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de Concreto Pré-moldado
Vibration Criteria for Precast Concrete Floor Structures
(1) Pós-graduanda. Depto. de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos da USP - EESC-USP
email: salmeida@sc.usp.br
(2) Professor Adjunto. Depto. de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
email: nobrega@ufrnet.br
(3) Professor Titular. Depto. de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos da USP - EESC-USP
email: jbhanai@sc.usp.br
Resumo
Com o uso intensivo de elementos pré-moldados de concreto, elementos mais esbeltos, leves e,
conseqüentemente, menos rígidos, torna-se mais relevante analisar os limites aceitáveis relacionados à
vibração do sistema estrutural (por exemplo, a freqüência natural mínima devido à excitação). Os
elementos do tipo piso pré-moldado são mais suscetíveis ao carregamento dinâmico, por apresentar
grandes vãos, pequenas espessuras e sofrer forte influência da rigidez das ligações. As vibrações nos
pisos podem ser causadas por pessoas, através das atividades de caminhada ou aeróbica, ou ainda pelas
atividades sincronizadas em estádios, ginásios e salas de dança. Este trabalho apresenta procedimentos
simplificados de análise dinâmica existentes em artigos e normas da área de pré-moldados, e discute a
razão e detalhes de cada etapa. São apresentados exemplos de cálculo de elementos de piso de concreto
pré-moldado disponíveis na indústria brasileira, para os principais tipos de excitação devidos à atividade de
pessoas. Conclui-se que diversos padrões comerciais destas estruturas, embora adequadamente
dimensionados aos esforços solicitantes, não satisfazem aos critérios simplificados da análise das
vibrações, indicando uma necessidade de uma investigação mais detalhada.
Palavras-chave: vibração, dinâmica, piso de concreto pré-moldado, atividades humanas.
Abstract
The analysis of vibration limits for a structural system has become more relevant, specially because of the
intensive use of precast concrete elements, which are light-weighted and have less stiffness. Precast
concrete floor elements are more susceptible to the dynamic loading, because of their long spans, small
thicknesses and they are strongly influenced by the connections rigidity. Floor vibrations are caused by
individuals walking or individuals engaged in rhythmic activities in stadiums, gyms or dance rooms. This
paper shows simplified procedures of dynamic analysis presented on other papers and on standards related
to precast. Examples of typical elements of precast concrete floor available in Brazil are presented, for the
main types of excitation due to human activities. Some elements studied in this paper do not satisfy the
requirements of the vibration analysis. This indicates that a more detailed assessment is necessary.
Keywords: vibration, dynamic, precast concrete floor, human activities.
1o. Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto pré-moldado 1
1. Introdução
Atualmente, de acordo com as normas de projeto de estruturas de concreto, para a
análise de uma edificação deve ser realizada a verificação do estado limite de vibrações
excessivas, no contexto dos estados limites de serviço.
Como fatos geradores desta nova realidade, podem ser citados: uma nova concepção
estrutural, o emprego de materiais de alta resistência, a adoção de sistemas construtivos
inovadores em tempo e forma de execução, a prática de uma arquitetura mais ousada e a
disponibilidade de ferramentas computacionais mais poderosas e rápidas. Todos estes
aspectos convergem para a utilização de elementos estruturais cada vez mais esbeltos e
mais leves, modificando o comportamento atual das edificações e ressaltando algumas
conseqüências: uma não-linearidade geométrica mais pronunciada, o aumento da
fissuração nas estruturas de concreto e daí uma não-linearidade física mais evidente, e o
aumento da sensibilidade às vibrações.
Os elementos do tipo piso pré-moldado de concreto são muito suscetíveis, do ponto
de vista da dinâmica, aos carregamentos induzidos por pessoas (atividades de
caminhada, aeróbica ou ações sincronizadas em estádios, ginásios e salas de dança), por
apresentar grandes vãos, pequenas espessuras e sofrer forte influência da rigidez das
ligações. CHEN; ASWAD (1994) afirmam que o critério de vibração pode direcionar o
projeto de pisos.
