, foi destruída pelos Tamoios. A segunda, em 1615, pelo próprio
governador do Rio de Janeiro, Constantino Menelau. Esta prosperou”.
Os invasores franceses chegaram a se instalar nas terras de Cabo Frio, construindo um
forte, o São Mateus. A expulsão destes aventureiros coube ao português Constantino Menelau
que, em 1615, tendo a contribuição de Mem de Sá, Salvador de Sá e o índio Araribóia, após
várias guerrilhas, assegurou a vitória para Portugal. E, desta forma, iniciou-se a imigração
portuguesa para aquele local, fixando-se na Cidade de Santa Helena (que com a instalação do
município, a cidade passava a se chamar Nossa Senhora da Assunção de Cabo Frio – tendo
sido ponto importante para o desenvolvimento e conquista da parte norte do território
fluminense), atual Cabo Frio, fundada logo após a expulsão dos invasores em 1616.

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Massa (1980, p. 34) endossa essa afirmação quando cita que “Os tamoyos – habitantes mais antigos em Cabo Frio – deram
o nome ao amplo movimento de resistência, conhecido como “A Confederação dos Tamoyos”, à época que
VILLEGAGNON quis fundar, no Brasil, a França Antártica.”
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Como dito anteriormente, Cabo Frio está inserido como um dos chamados ‘Blocos
Territoriais na Fragmentação Municipal do Estado do Rio de Janeiro’ proveniente da
formação da malha municipal do Estado do Rio de Janeiro, que foi construída a partir da
disputa por diversos grupos ligados à política local, sem que no entanto houvesse plebiscito
popular para que os municípios fossem criados ou emancipados, como cita Marafon et al.
(2005, p. 40).
Até o século XIX o ‘braço escravo’4 contribuiu na vida econômica do Município,
quando este cegou a ser chamado de “Celeiro da Baixada Fluminense”, fato esse ocorrido até
a abolição da escravatura, quando o mesmo sofreu um profundo colapso no setor econômico,
somente voltando a ser redescoberto com o impulso turístico e as indústrias extrativas do sal,
da pesca e do turismo, sobretudo após a implantação da rodovia e da estrada de ferro, hoje
desativadas, que são a base da economia local atual – que será melhor abordada mais adiante.

(Mapa 3) – Capitanias de São Vicente e São Tomé

Fonte: Marafon (2005, pag. 30)

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Neste momento da história, a economia cabofriense baseava-se na agricultura, apoiada maciçamente, pela mão-
de-obra escrava.
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Cabo Frio fazia parte da Capitania de São Vicente (ver mapa 03) e sua formação está
ligada ao processo de ocupação do litoral brasileiro e como cita RAHY apud Marafon et al.
(2005, p. 42) “Apesar de ser considerado como um dos principais pontos dispersores de
população no início da colonização, Cabo Frio e sua área de entorno tiveram economia pouco
dinâmica e foram uma “área de passagem” entre a Guanabara e a planície campista até a
segunda metade do século XX, quando a implantação da Cia. Nacional de Álcalis e a
especulação imobiliária garantiram novas perspectivas de desenvolvimento à meso-região em
que está inserida”.
Ao que se refere ao processo de ocupação do município de Cabo Frio Marafon (Ibidem,
p. 56) indaga que “A configuração do município de Cabo Frio foi durante bastante tempo o
equivalente hoje à quase toda a Região das Baixadas Litorâneas, sendo o que poderíamos
chamar de município “mãe”. Em decorrência de um processo de fragmentação territorial,
“nasceram” grande parte dos demais municípios da região.
Este mesmo autor analisa a história da fundação da cidade como sendo “...um
imperativo de ordem militar, o que acabou não impulsionando o desenvolvimento local.” A
região não era apropriada à prática da lavoura de cana, o que não permitiu o acompanhamento
progressivo das demais regiões da Baixada Fluminense devido a sua economia estagnada
causada, principalmente, pela falta de uma base agrícola sólida dificultada pelo tipo de solo
pouco fértil e o clima desfavorável (Ibidem, 2005).
De acordo com o IBGE, Cabo Frio foi elevado a categoria de município com a
denominação de Santa Helena, em 13/11/1615, constituído do distrito sede instalado em
15/08/1616.
Durante um longo período a principal ocupação em Cabo Frio era a pesca – devido à
grande piscosidade da lagoa – e a lavoura de subsistência. Grande parte da população vivia da
pesca e de outras atividades a ela relacionadas como o transporte, a salga, a fabricação de
redes, etc., com o passar dos anos surgia a indústria do sal. Existiu também a extração de
calcário, derivado da camada de conchas de crustáceos que recobria o fundo da lagoa, a
‘gipsita’, o ‘gnaisse’ e a areia para fabricação de vidro e fundição (FIDERJ, 1977).
De acordo com o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro em uma pesquisa
realizada pela Secretaria-Geral de Planejamento – Estudo Socioeconômico 1997-2001 – apud
CIDE quanto às melhorias surgidas em prol do desenvolvimento da região,

