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A CRISE DA ECONOMIA AMERICANA


COMO SURGIU A CRISE.

A crise no mercado hipotecário dos EUA é uma decorrência da crise imobiliária


pela qual passa o país, e deu origem, por sua vez, a uma crise mais ampla, no
mercado de crédito de modo geral. O principal segmento afetado, que deu origem ao
atual estado de coisas, foi o de hipotecas chamadas de "subprime", que embutem um
risco maior de inadimplência.

O mercado imobiliário americano passou por uma fase de expansão acelerada


logo depois da crise das empresas "pontocom", em 2001. Os juros do Federal Reserve
(Fed, o BC americano) vieram caindo para que a economia se recuperasse, e o setor
imobiliário se aproveitou desse momento de juros baixos. A demanda por imóveis
cresceu, devido às taxas baixas de juros nos financiamentos imobiliários e nas
hipotecas.

Em 2005, o "boom" no mercado imobiliário já estava avançado; comprar uma


casa (ou mais de uma) tornou-se um bom negócio, na expectativa de que a
valorização dos imóveis fizesse da nova compra um investimento. Também cresceu a
procura por novas hipotecas, a fim de usar o dinheiro do financiamento para quitar
dívidas e, também, gastar (mais).

As empresas financeiras especializadas no mercado imobiliário, para aproveitar


o bom momento do mercado, passaram a atender o segmento "subprime". O cliente
"subprime" é um cliente de renda muito baixa, por vezes com histórico de
inadimplência e com dificuldade de comprovar renda. Esse empréstimo tem, assim,
uma qualidade mais baixa --ou seja, cujo risco de não ser pago é maior, mas oferece
uma taxa de retorno mais alta, a fim de compensar esse risco.

Em busca de rendimentos maiores, gestores de fundos e bancos compram


esses títulos "subprime" das instituições que fizeram o primeiro empréstimo e
permitem que uma nova quantia em dinheiro seja emprestada, antes mesmo do
primeiro empréstimo ser pago. Também interessado em lucrar, um segundo gestor
pode comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia
de venda de títulos.

Porém, se a ponta (o tomador) não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá
início a um ciclo de não-recebimento por parte dos compradores dos títulos. O
resultado: todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os "subprime", o
que termina por gerar uma crise de liquidez (retração de crédito).

Após atingir um pico em 2006, os preços dos imóveis, no entanto, passaram a


cair: os juros do Fed, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crédito e
afastaram compradores; com isso, a oferta começa a superar a demanda e desde
então o que se viu foi uma espiral descendente no valor dos imóveis.

Com os juros altos, o que se temia veio a acontecer: a inadimplência aumentou


e o temor de novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no país
como um todo, desaquecendo a maior economia do planeta --com menos liquidez
(dinheiro disponível), menos se compra, menos as empresas lucram e menos pessoas
são contratadas.
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POR QUE ELA E TÃO GRAVE?

Porque atingiu em cheio o coração do sistema financeiro, cada vez mais


central no capitalismo. Sem o fluxo normal de crédito, a máquina da economia global
fica asfixiada. “Tudo depende de crédito e confiança no sistema financeiro. Neste
momento não vejo nem crédito nem confiança”, disse a REVISTA ÉPOCA o
economista americano Thomas Trebat, da Universidade Colúmbia, de Nova York. A
revista The Economist compara o sistema financeiro ao encanamento de um edifício.
Quando ele funciona, ninguém percebe. Quando entope, o mau cheiro é insuportável.
Esta é a situação atual: o sistema parou, mesmo com os governos dos Estados
Unidos, da Europa e do Japão injetando US$ 1,4 trilhão na tubulação. O custo dos
empréstimos entre os bancos cresceu 16 vezes nos últimos 18 meses, porque as
instituições financeiras não confiam uma nas outras e preferem ter dinheiro em caixa.
Se os bancos não emprestam dinheiro entre si, também não emprestam para as
indústrias, para os serviços e para os consumidores. “É seguro dizer que, enquanto os
mercados financeiros não funcionarem normalmente, a crise financeira não vai
terminar”, diz a Economist. “Até que a crise financeira acabe, a economia global não
vai se recuperar”.

