Vous êtes sur la page 1sur 78
Oar eee ce Bem-vindo reagate Paseadospratiamente vite anos dele seu: lngamento em 1979, lero mit conhecido de slean-Prangis Lyotard smantém stu poder eacarecedo, ate ar de mancra extremamente nda © cinta um. panorana das tamara: (es mais profandar que afetam a cult 1 ocidental neste nowo fin de Eco [Ne verdad, © arco histice dae tranae FormagGeeetraturaie abordaas no lero tstendese entre dt Finis de século. [Neste semdo, o panorama de tendéncine de curt, méi longo prazoe sponta por Lyotard vin sendo prepared, no vel das conde hivcas de prog de conhecimento« tecnologia, doe oF ‘alts cientfcos ccoridon na irda dbo sdcal XIX para 0 XX. A estratura Snterpretativa erabalhada em A iso nse il ao eoencal da clea atria hegeiano-marsst. Ou wi, sina de que mancia uma sucesso de transformsiee quantttives pequense acaba por determinar am ako qualia vo, uma madanga de Gpoc. Do moder 0 péemoderno. ‘A presente edigh raz uma novidde sigificatva,Corrge otto, rertabele: ‘end corvspondénca eta com 0 ‘rsinl. Lyotard ezteve um veo #0- leo cnlise péewmoderna eno sabre 9 *paemodenno". Not anos 80, falar em *pwmodere" come algo pronto te ‘bdo, eru ion de um ipa de sbor dager ech eal “mower qa completamente conta o expr Jo ex de Lyotard © flo irtaysse poe Fandamente com ese tipo de prop so de eu pesament, bastante comm entre inelectuae “pérmedernictae” nvr Feral do a UOTE CATAL 76 en Conneayto ACONDICAO . POS-MODERNA Ome_a3 pe | ™pR0 8 bee | etek dears lacay | omececon sos 5 LX epagag, ee ea JEAN-FRANCOIS LYOTARD A CONDICAO POS-MODERNA a 12" edigio JOSE OLYMPIO EprroRA “Tul do origina francés: TACONDITION POSTMODERNE (© Les Batons de Mimi, 1979 Reservam-se os dios desta eigto8 [EDITORAIOSE OLYMPOLTDA. ‘Rus Argentina, 171 ~3" andar ~ Sto isto 20821-360~ Rio de Janeiro, RJ— Replica Federaiva do Bras “Ts (21) 25952060 Frc 21) 285-2086 sored soto (2) 255 2002 ISBNSTESSA.06585 (Cap: Vier Boros ]UNIVERSIDADE FEDERAL 0» « A2A] BIBLIOTECA CENTRAL Ws sun FRR TEA GERTAL NOTA Eorravo pela primeira vex no Brasil, por festa Casa, em 1986, est loro recebet 0 titulo de © pésmodemo, até sua quarta edlgao, Quase vinte ance depois de escrito = Lyotard 0 pubiicou na Franca, em 1979—, procuramos resgatar set titulo original: A condigto pos-moderna, por representar mais fielmente as tdétas do Bie volume traz um posfcto, assinado ‘pelo crico Slviano Santiago, em que asst- nala a importancia do pensamento de um dos filésofos mais combartvos do nosso séeulo, morto, aos 73 anos, em 22 de abril de 1988. Setembro 1998, woven FD. 00 RA TEA CEMRAL SUMARIO ‘Tasos Pos woDeNos (Wimar do Valle Barbosa) sroDucto. vi A.CONDIGCAO, POS-MODERNA, (© campo: 0 saber nas sociedades informatizadas. © problema: a legitimagl0 mons : ‘© metodo: os jogos de linguagem A natureza do vinculo social: a alternativa moderna ‘A natureza do vinculo social: a perspectiva pés-modema 27 Pragmatica do saber narativo, 35 Pragmdtica do saber clentiico v7 ‘A fungio narrativa e a Jegitimacao do saber... St (Os relatos da legitimag0 do SabeF.nnsnnn 58 @ 7 8 » A deslegitimacio, ‘A pesquisa e sua legitimacao pelo desempenho.. ‘O ensino e sua legtimacio pelo desempenho, A citncia pos modesna como pesquisa de instablidade. ‘A legitimagao pela paralogia a Posrhco: A artosva ExTauOREZAGO DO SABER (Sloano Santiago). a eee id VERSO FERAL D0 PA TEENA, ‘TEMPOS POS-MODERNOS “A verdade € que « citmia favoreceu a forge intelectual rude © francamente insuportivel todas es vethas ropresentagies metafsices © moras da rapa humana.” (Robert Ms © homem sem qualidades, 1) Com o inicio, por volta dos anos 50, da chamada ésindustial”, assstinos a modificacbes substantivas nos estatutos da ciéncia e da universidade. O mats importante esse proceso de