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Mtiltiplos re educacao e cultura 2) REIMPRESSAO Belo Honzonte Editora UFMG 2001 tarefa ce fazer enguer sobre si uma nova ordem centfca” © reflexo dese paradigms emergente é um novo husmanismo, que coloca a pessoa, enquanto autor @ sujeto do mundo, no centra co conhecimento, mas, tanto a natureaa quanto as estrturas esto no centro da pessoa, ou se, 4 matureza e 2 sociedade sto antes de tudo humana. Nessa perspecta, EZPELETA & ROCKWELL (1986, p.58) desen- volver uma andlise em que com as estruturas S02 tum confronted int sistema escola, que organiza, separa e huerarquiza 0 espago,a fim de dif definindo ideaimente, assim, a8 relagdes Soci", de OUtO, 08 SueHOS — s, professors, funcion fazendo da escola A ESCOLA COMO ESRACO SOCIO-CULTURAL PRIMEIROS OLHARES SOBRE A ESCOLA Analisar a escola como espago s6cio-culural significa compreendéta na 6uica da cultura, sob um olhar mas denso, que leva em conta a dimensio. amismo, do fauzer-se cotidiano, levado 2 efesto por homens € balhadoras, negros € brancos, adultos € t6na. Falar {da escola como espago sécio: dos sujestos na trama social que a const escolar. Em outs palavras, analisam os efeitos produzicos na escola pelas principass estruturas de relagdes sociais que caractenmzam a soc dacle capitalist, definindo a estnitura escolar e exercendo influénctss sobre © comportamento dos sueitos socials que ali attar, A panir da década de 80, surgiu uma nova ve jnstituiglo escolar, que buscava superar os determ rnormas, das praticas e dos saberes que lio Agho reciproca entre © syjeto € a instituicio, het cotidiano, pela apropriacio, elaboragao, reelaboraco ou repulsa lexpressas pelos sujeitos socmais. (EZPELETA & ROCKWELL, 1986). esta forma, 0 processo educativo escolar recoloma a cada instante a reprodugio do velho e a passbilidade da consirucio do novo, e nenhum dos lados pode antecipar uma viténa completa e defintiva. Esta abordagem, pemnite ampliar a andlise educaconal, na medica em que busca apreender _ (08 processas reais, cotidianos, que ocorem no antenor da escola, 20 mesmo tempo que resgata © papel alivo ds sujesos, na vila socal e escolar. langara na diéspora do conhecimento iracional, regressa investido da 137 a fonte dos exemplos, das ce ges reais aqui apresentadas. Aos alunos, professores € direcao Gestas escolas deixo os meus agradecimentos, OS ALUNOS CHEGAM A ESCOLA 19s das 0s gestes, las, seriumentes, em momentos ‘amiplesmente, de um pasatempo, res de uma garagem por onde passam os professores. apts © ‘lunos descem por uma rama s0 lado de un pequeno anfiteat> ‘cenitio, onde v20 desempeninar apes especces, prepans do “murda da esol bem diferentes daqucls que desempesham no cain do "mundo da 1a" 138 A DIVERSIDADE CULTURAL Quem siio estes jovens? O que vio buscar na escola? O que significa para eles a instituiclo escolar? Qual o significado das expe- rigncias vivenciadas neste espace? Para grande parte dos professores, perguntas como estas nfo fazem ‘mutto sentido, pois a resposta é€ Gbvia: so alunos. E é essa categoria que vai informar sev olhar e as relagdes que mantém com os jovens, a compreensio das suas 31 independence elas vivenciadas, todos so consideradas igualmente alunos, procuram a escola com as ssmnas expeciativas e necessidades. Para esses professores, a ins- homogenerzacao di homogenezzagio da inst mpreendida como univers A escola € vista como uma instituiclo tinica, com os mesmios sentidos ¢ objeavos, tendo c acumulado, e aprender se toma assmililo, Como a énfase é centrada nos resultados da aprendizagem, o que é valorizado sio 23 provas e as notas e a finalidade da escola se reduz 20 “passar de ano” Nessa l6gica, nto faz estabelecer relagdes entte 0 vivenciado pelos alunos e © conhect mento escolar, entre o escolar e 0 extra-escolar,justifcando-se a desarticu- lagao existente entre o conhecimento escolar € a vida dos alunos. Dessa forma, 0 proceso de ensino/aprendizagem ocorre auma