O TAMANHO DA CRISE.

Em agosto de 2007, quando o Fed foi obrigado a injetar US$ 64 bilhões no


mercado financeiro americano para desfazer o gargalo de confiança que paralisava os
empréstimos entre os bancos, percebeu-se que a crise hipotecária tomara uma
proporção dramática. Deste então se tenta dimensioná-la. O Fundo Monetário
Internacional falou de imediato em custos de US$ 1,5 trilhão. O que então parecia um
exagero hoje parece uma avaliação otimista. Só o governo americano já empenhou
US$ 1,58 trilhão para tentar conter o desastre. E pode não ser suficiente.

Calcula-se que a crise tenha pulverizado US$ 17 trilhões das Bolsas de Valores
no mundo todo até a semana passada. É muito dinheiro – equivale a
aproximadamente 13 vezes a economia brasileira e é mais do que a dos Estados
Unidos e a do Japão juntos.

Essa é uma medida do problema. Outra, menos abstrata, é que já faliram 13


bancos neste ano nos Estados Unidos. Desapareceu um setor inteiro do mercado
financeiro – os centenários bancos de investimento –, tragado por dívidas e incertezas.
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Se tivesse parado por aí, a crise já seria histórica. Mas ela foi além: secou o mercado
de crédito mundial, derrubou o consumo nos Estados Unidos e congelou planos de
investimento em todos os países. A economia global travou.

Empresas como Ford, Toyota e Honda enfrentam quedas de venda da ordem


de 30% nos Estados Unidos. A General Electric não consegue rolar sua dívida de US$
90 bilhões. Foi obrigada a pedir uma injeção de capital de US$ 3 bilhões ao investidor
Warren Buffett. A Microsoft estava no Congresso americano na semana passada
fazendo lobby pró-pacote, porque via que seus clientes no mercado financeiro
estavam sumindo. Além de multissetorial, a crise é internacional. A Europa está
socorrendo seus bancos na Inglaterra, na Irlanda e na Bélgica e se prepara para
enfrentar uma forte desaceleração da economia. A China cortou a taxa de juros pela
primeira vez em cinco anos para manter seu espetacular crescimento. O preço das
commodities desabou, com a expectativa de recessão. O financiamento internacional
às exportações desapareceu, ameaçando o comércio internacional e o equilíbrio
financeiro de países emergentes como o Brasil.

O CUSTO DA CRISE.

A conta final para a economia planetária poderá chegar a astronômicos US$


4,5 trilhões, ou quase 8% do PIB global. Os primeiros a perder são os sistemas
bancários americano e europeus. Eles podem ver desaparecer US$ 3 trilhões, se
forem contabilizados a redução das linhas de crédito das montadoras, o colapso dos
cartões de crédito, a redução de crédito entre os bancos e outros prejuízos não
precificados. Também perderão os bancos centrais com títulos dolarizados,
basicamente China, Hong Kong e Japão. Como a aprovação do pacote econômico de
emergência significará um aumento do déficit fiscal americano, estudos prevêem uma
possível desvalorização do dólar.

Esses bancos centrais deverão amargar, assim, um prejuízo de US$ 500


bilhões nos títulos referenciados em dólares. Some-se a isso o pacote aprovado pelos
Estados Unidos, num total de US$ 850 bilhões – conta que será paga pelos
contribuintes –, e chega-se à absurda soma de US$ 4,35 trilhões, o custo estimado da
turbulência. Detalhe: ele não leva em conta os prejuízos decorrentes das perdas de
empregos, vendas, encomendas, exportações, enfim, da freada que a economia
mundial poderá sofrer em virtude desse caos.