madifcagio,euja rigem encontrase na “crise da ciéncia”(e da verdade) ocorride not iltimos de trios do sée. XIX, ndo fol apenas a eventual substeuiio de uma “ma concepcao da ciéncia (a empirista, por exem- lo) por outra qualquer. O. que de fato vem desde entao ocorrendo é uma modificagio na natureza mesma da cifn cia (e da universdade) provocada pelo impacto das trans Jormacées tenoldgicas sobre 0 taber. A conseqténcia mais ‘melita desse novo cenirio foi tornar incfcas 0. quatro teérico proporcionado pelo filésofo (elase:metaisco) moderna que, como saberos, elegen como sua questao @ problenitica do conbecimento, secundartanda ‘as ques {es ontoldgicas ent face a gnoveol6picas. Mas, ao proce der dessa mancira, jez da fosofia um metadiscurso de legitimacio da propria ciénea, A modertade do. quatro tebrico em questao encontrese exatamente no fato de com ter certs recits os quais @ cléncia moderna eve que re correr para legtimarse como saber: alta do esprite, emancipagio do sujeto razodvel on do trabalbadon eres: cimento da rigueza ¢ outros. Desde 0 momento em que Se invalidou 0 enquadramento metaisico da ciéncia mo- dderna, vem ocorrendo nao apenas a crise de conceitos ca 10s ao pensamento moderno, tais como “razio”, "sujeto”, “wotalidade”, “verdade”, “progresso”. Constatamos que «0 lado dessa crise operase sobretudo a busca de novos en (quadramentos teéricos (“aumento da poténcia", “ficicia”, “optimizacio das performances do sistema) legitimadores da produgio ciemificotecnoldgica muma ere que se quer posindustrial. O posmoderno, enguento condicao da cul- ‘ura nesta era, caracteriza-se exatamente pela incredulida- de perante 0 metadiscurso filosificometafisico, com suas pretensoes atemporas e universalzantes. © ceenirio pxrmoderno 6 essencalmente cibernéico- informitico e informational. Nele, expandense cade vez mais os estudos e as pesquisas sobre a linguagem, com 0 objetivo de conbecer « mecinica da sua producto ¢ de textabelecer compatiblidades entre linguagem e miguine in- formitica. Incrementemse também os estudos sobre a “ine teligdncia artificial” € 0 esforca sistemitico no sentido de conbecer a estrutura e 0 funcionamento do cérebro bem como 0 mecanismo da vide, Neste cendrio, predominant or esforcos (cientificas, tecnoldgicos e politicos) no senti- do de inkrmata a ida. Spor am lado, een 2 colidianizaao da tecnologia informitica jé nos im. Doom sérias rellesdes por outro lado, seu impacto sobre 4 ciéncia vem se revelendo considendvl ns le (io 8 formato). queen de riecdade. ie prada) questa fideo FOr ces (nemamtoasonea de dad toborder dat flow) © rola a cemra ea, guess calor (veld midds ela e » pmol Homage de, menuem Wek fin samntide por site) suet policosris Cemocrtzngo Iniormagioredleuo de canara, perndoca soccer) ds" nor Tinea sabre cones tele rege eg, 0A aurea, A ciéncia, para 0 filésofo moderno, berdeiro do Iw sminismo, era vista como algo autorreferente, ou sea, exis. tia e se renovaca incessantemente com base em ki mesma Em ontras palaoras ra vista como atvidade "nobre", "de- Ainteresada”, sem finlidade preesabelecid, sendo que sua funcao primordial era romper com o mundo das “re. was’, mando do senso comum € das erent traconas, contribuindo assim para 0 desenvolvimento moral e esp ritual da nagio. : Nesse contexto, a citncia no era sequer vista como “ualor de uso” eo idealismo alemito pode entdo concebéla ‘como funduda em um metaprincipio filosbfco (a "vida di- vina”, de Fichte, ou a “vida do espirito”, de Hegel) que, or sua vez, permitiu concebéla desvincilada do Estado, a sociedade e do capital, e furdar sua legitimidade em "Nacio" ¢ “ciéncia” caminbarana juntas, por exem- plo, na avaliecio bumboldtiana, de sabor bumsnisticolibe- tly € que esteve na base da criagio da