jomogeneidade de ritmos, es yostas educatvas para todos, independente da onge dade, das experiéncias Sbui0 os professores idos, mesmos recursos € de uma escola part apreendidas na ética da cogni¢io reguigoso etc: ou na do comportamento (bom ou mau ou rebelde, disciplinado ou indisciplinado etc). A prt logica, descons alunos, professores ¢ funcioninos — que dela participam, ot Sob 0 discurso da clemocratizagio da escola, ou mesmo da escola sue RHE, eS perspectiva homogeneizante expressi uma detemnunada forma 2 insgumental, que reduz a compreensio da de conceber a educagio, o ser humano € seus processos formativos, ou ‘ef, tracluz um projeto politico pedag6gico que var nformar 0 conyunto das ‘agdes edueatvas que ocomem no intenor ISio e de seus processos 2 ‘uma forma de instrucio centrada na transmussio de informagbes. Reduz os sujestos a alunos, apreendidos sobretudo pela dimensto cognitiva, O conhecimento 6 visto como produto, sendo enfauzados os resultados da tiomogeneidade de contedidos, ntmos ¢ estratéqias, © qualidade de suas experiénoias e relagbes sociais, prévias € paralelas escola, O tratamento uniforme dato pela escola $6 vem consagrar a las onigens socias dos alunos. ipreender esses jovens que chegam a escola (os sOcio-culturais. Essa outra perspectiva porameries e hibaos que the ic prop © que cada um deles &, a0 chegar 3 escola, é fruto de um conjunto. de esperiéncus sociais vivenciacas nos mais diferentes espa, © relagdes produtivas como neces 108 € elaboram essa experiéncia em. [Nesse sentico, a experiénea vivida é matéra-pnma a parir da qual os jovens ariculam sua propria culturs,‘aqui entendida enquanto conjunto de crengas, valores, visto de mundo, rede de significados: expressdes vés das quais qual véem, Ssujeno S04 ‘Aa mesmo tempo, por dos individuas do grupo se individuos se scentificam pelas formas propnas de vivenciar ¢ inter- pretar as relagdes e contridicbes, entre si e com a sociedade, © que produ uma cultura propa. E ande os jovens percebsem as relagSes em que estao imersos, se apropriam dos significados que se Ihes oferecem €.05 reelnboram, sob a limilacio das condigées dada, formando, assim, sua consciéncia individual e coletva. (ENGUITA, 1990). Nesse sentido, 5 alunos vivenciam experiéncias de novas relagdes na fami mentam morar em diferentes bairros, num constante reiniciar as relagbes com grupos de amigos ¢ fe le lazer. Passam a trabalhar muito cedo em ocupagées as mats variadas. Alguns ficam com 0 entre outres, qe con: expressoes de um genero, raca, de padroes de norma E um proceso dindmico, cr ao langando m m acesso, num didlogo constante com os elementos € com as estruturas sociais onde se inserem © as suas contradigées.* Os alunos podem personificar diferentes grupos sociais, ou seja, pester cem a grupos de individuos que comparilham de uma mesma defi- nigao de realidade, e interpretam de forms peculiar os diferentes equipamentos simbélicos da sociedade. Assim, apesar da aparéncia de homogeneidade, expressam a diversidade cultural: uma mesma linguagem pode expressar mélupias falas. Nessa medida, a educagio ¢ seus processos & compreendida para além das muros escolares ¢ vai se ancorar nas relagdes socias: Sto as relagbes sociais que verdaderamente edueam, isto &, foram, produ 2em os individuos em suas relidades singulaes © ‘ndividvo nasce homem. Ponanto, 2 educario tem um sentido mais amplo, & ' processo de pradusio de homens num determinado momento hiséaco.. (DAYRELL, 1992, 92) «Para uma discuss dealhada soe ete process 6 formato, vero extar“A Educagio do [Alon Trabalho, ums Aboulspem ARernatvr, DAYRELL 1992, onde Busco recupera este processo com detaes 142 Im NUM constante reposicionamento dos grupos sociais na dinamica das relagdes de classe" (Idem, p35). A diversiade ccuitural na socedade brasileira também é fruto do acesso diferenciado is informagdes, as insutuigdes que asseguram a distribuigSo dos recursos 2 utiizagio distnta do. univers ‘conoia¢iio poltico-deolégica, Jo © na expressio dos [ptojetos individuais das alunos, onde a escola se inclu. A nogo de projeio € entendicda como uma construcio, fruto de escolhas racionais, conscientes, a Ta M3 Ge possibilidades", ov onde se insere 0 indivi experiéncias , MO contexto s6cio-histénco-cultural concreto, 10, € que circunscreve suas possibilidades de naMOS que todos os alunos tém, de uma forma ‘escola, ¢ elaboram isto de uma forma texto de um plano de fururo, ‘Um outro aspecto reehborada a cada momento, fa era € o que ela possi 20 amadlurecamento psicol6gico, gundrio sobre as fases da vida. Concreumente, as questOes e interrogagdes Postas por um adolescente sexio muto diferentes das de um jovem de 18 6, mais nina, de un alto de 30 anos. Um adbotescente, por exempio, rolms com sua dent omen? 0 que & ser mulher? los sooass de homem mulver que Ihe s86 pas caGio de mass, pelos clegas Ao taba, menos consciente, fruto das experiéncias vivenciadas dentro do campo des de cada um, A escola & parte do projeto dos alunos. dendo ca cultura € projeto dos diversos grupos socis nela existentes, Sobre o significado da escola, as respostas so variadas: o lugar de encontrar € conviver com os amigos; © lugar onde se aprende a ser “ecucado", 0 lugar onde se sumentam os conhecimentos; © lugar onde se tra diploma e que passbilia passar em concursos, Diferentessignificados, para um mesmo temténo, certamente so inflar no comporat Alunos, no cotidiano escolar, bem como nas relagdes que Vio prvlegar. Um segundo aspecto € a articulagio entre a experiéncia que a excola oferece, na forma como estrutura 0 seu projeto politico-pecagogico, e x08 dos alunos. $e pi 1m espago de for muss de contetidos, no t issemos da idéia de que a experiéncia io humana ampla, endo apenas trans- mos de fazer da’ escola um lugar de A escola nao pod Consideran notumos, a escola no pi responder a demands desse ‘questOes que reflexio sobre a funcio social da escola € seu papel no processo de aprimoramento que, conhece: dlferenca cot preensio rotalizadora desse outro, conhecendo “alo apenas o mundo cultural do aluno mas a vida do adolescente € do adiulto em seu mundo de cultura, examinando as suas experiéncias cotidianas de participagao na vida, na cultura e no trabalho” (BRANDAO, 1986, us AS MULTIPLAS DIMENSOES EDUCATIVAS DO ESPAGO ESCOLAR © som estidente ds campainis volts a soar, avsando, ago. E formada por dois grandes de professores, uma biblioteca ‘em auditor. Ha um pequeno patio ous mass escuro, € 0 lugar prefer dos pouces exens de narorados. Um casal que ess se repreendido pein servente:@ mamoro & por exemplo, poss professor. Com o sina efewvo de comeco axe alas, o¢ alunos encamunham-se ‘par as salas © 9 ptio Rica van, 146 A ARQUITETURA DA ESCOLA A arguetur € 2 ocupagto do expag> fico nto sto news, Desde a fungées para cada sores, cada um dest 1e chama a atencio, é o seu iso cam claramente a passagem entre duas lades: 0 mundo da rua e © mundo da escoia, como que a tentar separar algo que insiste em se aproximas. A escola tenta se fechar ‘eM seu proprio mundo, cam suas regras, ritmos © tempos: © temidrio € construfdo de forma a levar as pessoas 2 u através dos corredores. chega-se as salas de aula, o locus central do Wo, Assim, boa parte da escola é pensada para uma locomocao * a disciplinagao, A biblioteca fica nu do prédio, espremida num espaco reduzido, Nenhum loc sala de aula, é pensado para ativicades pedag forma, a podreza estéuica, a falta de cor, deixam entrever a concepeao educ: aula © 2 instruglo, tal como afirmamos antenormente, se apropriam dos espacos, que a rigor nao thes nneles novos sentidos e suas préprias formas de ie. Assim, as mesas do pitio se tomam arquibancadas, prwvilegiados de observagao do movi io se torna lugar de (0, de relacionamentos. © corredor, pensado para ‘matam’ aula, patuo do mesa é twansformadora do uso el dos regulamentos. Fica evidente que essa levada a efeito pelos alunos, expressa sua compreensio da es lagdes, com énfase