A ferrovia Niterói - Cabo Frio, as melhorias no porto de Arraial do Cabo e a


posterior inauguração da própria rodovia Amaral Peixoto, contribuíram para o
aumento da produção do sal e para o transporte eficiente até o Rio de Janeiro e
outros importantes centros consumidores do país.
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Quanto ao seu apogeu. Este mesmo estudo mostra que:

O auge do desenvolvimento setorial ocorreu na década de 60, com a instalação de


duas grandes usinas de beneficiamento de sal em Cabo Frio, e com a construção do
complexo industrial da Cia. Nacional de Álcalis, no antigo distrito de Arraial do
Cabo, que abriu salinas e passou a extrair conchas na lagoa para produção de
barrilhas.

A população do município em 1975, segundo o IBGE, era constituída de 51.901


habitantes e o aumento populacional verificado era decorrente do crescimento vegetativo da
população, bem como da presença de imigrantes. A participação demográfica no total da
Região-Programa vinha tendo um aumento significativo em virtude da acelerada urbanização
que se processava em sua sede municipal. Em 1970, o índice de urbanização do município era
de 84,9%, superior à média regional na época, que correspondia a 46,9% e a atração pela sede
vinha provocando esvaziamento da área rural, que apresentava um crescimento negativo de -
0,8% a.a. no período 1960/70. (FIDERJ, 1977).
A captura e a salga do pescado e do camarão mantiveram-se estáveis, da mesma forma
que a manufatura de telhas, tijolos e taboados. O surgimento da construção naval e da
indústria de cal (feita com conchas da lagoa) abriu novas perspectivas econômicas regionais.
A abolição da escravatura em 1888 e a conseqüente proclamação da República no ano
seguinte, desorganizaram algumas atividades produtivas de Cabo Frio, como a agricultura do
café, que viu-se substituída pela pecuária em pequena escala (Site da Prefeitura Municipal de
Cabo Frio).
Os ex-escravos da zona rural reagruparam-se e fundaram uma povoação na Praia Rasa,
em Búzios, passando a trabalhar na pesca e na horticultura próprias, enquanto os escravos da
Cidade de Cabo Frio tomaram posse e fundaram a povoação da Abissínia, que mais tarde deu
origem ao atual bairro da Vila Nova, trabalhando no fornecimento de carvão vegetal aos
antigos senhores.
A produção do sal era o mais notável recurso da região, entretanto, não foi afetada. Há
alguns anos se fizera a substituição do braço escravo pelos imigrantes portugueses do Aveiro,
que trouxeram e adaptaram técnicas artesanais consagradas, resultando no aumento da
qualidade e quantidade de cristalização marinha artificial de Araruama.
Embora a atividade pesqueira continuasse competitiva, em especial depois da introdução
das traineiras na captura em alto mar, até pouco mais de metade do século XX, o parque
salineiro de Araruama dominou a produção econômica regional, cujos reflexos urbanos foram
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a instalação do aparelhado Hospital Santa Izabel e a atração da iniciativa privada para