Universidade de Berlin (1807-10), modelo para muites organizagier uni versitirias nos meados do abe. XX. No entanto, 0 cenirio pés-maderno, com sua “voce 20" informitica € informacion, “investe” sobre esta concepsio do saber cientifico. Como muito bem notou Alfred N. Whitebead, 0 sée. XX vem sendo o paleo de tuma descoberta fundamental. Descobrv-se que @ fonte de todas at fontes chanase informasio ¢ que a ciéncia — assim como qualquer modalidade de conbecimento — na da muis é do que um certo modo de organizar,estocar € distribuir certs informacdes. Lange, portato, de cont tnuar tratando a cigncia como fundada na "vida do esp 10” ou na “vida divina"; 0 cenirio pés-moderno. comeca 4 véla como um conjunto de mensagens postoe! de ser tradusido em “quantidade (its) de informagio. Ora, se ‘as méquinas informiticas justamente operam traduaindo as -mensagens em bits de informagao, x3 era “conbecimento x cientifico” certo tipo de informacio traducivel na lingua ff gu ess gene atic on ene compat om ela. O gue se impoe com 0 tratamento informético da “mensogem” cientfica € na verdade wma concepcio ope nacional da ciéncia, Nesse contexto, a pesquisa centifica passa a ser condicionada pelas possbilidades vécnices da manna informbicny 0 que exapt on frances tt sibilidadestende a ndo ser operaciona,j& que no pode {or tradutido om bi. Asin sndo,« atbdade cena deixa de ser aguela praxis que, segundo a avaligio bu- imanisticoliberal,especulatioa, investia a formasio do “es pirto”, do “sueito razodvel”, da “pessoa bumana’” até ‘mesmo da “bumanidade”. Com ela, 0 que vem se impondo & a concepcio da ciéncia como tecnologia intelectual, om scja, como valor de troca e, por isso mesmo, desvincala- da do produtor (cientista) e do. consumidor. Uma pritica submetida ao copital e ao Estado, atuando como essa par- ticular mercadoria chamada forca de producto. Esse processo, fruto da corrosao dos dispositivos mo- dernos de explicagio da ciénca, & muito epropriademente ‘esignado por Lyotard pela expressio “deslegtimacao”. No mano, le Wo we 0 atts om Tso de crsto do “dispostivo especulativo” (Idedlismo alemGo, Hegel) ow do “dispositive de emancipagio” (Iluminismo, Kant, Marx). Esse corrosio (que Nietzsche entendew ser’ wma das ral es do “Nilismo ewropen”), muito bem captada em nar- rativas como Pais ¢ flhos (Ivan Turguenicv), ©. homem sem qualidades (Robert Musil) ¢ Sonimbulos. (Herman Broch), fez surgir novas linguagens que escapam as deter- minacdes tebrcas dos dispostivos modermos e aclerem sua prépria deslegtimagio. Da segunda lei da termodindmica 4 teoria da catistrofe, de René Thom; do simbolismo qui- ios gas alo dents de tori dor uta 3 Hsica pés-quintice; do uso do paradigma cibernttico-infor miley no estudo do codigo genttco co ressirimento da cosmologia de obseroacio; da crise da Weltanschauung RSA FEAL sRTECACevAL ewtoniane a recuperacio da nogio de “acontecimento”, “acaso™ na fisica, na biologis, na bistbria, o que temos ¢ 2 te de wma noo contr nos disposes de legit asio € no imaginério modernos: a nogio de orden. E com oa asstinas& redscussao da nocio de “desordem? 0 gue por sua vez torna impossivel submeter todos os dit= cursos (ou jogos de linguagens) & autoridade de um mete discurso que se pretende a sintese do significante, do sig nificado ¢ da prépria signficagao, isto &, universal e ‘consstente, Por isso mesmo & que as delimitagbes clissicas dos ‘campos cientifices entram em erie, se desordenam. Desa. arecem disciplinas, outras surgem da fusto de antgas; ax velbaslaculdades dio lugar as institatos de ensino efou ‘pesquisa financiados pela iniiatioa privada, pelo poder pa- ‘04 por ambos. A universidade, por sua vet, enguan 40 produtora de citncia, torna-se uma insttuigdo sempre tals importante