na valonzaclo da dimensio do encontro. essa forma, para os alunos, a geografia escolar e, com 1550, a propria escola, tém um sentido proj com 0 dos professores ¢ mesmo com os objetives expressos pela instituigdo. Mas, nao s6 os alunos re-sigei (© espago, também os a7 professores 0 fazem. Uma dat ‘ocasionalme1 fas de muito calor, leva set mesas do pit prazer de todos. Nio ouco dscutida enue os educado: que of alunos, © ti 0 resgfkuem, 2 que muitas vezes resinnge a dimensto educativa da acuta, £ muro comum, por exempl, professores desenvolverem pouco trabalho de grupo com seus : temanho ca sal, caneias pesadas ec. Uma dscussio sobre 2 dimensio “énica é importante em um propio de escola que se propona fem conta a5 dimensdes sSco-cuturais do processo educative, AO mesmo tempo, & preaso estamos atentos forma Como 0s alunos o=upam Ocapago da escola fazermos desta obsenagao mowo de discussoes entre professores ¢ alunos. Atvelades, como essis, podenam contibus, € rut, para desvelar e aprofundar a polisemia da escola, A DIMENSAO DO ENCONTRO 0 Bi um papel especifico, diferente ‘ou mesmo ‘A forma das relagdes entre os do momento em que ocorrem, seja fora ou dentro da escola, fora ou Ja sala, numa clara relagao entre tempo e espago. O recreio ¢ 10. Os momento de encontro por excel alunos de diferentes rurmas se misturam, formando grupos de 0 suas comcierscus de vis proptia, seus sobre as mesas no ali, num footing pelo pau em pequenos grupos. E também coi wver grupos menores nas salas jogando truco. E 0 momento da fruigio da afetividade, quando os avisos, recados, mina um tpo de regras € ances. Em qualquer um dos para um fluir das relagdes encontro, ou 20 contri, ROS curtos espagos de tempo permutidos ou em situagées de transpres ‘Assim, as relagoes tendem a ser superficass, com as conversis girando em tomo de temas camo paquerss, comentinos sobre alguma moca ou programas de televisio. Duranie a observagio, nunca uve oportuny presencuar alguma conversa que aprofundasse mass algum tema, A sala de aula-também é um espago. risticas proprias. Ea convivénci ‘culturas, interesses diferentes, que pass pelo menos por um ano, Sendo assim, formam-se subgrupos, por dades, interesses comuns etc. E a formagio de "panelinnas’, sempre identificadas por algum dos esteredtipas comrentes: a tim bagunca, os CDF, os mauncinhos. A ocupagio das temtérios, mu vezes, coincide com os comport tradicionalmente ocupa 0 fundo (5 CDF ocupam as cadeuras 0: conversas © brinca ibinagdes. Em cada um destes momentos, laclo, com comportamentos ¢ auiudes p regras e valores proprios. Ao ‘que parccem nio se ligar a dos grupos, forma, $3 nto dos alunos, Alguns server alunos ¢/ou professores. E 0 caso da dos Professores ou Dia das Mies. Qusos sma renovago do compromisso com a5 da Semana da Patna. E, indo lembrangas que manifes- ‘como € © caso das festas juninas, Tadios eles rem a reproduglo de valores consideridos unt na forma, na construcio (9s "bagunceiros”, num: detimento da poss fem cada ano, as turmas sia misturadas, ha um reiniciar constante das relagées, dificultando © seu desenvolvimento, Mais uma vez a escola cexpressa a l6gica instrumental, De qualquer forma, © cotidiano na sala de aula reflete uma experién- cia de convivéncia com a diferenca. Independente dos contedidos mynistrados, da postura metodolégica dos professores, é um espago potencial de debate de idéias, confronto de valores e visdes cle mun- do, que interfere no processo de formacao e educac3o dos alunos. A mesmo tempo, é (mas podria ser muito mais) um momento de apren- dizagem de convivéncia grupal, onde as pessoas estio lidando cons- tantemente com as normas, os limites e a transgressio. Como lembra BRANDAO (1986, p.121), a sala de aula alunos falarem de si, permite a aprendizag Funes ndo como © como simples de alunos-e pro tgualmente simples que regam a chauce necessina das egies por ponciios palho. Ge iensgressto, de acordos. A propa atvidade e fprova, em apenas um breve