O EFEITO DA GLOBALIZAÇÃO

A globalização criou canais de comunicação entre todos os países e setores


econômicos. Fez do isolamento e da blindagem uma quimera. Os países serão mais
afetados quão maior for a sua conexão ao sistema financeiro americano, quão mais
ampla for a abertura da sua economia e quão maior for o grau de endividamento do
seu sistema financeiro. A Europa tem ligações umbilicais com Wall Strett. Em países
como o Reino Unido se opera em graus elevados de endividamento. Aí a crise vai ser
severa. A Ásia é dependente do mercado de consumo americano. O sistema
financeiro de alguns países – como o Japão – funciona em íntima sintonia com Nova
York, mas com grau de endividamento menor. A crise será menos intensa. No mundo
emergente, misturam-se realidades distintas. A China está perigosamente vinculada
ao mercado financeiro americano: um quinto das reservas do país está em títulos dos
gigantes falidos das hipotecas, Fannie Mae e Freddie Mac. Nenhum país tem tanto a
perder com um eventual colapso do mercado financeiro.
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Na América Latina, países como o Brasil vão sofrer com a falta de crédito e o
encolhimento do mercado de commodities.

Para ter uma idéia da extensão da atual crise financeira, já “evaporaram” do


mercado acionário global cerca de US$ 12 trilhões do fim de 2007 até o fim de agosto,
último dado oficial disponível, segundo a Federação Mundial de Bolsas de Valores.
Nesse período, o valor de mercado de todas as ações negociadas no mundo caiu de
US$ 61 trilhões para US$ 49 trilhões. Em setembro, é provável que outros US$ 4
trilhões ou US$ 5 trilhões tenham virado pó nos pregões em todo o planeta. É o
equivalente a mais de duas vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de R$ 1,9
trilhão em 2007.

A riqueza que evaporou

Em um ano, o valor de mercado das empresas listadas nas principais Bolsas do


mundo caiu fortemente - em US$
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QUAL O EFEITO DA CRISE NO BRASIL?

O comércio internacional deverá perder vigor e nenhum país ficará livre de


sofrer algum impacto no ano que vem. “Nos últimos anos, o Brasil foi muito favorecido
pelo forte crescimento da economia mundial”, diz o economista José Júlio Senna, ex-
diretor do Banco Central. “É evidente que, se a economia mundial piorar, a situação
por aqui vai piorar também”. No começo, os problemas estiveram confinados ao
campo financeiro, castigando principalmente quem investe em ações. A crise começou
a contagiar o setor produtivo, atingindo duas das principais alavancas do crescimento
brasileiro: as exportações e o crédito externo. Com a crise, tanto as exportações
quanto o crédito encolherão. Para amenizar a situação, o governo adotou algumas
medidas. Liberou R$ 5 bilhões para financiar os agricultores.

O Banco Central injetou mais de R$ 36 bilhões na economia para ajudar bancos


pequenos e médios que antes buscavam crédito barato no exterior. “A janela externa
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para eles fechou”, afirma o economista Alexandre Póvoa, da Modal Asset


Management.

PORQUE O BRASIL ESTÁ MAIS SEGURO HOJE.

A economia brasileira hoje é mais sólida do que até poucos anos atrás. A maior
parte da expansão do PIB brasileiro vem do mercado interno. Apenas cerca de 15%
vêm das exportações, área mais afetada pela crise. “O Brasil é muito voltado para o
mercado interno”, afirma o economista Ilan Goldfajn, ex-diretor do Banco Central. “Isso
torna o país menos sensível aos efeitos desta crise”. A confiança do investidor
estrangeiro no Brasil, que sempre causou instabilidade, não é mais um problema
grave.

O país tem US$ 206 bilhões em reservas, volume suficiente para pagar suas
dívidas. “Não vai haver desconfiança sobre a capacidade do Brasil de pagar algum
débito”, diz Goldfajn. “Nas crises anteriores, as reservas do Brasil equivaliam a lutar
com uma espingarda. Agora, o Brasil tem uma metralhadora M-16”, afirma um
economista de um dos maiores bancos do país. Além de ter como pagar, o Brasil deve
menos.

Anos atrás, crises como essa provocavam uma disparada no preço do dólar e
da dívida. Hoje, a dívida em dólar não só está zerada, como o Brasil mudou de lado –
é credor em dólares. “Em outros tempos, a esta hora o Brasil estaria um pandemônio”,
diz um economista.