no cileulo estratégico politico dos Esta- dos atuais. Se a sevolucio industrial not mostrou que sem riqueca ngo se tem tecnologia ou mesmo ciéncia, a condi- #%o pbsmoderna nos vem mostranda que sem saber cien- fico ¢ téenico ndo se tem rigueza. Mais do que isto: mos- tranos, através da concentragio massva, nos patses ditos pésindustries, de bancos de dados sobre todos os saberes hoje dispontveis, que a competicio econbmico-politica entre as nacses se dard dagui para frente io mais em Junio primordial da tonelegem anual de matéria prima ow de manujaturados que postam eventualmente produzi. Dersed, sim, em funcio da quantidade de injormagio 5 Gt. Communicaons, n° 18, 1972 (ndmero epee sobre reomade dn norto Ge scomacenen pele cite voniemprdnen 1 Stbe a centallgnds dee elincnao natal fred psgla cent fn En Morin La eve fa ae att Lama 1 Ua wie la ie ¢ Le pole peda la ralure humaine, toot ela Eaitons Sul, Pas ‘om 197, (000 197, reapetivsi, técnico-cientifica que suas universidades ecentros de pes- “quisa Forem capazes de produzir, estocar-e-fazer circular conto mercadoria. 0 contexto da deslegitimacio pés-moderna nia_pode, ceidetement, pasar sem 1 dips de legit. domo dr, ers Ly ne om ipl nao&tento toma pote da argumentaao desing Tre ier conenimenin dos destination da mens. toot cin, poe saa nr seine fos oc evo de lingtetem ande’o ue ell om questao no € & vverdade mas odesempenbo, ou seja, @ melbor relagio t/output” (p. 83). Como novo dispositivo de legiti- secPariino do decmpenho impbe 10 spent 0 Thandove do dsearto humantetbont por parte do Es ‘tan de capil on mesma da unorsiae. We meds em ttn bt’ €mentr oe, di roma dues. dover o importante ago ao alan svedade, ima. Tocaear sere no tntido de aumento eh, de mins fa ft inosine fr Spur idler coceeaiete eter loer'¢ aio Fee cide mas sr formar competes esp de Me a nes mes ws Eo amen ob “Apis erst comiderade, pree-nos recoil dar ue oteste de Lyotard contin, peta, ame dicen Ge gut rputanes findement: 0 omcesioprnoder Sends ltnar deen epistemoligcn sipiicat torent or cen eae een SP den or wen or arcanurane, motos, shies dposteos ngdertas te leiimaci, pte fo pres jon kee erdade "pote no poe st epae TECTIA, dos. A idéia baconiana de que 0 conbecimento € 0 poder parece, sem divida, animar a construgio do dispositive pérmoderno de legitimacio. No entanto, & preciso noter ‘que, para Bacon, pensar dessa mancira consitula um mo. do de tenter abolir a oposigio entre “técnica” ¢ “eman. ipacio” sem 0 abandono desta. O fildsofo inglés era do parecer de que a construcio de um “novo mundo” eva obje. tivo fundamental e que s6 pela via de um coubecimento ‘que deixasse de ser concebido como. contemplagio|desig- nacao de uma “ordem eterna”, perfeite, divina trans- Bistdriea, poderlames consiruir'uma comunidade livre de “idolos"" A problemética do "novo mundo", no entanto, parece nto seduair 0 filésofo parmoderno, avesso as file: sofias da subjetividade aos metadiscursos de emancipa- so, Preocupado com 0 presente e com 0 reforgo do cri- trio de desempenbo — crtério teenoldgico — visando com isto 0 reforco da “realidade” e 0 aumento das chan- ces de se ter “razio, ele parece ter abandonado os cami- bos da utopia, esse modo de encantar 0 mundo que ani- ma at lgdes de Bacon e de outros modernos. Estas, por sinal, mostram 0 esforco do filésof0 no sentido de supe- tar 0 divércio entre inteligencia e emogio. Para isso € sem divide necessério que o conbecimento (inclusive a filo- sofia) esteia mais perto do concreto, do presente, coope- rando com as forgas do econtecimento, decodificando e dando cocréncia eos detalbes da cotidianidade. Mas tudo isso com 0 objetivo de resgatar 0 encantamento que as religioes proporcionaram aos nossos ancestrais. Estar, sim, perto