cone, no entania, poderoso © Hn ‘determinava relagbese er deteeminado por telacées socais 20 meso ems e extemas 205 lists da noana pedagogic, Olhar 2 instituigao escolar pelo prisma do cotidiano permite vislumbrar a dimensio educativa presente no conyunto das relagées sociais que ocorrem no Seu intenor. A q essa dimensio ocorre predominantemente pel a, independente da fade ou dos 0 cola. £0 que muitos autores entendem como “curt {LVA, 1994). Os diferentes comportamentas dos alunos, 4 relagio com os professores, a semana de provas so exemplos esses rituals escolares. pogtea € rmalmente peasada, 150 131 eden ra fabnea © que Mana esa copnndo para ee S, aceta a desculpn Tle me vé obs 2 conversa @ pisea para mim, dando a entender que conseguia en S. comega a expl ‘no quadro. Nio dest "os prestam steno af m quietos, ouvem misics aula? Una tuna de ahinos uns interessdos © bem comporados, cues rnem um pouco interessudos, em constante bagunea. Os professores, uns mais envolvidos que outros, mais cnauvos ou tediosos. Os processes termunam send muito parecidos:ensir Mas se apurarmos © ‘olhar, por iris desta aparente cbvredade, existe uma dinmica ¢ complexa rede'de relagées entre os alunos e destes com os professores, num pprocesso continuo de acordos, conflicos, construgio cle amagens ¢ este e6upos, nuin Conjunto de negonagbes, onde os propos ators, alunos & professores, parecem no ter a consciéneia da sua dimensio. Essa rede aparece como relagdes naturalizdas, Sbvias, ce qualquer sala de Um aspecto quechama a atengio sto os paps de aluno e de professor. sses papéis mio sio dados, mas sim cor da escola, onde a sala de aula aparece como o espaco prvilegado, N consirugio do papel de aluno, en de que ca n esieredtipas socialmente criados, que temi= de comporamento, Uma turma pode ser “bagunceim" ou “fraca” part uns professores € no 0 ser para outros, mas certamente isto interfere na auto-magem, & cla ‘pode assumur de fato 0 “tipo” ou abn o conflico com o professor, Na ‘escola observada, por exemplo, 0s professores comparavam duas urmas de 8 séne, uma delas consideraca pior que a outra. Falavam disso constantemente, quando havia algum problema, quase sei ligado & diseiplina, Os alunos, quando se referiam a essa imagem negativa, spressavam um certo ressentimento, quase a dizer que se sentiam, jeitados. Assim, cada turma pode ter vt -cifiaddade em relagio as etc.) e aos comportamentos em sala, expressio da logica instrument ‘te, representa o aluno reduzido a sujeito ireza 08 preconceutos e racismos existentes nas relagdes, agens ligadas 4 cor ou a raga, € mesmo a questOes sexuais, com énfase no homossexualismo e na prostituico. werfere na produgio da subjeuvidade de cada um dos ov negativa, Us fo 0 esteredupo, tend sao, que se toma um Allada a outros fatores, como as repeténet 26 alunos, 18 jf tinham tomado pelo menos uma bomba), ou a Gesqualificagio no no caso desses jovens a6 propa, Os dois mt das vezes, permanecem separados Para boa parte dos professor reduz a uma reiaglo simples or principios igualmente simples. Come descrevemos, no inicio trabalho, os alunos sio vistos de forma homogénea, com as me: interesses e necessidades, quais sejam o de aprender contetidas para fazer provas e passar de ano. Cabe, assim, ao professor ensi transminr esses contetidos, mi izando o seu papel. O professor parece nao perceber, ou nao levar em conta, a trama de relag6x sentidos existentes na sala de aula. O seu olhar percebe os alunos apenas enquanto seres de cognicio, e, mesmo assim, de forma equr Vocada: sua maior ou menor capacidade de aprender conteddos comportamentos; sua maior ou percebe a to das relagdes que se sua frente, na sala de aula, Devxa, assim, de pote fem curso, de uma das dimensdes humanas, ou seja, do grupo, das relagdes sociats © seus conflitos Diante ca aula, a pergunta imediata padena ser. quats s80 os objetivos desta unicade? qual 2 relagao que existe com a realidade dos alunos? O que € em que este tema