O Brasil é atingido por tal crise, no entanto num ritmo bem menor do que as
crises no passado (apesar da intensidade dessa ser muito maior). Isso ocorre por uma
infinidade de razões que em conjunto corroboram para o distanciamento de nossa
economia da atual crise, algumas dessas razões são históricas outras mais atuais.
Algumas conjunturais outras mercadológicas. Enfim, vamos a alguns exemplos:

Historicamente falando, desde que Itamar Franco montou a equipe econômica


responsável pelo que viria ser o Plano Real, o Brasil finalmente entrou num caminho
coerente e correto. Com o advento do Plano Real veio a estabilidade e o mais
importante: o fim da inflação, que significou a maior transferência de renda aos mais
pobres, talvez, da história do Brasil (embora ninguém perceba e reconheça isso).
Ainda no governo FHC, foram inúmeras as crises que colocaram em xeque a
credibilidade do recém criado Plano e que nos afetaram imensamente mais que a
atual crise (por enquanto), prova disso foi a empírica necessidade de flexibilização
cambial (algo que os argentinos não fizeram e quebraram). O sucesso do Plano Real e
a capacidade do país em agir de forma rápida e correta, no tempo certo, conferiram ao
Brasil enorme credibilidade internacional. Algo que só poderia ser revertido com o
advento do Governo Lula.

No entanto, o atual Governo, prosseguiu com os preceitos do Plano Real e


sabiamente manteve como meta fulcral o controle inflacionário. A passagem de
governo se fez de forma democrática e sem surpresas o que conferiu ao país um
fortalecimento de nossas instituições democráticas e um compromisso efetivo de longo
prazo que transcende a figura do governante. Este é um dos pontos mais importantes
que uma economia pode almejar: CREDIBILIDADE. Ponto para Itamar Franco,
Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva.
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Já no campo histórico recente, temos desde o ano passado uma melhora


substancial nos preços das comódites o que levou o Brasil à berlinda. Ou seja, a alta
nos preços de minério de ferro, petróleo, alimentos (vide a crise de alimentos), carne
(vide a crise da gripe aviária e o mal da vaca louca), leite e a cana de açúcar
(biocombustíveis e etanol). Tudo isso manteve o Brasil na mídia internacional por
quase todo o ano de 2007 e 2008, fazendo com que o mundo visse o Brasil de forma
como jamais viu, ou seja, um personagem capaz de influenciar de fato os rumos da
economia mundial. A isso tudo somasse as recentes descobertas de petróleo,
pesquisas no campo de combustíveis alternativas e o surgimento de gigantes
multinacionais brasileiras que passam a atuar com enorme agressividade em âmbito
global (destaque para a Embraer, WEG, Vale, Cemig, Petrobrás, etc.). Isso tudo
conferiu ao Brasil: FOCO. Algo que até então não tínhamos. Este foco foi fundamental
para que atingíssemos o tal sonhado "investment grade".

Existe ainda uma questão conjuntural na economia brasileira que não permite
que nossas instituições bancárias atuem em mercados externos de forma direta. Isso
protegeu nossas instituições, pois elas não foram afetadas diretamente com a crise
iniciada nos EUA, da forma com que as instituições européias e asiáticas (japonesas
principalmente) foram. Em outras palavras, nenhuma instituição com sede no Brasil se
envolveu de forma direta e indireta com as hipotecas nos EUA. Portanto todo o efeito
que nos assola (como a derrapada do iBovespa hoje), é indireto e tem haver com
expectativas dos agentes econômicos internacionais no que tange ao
redirecionamento em seus investimentos para tentar minimizar os seus prejuízos e
não por medo de inadimplência ou por desacordo com os pilares de nossa economia,
algo que ocorreu de forma insana e infundada à época do Governo FHC. Neste
quesito fica claro que mesmo o Brasil é atingido pela referida crise, porem de forma
muito mais indireta do que antes.