Embora as ações dinâmicas devidas a multidões sejam relativamente raras a ponto
de provocar um colapso estrutural, são bastante freqüentes os casos de desconforto —
resultando também em um número crescente de acidentes ou situações de alto risco de
falha (BACHMANN; 1992 e ALLEN; 1990). Mesmo em ambientes de atividade física
reduzida — escritórios e residências, por exemplo — o efeito das vibrações incomoda as
pessoas intensamente. Em relação a ginásios de esportes, estádios, salas de dança,
indústrias e passarelas, onde as vibrações podem ser excessivas, tem-se grande
desconforto e até casos de mal-estar.
O presente trabalho é uma extensão do discutido por ALMEIDA et al. (2004). Seu
objetivo, como o anterior, é apresentar uma metodologia simplificada e prática para a
análise de vibrações de pisos pré-moldados, considerando diferentes tipos de excitação.
O artigo também faz a aplicação destes conceitos no cálculo de diversas lajes comumente
disponíveis no mercado nacional, variando diversos parâmetros estruturais e discutindo o
impacto nos resultados.
2. Metodologia de Análise
Quando a freqüência natural de uma estrutura for igual (ou quase) à freqüência de
sua fonte de excitação, diz-se que ela se encontra na (ou próxima da) ressonância. Nesta
situação, as deflexões da estrutura crescem significativamente e o movimento torna-se
perceptível, muitas vezes incômodo. Um dos seguintes procedimentos deve ser adotado:
1) Análise dinâmica completa. Implica em permitir qualquer estado de excitação, seja
a situação de ressonância (ou próxima dela) ou não, e realizar a análise elaborando um
modelo para a estrutura que considere as ações como dinâmicas, calculando as suas
respostas, variáveis ao longo do tempo. Por fim, comparar os resultados finais
(deslocamentos, velocidades e acelerações, no tempo) com limites adequados.
2) Método do ajuste da freqüência. Implica em evitar a situação de ressonância pela
modificação das freqüências naturais da estrutura — via de regra, majorando-as. Para
isto, deve-se alterar suas características de massa e/ou rigidez. Em geral, aumentam-se
as dimensões das seções transversais dos elementos estruturais, ou criam-se mais
apoios, enrijecendo o sistema.
3) Alterar as características de amortecimento da estrutura, o que reduzirá as
amplitudes de vibração na condição de ressonância pelo aumento da energia que pode
ser absorvida pelo próprio sistema. Em geral, isto é conseguido com a inclusão de
1o. Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto pré-moldado 2
onde:
fmín = freqüência natural fundamental mínima do sistema estrutural (Hz);
ln = logaritmo neperiano;
F = constante relacionada ao carregamento do piso, indicada na tabela 1;
ζ = taxa de amortecimento modal, indicada na tabela 1;
W e = peso efetivo, equivalente ao peso total da área do piso influenciada pelo carrega-
mento concentrado, conforme discutido no item seguinte, (kN).
Tabela 1 - Valores de F e ζ (MAST; 2001)
ALMEIDA et al. (2004) tecem importantes considerações sobre a expressão (4), das
quais destaca-se: para a atividade de dança, exige-se o cálculo de fmín apenas para o 1o
harmônico da força de excitação; para o caso de concertos e eventos musicais é preciso
avaliar inclusive o 2o harmônico; e para o exercício de impacto, até o 3o harmônico.
7. Exemplos de Aplicação
Existem exemplos de estruturas resolvidas em MAST (2001), ALLEN (1990) e PCI
HANDBOOK (2001). Abaixo é feita a análise de alguns painéis típicos pré-moldados de
piso, encontrados no mercado nacional (Figura 1). Na discussão que se segue, os
diversos casos foram divididos segundo o tipo de excitação. Inicialmente adota-se: (i) os
vínculos são do tipo articulação; (ii) não se considerou redução da inércia pela fissuração,
o que implica em uma estrutura um pouco mais rígida. Destaca-se que ALMEIDA et al.