do cotidiano, do presente, mas visando a interpene. tragio da emogio e da ciencia, da paixio e da inteligencia, do sono ¢ da pritica, de forma que a poesia posta vir @ ser a flor esponténea do mundo juturo. Rio de Janeiro, outubro de 1985 ‘Winak D0 VALLE Banwosa ai es FARA 00 HLOTECA CENA, INTRODUGAO Este exo tem por cbjto a posico do saber nse tociodades mais desenvalvides, Decide chaméla de “péemoderna". A pala € wsade, 00 continente amet ino, por socidlogor e cticos, Desgna 0 estado di ca ture pcs as tranformades que afetaam as regras dos fogos da cnca, ca lteratara ¢ das artes a part'do final do século XIX. Aqui, esas transforms serio situadat em relagdo cise dos telaton, Oniginimente, « ciéocla entra em, conflto com os relatos. Bo ponto de vistn de-seis propros crteios m io ae dees hinornovelanee como ful, Ma, ta medida em que noe limite a emsnciar regulardades tis © que bosque 0 verdadero, deve legiinar sue ze gras de jogo. Asim, exerce sobre seu props estatato tum discumo de legiimagio, chamado flosolia, ‘ste metadisurso tecorre explictamente «algun grande felato, como. cislétice do espfrito, « hermentutin, Jo sentido, a emancipagio do sujet rational ou trabalhadar, © desenvolvimento da rigueza, deidese chamat “mo” glen ls ua to a referent asim, por exemplo, que a repra do conenso ene © fe. metente © detintsio de um enunciado com valor. de werdade Serf tida como accitével, se ela se insceve na Petspeccva de tua unanimidade fovsiel de menalidades Ficions: fof este 0 melato dis Luzes, onde 0 her do saber tabalha por tm bom fim éticopoiico, & pur unt versal. Vé-se neste caso que, legitimando 0 saber por um meta ‘que implica uma filesofia da histér cconduvidos a questionar a validade das instituicées. que tegem o vinculo. social: elas tami devem ser lepitima- das. A justica relacionase assim com 0 grande relato, no ‘mesmo gra que a verdade. Simplificando ao extremo, considera-se“ps-maderna”” 1 incrothulidade-em-relacio_aox_metatrelatos. E, sem di vids, um efeito do progresso das cincias; mas este pro- igresso, por sus vez, a supde. Ao desuso do dispositive metanarrative de legitimagdo corresponde sobretudo a crise da filosofia metafisica ea da instituigio universi- tiria que dela dependia. A_funcio-nerrativa_perde-seus vores (funetewrs), 0s grandes hersis,.os grandes perigos, ‘os grandes périplos eo grande objetivo. Ela_se-dispersa fem nuvens de clementos de linguagem narratives, mas também denotatives, prescriives, descrtivos ete. cada um vveiculando. consigo” validades _pragméticas su_genayisr Cada um de nés vive em muitas destas encruzilhadas. No formamos combinagies de linguagem necessariamente es- tiveis, e as propriedades destas por nés formadas no so nccessariamente comunicdveis. ‘Assim, nasce uma sociedade que se baseia menos numa antropologia newtoniana (como o estruturalismo ou 2 teoria dos sistemas) ¢ mais numa pragmatica das part culas de linguagem. Existem muitos jogos de linguagem diferentes; tratase da heterogencidade dos elementos. So- ‘mente dardo origem 2 instituigio através de placas; € 0 determinismo local. ‘Nao obstante, os decisores tentam gerir estas nuvens de socialidades sobre matrizes de input/output, segundo uma Iégica que implica a comensurabilidade dos elemen- tos € a determinabilidede do todo. Para eles, nossa vida fica reduzida ao aumento do poder. Sua legitimagio em iatéria de justiga social e de verdade'cientifia seria a de cotimizar as performances do sistema, sua eficicia. A apli- > eg Fete 00 TEA CENA ‘acto deste ctitério a todos 08 nossos jogos nfo se realiza sem algum terror, forte ou suaver sede operatéios, isto &, comensuriveis, ot. dessparceei. Esta légica do melhor desempenho €, sem divida, inconsistente sob muitos sspectos, sobretudo