Por fim a questão mercadológica. Embora com uma população imensamente


menor que a Índia e China, nossa população está muito mais apta (e ávida) ao
consumo que naqueles países. Ou seja, precisamos muito pouco para fomentar um
exército de consumidores capaz de atrair investimentos produtivos e o mais
importante: mudar o foco externo para interno. Mas o que isso quer dizer?
Resumidamente, se a queda na demanda lá fora gerar queda em nossas exportações,
seriamos capazes de focar a demanda interna com maior rapidez e dinamismo que em
mercados emergentes como a China e Índia e/ou mercados em crises como os EUA e
a União Européia. Isso por si só explicaria uma série de fatos em nossa economia
como, por exemplo:

a) a vinda de capital produtivo;

b) a avidez de grandes empresas e bancos internacionais em atuar no Brasil

c) o intenso crescimento de setores há muitos anos estagnados como a construção


civil, por exemplo;

d) o aumento astronômico na venda de carros e bens duráveis;

e) o aumento na procura por passagens aéreas e pacotes turísticos internacionais; etc.


Somasse a isto o PAC, que injetará nos próximos anos, bilhões de reais na economia,
de forma a estruturar nossa logística interna provocando um efeito multiplicador
positivo, por meio de criação de novos postos de trabalho e aumento na arrecadação
de impostos.
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Enfim, estes são alguns pontos que explicam o nosso distanciamento da atual crise
mundial, que, como já havia dito, já é considerada a pior deste 1929. Mas mesmo
assim não somos imunes a ela.

POR QUE OS BANCOS EMPRESTAVEM DINHEIRO A QUEM NÃO PODIA


PAGAR?

A falta de critérios na concessão de empréstimos imobiliários nos Estados


Unidos passou a ser a regra do mercado nos últimos anos por várias razões. Uma
delas, talvez a mais evidente, foi a ganância. Sobrava dinheiro no mercado, os
analistas cobravam ganhos cada vez mais altos dos bancos e os executivos
dependiam da alta do lucro e das ações para receber seus bônus. Muitos analistas
dizem também que a concessão de empréstimos para quem não tinha condições
financeiras de obtê-los não poderia ter ocorrido sem a estreita colaboração dos
funcionários da linha de frente, que faziam o corpo a corpo com a clientela.

De outra forma, não seria possível imigrantes ilegais conseguirem crédito sem
a devida documentação. Diz-se que alguns brasileiros que viviam nos EUA de forma
ilegal teriam conseguido obter empréstimos de até US$ 50 mil em dinheiro com lastro
em seus financiamentos imobiliários. Eles teriam voltado ao Brasil com o dinheiro no
bolso e abandonado os imóveis que haviam financiado lá.

O QUE VAI ACONTECER COM OS INVESTIMENTOS DAS EMPRESAS NO


BRASIL.

A indústria brasileira de autopeças, que previa investimentos de US$ 2,2


bilhões, anunciou que poderá rever seus planos. Mas a Fiat, cliente dessas empresas,
anunciou que pretende manter seus investimentos de R$ 6 bilhões até 2010. “Os
empresários ficam com receio de investir, usam o que têm nos estoques para não
comprar mais matéria-prima. Ninguém quer colocar a cabeça para fora”, diz Walter
Sacca, presidente da Plastwal, empresa que fabrica chapas de PVC usadas na
fabricação de embalagens e cartões de crédito.

Os grandes projetos, por enquanto, parecem preservados. Em 2008, o grupo


Gerdau anunciou a intenção de manter investimentos de R$ 4 bilhões nos próximos
três anos. “É muito difícil que haja postergação ou freio nos investimentos já em
andamento em infra-estrutura e na indústria de base”, diz Paulo Godoy, presidente da
Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib).

AS EXPORTAÇÕES SERÃO PREJUDICADAS

O mundo deverá crescer menos, portanto, os clientes do Brasil no exterior


reduzirão suas importações. A queda no consumo tende a derrubar também o preço
das mercadorias brasileiras, entre elas um grupo que andava muito valorizado nos
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últimos tempos: os alimentos, metais e combustíveis, ou commodities. Os preços


desses produtos bateram recordes neste ano. No caso brasileiro, o esfriamento do
comércio internacional poderá ser compensado por outros fatores.

O mais relevante é a manutenção do crescimento, embora em ritmo menor, de


países emergentes. Para a China, grande cliente de produtos brasileiros, imagina-se
que o ritmo de crescimento diminua de 10% para cerca de 8% ao ano.

O IMPACTO NA INFLAÇÃO.