acrescenta algo ou é importante para cack Em nenhum momento, 2 professora pessoa ‘95 objetivos especificos da matéria que esté ensinando. O ém no perguntam. Parece que a € aquele consagracio nos de lazer etc, Nao sena o caso de estabelecer relagdes entre as duas realidades? De analisar essas relagées, a partir do que os préprios alunos 155 jf sabem sobre aquele pats? O que se questiona nto € tanto 0 conteiido scolar em 1, apesar das muitas aberragdes existentes, mas a forma como entendido e trabalhado pelo professor. Da forma como esti posto, 0 conhecimento escolar deixa de ser um dos meios através dos uais 05 alunos pociem se compreender melhor, compreender 0 muncio fisico e social onde se inserem, contribuindo, assim, na elaboracio de seus projetos. Também podemos nos perguntar s¢ a escola, mais do que enfatizar a transmussio de informacOes, cada vez mais dominadas pelos meios de comunicagio de massa, nlo devena se onientar para contribuir na organizago racional das informagbes recebidas e na econstrugio das concepgoes acritcas € modelos sociais recebidos. Os professores, na sua mai lidar com os contetidos, dex geracio adulta, portadora de blopias a ser proposto a0s alunos. Deixam de contrbuir no processo de formacio mais amplo, como interiocutores desses alunos, diante das suas crises, dtividas, perplexidades geradas pela vida coudiana. Cabe perguniar: es havendo, nesse caso, um processo de aprendiza- ‘gem? Se levarmos em conta a nogio de aprendizagem signifcativa, a res- pposta € nfl. Na conceprio desenvolvida por SALVADOR (1994), 0 aluno aprende quando, de alguma forma, © conhecimento se toma stgnificatwo ‘para ele, ou seja, quando estabelece relagbes‘substantvas € nao arbitnas fenize © que se aprende € 0 que fi conhece. E um processo de consiruglo de significadas, mediado por sua percepgio sobre a escola, o professor & ‘sua atuagio, por suas expectativas, pelos conhecimentos prévios que ff ppossui. A aprendizagem implica, assim, estabelecer um didlogo entze 0 conhecmento a ser ensinado e a cultura de ongem do aluno, | Eaqui retomamos a discussio sobre a diversidade cultural. Tanto a } anuopoiogia, quanto a Psicologia © 2 LingUistca, enize outras areas das Ciencias Sociais, f constataram a relaglo inuma existente ene a cultura de onigem, 05 sentimentos emogbes € as suas expressées ou, em outras palavras, a relaglo inuma entre a constvxgio de um universo simbdlico © a ddimensio cognitiva como evidencia Basil BERNSTEIN (1971, p.28). Este autor mostra também que a cogniclo se expressa nos diferentes usos da linguagem, relaconando-a is ciferencas de classes soca: “A recepuvidade rma forma particular de estrutura da lingua determina 1 maneira como construidas as relagdes com os objetos e a onentagio para uma mani- lagSo propria das palavras.” Quando afirmamos @ exiséncia de uma iversdade culmural entre os alunos, implica afirmar que, numa mesma sala, podemos ter uma diversidade ce formas de aniculacto cognitiva resos que estio a esta forma de 156 Dessa forma, para a aprendizagem se efetivar, € necessirio levar em 10 em sua totalidade, retomando a questo do aluno como ‘io mediadores no processo de ensino © aprendizagem, Além da pastura pecagégica das professores, ene também nos pergun- tarmos pela qualidade dos conhecmentos, das contetidos ministrades na ramos, em grance parte das a ténas, € que o que € oferec: dlluida © degradada do conhecimento. pode ser uma das causis centrais do fracasso da escola, prncipalmente daquela dingida as camadas populares. Vista num outro Angulo, 2 aula, para os alunos, parece ser uma 1, que € ter notas par passur de ano. © que di sentido e ‘vo ganhar com cada wi periodo de abservagio fot ‘entre as alunos eram a res cada uma das maténas, aqy felicidade — aquelas nas quais no precisavam de nenhum ponto. Nesses Se 0s alunos tém essa per la, asim, velo sendo construida ras experiénes escolares, Mats do que “alienagio* dos alunos, como muitos professores gostam de afrmar, €fruto