exploração do sistema de energia elétrica na cidade.
As matas e capões dos areais fornecem excelente carvão de madeira. A restinga adapta-
se favoravelmente à agricultura, cuja produção principal é incipiente ainda, atendendo apenas
ao consumo local; assim, a pecuária, devido a sua essência, presta-se magnificamente a
produtos bons e resistentes. Quanto ao campo mineral, existem produtos naturais de grande
valor econômico, como o calcário, o sal, entre outros. Constata-se abundância de areia própria
para ser empregada na fabricação de porcelana e vidros finos, destacando-se a monazita, de
ocorrência comum na região. A grande riqueza mineral de Cabo Frio foi,
inquestionavelmente, o sal. A seguir iremos abordar como está contextualizado as principais
atividades produtivas em Cabo Frio, no atual momento.

III – Contextualização Atual e Atividades Produtivas Principais:

Atualmente, a principal atividade produtiva na Região das Baixadas Litorâneas é o


turismo de veraneio e a chamada ‘segunda residência’ que vem tendo uma significativa
contribuição para o desenvolvimento da região e, principalmente, na cidade de Cabo Frio. A
importância assumida por este tipo de turismo na região é ressaltado por Marafon et al. (2005,
p. 57):

... é comprovada tanto pela participação bastante significativa do setor terciário na


economia de quase todos os municípios da região, representando, principalmente, pelos
setores de prestação de serviços (sobretudo aqueles ligados às atividades de apoio ao
turismo como alimentação, hotéis, pousadas, comércio varejista e atacadista) e pelo
setor de transportes e comunicações, quanto pela construção civil que chegou a
contribuir, no ano de 2000, por 15,0% do PIB total municipal (CIDE, 2002).

Segundo os dados da Fundação CIDE, em 2003, o PIB municipal concentrava-se na área


de comércio e serviços (74,45%) seguindo-se a da indústria (25,04%) e da agropecuária
(0,52%). O município participava com 0,42% do PIB estadual e com 21,82% do PIB da
Região das Baixadas Litorâneas. No setor primário a atividade pesqueira é tradicional na
região, onde destacam-se as culturas da cana-de-açúcar e do côco. No setor secundário
ganhou relevância a partir da década de 80 a construção civil, ligada principalmente ao
turismo da segunda residência e a construção de hotéis e pousadas. Permanece, também, a
tradicional atividade extrativa salineira e de processamento do sal (Sal Cisne e Cia. Perynas).
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Os destaques no setor terciário são para as atividades de apoio ao turismo: alimentação,


hotéis, pousadas, postos de combustíveis, transportes, comunicações, comércio varejistas
(principalmente com a chamada ‘moda da praia’ – com a confecção de biquínis) e a locação
de imóveis. Surpreende o alto índice referente a distribuição das atividades, principalmente,
no que se refere ao setor de serviços (veja análise no quadro 1).

Quadro 1 – Distribuição do PIB pelos Setores de Atividades:

Produto Interno Bruto – 2003 Distribuição das Atividades

Total (R$ Per capita (R$ 1,00) Agropecuária Indústria Comércio Serviços
1000)

877.687 6.052 0,52% 25,04% 7,93% 66,52%

Fonte: CIDE (2003)


De início o

Turismo pouco influenciou na fisionomia e na vida das antigas cidades. Os loteamentos


em sua maioria se processavam fora da área urbana e somente Cabo Frio começava a
apresentar um crescimento urbano sensível. Marafon et al. (2005, p. 57) cita ainda que:

Neste processo de expansão da metrópole, as terras mais próximas das praias foram
facilmente compradas para a construção de casas de veraneio pela nova classe que
descobria a região. Os pescadores vendiam suas terras a preços módicos, devido ao
fato destas serem impróprias para a agricultura e ao mesmo tempo obtinham um
ganho financeiro impensável.