no que se refere 3 contradigio no campo. socioeconémico: ela quer, simultaneamente, menos trabalho (para baixar os custos dda producio) e mais trabalho (para aliviar a carga social da Populaco inva). Mas a incredldade resultant tl ‘que nio se espera destas contradigdes uma saida. sav dora, como pensava Mare, ‘A condigio pormoderna é, todavia, tio estranha 20 desencanto como & positividade cepa da deslegtimacio. ApGs os metarelatos, onde se poder encontrar @ legit midade? O critério de operatividade € teenolégico; ele no € pertinente para se julaur © verdedeiro e 0 justo. Seria pelo consenso, obtido por discussie, como pensa Habermas? Isto vioientaria a heterogeneidade dos jogos de linguagem. Ea invengio se faz sempre no. disenti mento. O saber pésmoderno niéo € somente 0 instr: mento dos poderes. Ele aguca nossa sensibilidade para as dlifereneas ¢ reforca nossa capacidade de suportar 0 in- comensurivel. Ele mesmo no encontra sua razio de ser na homologia dos experts, mas na patalogia dos inventores. ‘A questio aberta € a seguinte: uma legitimagéo do vinculo social, uma sociedede justa, seri pratcavel.se- undo um parsdoxo andlogo 20 da’atividade cienifca? Em que consistira este paradoxo? O_TEXTO que se segue ¢ um esctito de circunstincia. E uma exposicio sobre o saber nas sociedades mais de- senvolvidas, proposto ao Conselho das Universidades junto so govern de Quebec, a pedido do seu presidente, Este ‘imo autorizou amavelmente sua publicagio na Franca, aqui the agradeco. awit Resta dizer que 0 expositor & um fildsofo, ¢ nfo um expert. Este sabe 0 que stbe e o que nio sabe, aquele nfo. Um conclu, © outro interroga; sio dois jogos de lingua: sgem, Aqui eles se encontram misturados, de modo que rhenhur dos dois prevalece. (0 fildsofo a0 menos pode se consolar dizendo que 4 anilise formal e pragmftica de certos discurses de legi- timacio, filoséfces éticopolitces, que sustenta nossa Exposigi, verd a luz depois desta. Ela a terd introduzido, por um atalho um pouco sociologzante, que, embora a re duzindo, a situa Tal como esté, nds a dedicamos, a0 Instituto Pol- téenico de Filosofia’ da Universidade de Paris VIII (Vin- cennes), neste momento muito pésmodernd, em que esta Universidade corre © rico de despues © © intro soil END Feng 00D TEAC A CONDICAO POS-MODERNA © CAMPO: 0 SABER NAS SOCIEDADES INFORMATIZADAS Nossa hipstese de trabalho € a de que o saber muda de estatuto ao mesmo tempo que as socedades entram a idade dita pésindustrial ae culuras na Made dta ple. moderna Esta passagem comegou desde pelo. mence © final dos anos 50, marcando para a Europe o fim de son reconstrugo, Foi mais ou menos ripida conforme os pa ses c, nos pales, conforme os tetores de atividade: donde tuma ‘discronia_ geal, que’ nio tora ficl © guadro de conjuma® Uma parte das descrigtes nfo pode deixar de ser conjectural. E sabese que é imprudente conceder um crédito excessivo 2 futuroogia? Em lugar de organizar um quadro que nfo poders ser completo, partiremos de uma carscteristea que de- mente neato objeto. O saber centfico € uma espécie de discurs. Ora, pode-se dizer que hi qua- enta anos as cignias e as técncas dits de vanguerda versam sobre a linguagem: a fonologia ¢ es tcories lin. Asticas* os problemes da comunicgio © « cibernétia? 45 mateméticns modernas e a informtca,’ os compotadores € suas linguagens’ 0 problemes de tredagio das lingua gens ¢ a busca de compatibiidades entre. linguagens- as! 0s problemas de memorizagfo e os bancos de dados? a teleméviea e a instalagio de terminals “incl gentes"” a paradovologia:" eis af algumas provas evi enter, © a lista nio € exaustive. 