a propria cultura escolar. Mas no coulano da sala de aula, mesmo tencdo ‘estes objetivos, 0s alunos vio produaindo esralégas prépras, para suponar fa "ehauce necessira" das aulas. © que parece mesmo ajucar a passar 0 tempo silo a5 conversa e brincadeins, 0 mo altemado de concentaio & esconcentragio. A intensidade e€ © grau de envolvmento nas aulas vo epender do papel que se assume como aluno, Na sala, tem desde agueles ue milo do uma palavra, ficando quietos praucamente todo 0 period, até 6 que nfo param ou que fam escutando rido pelo andendo de cada professor € a turma. Poucos conseguem tocar efet Ficam reduzidas as possibilidades educauvas. O coudiano evidencia a 137 pouca énfase Os professor discipl concentragio. Nas wmento, de articulagao entre fatos etc. Em idade naquilo que seria uma das fungdes lidades bisicas necessdnas 20 pro- ‘de conhecimentos. Parece que o que é aprendido, a intencionaliclade, por parte neste nivel, 0 € individuaime dos professores ou da escola mental na escola sao as a que sto atividades real Cos do que sio considerados cefetivamente pedagégicos. Talvez por is80 mesmo, nelas, 0 prazer ¢ 0 lidico sto permitdos. Nessas atwvidacles, nem todes os alunos, € muito menos 0 conjunto dos professores, partcipam. Sio momentos quando fica mais explicia a nogio de uns e outros a respeito da escola, sua Fungio, suas dimensdes educatvas. Para é Fessores, as pedagogicos, que pouco acrescentam dimensio edtucativa central, que & 2 tansmissa0 de contetidos, 0 "enstno forte’, no dizer de musts alunas. Presencamos um destes eventos, a festa do He t, coordenada pelas professoras de Inglés, Porugués e Educaco mma atividacle para apresentar, dda omamentagio: vampiros, aranhas de cartolina, A preparaglo se deu em uma semana, mudando o cl de um cotidiano monétono, para uma excitag2o significativa. recreio era © momento em que cada turma ens sua apresentago €, nas auias, os alunos se organtzam. No dia, a comuni- cade lotou 0 anfiteato, evidencando uma predispasigio paricipar de atvidades culturais. As apresentagoes, na sua maioria, foram coreografias coletivas de danca. Ent visivel o envolvumento € interesse de boa parte os alunos, O Tato de uma turma produzir uma coreografia, ensaar, dividir responsabildades, bngar com aqueles que nao quenam se envolver, pro ‘cuz as fantasias,ficar tensa na véspera da apresentaglo, apresentar © ser aplaudida, € uma experiéncia educativa intensa. Nao dena de significar tum resgate da capacidade de cnar, expressar, de potencializar as capac- aces que quase nunca so estimuladas no cexidiano destes yovens. ‘Ao mesmo tempo, chama a atengo 0 fato da escola nfo aproveitar esses momentos ¢ situagées para ampliar seu trabalho educatvo, 158 relacionando tais ages 20 cotidiano da sala de aula, aos contetidos, ampliando 0 acesso dos alunos aos bens € expressbes culturais. O que foi apresentaco for criago apenas dos alunos, sem nenhuma rientaco ou acréscimo por parte dos professores. Apesar daquel professores, que promoveram a festa, traball como esta aponta para a buindo, através do prazer, para o reforgo da auto-estima, do ser mento de ser criatvo, para o fortalecimento do senumento de grupo yogica dessa gnire 8 alunos e os proestores, Ap nbém pata o potencial da lisado diz respetto 2 estrutura da escola, a, como divide os tempos & espacos, 1 cultura propria, Na escola, desempe- 3, definindo de idade, clo 159 diélogo. Independente dos cbjetivos explictos da escola, vem ocomendo ais da escola reflitam 1 significados da forma como a esc Acreditames que a escola pode € deve ser um espaco de for aprofunde 0 seu processo de humaniza¢ao, respeito dos contedidos se organiza e funciona no cot se necessirios a ampliagio e o aprofundamento das ‘apreender a escola na sua dimensio cot BRANDAO, Catlos Rodrigues. A turma de wis Sala de aula: que espaco € este? Camp: : MORAIS, Regis. Papirus, 1986 CANCLINI Sho Pa Nestor Garcia. 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