Na década de 70, no intuito da viabilização da fusão dos estados do Rio de Janeiro e da


Guanabara, foram traçados planos por parte do Governo para integrá-los através da
implantação de eixos rodoviários que articulassem seus territórios. Desta forma, indaga
Marafon (Ibidem) que “A construção da Ponte Rio - Niterói e a pavimentação da BR-101
facilitaram o acesso à região, contribuindo para o processo de expansão urbana que passou a
se processar desde então” para todos os municípios da região, como aponta o quadro 2.
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Quadro 2 – População residente total e taxa de urbanização da Região das Baixadas Litorâneas –
1950/2000.
ANO POPULAÇÃO TOTAL TAXA DE URBANIZAÇÃO (%)

1950 140.915 21,08

1960 180.713 32,43

1970 238.725 42,20

1980 301.379 65,59

1991 389.522 81,96

2000 1.121.118 85,94


Fonte: CIDE – 2003

Os condomínios podem ser considerados como expressões dessa segunda residência


onde houve uma enorme proliferação no litoral fluminense, que demonstram o alavancamento
da atuação do capital imobiliário nestas áreas – das Baixadas Litorâneas – mais precisamente,
na área de estudo. A surgência do chamado ‘novo rural brasileiro’ apontado por Graziano da
Silva apud Marafon et al. (2005, p. 58) nas áreas de Cabo Frio e municípios vizinhos,
acarretou numa nova configuração de funções por parte da população, onde seus membros
passaram a trabalhar em funções como de caseiro, faxineira, pedreiros, entre outros, e desta
forma, o veraneio, o turismo realizado em hotéis-fazenda, e pesque-pagues, passam a ser
atividades que reestruturam estes espaços de uma maneira muito rápida, modificando a vida
da população ali residente.
De acordo com o censo demográfico do IBGE (2000) Cabo Frio apresentava uma
população total de 128.828 habitantes, sendo 106.237 residentes em áreas urbanas e 20.591
em áreas consideradas rurais, além de obter assim, uma taxa de urbanização para o seu
município de 83,76%. Já em 2007 (IBGE) a contagem de sua população residente era de
162.191 habitantes.
Em relação às atividades que complementam à principal, Marafon et al. (2005, pag. 59)
cita que “... as novas atividades que se inserem nestes espaços, ligadas principalmente ao
turismo e veraneio, tornam-se as principais fontes de renda de boa parte da população
cabofriense, já que esta nova renda é muito maior que a que era obtida nas atividades
primárias” (ver mapa 04). Desta forma torna-se fácil pensar que as maiores transformações
que posam ser visualizadas na área de estudo dizem respeito à urbanização e à reestruturação
provocada por esta no espaço local.
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Mapa 04 – Veraneio no estado do Rio de Janeiro

Fonte: IBGE (2001)

Como já visto, Cabo Frio apresenta, reconhecidamente, uma vocação econômica para o
turismo. Neste sentido, vale salientar o direcionamento que a prefeitura local faz com os
recursos obtidos através dos ‘royalties’ do petróleo para os investimentos em infra-estrutura,
fortalecendo cada vez mais as atividades voltadas para o turismo e o lazer. Neste sentido, se
faz necessário um pequeno resumo sobre a inserção de Cabo Frio na obtenção de royalties do
petróleo.
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IV – A Inserção de Cabo Frio na Obtenção dos Royalties do Petróleo