Drama brasileiro A desvalorização do real tende a


provocar um aumento nos preços, já
Como uma típica empresa nacional que produtos e matérias-primas
está sendo atingida pela crise importados ficam mais caros e a
econômica mundial indústria procura repassar o aumento
dos custos.
PONTOS NEGATIVOS
Mas a maioria dos economistas
acredita que a inflação não seria motivo
de preocupação em 2008, nem em
2009. Um dos motivos é que ela está
em desaceleração por causa da boa
oferta de alimentos. Outra razão é a
desaceleração da economia brasileira,
Para instalar uma nova fábrica, a causada pela crise financeira global.
Plastwal, fabricante de chapa de
PVC, matéria-prima para embalagens e
De acordo com as projeções do
cartões de crédito, fez financiamento no
economista Carlos Thadeu de Freitas,
banco belgo-holandês Fortis, que agora
ex-diretor do Banco Central, a inflação
está em má situação, socorrido por
governos europeus
deverá ficar em torno de 5% em 2009.

A crise também amedrontou os


clientes da Plastwal. Os pedidos
caíram 20% neste mês na comparação
com o mesmo período de 2007. “Na
crise, as empresas evitam comprar e
esperam esgotar os estoques”, diz
Walter Sacca, presidente da empresa

PONTOS POSITIVOS

QUEM É O CULPADO PELA


CRISE?

Mas a crise também tem um ponto


positivo. O dólar mais alto favorece
a empresa no mercado interno. “As
importações diminuem. O dólar baixo me
fazia competir com várias empresas
estrangeiras”, diz Sacca
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O déficit do governo americano precisava ser financiado pelo resto do mundo.


Houve um excesso de liquidez em decorrência disso, muito dinheiro girava pela
economia. Num ambiente de juros baixíssimos (chegou a 1%), as empresas
procuraram ganhos extraordinários em títulos especulativos. O mercado imobiliário se
mostrou o porto ideal para essa aposta. Imóveis em Nova York tiveram os preços
multiplicados por 12 nos últimos oito anos, numa especulação sem igual na história.
Havia fundos alavancados em 48 vezes – como se, para cada US$ 48 emprestados,
eles tivessem apenas US$ 1 em caixa. “Essa crise é resultado de dez anos de
irresponsabilidade do governo americano, que começou na bolha das empresas
pontocom, passou pelo aumento absurdo de gastos públicos na Guerra do Iraque e
desaguou nesse colapso de supervisão do sistema bancário”, diz o economista e
consultor Renê Garcia, ex-presidente da Susep, órgão regulador do mercado
segurador do país. Também houve falhas no sistema americano de supervisão
financeira. Há vários organismos se sobrepondo e, ao mesmo tempo, nenhum que
responda pelos riscos cruzados. “Quando há vários organismos supervisionando,
ninguém é realmente responsável por nada. O poder de fiscalização deveria estar todo
concentrado no Fed, mas não estava”, diz o economista e ex-diretor do Banco Central
Carlos Eduardo Freitas.

Fonte: Revista Época.

MELHOR JEITO DE ENTENDER A CRISE MUNDIAL

Paul comprou um apartamento, no começo dos anos 90, por 300.000 dólares
financiado em 30 anos. Em 2006 o apartamento do Paul passou a valer 1,1 milhão de
dólares. Aí, um banco perguntou pro Paul se ele não queria uma grana emprestada,
algo como 800.000 dólares, dando seu apartamento como garantia. Ele aceitou o
empréstimo, fez uma nova hipoteca e pegou os 800.000 dólares.

Com os 800.000 dólares. Paul, vendo que imóveis não paravam de valorizar,
comprou 3 casas em construção dando como entrada algo como 400.000 dólares. A
diferença, 400.000 dólares que Paul recebeu do banco, ele se comprometeu: comprou
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carro novo (alemão) pra ele, deu um carro (japonês) para cada filho e com o resto do
dinheiro comprou tv de plasma de 63 polegadas, 43 notebooks, 1634 cuecas. Tudo
financiado, tudo a crédito. A esposa do Paul, sentindo-se rica, sentou o dedo no cartão
de crédito.