5 * macionais afeta e aletard a circulagio dos con Parece que a incidéncia destas informagies teenol6- gicas sobre o saber deva ser consderivel. Ele € ou serd Afctado em suas dust principais fungées: a pesquisa e a tansmissio de conhecimentos. Quanto % primeira, um czemplo acs ao lego dado ela gendtin, ave deve Sp Pardons nrg 1 hemi, Hi ue nie le outros exe nto 2 segunda, hoje em dia tabe como, normelizando, miniaturizando e comes zando os. spazelhos, modifcam-e as operagdes de aquis- G80, classificacio, acesso ¢ exploracio dos conhecimentas.” E razofvel pensar que « multiplicagio de méquinas infor- tos, do mesmo modo que o desenvolvimento dos meios de ce cexlagio dos homens (transporte), dos sons ¢, em seguida, das imagens (media)” o fer. ‘Nesta transformasio geral, a natureza do saber no Permanece intacta. Ele no pode se submeter aos novos ‘anais, e torarse operscional, a nio ser que 0 conhe: cimento possa ser triduzido em quantidades de informa- fo." Pode-se entio prever que tudo o que no saber cons- fiuido nio € traduvel serd abandonsdo, ¢ que a oem. tagio das novas pesquists se subordinard a condigio de tradutblidade dos resultados eventuais em linguagem de imdguina. Tanto os “‘produtores” de saber como seus utili adores devem e deverio ter os mein de tad nas Tinguagens 0 que alguns buscam inventar e outros apren- det. As pesquisas versando sobre estas miquinas intéxpre- tes jd extdo adiantades," Com a hegemonia da informética, impSese uma certa légica , por conseguinte, um con junto de preserigdes que versem sobre os enunciados scei- tes came “de ier” ; sore Podese entio esperar uma explosiva exterioricagio dlo saber em reagio ao sujeito que sabe (sachar!), em qualquer ponto que este se encontre no processo de conhe- cimento. O antigo principio segundo 0 qual a aquisgSo do saber € indissoctével da formacio (Bildung) do expt Fito, e mesmo da pessoa, cai ¢ cairf cada vez mais em ‘ desuso, Esta relagio entre fornecedores e usurios do co- thecimento ¢ 0 préprio conhecimento tende e tenders a ‘ssumir a forma que os produtores e os consumidores de ‘mereadorias tém com estas tltimas, ou seja,« forma valor. O saber €e send produzido para’ser vendido, ¢ ele é-¢ send consumido-pars-ser valorizado numa nova_ producto ‘os dois casos, para ser trocado. Ele deiza de ser para si ‘mesmo seu proprio fim; perde o seu “valor de uso" " Sabe-se que o saber tornou-se nos sltimos dectnios a principal forga de producéo,” que ji modificou sense velmente @ composigéo das’ populagbes ativas nos palses mais desenvolvidos™ e constitui 0 principal ponto de et- trangulamento pera os pases em vias de desenvolvimento. Na idade pés.industrial e pés-moderna, a ciéncia conser: vvaré-e sem divide reforgard ainds mais sua importincia na disputa das capacidades produtivas dos Estados-nagées, Esta situagio constitui mesmo uma das razSes que faz pensar que o efastamento em relasio aos paises em vias de desenvolvimento niio cessaré de alargar-se no futuro.” Mas este aspecto no deve fazer esquecer outro gue Ihe € complementar. Sob a forma de mercadoria infor tmacional indispensével a0 poderio prodativo, 0 saber jf oe a ee competigio mundial pelo poder. Do mesmo modo que os Estados-nagSes se bateram para dominar terrtérios, € com isto dominar 0 acesso © a exploragio das m ¢ da miodeobra barat, € concebivel que eles se no futuro para dominar as informagies. Assim encontra-se aberto um novo campo para as estratégias industriis © comerciis e para as estratépias militares © politica” Contudo, a perspectiva assim aberta nio € tio sim- ples como se diz. Pois « mereantilizacio do saber no po- deré deixar inacto 0 privilégio que o& Estados.nagBes mo- demos detinham e detém ainda no que concerne & pro- dugio e a difusio dos conhecimentos. A idéia de que estes dependem do “cérebro” ou do “esptrito” da sociedade que 5

Vous aimerez peut-être aussi