A história se inicia com a revogação da Lei nº 9.478 de 06 de agosto de 1997 que


flexibiliza o monopólio do petróleo no país. A nova legislação elevou a alíquota de cálculo
dos royalties de 5% para 10%, ao mesmo tempo em que se introduziram modificações quanto
ao preço de referência para o cálculo dos royalties: o preço fixo das refinarias foi substituído
pela cotação do petróleo no mercado internacional. Soma-se a este fato, a alta no preço do
petróleo, bem como o crescimento da produção nacional (que atingiu, em 2002, a marca de
1.454 barris de petróleo diários). Embora a lei estabeleça o modo de partilha dos royalties e
participações especiais, não especifica os setores nos quais estes recursos devam ser
empregados pelos Estados e Municípios – de acordo com artigo apresentado na VI
Conferência Regional de ISTR para a América Latina Y El Caribe (2007).
Em novembro de 1999, foi criada a OMPETRO (Organização dos municípios
Produtores de Petróleo), idealizada na Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP)
e sendo formada pelos oito maiores beneficiários das arrecadações das receitas dos royalties e
participações especiais: Búzios, Cabo Frio – que passou a fazer parte em 2000, recebendo o
primeiro repasse dos royalties em julho daquele ano – , Campos Carapebus, Casemiro de
Abreu, Rio das Ostras, Macaé e Quissamã. Após 2001, adentraram a organização os
municípios de São João da Barra e São Francisco do Itabapoana (ver mapa 05).
Sobre a importância da OMPETRO como empresa reguladora da gestão dos royalties do
petróleo para os municípios pertencentes à região das Baixadas Litorâneas, Pacheco (2003)
indaga que:

É um exemplo de como os municípios beneficiados pelos elevados repasses de


royalties do petróleo e gás natural podem se organizar, para promoverem um
desenvolvimento regional sustentável. Este poderia ser alcançado por meio de
incentivos e investimentos, originários de um fundo previamente criado com os
recursos dos royalties, nas vocações econômicas, particulares a cada localidade.

A OMPETRO é um exemplo de consórcio intermunicipal. Foi criada visando a


mobilização dos municípios confrontantes da Bacia de Campos em projetos de
desenvolvimento, principalmente na criação de um plano estratégico, capaz de direcionar os
recursos das indenizações petrolíferas, à investimentos que dêem sustentação para um ciclo
após o esgotamento das jazidas de petróleo e gás natural. Cabo Frio participa desse fluxo sob
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duas alíquotas distintas, pois é considerado como beneficiário direto e indireto (Pacheco,
2003).
Como direto, o rateio ocorre sobre 35% do total de royalties devidos ao município de
exploração, aplicando-se a alíquota de 26,25% que se destina aos municípios limítrofes e suas
respectivas áreas geoeconômicas. Como beneficiário indireto, sobre o total de 26,25% do
município onde ocorre a exploração, aplicando-se 6,56% que são destinados ao conjunto de
municípios dos Estados beneficiários, considerando a cota parte do ICMS estadual. Para
refletir o impacto desses recursos na economia municipal, hoje Cabo Frio é o 18º em
dependência financeira dos recursos dos royalties do petróleo na gestão municipal. Sua
economia e a própria gestão municipal dependem em 38% desses recursos, dada sua
importância na geração de receitas municipais. A organização, além de buscar meios para o
desenvolvimento econômico da região, vem atuando no sentido de defender os interesses dos
municípios-membros.

Mapa 05 – Municípios pertencentes a OMPETRO


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No município de Cabo Frio, o recurso dos royalties passou a integrar sua realidade
sócio-econômica em julho de 1997, excetuando-se os repasses off-shore (plataforma
continental) contemplados a partir de julho de 2000. A título exemplificativo, continua
Pacheco (2003), o valor do repasse de março de 2005 foi pouco inferior a seis milhões de
reais. A gestão de tais recursos requer responsabilidade, ética e a participação efetiva da
sociedade que se beneficiará de seu uso, através de seus representantes legais (esfera pública)
e outorgados tacitamente (governança). A dependência de Cabo Frio em relação aos royalties
do petróleo fica nítida ao analisarmos o quadro 04, no qual há um considerável aumento no
percentual.

Quadro 04 – Dependência dos principais municípios da faixa de exploração de petróleo –


RJ, 1999 a 2002.