(2004) estuda também as lajes treliçadas, não abordadas neste trabalho.
b b
h
¾ PAINEL DUPLO T
Frequência Natural (Hz)
35,0
30,0
fmín (Hz) Lmáx Lmáx Lmáx
Painel
(1º, 2º e 3º harm) (1º harm) (3º harm) (NBR6118)
25,0
20,0
15,0
DT 30 6,4; 9,2; 9,4 7,0 m 5,0 m 5,0 m
10,0 DT 60 6,0; 8,8; 9,2 11,0 m 9,0 m 9,0 m
5,0 DT 80 5,5; 8,2; 9,0 14,0 m 11,0 m 11,0 m
0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
¾ LAJE ALVEOLAR
Frequência Natural (Hz)
36,0
32,0
28,0 fmín (Hz) Lmáx Lmáx Lmáx
Painel
24,0
(1º, 2º e 3º harm) (1º harm) (3º harm) (NBR6118)
20,0
16,0 AV 12 6,4; 9,1; 9,4 3,0 m <3m <3m
12,0
8,0
AV 15 6,1; 8,8; 9,3 6,0 m <4m 4,0 m
4,0 AV 20 5,9; 8,6; 9,2 7,0 m <5m 5,0 m
0,0
0 2 4 6 8 10 12
8 0 ,0
4 0 ,0
AV 12 6,4; 9,1; 9,4 5,0 m 4,0 m 4,0 m
3 0 ,0 AV 15 6,1; 8,8; 9,3 9,0 m 7,0 m 7,0 m
2 0 ,0
AV 20 5,9; 8,6; 9,2 11,0 m 8,0 m 8,0 m
1 0 ,0
0 ,0
0 2 4 6 8 10 12
A V 12 A V 15 A V 20 V ã o (m )
70,0
60,0
fmín (Hz) Lmáx Lmáx Lmáx
Painel
50,0
(1º, 2º e 3º harm) (1º harm) (3º harm) (NBR6118)
40,0
AV 12 6,4; 9,1; 9,4 4,0 m 4,0 m 4,0 m
30,0
AV 15 6,1; 8,8; 9,3 8,0 m 6,0 m 6,0 m
20,0
10,0
AV 20 5,9; 8,6; 9,2 10,0 m 8,0 m 7,0 m
0,0
0 2 4 6 8 10 12
AV 12 AV 15 AV 20 Vão (m)
¾ PAINEL DUPLO T
45,0
Frequência Natural (Hz)
40,0
35,0
Painel fmín (Hz) Lmáx Lmáx Lmáx
30,0
(1º e 2º harm) (1º harm) (2º harm) (NBR6118)
25,0
20,0 DT 30 6,3; 7,8 6,0 m 6,0 m 5,0 m
15,0
DT 60 6,0; 7,6 10,0 m 9,0 m 8,0 m
10,0
5,0 DT 80 5,6; 7,4 13,0 m 12,0 m 10,0 m
0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
¾ LAJE ALVEOLAR
Frequência Natural (Hz)
32,0
28,0
Painel fmín (Hz) Lmáx Lmáx Lmáx
24,0
(1º e 2º harm) (1º harm) (2º harm) (NBR6118)
20,0
16,0
AV 12 6,3; 7,8 3,0 m 3,0 m <3m
12,0
8,0
AV 15 6,1; 7,7 5,0 m 5,0 m 4,0 m
4,0 AV 20 5,9; 7,5 6,0 m 6,0 m 5,0 m
0,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
70,0
fmín (Hz) Lmáx Lmáx Lmáx
60,0 Painel (1º harm) (2º harm) (NBR6118)
50,0
(1º e 2º harm)
40,0 AV 12 6,3; 7,8 5,0 m 4,0 m 4,0 m
30,0
AV 15 6,1; 7,7 8,0 m 7,0 m 6,0 m
20,0
10,0
AV 20 5,9; 7,5 10,0 m 9,0 m 8,0 m
0,0
0 2 4 6 8 10 12
AV 12 AV 15 AV 20 Vão (m)
60,0
A freqüência natural mínima, para este tipo de atividade, apresenta valores variáveis
com o peso efetivo e conseqüentemente com o vão, como pode ser observado pela
expressão 3. Portanto, a comparação da freqüência mínima com a freqüência natural do
painel deve ser feita para cada vão. O vão é possível de ser vencido desde que a
freqüência natural da estrutura supere a freqüência mínima requerida.