Em agosto de 2007 começaram a correr boatos que os preços dos imóveis


estavam caindo. As casas que o Paul tinha dado entrada e estavam em construção
caíram vertiginosamente de preço e não tinham mais liquidez...

O negócio era refinanciar a própria casa, usar o dinheiro para comprar outras
casas e revender com lucro. Fácil....parecia fácil.

Só que todo mundo teve a mesma idéia ao mesmo tempo. As taxas que o Paul
pagava começaram a subir (as taxas eram pós fixadas) e o Paul percebeu que seu
investimento em imóveis se transformara num desastre.

Milhões tiveram a mesma idéia do Paul. Tinha casa pra vender como nunca.

Paul foi agüentando as prestações da sua casa refinanciada, mais as das 3


casas que ele comprou, como milhões de compatriotas, para revender, mais as
prestações dos carros, as das cuecas, dos notebooks, da tv de plasma e do cartão de
crédito.

Aí as casas que o Paul comprou para revender ficaram prontas e ele tinha que
pagar uma grande parcela. Só que neste momento Paul achava que já teria revendido
as 3 casas mas, ou não havia compradores ou os que havia só pagariam um preço
muito menor que o Paul havia pago. Paul se danou. Começou a não pagar aos bancos
as hipotecas da casa que ele morava e das 3 casas que ele havia comprado como
investimento. Os bancos ficaram sem receber de milhões de especuladores iguais a
Paul.

Paul optou pela sobrevivência da família e tentou renegociar com os bancos que
não quiseram acordo. Paul entregou aos bancos as 3 casas que comprou como
investimento perdendo tudo que tinha investido. Paul quebrou. Ele e sua família
pararam de consumir...

Milhões de Pauls deixaram de pagar aos bancos os empréstimos que haviam


feito baseado nos preços dos imóveis. Os bancos haviam transformado os
empréstimos de milhões de Pauls em títulos negociáveis. Esses títulos passaram a ser
negociados com valor de face. Com a inadimplência dos Pauls esses títulos
começaram a valer pó.

Bilhões e bilhões em títulos passaram a nada valer e esses títulos estavam


disseminados por todo o mercado, principalmente nos bancos americanos, mas
também em bancos europeus e asiáticos.

Os imóveis eram as garantias dos empréstimos, mas esses empréstimos foram


feitos baseados num preço de mercado desse imóvel... Preço que despencou. Um
empréstimo foi feito baseado num imóvel avaliado em 500.000 dólares e de repente
passou a valer 300.000 dólares e mesmo pelos 300.000 não havia compradores.

Os preços dos imóveis eram uma bolha, um ciclo que não se sustentava, como
os esquemas de pirâmide, especulação pura. A inadimplência dos milhões de Pauls
atingiu fortemente os bancos americanos que perderam centenas de bilhões de
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dólares. A farra do crédito fácil um dia acaba. Acabou.

Com a inadimplência dos milhões de Pauls, os bancos pararam de emprestar por


medo de não receber. Os Pauls pararam de consumir porque não tinham crédito.
Mesmo quem não devia dinheiro não conseguia crédito nos bancos e quem tinha
crédito não queria dinheiro emprestado.

O medo de perder o emprego fez a economia travar. Recessão é sentimento, é


medo. Mesmo quem pode, pára de consumir.

O FED começou a trabalhar de forma árdua, reduzindo fortemente as taxas de


juros e as taxas de empréstimo interbancários. O FED também começou a injetar
bilhões de dólares no mercado, provendo liquidez. O governo Bush lançou um plano
de ajuda à economia sob forma de devolução de parte do imposto de renda pago,
visando incrementar o consumo porém essas ações levam meses para surtir efeitos
práticos. Essas ações foram corretas e, até agora não é possível afirmar que os EUA
estão tecnicamente em recessão.

O FED trabalhava. O mercado ficava atento e as famílias esperançosas. Até que


na semana passada o impensável aconteceu. O pior pesadelo para uma economia
aconteceu: a crise bancária, correntistas correndo para sacar suas economias,
boataria geral, pânico. Um dos grandes bancos da América, o Bear Stearns,
amanheceu, na segunda feira última, quebrado, insolvente.