Em relação à arrecadação do município de Cabo Frio com os royalties do petróleo em


2003, percebe-se um aumento substancial como pode ser observado no quadro 05. Desta
forma nota-se que essa arrecadação é em grande parte destinada aos serviços de infra-
estrutura no próprio município.
Visando um futuro próximo, os órgãos responsáveis pelo recebimento desses royalties,
deveriam realizar reuniões no intuito de se chegar a um denominador comum no sentido de se
pensar na possibilidade de escassez de reservas desses hidrocarbonetos e, neste sentido,
direcionarem seus investimentos em atividades já existentes ou na introdução de atividades
com potencial de desenvolvimento próspero.
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Quadro 05 - Arrecadação de royalties dos Municípios Confrontantes da Bacia de Campos (1996-2003)

Fonte: ANP (2003) – Valor referente aos royalties creditados até o mês de junho de 2003.

V – Considerações Finais

Acreditamos termos alcançado o objetivo deste trabalho que era o de apresentar, de


forma sucinta, de que forma ocorreu o processo de organização espacial e territorial do
município de Cabo Frio. Da mesma forma, temos o pensamento positivo no que tange a
apresentação de suas principais atividades produtivas que, ao longo das últimas décadas,
contribuíram, de alguma forma, para o atual estágio de desenvolvimento da cidade.
No que tange aos benefícios recebidos do petróleo, pode-se afirmar que Cabo Frio tem a
possibilidade de transformar a riqueza auferida com esses royalties, em fomento à dinâmicas
sustentáveis, de modo a prevenir o declínio econômico decorrente da exaustão das reservas de
hidrocarbonetos, visto que, esses recursos poderiam ser direcionados à investimentos em
atividades já existentes, identificadas como de suma importância para o desenvolvimento do
município, bem como novas atividades com potencial para serem desenvolvidas.
Desta forma, pode-se prever que o município de Cabo Frio, que vem mostrando
interessantes índices de crescimento econômico nas últimas décadas, possa a médio prazo,
alavancar ainda mais sua economia e prosperar no que tange a seu desenvolvimento interno.
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VI – Referências Bibliográficas:

Massa, Hilton. Cabo Frio, Histórico-Político. Rio de Janeiro. Inelivro. Prefeitura Municipal de
Cabo Frio. 1980.
FIDERJ. Estudos Para o Planejamento Municipal: Cabo Frio. Fundação Instituto de
Desenvolvimento Econômico e Social do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 1977.
Marafon, Gláucio José e Ribeiro, Miguel Angelo (Org). Revisitando o Território Fluminense.
NEGEF. Rio de Janeiro. 2003.
Marafon, Gláucio José... [et al.]. Regiões de Governo do Estado do Rio de Janeiro: Uma
Contribuição Geográfica. Gramma. Rio de Janeiro. 2005
Moura, Alice Nascimento Rocha e Cosenza, Harvey José Santos Ribeiro. Os Royalties do
Petróleo como Potencializadores de Desenvolvimento Sustentável: O caso do Município de
Cabo Frio. In: VI Conferência Regional de ISTR para América Latina Y EL Caribe. 08 a
11/11/2007. 2007. Salvador – Bahia.
Pacheco, Carlos Augusto Góes. A Aplicação e o Impacto dos Royalties do Petróleo no
Desenvolvimento Econômico dos Municípios Confrontantes da Bacia de Campos.
Monografia de Bacharelado do Curso de Economia. UFRJ. Agosto-2003.
Site internet: CIDE. In: http://www.cide.rj.gov.br/cidinho/pages/municipios.asp acesso em
17/04/2008
Site internet: IBGE - Biblioteca dos Municípios Brasileiros. In:
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/riodejaneiro/cabofrio.pdf acesso em
15/04/2008.
Site da Prefeitura Municipal de Cabo Frio. In: http://www.cabofrio.org.br acesso em
16/04/2008.

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