Tabela 9 - Dados utilizados na verificação de vibração provocada por caminhada
yF = 58 kN (escritórios ou residências, situação mais desfavorável) (tabela 1)
yζ= 0,02 (pisos com pouca mobília e elementos estruturais, situação mais desfavorável)
yLargura efetiva estimada: B = L (painel alveolar), B = 0.8L, 0.7L ou 0.6L (painel duplo T)
¾ PAINEL DUPLO T
Frequência Natural (Hz)
6,0 15,0
4,0 10,0
2,0 5,0
0,0 0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Vão (m ) Vão (m )
Frequência natural Frequência mínima Frequência natural Frequência mínima
Observa-se que para o painel DT30 existe um vão máximo (5,0 m) até o qual fmín < fn.
Para o piso DT80, a vibração por caminhada não é excessiva em nenhum caso.
Para a laje alveolar com h = 12 cm (figura 11), a vibração por caminhada pode ser
muito perceptível mesmo para pequenos vãos (máximo admissível = 2 m). Para o painel
h = 20 cm, o máximo é 6 m.
Adotando um amortecimento maior, menos conservativo (ζ= 0,05) e a constante
relacionada ao carregamento de piso F = 58 kN, tem-se os resultados indicados na figura
12, onde são mostrados ainda a freqüência natural no caso de um módulo de elasticidade
reduzido igual a 0,7Ed.
1o. Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto pré-moldado 11
¾ LAJE ALVEOLAR
Frequência Natural (Hz)
30,0
15,0 25,0
20,0
10,0
15,0
10,0
5,0
5,0
0,0 0,0
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10 12 14
Vão (m ) Vão (m )
Frequência natural Frequência mínima Frequência natural Frequência mínima
50,0 60,0
Frequência natural Frequência natural
45,0 Frequência natural com 0.7EI Frequência natural com 0.7EI
Frequência mínima 50,0 Frequência mínima
40,0
35,0
40,0
30,0
25,0 30,0
20,0
20,0
15,0
10,0 10,0
5,0
0,0 0,0
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10
Vão (m ) Vão (m )
Painel Alveolar 20
Frequência Natural (Hz)
80,0
Frequência natural
Frequência natural com 0.7EI
70,0 Frequência mínima
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0 2 4 6 8 10 12
Vão (m )
Figura 12 - Freqüências natural e mínima de lajes alveolares – vibração por caminhada – CASO 2
8. Conclusões
Discutiu-se neste artigo a necessidade da análise de vibração em pisos pré-moldados
de concreto, justificando tal fato. Foi apresentada uma metodologia simplificada para este
fim, ilustrada por exemplos com painéis pré-moldados (duplo T e lajes alveolares).
Com estas simulações de cálculo, percebe-se que os painéis, para diversos vãos
usuais, não satisfazem aos requisitos da análise de vibração, embora adequadamente
dimensionados aos esforços solicitantes. A ação dinâmica revela-se muito crítica,
principalmente quando os vínculos são articulados. No caso de engastes, os vãos
possíveis são mais razoáveis, embora possuam a desvantagem construtiva.
O mais adequado é considerar no projeto, e executar, vínculos semi-rígidos. Neste
caso, a freqüência natural da estrutura ainda pode ser calculada por uma expressão
similar a (2), porém com constante diferente das apontadas. A figura 13 apresenta uma
útil tabela, extraída de BLEVINS (1984).
1o. Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto pré-moldado 12
9. Referências
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73.
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