No domingo o FED, de forma inédita, fez um empréstimo ao Bear, apoiado pelo JP


Morgan Chase, para que o banco não quebrasse. Depois disso o Bear foi vendido
para o JP Morgan por 2 dólares por ação. Há um ano elas valiam 160 dólares. Durante
esta semana dezenas de boatos voltaram a acontecer sobre quebra de bancos. A bola
da vez seria o Lehman Brothers, um bancão. O mercado e as pessoas seguem sem
saber o que nos espera na próxima segunda-feira.

O que começou com o Paul hoje afeta o mundo inteiro. A coisa pode estar apenas
começando. Só o tempo dirá.

Fonte: http://www.focusmode.net/2008/09/como-entender-crise-da-economia.html

QUAL O IMPACTO DA CRISE NA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA.


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Os reflexos serão sentidos no final de 2009 com uma possível desaceleração


do nível de crescimento. O que foi contratado ao longo do ano de 2008 já garantiu o
nível de atividade para esse periodo. De janeiro a julho, o emprego na construção civil
cresceu 17% em relação ao mesmo período de 2007. As produções de cimento e de
aço cresceram em torno de 13%, comparado ao período de janeiro a agosto de 2007.
Esses números são bastante significativos e refletem um nível de atividade intenso.

Em 2009 o PIB brasileiro total deve desacelerar é possível que, com a crise, a
desaceleração seja maior. Hoje, todos os boletins prospectam um PIB médio de 3,70%
para 2009. Pode ser que a restrição externa do crédito derrube um pouco esse
número. Mas vale lembrar que isso ainda não está claro. Quanto à construção civil, o
PIB não deve cair porque o setor refletirá as decisões que já foram tomadas. Então
2009 ainda será um ano de crescimento muito forte para a construção devido a obras
já iniciadas mas que também ocorrendo varias paralisações devido à dificuldade de
conseguir credito para novas obras.

Em 2008, as projeções do PIB mantiveram em 10,2%. Ainda não fechamos a


projeção para 2009, mas, de acordo com análises anteriores, o ano deve ter uma
queda considerável. O panorama é otimista para o setor da construção. E com as
projeções favoráveis se mantendo, a indústria de materiais de construção também
será favorecida.

Hoje há uma tensão entre indústrias e construtoras por conta do


superaquecimento do setor de materiais. Esse quadro tende a se reverter. A
capacidade de produção das indústrias está chegando ao topo. A indústria investiu e
ainda está investindo, mas esses investimentos demandam tempo para maturar e
entrar em operação. Tanto o IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia) como a indústria
de cimento já anunciaram uma expansão significativa da sua capacidade produtiva. Os
investimentos que estão sendo feitos começarão a ter resultados em 2009, aliviando
essa tensão que observamos em 2008.

Os preços dos materiais de construção tendem a se estabilizar, o aumento do


preço de seus insumos é a principal alegação da indústria de materiais de construção
para justificar os preços praticados. Mas os preços dos insumos devem cair.
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Mesmo que a China continue crescendo - e a expectativa é que esse país


cresça a uma taxa elevada, já há uma redução natural da demanda no mundo, o que
deve contribuir para a redução do preço dos insumos.

CONCLUSÃO.

Ainda e cedo para falar possível cenário para a construção civil em 2010, mas
as perspectivas continuam favoráveis. Toda essa tensão deverá ser atenuada. O País
continua com expectativas bastante positivas dadas pelo crescimento do seu mercado
doméstico. Além do crescimento da renda e do emprego, os investimentos em infra-
estrutura só devem crescer. A Copa do Mundo (que ocorrerá no Brasil em 2014)
também é outro fator positivo. Vale lembrar que os investimentos não serão apenas
em novos estádios, mas também em infra-estrutura urbana, que deverá ser
desenvolvida e fortalecida, o que impactará positivamente o nível de atividade do
setor.

Como o ano de 2010 também será um ano de eleições presidenciais, vão


haver com certeza investimentos em infra-estrutura para campanhas políticas, o que
deve aquecer um pouco o mercado da construção civil.
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