Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
RESUMO A PSICANÁLISE E O
TRATAMENTO DE
O artigo apresenta o trabalho
realizado em uma instituição
de saúde mental com crianças
e adolescentes autistas e
psicóticos. Aborda a questão
CRIANÇAS E
do tratamento da psicose e da
prática da psicanálise em ADOLESCENTES
instituição. A partir de
fragmentos de casos clínicos, AUTISTAS E
PSICÓTICOS EM
discute as coordenadas de um
trabalho em equipe orientado
pela “prática entre vários”.
Descritores: psicanálise;
instituição; autismo; psicose; UMA INSTITUIÇÃO
“prática entre vários”
DE SAÚDE MENTAL 1
197
pai. Pedro constrói seu percurso na efeitos surpreendentes sobre esse su-
instituição por meio do trabalho in- jeito. A técnica se apresenta aqui tam-
dividual com essa técnica e entre os bém submetida a uma lei além dela e
“vários” do NAICAP. Descreve, para de Pedro, escapando ao lugar do
a técnica, o que lhe acontece nos Outro que goza dele como objeto.
momentos em que passa ao ato, fi- Ele se mostra bastante apaziguado.
cando agressivo. São vozes que lhe Negociações e substituições são pos-
falam injúrias: “mulherzinha”, “bichi- síveis quando há demanda. Inventa
nha” ou “burro”. As alucinações e a brincadeiras, como a de que é um
transferência do tipo erotomaníaca gerente de banco e diz à técnica que
com a técnica, fazem-nos pensar em ela não tem salário para receber, des-
um caso de paranóia. falcando o Outro. Em uma dessas
Com as crianças e os demais brincadeiras, constrói uma carteira de
adultos da equipe é sempre agressi- identidade na qual, a seu pedido, são
vo e tem muita dificuldade em se colocados seus dados. Mas recusa-se
submeter às regras institucionais. A a colocar seu sobrenome paterno. A
qualquer demanda do Outro sua in- recusa atesta o fato de que ele tem
terpretação é sempre a mesma: o um nome, mas este é rejeitado, fora-
Outro quer agarrá-lo, fazer dele mu- cluído. Que direção de trabalho to-
lherzinha ou persegui-lo. Na posição mar para que Pedro construísse um
de objeto de um Outro caprichoso e ponto de ancoragem sem o pai?
sem lei, que goza dele, qualquer “não” Uma primeira elaboração da
é vivido como uma catástrofe. A perda se faz quando a técnica não
equipe se vê às voltas com a dificul- pode comparecer ao NAICAP. Ele
dade de lidar com o medo que ele lhe conta que pensou que ela havia
provoca nas outras crianças, com suas morrido. Ao invés da certeza eroto-
falas repetitivas sobre temas sexuais maníaca, agora surgem perguntas: ela
e a intensa erotização nas relações sentiu saudades dele? A transferência
com as pessoas. toma a via do amor, permitindo uma
No trabalho individual, a primei- subtração de gozo.
ra questão foi o manejo da transfe- Em um momento subseqüente,
rência erotomaníaca com a técnica de vem dizer à técnica, com enorme sa-
referência. A posteriori, foi possível tisfação, que está virando mulher e
localizar um momento de virada no que raspou os pêlos pubianos. Surge
trabalho com Pedro, a partir de uma o empuxo à mulher como uma for-
intervenção. Diante das constantes ma de apropriar-se do gozo do qual
demandas de Pedro para levar os era objeto na injúria: “bichinha”. Pos-
brinquedos do NAICAP para casa, teriormente, diz estar se transfor-
que resultavam em cenas de deses- mando em um cantor popular. Pe-
pero incontornáveis, a técnica respon- dro, agora, nomeia-se Fabio Junior.
de que ela também não pode levá- Apaixona-se por uma estagiária e diz
los, já que há uma lei do hospital proi- que quer namorá-la. Passa ao ato, ten-
bindo crianças ou adultos de levarem tando agarrá-la e beijá-la. A estagiá-
os brinquedos. Essa intervenção tem ria propõe-lhe, então, uma conversa
199
201
RESUMEN
PSICOANÁLISIS Y EL TRATAMIENTO DE NIÑOS Y ADOLESCENTES
AUTISTAS Y PSICÓTICOS EN UNA INSTITUCIÓN DE SALUD
MENTAL
El artículo presenta el trabajo realizado en una institución de salud mental con niños y
adolescentes autistas y psicóticos. Trata de la cuestión del tratamiento de la psicosis y de la
práctica del psicoanálisis en institución. A partir de fragmentos de casos clínicos, discute
las coordenadas de un trabajo de equipo, orientado por la “práctica entre varios.”
Palabras clave: psicoanálisis; institución; autismo; psicosis; “práctica entre varios”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NOTAS
jeannemarie@uol.com.br
kafer@centroin.com.br
abastosg@terra.com.br
Recebido em agosto/2006.
Aceito em outubro/2006.
203